Think Twice escrita por Nuvenzinha


Capítulo 4
C4. Not Like You Want


Notas iniciais do capítulo

IAUSDHSIAUDHSAUIDAHSIUSAHDAUISDHSI AEW, POSTEI! ~~~~Enjoy, minna! õ/



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Sentada numa maca no pronto-socorro, Tsugumi tinha seus braços - que apresentavam manchas roxas, como as que surgem quando ocorre alguma pancada - examinados por um médico.

-Ela está bem? - Shizuo, em pé ao lado da maca, aguardava ouvir um 'ela não tem nada' vindo do médico, uma vez que ele não queria assumir a culpa de ter machucado a menina antes mesmo que ele se tornasse mestre dela - Ela... Se machucou muito?

-Olha, não houve fratura no osso e nem lesão muscular. - o médico soltou o braço da menina, dando uma ajeitada no estetoscópio ao redor do pescoço enquanto voltava-se para o loiro - Mas é melhor que não aconteça de novo... o que quer que tenha acontecido. Não sabemos o que poderá causar. Recomendo que ela fique longe de atividades físicas por duas semanas.

-Duas semanas?! - Tsugumi cruzou seus braços, irritada - Uma semana!

-Isso não é negociação, menina. - o médico parecia debochar dela.

-Tudo nesse mundo é uma negociação! - retrucou - Uma semana é minha última oferta!

Foi quando Shizuo interveio, logo agradecendo ao médico pela atenção e tirando a aprendiz dali o mais rápido possível, segurando-a pelo pulso; para ele, foi muito fácil fazê-la desistir: bastou olhar por cima das lentes dos óculos que ela logo captou a mensagem, uma vez que este sinal de descontentamento também era característico de seu rígido pai.

-Que molenga. - Tsugumi resmungou, enquanto ela e seu mestre atravessavam o breu das ruas lado a lado; ele olhou-a sem entender - Já me machuquei pior que isso e uma semana bastou pra eu estar bem outra vez.

-Você não deve se acostumar com isso. - Shizuo advertiu, com um semblante de quem sabia do que falava (não que soubesse, de fato. Mas uma hora ou outra ele teria de dizer algo à ela) - Tem sempre é que contar com a pior das hipóteses antes da morte, para poder se prevenir. E não só se prevenir de lesões, mas também evitar machucar os outros.

-Você não pode me dizer isso se foi você quem jogou a máquina de refrigerantes no Izaya sem saber se ele estava sozinho ou não.

-... Não me faça sentir pior, ouviu? Sou humano e também erro.

-Daijobu desu ka, não estou te culpando.

Depois dessa frase (e de um bocejo) da menina, o silêncio reinou. Shizuo, de fato nervoso, olhou para o relógio do celular que mantinha no bolso do colete negro e apenas conseguiu mais nervosismo: já passara da meia noite. Àquele horário, tanto ele quanto Tsugumi deveriam mais do que estarem em suas próprias casas: tinham de estar no mais profundo dos sonos. Mesmo que sua cabeça atingisse o travesseiro naquele exato momento, ele não teria sono suficiente para conseguir trabalhar no dia que viria; Todo aquele atraso por causa de sua imprudência em jogar a maldita máquina de refrigerantes na aprendiz e em Orihara Izaya - não que ele se arrependesse de ter tentado atingir aquele bastardo maldito, mas ele bem que podia ter feito isso sem a aprendiz por perto. Ela não estaria machucada e ele estaria dormido se ele não tivesse agido tão impulsivamente.

'Preciso pensar duas vezes antes de fazer algo. ' Pensou.

Enfim. Continuaram a andar sem olharem-se no rosto por mais um tempo, até que de um bocejo atrás do outro por parte da adolescente passasse ao silêncio completo, com apenas o ruído dos carros ao longe; o tempo que o rapaz levou para virar a cabeça e mirá-la foi suficiente para a rapariga simplesmente apagar, segurando em seu braço direito, acabando por ficar pendurada.

-O-Oe, acorda! - Shizuo mexia seu braço, tentando acordá-la, sem sucesso.

Olhou ao redor, meio aflito; E agora? O que ele poderia fazer? Ele não podia simplesmente esperá-la acordar - uma vez que estava na cara que isso ia demorar - e ele também não podia levá-la para sua casa: seria estranho demais. Olhou um pouco melhor; Ali perto estava o escritório de Izaya ( este o olhava pela janela ), mas ele jamais entraria naquele lugar. Nunca mesmo. Nem mesmo para matá-lo... Ou, talvez, se essa fosse a verdadeira intenção, o faria... Mas aquilo não era importante no momento. Teve de pegar Tsugumi no colo, uma vez que era incômodo demais tê-la como peso morto pendurada em seu braço e, de qualquer maneira, ele teria de levá-la a algum lugar.

Pegou o celular no bolso novamente com certa dificuldade e, depois de achar o nome que procurava na lista de contatos, escreveu uma mensagem de texto que dizia: "Preciso de um favor seu. Encontre-me no ponto de ônibus perto do escritório do Izaya, por favor" devagar - uma vez que teve de parar e ajeitar a menina em seus braços para que não caísse uma par de vezes; Quando terminou, caminhou pela calçada vazia, chutando as pedrinhas que se encontravam no caminho, e sentou-se no tal ponto de ônibus que especificou na mensagem, logo ajeitando a menina adormecida sentada em suas pernas, com a cabeça em seu ombro; quem olhava de fora achava que eram pai e filha esperando pelo ônibus - uma vez que a menina aparentava estar muito confortável no colo de Shizuo - mas bastou que ele olhasse com desgosto para que pensassem melhor.

-Tomara que Celty não demore. Quero dormir.

Gemeu, sentindo um frio percorrer sua espinha.

Mexeu-se levemente para um lado e para o outro, ainda de olhos fechados e com muito frio; Tsugumi não levou muito tempo para perceber que ela não estava em seu apartamento nem em algum lugar conhecido, mas não tinha coragem de ver onde estava. Não que ela achasse que tivesse sido seqüestrada, uma vez que se lembrava com clareza de ter saído do pronto-socorro com seu mestre sã e salva, mas ainda havia uma ponta de medo em seu coração, que só deixava que ela imaginasse tal situação.

Ouviu passos suaves relativamente perto de onde ela se encontrava e finalmente sentou-s, abrindo seus olhos, assustada.

Olhou para sua esquerda lá encontrou o olhar de um rapaz de óculos e cabelos castanhos, que sorria para ela e saudava-a com um sonoro:

-Ohayo!

-O-Ohayo... - sem saber o que fazer, ela apenas reproduziu o cumprimento.

Ainda sem entender nada, ela começou a "averiguar sua posição" - lê-se olhar tudo e todos ao seu redor - e encontrar-se num apartamento relativamente normal; um lugar de fato bonito e aparentemente confortável e convidativo, mas o que a espantou foi ver uma figura sem cabeça fazendo sabe-se lá o que na cozinha; estava tão chocada que não conseguia soltar um suspiro, só continuava a olhar "aquilo" como se visse um fantasma (o que, naquela hora, era totalmente plausível).

-Celty, - O rapaz chamou, olhando radiantemente para a pessoa na cozinha, que virou-se de leve para o lado, como se respondesse ao chamado - A menina que o Shizuo pediu pra você trazer pra cá acordou!

Quando a figura virou-se mais um pouco, mostrou uma silhueta feminina e uma fumaça bem suave saindo de seu pescoço, que mostrou que esta... mulher, Celty, estava de certo calma; mas, quando finalmente assimilou as palavras do rapaz e viu que Tsugumi encarava-a meio torto, encolheu-se e pôs a jarra de café que possuía nas mãos à frente da fumaça que soltava, como se tentasse se esconder.

-E-E-E-Ela não t-tem c-c-c-c-cabeça... - a franzina adolescente gaguejava, enquanto o rapaz ria alto, levantando-se do sofá desamassando sua saia e ajeitando seu cachecol; depois de um tempo, quando houve completo silêncio outra vez, abriu um sorriso - Sugoi...!

Nem o rapaz - que se apresentara como Shinra - nem a moça entenderam o porque da menina ter mudado de expressão tão rapidamente, mas também não quiseram entrar em detalhes; entender adolescentes sempre foi e sempre será algo extremamente difícil para um adulto ( não que Shinra fosse a pessoa mais adulta ali, mas isso pouco importa agora ); tudo no rosto da menina e na pobre descrição que Shizuo deixara como observação quando a Durahan recebeu a mensagem indicaram que a menina teria uma crise de pânico. Mas o que Tsugumi realmente sentia não era medo, sim admiração. Alguém tão única e... fofa como Celty ser conhecida de seu mestre. Por um momento, a adolescente perdeu-se em seus delírios imaginativos, mas não demorou a voltar para a terra.

Por gentileza, Celty ofereceu uma xícara de café para Tsugumi, que negou, dizendo que precisava ir; Shinra insistiu que a menina ficasse um pouco mais, para fazer-lhe "algumas poucas perguntas" - lê-se interrogá-la - sobre como ela e Shizuo se conheciam, também lançando o argumento de que ela não podia simplesmente ignorar o café da manhã. A menina, para não ter que ouvir mais os argumentos do doutor, aceitou a xícara de café e sentou-se à mesa em silêncio. Como foi possível perceber - tanto pela própria experiência quanto pelo jeito que Celty visivelmente o tratava - Shinra era um tanto irritante, mas num nível suportável; nada que pudesse causar um ataque de raiva violento ou algo do tipo.

Por volta de vinte minutos depois, deu uma olhadela no relógio do celular; a aula estava para começar. Engoliu de uma vez o café fumegante que restava na xícara em suas mãos e, depois de pegar suas coisas e agradecer pela gentileza, foi embora com suas coisas nas mãos, ignorando a sensação de que todo o seu interior queimava por causa do líquido que descia torturantemente devagar por seu trato digestivo.

Correu escadas abaixo, correu pelas ruas, pelas calçadas, por entre as pessoas que andavam alienadas e pelo parque até que finalmente avistou a Raira; Desacelerou o passo, tentando ouvir o murmuro dos alunos dentro da escola - numa tentativa de ver se ainda estava muito movimentado lá dentro para poder entrar sem que percebessem sua falta de uniforme - mas, por não olhar para frente enquanto andava, acabou por esbarrar em alguém e cair de costas no chão.

-Ite... - grunhiu Tsugumi, sentando-se no chão, esfregando a nuca com a mão esquerda e dando suporte ao tronco com a mão direita.

-Tsugumi-chan? - perguntou uma voz familiar; quando a de cabeços castanhos ergueu o olhar, viu com quem ela havia trombado: Misaki; esta estendeu a mão para a colega caída - Tome mais cuidado! De qualquer jeito, por que faltou ontem?

-Eu não consegui acordar... - Tsugumi ria sem graça, levantando-se com o auxílio da amiga - Perdi algo importante?

-A eleição para representante de sala.

-Ah...

-O Mikado se ofereceu.

-O... Mikado?

-É! É!

-Isso não vai prestar...

Uma vez que a conversa começou, as duas foram andando lado a lado pelo pátio de entrada da Raira enquanto conversavam. Tsugumi era mesmo uma menina de sorte; Quando pediu para Misaki um uniforme - uma vez que ainda estava vestindo as roupas que usou na noite anterior para consultar Izaya - a amiga de fato tinha um uniforme de ginástica guardado no armário, que havia ficado pequeno na dona, mas que caíra perfeitamente bem na franzina amiga.

As duas entraram sorrateiramente na sala -aproveitando que o professor estava voltado para a lousa- e tomaram seus lugares da maneira mais silenciosa que foram capazes.

Uma pena que as pessoas sentadas bem a frente não entenderam direito.

Mikado, com sua usual inocência e ingenuidade, ficou de lado em sua cadeira e, com seus preocupados olhos azuis, perguntou para Tsugumi o motivo de sua falta no dia anterior; a menina, por sua vez, corou (tão fácil? Uau.), mas nem por isso deixou de alegar que estivera com enxaqueca.

Depois do de cabelos negros se dar por entendido, foi Kida quem se virou e começou seu falatório - seu hábito mais irritante, diga-se de passagem- que, por sorte, foi interrompido em sua metade pelo professor, que tomou a palavra.

"Que bom que eles se esqueceram."

Ao menos, foi isso que pareceu.

Batia os pés no chão.

-Está atrasada. - Shizuo olhava para sua aprendiz por cima das lentes azuis de seus óculos escuros, tragando seu cigarro, irritado.

-Sumimasen*, nee... - Tsugumi coçava sua nuca com a mão esquerda - Tive que passar em casa para trocar de roupa...

Já havia quase meia hora desde que Shizuo havia terminado de trabalhar e esperava a menina no ponto de ônibus em que haviam estado na noite anterior - como ela havia pedido antes de adormecer no colo do mestre - para que pudessem começar o tal treinamento. Por mais que ele ainda não soubesse o que deveria ensinar; Passou a mão direita por sua testa, arrastando com os dedos o cabelo loiro para trás, soltando um suspiro. Logo depois, fez expressão de quem acabara de lembrar-se de algo - o que era verdade, no caso - e pôs-se a mexer nos bolsos da calça, batendo as mãos nestes, até que, no bolso traseiro, encontrou o que procurava.

-Aqui! - Shizuo tirou um papel meio amassado de seu bolso e entregou-o para Tsugumi.

- O que é isso? - A menina pegou o papel e abriu-o, pondo-sê a lê-lo, entortando a cabeça conforme tentava decifrar aquela caligrafia - Leite, queijo, pudim...?!??! Shizuo-senpai, você deveria me ensinar a ser mais forte!

-Você ouviu o que o médico disse: sem atividades físicas. - Shizuo foi completamente inflexível - Sem falar que, para controlar sua força, você precisa ter resistência.

-Mas isso não te dá o direito de bancar o nutricionista! - Enraivecida, dobrou o papel novamente e jogou-o no chão, cruzando os braços outra vez. Aquilo irritou Shizuo mais do que já estava.

-Olha, quem é o senpai aqui?! - Bradou - Se você não vai fazer o que eu disse, faça o que quiser, mas não me responsabilizarei por nada que te acontecer! - deu uma última e profunda tragada, logo depois jogando a bituca de seu cigarro no chão, junto das cinzas que já haviam caído na calçada, virando-se de costas para a menor -... As coisas não são como você quer, entendeu? Pense nisso. Quando entender, me procure.

Assistia o mestre ir embora, enquanto ainda saía fumaça do que restava do cigarro; Tsugumi olhava pasma na direção de Shizuo, apenas estendendo uma de suas mãos, como se tentasse alcançá-lo, mas continuava ali: parada e sem saber o que dizer. Ela não podia deixar aquela chance escapar por seus dedos. Não, não! Mas o que ela poderia fazer naquele momento?! Estava irritada demais para dizer algo além de:

-Está bem, então! - pegar o papel do chão e sair andando na direção oposta.

Com passos pesados como chumbo, a menina de cabelos castanhos chegou na estação de metrô ali perto - que conveniente, não? - e comprou alguns passes, que também serviriam para o dia seguinte. Não demorou em tomar seu trem, segurando-se numa das alças de apoio mais próximas da porta. A viagem durou ao menos 5 minutos, mas ela ainda teria de andar 20 minutos até chegar em seu apartamento ( maldito seja o dia que seu pai escolhera um apartamento num bairro caro que não tem estação de metrô próxima ), o que daria bastante tempo para ela pensar antes de chegar em casa e já enfiar a cara no travesseiro, para dormir.

Já mais calma, Tsugumi caminhava pelo bairro; a  calçada estava razoavelmente vazia, considerando o horário. Atravessou algumas ruas, dobrou algumas esquinas.

Até que teve de parar na esquina de um mercado, esperando o sinal de pedestres indicar verde. Olhou bem para as estantes lá dentro; avistou o leite, o queijo, a manteiga; Soltou um suspiro, fechou os olhos e, com uma das mãos geladas, massageou as têmporas, enquanto a outra mão amassava o papel que Shizuo havia lhe dado.

-Vamos às compras...


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Notas finais do capítulo

* Sumimasen - Desculpe-me.



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