Little Princess escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 40
A Quebra de uma Lei


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH, MEU DEUS, ÚLTIMOS CAPÍTULos!

Segundamente: para maior esclarecimento de quem não entendeu. Ever e Dan estão, de fato, MORTOS. Não estão, de forma alguma vivos e nem vão ressucitar, ok?

E, por fim, bom, espero que não me matem no fim do capítulo.

Beijos!



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Capítulo 42 – A Quebra de uma Lei

Pov's Bella:

         Eu corri. Para longe de tudo e todos. Eu me embrenhava entre as árvores e arbustos, levantando folhas quando passava com minha velocidade. Ignorei tudo. Ignorei os rastros de caçadores humanos, de animais carnívoros, de lugares aconchegantes.

         Eu queria achar um casulo em que eu pudesse me fechar pela eternidade, ou, pelo menos, um lugar para arrancar meu coração fora – e fazer parar de doer.

         Mas eu só consegui parar quando cheguei a uma praia deserta. Poderia facilmente nadar pelo mundo, sem cansar nem precisar respirar, mas em vez disso decidi ficar pela praia, observando o sol se por no horizonte.

         Crepúsculo, a hora em que podíamos viver uma nova vida.

         Encolhendo meu corpo o máximo que consegui, chorei. Chorei por minha família que tinha abandonado. Sentiria falta de sair às compras com Allie, Esme, Rose e Chel. De lutar com Emm e jogar xadrez com Jazz. De caçar com Carl. E, mesmo me odiando por isso, chorei principalmente por Edward.

         Aquele estúpido! Ele não precisava necessariamente ser obrigado a me amar, mas podia parar de me tratar assim, como uma criança inútil e fraca.

- Ele podia enxergar-me como sou de verdade! – sussurrei ao vento.

         O vento, por sua vez, pareceu se agitar, fazendo meus cabelos voarem. Como um holograma e como da última vez, Ever Solace estava ali, na minha frente. Ela usava um vestido amarelo solto e seus cabelos estavam presos num coque frouxo. Descalça, seus pés marcavam a areia enquanto caminhava em minha direção.

         O Sol aparentemente a deixava ser o que era: uma sombra de uma memória. Pois quanto mais o Sol sumia, mais ela sumia também. E Ever sempre vinha ao crepúsculo, seu tempo era limitado.

- Bella – ela sentou-se do meu lado, esticando as pernas e apoiando os braços. O vento diminuiu, mas ainda balançava meus cabelos e os de Ever, só que os dela ficaram bagunçados.

- Oi, Eve – murmurei, desviando os olhos para a areia quase branca.

         Ela me olhou. Não era solidária, penosa ou algo do tipo – e não me senti incomodada. Eu não queria a pena de ninguém.

- Eu também não gosto que tenham pena de mim – ela respondeu aos meus pensamentos – Faz eu me sentir fraca e impotente, e eu detesto essa sensação.

         O vento acariciou meu rosto e por mais que o sol estivesse ali, este era fraco.

- Não está com frio? Você é humana, apesar de morta – comentei curiosa, seu vestido era leve demais.

         Ela riu docemente: - Ah, não se preocupe com isso, outra eu. Possuo o Sangue Real do Sol e sou metade bruxa também. Mas, bem, independente disso, Solares não sentem frio. Nunca. É uma habilidade natural nossa.

         Ficamos em um silêncio confortável por alguns minutos, até eu decidir quebrá-lo.

- O que eu faço Eve? – indaguei – Estou só.

- Oh, não, minha querida, não chore – ela disse, secando as lágrimas que começavam a cair – Siga seu coração, ele te guiará.

- Meu coração está quebrado – respondi com a voz entrecortada – não pode me guiar a lugar nenhum, exceto para o caminho da solidão.

- Chorar não te fará mais forte, Bella – Ever falou repentinamente trocando de assunto.

         Estaquei, secando as lágrimas que caiam.

- Entendo que se sinta assim agora. Porém não há outra maneira senão isso. Seu coração se partirá muitas vezes durante sua jornada, não tem como reverter isso. Mas enquanto você sentir calor lembre-se que a vitória ainda pode ocorrer.

         Fechei os olhos, respirando fundo. Calor? Sou vampira, ou seja, não sinto frio ou calor, somente uma temperatura eterna, mas... Acho que entendia, em partes. Afinal, eu também não chorava?

 As palavras de Ever eram mais sábias que nunca e fecharam um pouco minhas cicatrizes. Mas o talo em meu coração ainda estava ali, bem aberto e exposto.

- É engraçado isso, não é? – ela comentou olhando o horizonte – Os humanos gostam tanto de escrever sobre a morte. Fazem músicas, poemas, histórias... Mas todas elas estão erradas. Falam sobre a vida pós-morte. Sobre as dores... Estão errados.

         Ouvi suas palavras com atenção.

- Ao contrário do que muitos dizem a morte não é complicada. É tão mais fácil. Na vida passamos por sofrimentos, dores e perdas. A vida que é mais difícil, afinal – ela me olhou sorrindo – na morte eu posso ficar com Dan sem ninguém para dizer o contrário, e nenhuma guerra para interferir.

         Assenti, entendendo. O sol estava sumindo e Ever parecia cada vez mais transparente.

- Não desista, Isabella. Sua outra vida, eu, não deu certo. É o seu destino, você não pode escapar dele – ela sussurrou a última parte e de repente sorriu – ah, não se esqueça do que te falei, quando vir nossos pais, diga que os amo, está bem?

- Espere! – eu gritei. Ela se afastava e sumia cada vez mais com a noite que aparecia – Eu tenho tantas dúvidas!

- Elas serão respondidas.

- Hm, tá, ok. Mas, antes, em que ano você nasceu? – perguntei curiosa.

         Ela riu: - Está curiosa por que leu aquele livro, hein? Bom. Nossos pais nasceram na Criação do Sol e da Lua. Isso foi há eóns. Eu nasci um tempo depois.

- Certo, e... – e Ever já tinha sumido, correndo sobre a água, até ficar finalmente invisível.

         Continuei sentada, olhando o sol sumir definitivamente e a lua aparecer no céu. Pensei em Daniel, ele era bom para Ever. Não importa que tenham sido inimigos, são amantes agora e é isso que interessa. O amor prevalecer... No final.

         Soltei um riso fraco. Meu corpo estava psicologicamente machucado e o mais estranho disso tudo é que eu continuava amando Eddie. Querendo ou não, ele sendo um idiota ou não, eu não podia simplesmente arrancar esse sentimento de mim. E, mesmo não sendo recíproco, mesmo doendo agora, era quente e delicioso.

         O amor era mesmo uma coisa muito engraçada.

         A lua era muito bonita e brilhante, mostrando que a noite pode ser tão agradável quanto o dia. E era mesm...

- Bella – uma voz disse agradavelmente atrás de mim, interrompendo completamente meus pensamentos. E eu senti um cheiro adocicado muito conhecido.

         Paralisei em choque... Não pode ser!

         Mas ali estavam eles, os Volturi. Não eram todos, reparei logo de cara, mas, sozinha, eram o suficiente para me derrotar. Para início de conversa, Aro, Caius e Marcus estavam ali, todos os três, com seus mantos negros e tal.

         O Grupo Indiota – Heidi, Jane, Félix, Demetri, Alec – estava completo. Lúcio também estava, e me olhava com os olhos semicerrados. Havia mais dois brutamontes: Pietro – um dos únicos na guarda que, assim como Demetri, só possuía força física – e outro provavelmente novo.

         Dobrei os joelhos, ficando em posição de ataque: - O que vocês querem?

         Aro riu delicadamente. Analisei sua expressão. Era gentil, alegre, espontânea. Era falsa. Alguns anos morando – ou morrendo – com os Volturi me dera a vantagem de estudá-los meticulosamente. Mas Aro... Bom, no caso de Aro são necessários cinco minutos e um dom de ler mentes para saber que ele é falso a vida toda.

- Ora, Bella, viemos aqui amigavelmente conversar e você nos trata assim?

         Apertei os olhos. Isso não me cheirava bem, definitivamente.

- Conversar... Claro.

- Na realidade, viemos aqui para cobrar uma lei quebrada – Aro esclareceu olhando atentamente para mim – Você é uma criança imortal, quebrou uma regra.

         Arregalei os olhos.

- Fizemos um acordo! – retruquei em choque. Eu não ia morrer ali, não mesmo!

- Sim. Se você ganhasse a batalha, podia ir embora e perdia seu título – Caius disse numa voz fria e doida por luta – Você venceu, não é mais princesa, somente uma vampira qualquer. E não sinto dizer, mas vampiros quaisquer são punidos quando quebram a lei.

         Rosnei: - Não foi minha culpa! – era ridículo. Deviam punir Jane e Alec, porém ali estavam os dois idiotas sorrindo maleficamente para mim, prontos para me morder e arrancar meus membros.

         Hipócritas!

- Ainda assim a lei foi quebrada – Marcus disse fazendo pouco caso da situação.

         Preparei-me para a luta solo quando vi todos os vampiros vindos em minha direção.

Pov's Alice:

         Eu estava irritada comigo mesmo. Estávamos no meio da tarde, Bella tinha ido embora há quase uma hora. Argh! Se eu não tivesse falado para ela ir... Eu não tinha visto isso acontecendo, eu via os dois se beijando, somente isso!

         Como pude ser tão tola? Aliás, como o Edward pode ser tão estúpido também?

- Alice – Edward chiou de seu quarto, onde ele se trancara depois que minha irmã foi embora.

         É sua própria culpa, Edward. Bella deveria estar aqui!, respondi, ignorando completamente sua dor. Eu tinha a minha para lidar.

         Concentrei-me em Bella, tinha que ver onde ela estava agora, se estava perto ou longe. Uma visão embaçada me veio: ela corria. Corria muito rápido por uma floresta. Ainda estava na Inglaterra então, ainda havia esperança.

         Se havia esperança, ela se partiu no momento em que tive a próxima visão: os Volturi estavam em uma praia e, eu não sei como, mas tinham achado Bella, pois esta estava ali. E iam lutar!

         Gritei e de repente a família estava na frente da porta do meu quarto e Jasper, sentado ao meu lado na cama, olhava-me preocupado e esquisito.

- Bella vai ser atacada pelos Volturi, ao anoitecer! – berrei.

         Minha irmã... Bella...

         Eu engasguei mentalmente.

Pov's Bella:

         Na realidade, o medo de morrer não me veio em momento algum. Eu estava ali, defendendo minha vida e me preparando para a morte eminente... O medo nem mesmo passou pelos meus sentimentos.

         Ou pelos, o medo não era direcionado para isso. Acho que a única coisa que temi foi nunca mais ver minha família, eu queria vê-los uma última vez, dar-lhes um abraço se essa fosse ser minha despedida definitiva.

         Mas naquela praia à noite, com as ondas quebrando tranquilamente à minha morte, estávamos somente eu e os vampiros malvados.

         Bom, pensei ironicamente, eu estou realmente muito velha. Talvez seja a hora.

         Noventa e um anos... Para um imortal era como um bebê fazendo dois anos, para um humano era uma longa vida. Não, a ironia mesmo que o que mais desejei foi fazer coisas normais com humanos. E aqui estava eu: prestes a morrer numa idade humana perfeitamente aceitável.

         Coloquei um escudo físico a minha volta e, quando os vampiros da guardar avançaram, bateram. Concentrei-me e fiz com que o dom de Kate corresse pelo escudo, assim, quando Alec investiu novamente, tentando "quebrar" o que me protegia, levou um grande choque.

         Jane tombou a cabeça e me olhou. Seu dom espiralou a minha volta, mas não penetrou meu escudo mental. Típico. Ficaríamos assim até eu me cansar, mas não importava – eu tinha treinado muito.

         Sentei no chão relaxadamente. Os escudos me cercavam e a eletricidade estalava. Estendi um pouco o perímetro do meu escudo físico, não gostava do modo como esses vampiros estavam próximos.

         Senti meu plano ir por água abaixo quando, um terço de hora depois, um cheiro chegou a mim como uma bola: o da minha família. E a julgar pelos cheiros, estava completa.

         Não me enganei: o primeiro a irromper da árvores para a praia foi Corin, de mãos dadas com Chel. Logo após Carl, Esme e Rose – essa quase faltava soltar fogo pela boca tamanha a raiva. Emm estava um pouco atrás, contente por uma luta, mas olhando aterrorizado para a esposa. Alice, Jasper e Edward vieram logo depois.

         O último me lançou um olhar... Indecifrável.

- Muito bom. Carlisle, meu amigo, quanto tempo – Aro disse falsamente amigável. – E Chelsea e Corin, é bom revê-los. Não imaginam minha surpresa quando fui procurar por vocês e descobrir que tinham partido com nossa querida Bella.

         Meu nome foi como uma chave mágica, pois todos viraram os olhos para mim, prestando atenção.

- Como podem ver, estávamos justamente conversando, quando vocês chegaram – Aro esclareceu sorridente.

         Velhote safado.

         Levantei-me num pulo, irritada. Fogo surgiu nas palmas de minhas mãos, as bolas de fogo queimavam fortemente, no entanto não tinham a intenção de me tocar.

- Conversando? Essa é sua definição, Aro Volturi? – cuspi seu nome e ele torceu o rosto para mim – Estamos lutando e julgando minha vida. Humpf. Ridículo.

         Caius falou friamente: - Você quebrou uma lei de alto grau, tem que ser punida.

- Ótimo! – gritei de volta – Então me mate agora... Mas vou ceder facilmente a morte com uma única condição: mate meus criadores.

         Vi Aro estacar com minha condição, e depois sorriso sarcástico. Minha família estacou pelas minhas palavras de que eu cederia.

         Mas, ora, se matassem os culpados do inicio de minhas dores, eu partiria alegre e contente. Eu acho.

- Sinto muito. Não – Marcus respondeu.

- Pois que seja, ficarei aqui até você ceder – e sentei novamente na areia.

         Aro sorriu.

- Foi mesmo conveniente que sua família tivesse vindo – e antes que eu pudesse estender meus escudos ou algo do tipo para ver o que Aro queria, o vampirão novo na guarda que eu não sabia o nome, ergue a mão direita na direção da minha família.

         Aparentemente, nada acontecera. Acho que foi algo em minha expressão que fez Aro explicar: - Raul é o nosso mais novo vampiro. Só tem anos de idade... Entretanto, veja bem, seu dom me é muito útil: ele pode paralisar muitos vampiros de uma vez só. Não é engraçado? Vampiros que podem correr em alta velocidade e lutar com força sobrenatural... Parados. Fracos.

         Trinquei o maxilar, então Raul tinha um dom. Senti o dom entrando em minhas próprias fibras, mas eu não o tinha treinado e, mesmo que tivesse, Raul mantinha-os paralisados.

         Caius estalou os dedos e os vampiros da guarda correram, parando ao lado de meus familiares. Heidi estava logo atrás de Rose e Chel. Félix e Emmett, Demetri e Jasper. Grr – Eddie e Alec. Jane e Alice – esta me olhou, berrando no teor de seus pensamentos, tão fortes que pareciam, de fato, pensamentos: "Não posso ver o futuro, você está com seu escudo físico lhe cobrindo!". Suspirei. Pietro e Corin. E Lúcio segurava Carl e Esme.

         O único que ficara parado fora Raul, que ainda prendia a todos, sem mexer um músculo. Os vampiros da guarda provavelmente ficaram a seus lados somente para caso algo escapasse do controle – ou eu tentasse algo pouco sensato.

- Tem certeza que é isso que você quer? Seus familiares mortos? – ou me chantagear.

         Respirei fundo internamente. Eu odiava os planos dos Volturi, sempre envolviam inocentes e/ou reféns. E mortes. Sempre.

         Com a cabeça baixa, tirei meu escudo físico e apaguei as chamas em minhas mãos, somente deixei o mental – meus pensamentos eram meus até minha morte.

- Prometo deixar vocês fazerem seu trabalho em paz desde que não relem um dedo em minha família... Eles não têm culpa alguma.

         Aro assentiu pelo menos com o dom de Corin eu via que não mentia: ele não tocaria na minha família – ele almejava os dons da mesma. Quero dizer, exceto o meu. Do meu dom ele já tinha usado e visto que não havia mais jeito para me ter.

         Caius, Aro e Marcus vieram em minha direção. Puxa, que honra, os três Volturi principais que me matariam, e não a guarda, ironizei mentalmente.

         Pensei em Ever... Ora, se eu era a reencarnação dela, será que haveria uma minha? "É o seu destino, você não pode escapar dele", ela dissera. Mas... Meu destino? Morrer ou ter uma reencarnação? Aliás, queria que meu destino fosse ficar com minha família.

         Meus pensamentos deram um estalo... Tudo que Ever me dizia todos esses anos... Se eu quisesse voltar para minha real família, teria que descobrir meu passado. Mas minha real família não eram os Cullens? "Quando vir nossos pais, diga que os amo, está bem?". No entanto... O modo que ela colocara parecia que ainda estavam vivos.

         Rei Charlie (Criação – morto em ?)... Rainha Renée (Criação – morta em ?). Mas... Mas não era possível! "É o seu destino". O quê? O que tudo isso significava? "Você não pode escapar dele". Reencarnação, memórias do Sol... "Você parecia possuída ou algo do tipo. Seus olhos ficaram azuis quase transparentes e o fogo em volta de você era... Assustador". Olhos azuis, capacidade de chorar... Uma mistura interessante entre o Sol e Lua, Ever dissera...

         Então eu entendi tudo. Foi num daqueles momentos estranho em que uma hora você está em pânico, confuso e tonto e, repentinamente, seus pensamentos e dúvidas clareiam e você entende toda a situação.

         Eu estava para morrer, mas tinha entendido tudo. Era algo realmente confortador de se pensar. Os três Volturi estavam assustadoramente próximos de mim, e não consegui sentir medo, somente uma estranha calma.

         Eu fechei os olhos.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Recomendações?

Pelo amor de Deus, não! *desvia de um martelo tacado*.

Beijos, vejos vocês na próxima,

Emmy B. Potter