Little Princess escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 41
Uma bela melodia


Notas iniciais do capítulo

Sugiro ouvir "When I Look at You" - Miley Cyrus, durante o capítulo.

Beijinhos, não me matem!



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Capítulo 43 – Uma bela melodia

"Todo mundo precisa de inspiração

Todo mundo precisa de uma canção

Uma bela melodia

Quando a noite é tão longa

Porque não há nenhuma garantia

Que a vida é fácil

Sim, quando meu mundo está caindo aos pedaços

Quando não há luz para quebrar a escuridão

É quando eu, eu, eu olho para você"

(When I Look at You, Miley Cyrus)

Pov's Edward:

         A maioria das pessoas acha que a morte é o fim.

         Mas essas pessoas estão enganadas. Completamente enganadas. Eu sei muito bem disso.

         Já li muitas mentes, a maioria das mentes idosas ou doentes pensavam em morte – dores e sinônimos da coisa toda. Estavam erradas.

         Dor era pouco para descrever o que senti naquele momento. O que senti ainda não tem nome. Era como se me mergulhassem num caldeirão com o ácido mais forte. Como se mil facas me cortassem e depois passassem de volta para garantir o trabalho. Mil touros passando por cima de mim. Bombas explodindo-se. E tudo isso junto, ao mesmo tempo, não chegava nem perto de como eu estava me sentindo.

         Os pensamentos dos outros de repente eram ignorantes e eu bloqueei-os. Somente um vazio – o vazio de quando ficávamos somente eu e Bella sozinhos. Um vazio que eu sentiria pela eternidade – ela tinha morrido.

         Os Volturi, pela primeira vez, cumpriram uma promessa completamente. Eu ainda estava paralisado, então só pude assistir. Juntaram a madeira que tinha ao decorrer da praia e jogaram os membros de Bella como se não fosse nada. Meu corpo inflamou de raiva, mas ainda não me mexia.

         Não!, eu berrava mentalmente, Ainda há esperança! Podemos juntar as partes de seu corpo!... Mas não havia. O fogo já tremulava delicadamente, numa cor azul forte, por causa do sal presente na madeira.

- Espero que sejam sensatos o suficiente para não nos atacarem – Aro disse, dispensando o tom amigável.

         Raul nos soltou de nossa prisão em nossos próprios corpos e eu já corria em direção ao Volturi, ignorando por inteiro o aviso me dado, entretanto, antes que eu pudesse socar alguém para descontar as frustrações, eles deram-se todos as mãos e se teletransportaram através de um dos vampiros talentosos.

         Eles tinham fugido impunes... Eles tinham matado, Bella!

- Acalme-se, Edward! – Jasper gritou para mim, mas ele próprio parecia prestes a desmoronar.

         Todos me seguiram com os olhos quando comecei a caminhar em direção às chamas azuis. Emmett deu um passo para frente. Alice o bloqueou:

- Não, ele não pretende se matar – ainda, completei mentalmente a fala de minha irmã.

         Caí de joelhos a alguns centímetros do fogo, vendo o corpo de Bella lá dentro... Era minha culpa, se eu não... Eu não tivesse falado aquilo para ela, se eu...

         Senti minhas emoções girarem dentro de mim, eu estava tão confuso... O que faria sem Bella em minha vida?

         Você a ama, uma voz masculina pareceu sussurrar no meu ouvido. Pelas mentes de meus familiares, mais ninguém tinha ouvido. Todos estavam abraçados aos seus companheiros fitando o fogo com olhos vazios.

         Que voz era essa? Balancei a cabeça, estava ficando insano – eu não suportava a morte de... Meu amor. Fiquei surpreso com a frase que veio em minha cabeça.

         Então eu era tolo. Não tinha admitido que amava Bella naquela hora por pura tolice. Eu podia simplesmente ter falado que também a amava daquela maneira e, não, como irmão. Eu era estupidamente estúpido por não ter lhe dito isso e, agora... Agora não há mais esperança.

         Nesse momento eu entendia como Bella tinha se sentido, sobre o que ela tinha falado sobre pisarem no coração e nos sentimentos. Meu coração estava estilhaçado como gelo quebrado. E era mesmo muito irônico: eu sou de gelo, e algum dia o gelo tinha que derreter, ou quebrar.

         Ela estava morrendo. Morrendo porque eu disse que não a amava. Eu tinha mentido para ela, para mim mesmo. E esse é o problema dos mentirosos. Eles sempre perdem, no final.

         Eu não sei exatamente por que motivo, mas a família toda continuou ali, fitando o fogo consumindo o corpo de Bella e a madeira. O sol nascia para um novo dia quando a última chamou bruxuleou, e sumiu.

         Eu fiquei o processo todo olhando o corpo de meu amor, tentando não perder nada, tentando achar um plano para salvá-la, mas não havia maneira de tal coisa – ela estava morta. Todo vampiro morre ao fogo, é assim que funciona.

         Subitamente, a praia desértica foi tomada por uma luz brilhante, no instante em que o fogo azul sumiu. Era uma luz forte e violeta, mas ainda havia vestígios de azul e vermelho entre a cor arroxeada. Determinado momento a luz ficou tão forte que até eu, mesmo sendo um vampiro, tive que fechar os olhos.

         Quando os abri de novo, a praia não tinha mais o cheiro de queimado salgado e forte. Possuía um cheiro de morangos, flores do campo, e tudo que é bom junto em um só lugar. Eu conhecia esse cheiro.

         Levantei a cabeça num estalo, no lugar onde o fogo queimava minutos antes, havia um corpo. Era pequenino, branco. Usava um vestido branco, de bolinhas pretas. Entretanto, estava um pouco rasgado e puído.

- Bella...? – sussurrei mal acreditando.

         Corri num milésimo de segundo, os joelhos no chão e o corpo no meu colo. Olhei melhor, definitivamente era ela, mas... Não era vampira, não mesmo. Minha família ao meu redor estava tão confusa quanto eu.

         A beleza sobrenatural de vampiros não estava ali, e o coração do pequeno corpo batia. A pele era quase tão branca quanto a de um vampiro, mas as maçãs do rosto e os lábios eram rosados. Os cabelos caiam encaracolados um pouco abaixo dos ombros, numa cor mel. As feições eram suaves e encantadoras. O corpo era pequeno e delicado.

         E o corpo era de Bella.

         Quando ela abriu os olhos, vi um mar de chocolate lindo. Eu me perdi nele, até ouvir a voz dela:

- Eddie? – sua voz não era a mesma de quando vampira, mas ainda assim eram como sinos tocando na mais linda sinfonia.

- Sou eu, Bella, mas... como...? – eu gaguejei para mim mesmo, entre o choque e a felicidade.

         Bella deu um sorriso tristonho, e senti seu corpo mudar. O rosto era praticamente o mesmo, mas o cabelo estava num mínimo mais curto e o corpo estava muito menor.

- Bella? – Chelsea falou atrás de mim.

         Meu amor sorriu maior. Mas ainda era um sorriso triste.

- Eu não estou viva. Eu morri – foi como um baque em minhas emoções felizes e esperançosas.

- Você está aqui, Bella – eu retruquei, querendo acreditar com todas as minhas forças que ela era a minha Bella e ficaria aqui. Para sempre. Comigo.

         Bella estava fraca, muito fraca. Seu corpo diminuiu alguns milímetros. Ela estava diminuindo.

- Estou morrendo, Eddie – ela pareceu ler meus pensamentos, mas ela sorria alegremente, como se sua morte fosse a melhor noticia do mundo – Estou com tanto frio... Ever estou com frio... Solares não sentem frio...

         Suas palavras não faziam sentido algum, porém ignorei-as, não eram importantes. Meu amor estava morrendo e eu não podia fazer nada. Isso era importante.

         Alice soluçou num choro seco, mentalmente ela se culpava. Mas eu não tinha felicidade ou sensatez para consolá-la agora. Eu estava tão perdido no meu abismo de solidão que não conseguia escalar a parede para sair.

- Carl – Bella chamou. Carlisle congelou atento, olhando para Bella – Pai, foi tão legal brincar com você, eu me diverti muito brincando com você todos esses anos. Papai, eu te amo tanto, tanto – sua voz estava sonolenta, ela resmungava, parecia ter sono.

         Ela piscou os olhos com força, tentando espantar o sono enquanto olhava para Esme:

- E mamãe, cuida do papai, tá bom? Eu vou estar ocupada para brincar com ele, então fica com ele e cuida do papai, mãe – seu corpo encolheu mais, parecia ter oito ou sete anos.

         Com surpresa reparei que ela estava diminuindo o corpo, pois sua idade estava retrocedendo, mas... Se continuasse assim, ela morreria, pois sumiria.

         Bella deu um bocejo leve, esfregando o olho direito com uma das mãos. Seu corpo, se antes era miúdo, agora era mínimo, sobrava em meus braços.

- Jazz – meu irmão olhou-a, seus pensamentos ficaram em branco – não deixa a Allie ficar doida comprando, irmão. E não se preocupe, enquanto eu estiver dormindo, eu vou sonhar... Sonhar que você tem o maior autocontrole – ela bocejou novamente – e que é o mais bondoso vampiro do mundo.

         Jasper abraçou Alice pelos ombros.

- E Allie, compre muitas coisas para mim, eu só vou dormir um pouquinho – Bella riu baixo – compre pra todo mundo coisas legais. Deixe-me por último, eu vou dormir, e só vou ganhar minhas coisas quando acordar... Não me importo de ser a última.

         O corpo ficou menor novamente, sua idade estava voltando.

         Rosalie ajoelhou-se do meu lado e acariciou os cabelos de Bella, que estavam num tom mais claro e mais curto, além de mais lisos. Bella começava a ficar com olhos vazios de sono.

- Rose, você é minha irmã mais velha. Amo-te muito, maninha, e não briga com o Edwar... – ela não conseguiu reprimir um bocejo quando falou meu nome, esticando. Piscou com força novamente e falou para Emmett – e Emm, enquanto eu estiver dormindo, coma alguns ursos por mim.

         Emmett assentiu os ombros tremendo fracamente, tentando reprimir os soluços de um choro seco. Sabe Deus de onde, ele deu um leão de pelúcia para Bella. Não era uma pelúcia qualquer... Era aquela que Bella ganhara depois que o próprio Emmett rasgara o ursinho... O bichinho favorito de minha Bella.

         Beijou o topo da cabeça de minha irmã e entregou-lhe o urso, acomodando-o em seus bracinhos pequenos. Ela sorriu e falou para Corin:

- Bata em muitos vampiros malvados, Corin. E invente mais apelidos para mim, eu não vou me incomodar em ouvi-los, mas, só para garantir... Chel cuide desse – um bocejo – pateta, tá bom, minha amiga? E fiquem sempre juntos, mesmo que briguem, porque vocês se amam demais.

         Então ela olhou para mim, sorrindo bem fraquinho, suas forças se esvaindo. Eu diria que seu corpo tinha três ou quatro anos. Pequeno, inocente, lindo.

- Eddie – ela não parecia ter mais consciência de que um dia antes falou que me amava de verdade, agora eu era somente um irmão. Isso me partiu em dois, três, um milhão – escreva muitas músicas, quando eu acordar, quero dançar, todas elas. E continua a ser feliz, a alegria eterna começa de um sofrimento... Nunca se esqueça disso.

         Seu corpo infantil era tão pequeno que seus lábios ficavam cheios de falarem. Suas palavras saiam da boca de uma criança com mente desenvolvida.

- Eddie – ela murmurou sonolenta – acho que eu vou dormir um pouquinho, tá?

- Durma, minha Bella – sussurrei contra seus cabelos. 

         Beijei o topo de sua cabeça, sua respiração ficou mais leve. Quando olhei, ela estava de olhos fechados, sua expressão serena. Depois veio uma brisa suave com cheiro primaveril, um brilho intenso, a alegria acabou, e meu amor morreu.


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