Think Twice escrita por Nuvenzinha


Capítulo 3
C3. Me? A Senpai?


Notas iniciais do capítulo

UYAGDISAHDSAIDHISUAHAOIUHAOUFHAIUOFHAIDFS OIS 8D /sem o que dizer.


Acabei de perceber que gradualmente o capítulo vai ficando maior. '-' ALOK, quem liga?

Quando maior, melhor, certo? 83



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A noite havia se tornado muito fria. Já havia passado das dezenove horas e o celular - junto do número de Orihara Izaya - continuava largado na mesa da sala, enquanto Tsugumi continuava a acomodar suas coisas em seu apartamento 2K. Aquilo estava gastando muito de seu tempo. Ela queria ligar logo para o informante e encontrar-se com Heiwajima Shizuo o quanto antes.

Mas o que ela podia fazer àquela hora? Ela ainda tinha muito o que guardar e seu medo de sair de noite na rua era intenso. Suas malas estavam quase vazias; com as coisas distribuídas pelo lugar, o apartamento já parecia um lar. Uma pena que um dos quartos permanecia vazio.

Suspirou, entristecida. Tsugumi sentia falta de seu irmão mais velho, Kyouya, que saíra de casa antes dela para fazer faculdade fora e tentar realizar seu sonho de ser ator. Pelo menos, foi isso o que o rapaz disse aos pais para convencê-los; mas a irmãzinha ele não conseguiu enganar.

-Kyo-chan, por que fez isso, baka? - a menina olhava para o teto, sentindo sua visão ficar turva - Por que me deixou sozinha por uma causa tão imbecil? Você tinha prometido que iria me proteger... Mas agora o que você está fazendo é andar por aí com esses caras vestindo amarelo. Por que fez isso, Kyo-chan?

Esfregou seus globos oculares e correu para o banheiro, onde ficou por quase duas horas, afundada na banheira cheia de água quente que se misturava às suas salgadas lágrimas. Quando saiu de lá, seu celular estava a tocar, mas a menina ignorou a música e foi direto para seu quarto, dormir para não acordar mais.

Pelo menos, ela ainda tinha como se refugiar em seus sonhos.

A noite foi longa, mas chegou uma hora que o Sol não podia mais esperar e amanheceu. Ainda tonta por causa do sono, a menina de cabelos em pé levantou-se e saiu de seu quarto andando vagarosamente, cambaleando. Tsugumi foi direto para o banheiro, mergulhando a cabeça na pia e abrindo a torneira, lavando o rosto com as mãos. As orbes roxas fixadas no espelho examinavam seu estado físico; as olheiras cravadas embaixo dos olhos por causa das múltiplas vezes que acordou durante a noite eram imensas e -acima de tudo- incomodavam-na.

-Vou voltar a dormir e pronto.

Voltou ao quarto e deitou-se novamente, cobrindo-se com seu edredom roxo. Quem era o maldito ser que estava gritando a noite inteira e fazendo tanto barulho pela rua? E por que diabos ela ouvira tantas vezes barulho de metal amassando e colidindo contra outras coisas e vidro quebrando? Não era possível que tantos acidentes de carro acontecessem numa noite só.

Mas agora pouco importava; o som dos pássaros lá fora só aumentavam seu sono.

-Shizuo, o que há com você? Passou o dia inteiro batendo nesses bandidos de rua, quando era pra você me ajudar com o trabalho.

-Gomen, Tanaka-san, mas ando vendo muita gente nova na cidade e...

-Você ainda está cismado com a menina de ontem? Deixa isso para lá!

Andavam juntos pela rua. O mais alto, que acabara de soltar a gola da blusa de um rapaz na rua, saíra andando na frente, irritado; O outro, ajeitando seus óculos de grau, suspirava frustrado por outro dia de trabalho que falhou por causa dos caprichos de seu "sócio".

-Eu até deixaria se essa polícia maldita fizesse o trabalho dela direito. - Shizuo, com uma veia saltando na testa coberta por sua franja e com as costas levemente arquejadas, justificava seus atos, colocando um cigarro aceso na boca.

- Como quer que trabalhem se você faz isso por eles? - Tanaka, com sua voz habitualmente séria rebateu a fala homem à sua frente com um argumento fatal, que acabou com a breve conversa paralela que havia começado. - Vamos logo parar em algum lugar para almoçar.

-Hai...

Era noite outra vez. Antes que Tsugumi pudesse notar, estava mordendo seu cachecol cor-de-rosa, enquanto usava o calor de seu copo de café para esquentar suas mãos, sentada no gelado sofá negro do escritório de Orihara Izaya, com quem havia marcado uma hora para obter a informação que deseja sobre Heiwajima Shizuo.

-Me sinto... Uma stalker.

Ela sussurrou para si, logo depois percebendo que não era nada disso. Ela não estava seguindo Shizuo, estava apenas tentando achar um jeito de encontrá-lo; Olhou para sua bolsa, pensando de que maneira iria pagar aquele homem que se portara tão estranho no telefone mais cedo naquele mesmo dia, que falava com tanta alegria mesmo não a conhecendo. Talvez o trabalho andasse parado, o dinheiro estivesse acabando ou algo do gênero. Mas não era isso que o lugar ostentava.  Enfim. "Espero que minhas economias sejam suficientes".

Não levou muito tempo até que a secretária de Orihara Izaya a chamasse - aliás, por que ela tivera que esperar tanto tempo se ela era a única no lugar? Vai saber.

Num instante, Tsugumi pegou suas coisas no sofá e entrou na sala do informante, ajeitando parte de seus cabelos castanhos atrás da orelha e respirando fundo; Por algum motivo, aquilo tudo parecia algo muito importante para ela (talvez pelo fato de ela estar realmente dando muita importância.)

Entrou na sala, virada de costas para logo depois fechar a porta; quando virou-se, se deparou com um lugar que ia além da imaginação dela. Claro que ela imaginava um lugar realmente bem equipado - para não dizer rico - mas aquilo superava sua expectativa; Janelas enormes, que davam vista para a rua; uma grande mesa de madeira, com um computador de tela grande e uma impressora de aparência cara; escadas de vidro que levavam a um segundo andar; abaixo desta escada, sofás de couro negro - em conjunto de uma mesinha de vidro com um grande tabuleiro de xadrez - formavam quase que uma pequena sala dentro do local; enormes estantes de livros cobriam grande parte das paredes. Foi impossível para a menina conter-se, mostrando o quanto estava impressionada com um sonoro "Woooow".

-Gostou daqui, Tsugumi-chan? ~ - perguntou um homem de cabelos tão escuros quanto sua roupa  (que era quase inteira negra, tirando as bordas peludas de seu casaco, que eram brancas ) e os olhos vermelhos fixados na menina, enquanto descia as escadas; aquele era o dono da voz ao telefone. Ele, de fato, tinha uma postura estranha.

-C-Como sabe meu nome? - Tsugumi deu um passo para trás, em espanto.

-Yare yare~ - sentou-se na cadeira de couro diante do computador, dando de ombros, ainda com as orbes rubras fizadas na franzina adolescente com um sorriso... estranho no rosto - Sou um informante. Meu trabalho é saber das coisas ~

-Eu já devia ter imaginado... - Tsugumi levou a mão até a testa, onde deu um pequeno tapa em si, sentindo-se estúpida de ter que fazer aquele homem explicar-lhe uma coisa tão óbvia se tratando de um informante; depois de um tempo em silêncio, decidiu perguntar: - Orihara-san, quanto você cobra por achar alguém?

-Depende... - Indiferente, Orihara Izaya conversava em um chat na internet, que a menina não pôde identificar - Quem quer achar?

Mas esta postura mudou quando Tsugumi disse o nome de seu alvo: Heiwajima Shizuo. Foi quase como se uma lâmpada se iluminasse sobre Izaya, que imediatamente levantou de sua cadeira rindo de um jeito estranho - o que, àquela altura, já era normal se tratando dele; Parecia realmente contente pelo fato de que especificamente aquele homem era quem ele deveria achar. O informante andou na direção da menina com passos largos, passando um dos braços por trás dos ombros dela e puxando a pequena para bem junto dele, jogando a orelha da mesma contra seu tórax, de onde ela conseguia ouvir sua respiração; aquilo, por algum motivo, a fez corar até a alma.

-Não preciso procurá-lo, - Izaya proferiu, trazendo a outra mão ao coração, como se apontasse para si - Shizu-chan é quem me acha. ~

-Como assim? - "Shizu-chan? Que maneira mais esquisita -para não dizer outra coisa- para se referir à Shizuo-san!" foi o que ela quis dizer, mas ela estava sem graça demais para dizer algo a respeito em voz alta.

-Não vou lhe cobrar nada. Vamos só dar uma andadinha por aí, e, não demora, Shizu-chan aparece ~

Por algum tempo, Tsugumi quis discordar - uma vez que estava frio demais na rua - mas, além de ter visto que era a oportunidade perfeita de conseguir o que quer sem gastar seu precioso dinheiro, não teve tempo para qualquer argumentação: Numa piscada de olhos, ela e Izaya andavam (literalmente) juntos pela rua vazia e escura; parecia um passeio de amigos - não uma busca nem nada "profissional" - tirando o fato de que aquela intimidade era totalmente forçada, o que só tornava toda a situação mais constrangedora.

Andaram por volta de cinco minutos antes do informante, ao ouvir um barulho metálico ao longe ( semelhante - se não igual - ao que incomodara o sono da adolescente na noite anterior ), parar no meio da rua com seus lábios formando um sorriso estranho novamente.

"Ele tá vindo aqui ~ "

Foi o que ela ouviu o homem (colado) ao seu lado sussurrar, confundindo ainda mais Tsugumi, que pôs-se a olhar ao redor. "De onde será que ele vai aparecer?" ela pensou, contendo parte de seu entusiasmo; sua imaginação estava funcionando a todo vapor, tentando formular em sua cabeça de adolescente hiper-criativa uma imagem para Heiwajima Shizuo, o homem mais forte de Ikebukuro e, ao seus roxos olhos, de todo o Japão.

Mas se surpreendeu ao ver quem realmente aparecera diante deles.

No final da rua, com uma máquina de refrigerantes erguida acima da cabeça, lá estava ele: aquele homem que a ajudara noutro dia; a mesma roupa de barman, os mesmos óculos escuros de lentes azuladas e os mesmos cabelos loiros, que, ao invés da postura gentil que mostrara no parque, fitava o informante com um olhar odioso, de certo furioso. A menina, que mais uma vez mostrava que não era capaz de conter sua surpresa, deixou sua cabeça pender para frente junto de seu queixo, enquanto seus olhos violeta iam abrindo até seu máximo, em espanto; seus cabelos - que voavam com o vento gelado e cortante - grudavam em seus lábios, utilizando a pouca saliva que os mantinha úmidos para fixarem-se.

-Izaya, - bradou Shizuo, com uma voz tão carregada e raivosa quanto seu olhar - quantas malditas vezes terei de te dizer para ficar LONGE de Ikebukuro?!

-Konbawa, Shizu-chan! ~ - Respondeu Orihara Izaya, como se ouvisse e visse um homem completamente diferente do que estava bem a sua frente, provavelmente com o objetivo de provocar o loiro ainda mais - Como é bom vê-lo por aqui ~

-*Temee... ( Temee: muito rude, forma masculina para "você",  freqüentemente traduzido para "bastardo"; usado como insulto) - Shizuo rangia seus dentes, com uma enorme veia saltada em seu pescoço e parte da face direita, apertando mais ainda a máquina de refrigerante, que se dobrou quase como se fosse uma caixa de papelão vagabunda nas mãos do rapaz.

Tsugumi nem teve tempo para raciocinar ou se mover; Aterrorizada, observava a enorme máquina voar na direção de Izaya - conseqüentemente, em sua direção - uma vez que o informante ainda não soltara seus ombros. Por puro reflexo, a menina fechou os olhos e esticou os braços a frente do corpo, com a mão aberta; Quando Shizuo finalmente percebera a presença de uma terceira pessoa - o que foi realmente difícil, uma vez que a adolescente ficara o tempo inteiro calada - se arrependeu de um jeito tão amargo que tentou parar a máquina de refrigerantes, pondo-se a correr atrás dela; porém, ao ver que já era tarde demais, parou no meio do caminho e já pôs-se a lamentar.

Mas sua maior surpresa foi ver a máquina parar bem diante do nariz de Izaya.

Shizuo inclinou a cabeça num ângulo brusco, com suas sobrancelhas totalmente arquejadas, surpreendendo-se ainda mais ao ver um pequeno par de botas "saindo" por baixo da máquina de refrigerantes; tentou olhar por trás das arestas metálicas da máquina destorcida deixando o tronco pender para os lados, mas tudo que ele conseguiu ver a partir disto foi um cachecol rosa - junto de uma série de mechas de cabelos castanho claro - voando ao vendo frio.

-Shizu-chan, que irresponsável! - Izaya disse, sem um pingo de real preocupação na voz - Quase matou a pequena Tsugumi-chan!

-Pequena?! - a menina então largou a máquina no chão há poucos centímetros de seus pés, com uma veia saltando em sua testa, logo dando um cutucão no estômago do informante, fazendo com que ele caísse para trás - Eu acabei de salvar sua vida, seu ingrato!

O barman ainda não conseguia acreditar em seus olhos. Mas não porque fora uma adolescente parara a máquina - uma vez que ele mesmo já levantou uma geladeira quando era bem mais novo - nem o quão pequena aquela adolescente de fato era, mas sim ver o rosto daquela frágil menina que ele havia feito a gentileza de ajudar na praça noutro dia com aquela expressão de espanto ( mesmo que fosse evidente sua irritação com o comentário de Izaya, o choque da máquina de refrigerantes voando na sua direção ainda era evidente) que o fez estremecer, sentindo-se culpado; com passos meio desequilibrados, andou na direção da menina e do tão desagradável informante.

-Tsugumi-chan, - chamou Izaya, depois de soltar uma tosse carregada - se você não percebeu, eu já achei quem você procurava.~

Depois de tais palavras, Tsugumi finalmente parou um instante para perceber que a distância entre ela e Shizuo estavam havia diminuído drasticamente, fixando  seus grandes olhos violeta nos do homem, assumindo uma expressão facial de surpresa, parada bem diante do loiro - que, ao contrário dela, que havia corado com o calor da respiração que descia direto em seu rosto - estava razoavelmente calmo.

Respirou fundo; agora que estava cara a cara com Heiwajima Shizuo e sua esperança de tornar-se forte para não precisar mais depender do irmão estava tão próxima, o ar parecia lhe faltar; aquele homem era a luz no final de seu túnel; agora só restava convencê-lo a ensiná-la. Esta era a parte realmente difícil, uma vez que argumentação clara e calma era a única coisa que ela fora incapaz de aprender com sua mãe.

Ficou um momento em silêncio, a pensar em que palavras poderia usar, mas foi impossível bolar algum tipo de discurso, uma vez que ele acabara por tomar a palavra, perguntando:

-Por que... estava me procurando?

O nervosismo tomou conta da menina, que, no desespero resolveu usar a mesma coisa que usava com seu pai: apelar para os atos exagerados - seguindo a filosofia de que atos valem mais que palavras; Dito e feito. Ela jogou-se no chão de joelhos, apoiando a cabeça no osso das juntas, pousando as mãos no asfalto frio a sua frente e, em tom alto, pediu que ele aceitasse-a como aprendiz. Quase que imediatamente, Shizuo negou, virando-se de costas para a menina, usando como argumento o fato de que ele não conseguiria equilibrar seu tempo e também não tinha nada para ensinar, mas ela insistiu. Virou novamente na direção da menina , com o sangue já correndo à cabeça e ficando mais nervoso, prontíssimo para jogar um "não" muito mais carregado do que o anterior.

Mas Tsugumi o olhava de uma tal maneira - cm um olhar desesperado, quase como um gatinho de rua que implora por ajuda - que ele simplesmente teve de engolir a negação e aceitar.

- Só me prometa que vai tratar de não se machucar demais. - foi sua condição.

Os olhos da menina brilharam de alegria - de modo tão intenso que fez com que o rapaz a sua frente corasse. Não conseguia acreditar que havia conseguido convencer um cara tão forte como Shizuo com aquele ato tão... Bobo. Ela levantou-se do chão num pulo, deu um par ou dois de passos apressados e pulou de braços abertos na direção do homem, abraçando-o com força passando seus braços bem no meio do tronco do mesmo.

-Arigatou Gozaimasu, Shizuo-senpai!

-B-Bestuni...

Sem graça, Shizuo apenas pousou sua grande mão no ombro da menina.

Esta, por sua vez, irrompeu a chorar. A dor em seus braços era grande demais para se ignorar, simplesmente. 


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