Little Princess escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 42
Epílogo




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Epílogo

(Perfectore, Itália)

         Uma luz batia sobre minhas pálpebras, causando uma sensação de desconforto. Abrindo os olhos lentamente, sentei-me. Reparei que estava deitada no chão, em um lugar muito bonito.

         A grama era muito verde e há alguns metros de mim, uma floresta com grandes árvores se estendia tão longa, tão densa que eu não podia calcular onde terminava.

         Olhei em volta.

         Para minha surpresa, havia uma casinha ali, simples, mas muito bonitinha – parecia antiga. As paredes eram de pedras rústicas e quadradas. A porta era de madeira e, bem detalhada, havia a imagem de um S, bem grande e proeminente. As janelas eram quadradas e possuíam cortinas num leve tom branco. O telhado parecia antigo, sustentava vigas de madeiras e palha – mas estranhamente não parecia que se desfaria com uma chuva forte.

         Era um chalé. Antigo, mas bem preservado. A paisagem era linda e encantadora, tudo era tranqüilo. Por alguns instantes peguei-me pensando como seria bom morar ali.

         Observei a mim mesma. Minhas mãos não eram mais tão brancas, e eu sentia meu coração bater no peito. Era tudo tão estranho, tão esquecido. Levantei-me devagar, com as pernas bambeando. Eu era humana, e estava fraca – isso me causou uma bizarra sensação de conforto.

         Ainda era criança, mas... Se eu era humana eu poderia...

         Meus pensamentos foram completamente cortados com a próxima visão que tive.

         Pela estradinha de terra que ia até a porta, saiam duas pessoas. A primeira era um homem. Sua característica mais marcante era seu olhar. Era um olhar imponente, trazia determinação e felicidade. Seus cabelos eram castanhos escuros e formavam cachinhos. Os olhos determinados eram de um profundo chocolate – e me assustei quando vi que fogo dançava nas órbitas, assim como nos olhos de Ever. Ele era alto, forte, musculoso. Jovem, também, mas parecia ter passado por várias lutas.

         A outra pessoa era uma mulher. Não era tão alta quanto o homem, para início de história, na verdade, sua cabeça batia em seu queixo. Seu rosto era gentil e adorável. Os cabelos, caramelos, eram lisos e caiam até os ombros numa cascata mágica. Os olhos eram castanhos, porém mais claros e nenhum fogo bruxuleava ali.

         Em choque, percebi uma coisa, uma coisa que me fez sentir estúpida por não ter notado antes. Aquele lugar era Perfectore, eu estava em frente a minha antiga casa e aquelas pessoas na minha frente eram meus pais, Renée e Charlie Swan.

         Mas... Eles não pareciam nem um pouco humanos. Pelo contrário, exalavam magia e poder – uma coisa sobrenatural em suas auras.

         Eles caminharam no que pareceu uma eternidade até mim, e quando pararam em minha frente, eu teria desabado, se meu pai não tivesse me abraçado.

         Ele riu e beijou o topo de minha cabeça: - Continua tropeçando e caindo por aí, minha filha?

         Eu soltei um riso fraco e engasgado pelas lágrimas que logo se seguiram. Eu molhei completamente o vestido de minha mãe quando a abracei, mas ela não pareceu se importar. Meu pai também não. Ambos estavam felizes e completamente vivos em minha frente, exceto... Exceto que era o crepúsculo e eles pareciam como Ever... Hologramas.

- Vocês... Vocês nãos estão aqui, não é? – eu sussurrei num fio de voz.

         Os dois me olharam com sorrisos tristes, mas foi minha mãe Renée que falou: - Ora, você também não está.

         Então me toquei quando olhei para meu próprio corpo. Ele também tremeluzia, também era um holograma. Uma memória do que eu já fora um dia.

- Então eu morri – murmurei com a cabeça a abaixada, mas senti alguém acariciar meus cabelos.

- Ah, docinho, não fique assim – minha mãe sussurrou acolhedoramente contra meu ouvido – logo você estará conosco novamente.

         Abracei meus pais pelo pescoço, ao mesmo tempo. Claro que fiquei na ponta dos pés, mas, ainda assim, era o melhor abraço que eu já dera em minha vida toda.

- Mas, minha famíil... – parei de falar. Não sabia se chamar os Cullen de minha família iria ofender meus pais ou não.

- Não se preocupe Bella – meu pai sorriu – os Cullen foram a melhor coisa que poderia ter acontecido para você. Fico feliz que Carlisle tenha te achado na floresta quando eu... – ele fechou os punhos fortemente – não pude te proteger.

- Não diga isso – segurei suas mãos ásperas e quentes, olhando em seus olhos com gratidão – Não foi culpa de vocês Jane e Alec terem nos atacado e me transformado.

         Meu pai suspirou: - É sim... Não devíamos ter vindo a Terra em momento algum. Perdoe-me.

         Eu congelei. Vindo a Terra, mas... Não, não podia ser. Entretanto, aquele livro da biblioteca dos Volturi dizia... Será?

- Vocês são o Rei e a Rainha do Sol – não era uma pergunta.

         Minha mãe assentiu séria para mim.

- Sim. A Guerra entre os Astros estava para recomeçar, então, tivemos que vir a Terra buscar aliados. Não viemos por inteiro, somente uma parte de nossas almas. Acredite, podemos fazer isso – ela acrescentou rindo ao ver minha cara – Então, uma pequena parte de nós estava aqui, e outra, no Sol. No entanto, enquanto estávamos aqui, tivemos você – ela terminou com um sorriso.

         Eu ainda estava em estado de choque.

- Mas... Como? Ever, digo, eu tinha morrido antes, por que quiseram ter outra filha ou filho? – eu perguntei – E sabiam que eu era uma reencarnação de Ever Solace?

- Sinceramente? – meu pai sorriu de lado – Não fazíamos idéia de que isso podia mesmo ocorrer. Ao longo da sua infância não demonstrou o mínimo sinal de ser nada mais que humana, ao contrário de quando você era Ever.

- Você crescia normalmente e não tinha poder algum, aparentemente – minha mãe continuou, acariciando meus cabelos – então, não vimos motivo para lhe envolver nisso. Querida, você morava na Terra e parecia completamente mortal, queríamos lhe proteger. Hoje percebo que não há maneira de lhe manter longe de suas raízes.

         Assenti, entendendo. Por isso meu pai me mandara fugir naquele dia, queria que eu fosse normal. Humana. Ele não podia prever que Alec ou Jane iriam atrás de mim e me transformariam em vampira.

- Vocês... Vocês não estão bravos por eu ter sido vampira, não é? Afinal, eu vi que vampiros são Lunares, nossos inimigos naturais – troquei de pé desconfortável com a situação.

         Para minha surpresa – fala sério, eu estava surpresa com tudo – meus pais riram.

- Nem um pouco, Bella. Ora, existem Vampiros e Caçadores da Lua bons, afinal, assim como existem Transformos e Bruxos malvados no Sol. Não se pode julgar uma pessoa somente por aquilo que ela é – meu pai disse sabiamente, agachando-se na minha frente e sorrindo – E você é boa, Bella.

- Eu era uma boa vampira – eu frisei o verbo no passado, mas mesmo assim sorri.

- Bom, acho melhor continuar a história, não é? – meu pai falou retoricamente e prosseguiu – Quando aqueles gêmeos malditos invadiram nossa casa, eu tive certeza de que os Volturi tinham finalmente descoberto onde estávamos.

- Aliás – minha mãe interrompeu gentilmente Charlie – os Volturi são uma espécie de comunidores com a Lua. Myrtle e Juan, da Lua, têm total confiança nesse grupo de vampiros que se intitulam a realeza na Terra.

         Meu pai balançou a cabeça positivamente, concordando: - Pedi para você fugir, felizmente você deixou sua teimosia de lado e me ouviu – ele sorriu minimamente e ficou sério novamente – Quando você saiu vi o olhar que Alec lançou em suas costas, eu não queria que ele a seguisse, mas a minha essência na Terra já estava sumindo.

- Estava doendo tanto, tanto – minha mãe falou com lágrimas nos olhos, mas não vi tristeza, somente uma estranha felicidade – Nós, do Sol, estávamos no meio das chamas, não poderia haver mais ironia. E Alec e Jane estavam nos torturando, estava realmente doloroso. Tínhamos somente uma parte de nossas almas aqui, lembre-se, estávamos mais fracos.

- Um dia antes tínhamos conversado com um trio de vampiros da Lua, eles eram nossos espiões e pedimos para ficarmos de olho. A Guerra estava começando, os Astros já estavam naturalmente afastados desde a última explosão sua e de Daniel, então até a guerra finalmente ocorrer, ainda teríamos tempo.

- O tempo agora está acabando – minha mãe continuou o que meu pai falava nervosamente. Ela obviamente não estava gostando do fato de que ia haver mais uma guerra.

         Abaixei a cabeça, pensativa. Tudo de repente se encaixava, assim como eu estava pensando antes de morrer. A morte de meus pais, quem eles eram de verdade, o que Jane e Alec estavam indo fazer na minha casa humana, por que me transformaram... Mas, uma fala de meu pai chamou minha atenção... Trio de vampiros da Lua, eles eram nossos espiões...

- Papai – chamei, erguendo a cabeça – esses vampiros espiões, quais são seus nomes?

         Meu pai olhou surpreso para mim, mas respondeu: - Tom, Kath e Mário.

         O quê? Meu cérebro simplesmente pifou. Os espiões eram... Eles?

         Minha mãe Renée sorriu para mim, entendendo minha incredulidade.

- Está pensando quando eles atacaram a você e Carlisle, não é? – quando confirmei, ela prosseguiu com sua explicação – Eles tinham corrido até nossa casa e visto as chamas, não acharam nossos corpos. Possivelmente pensaram que vocês foram os vampiros que nos mataram. Mas não duvide, eles são realmente fiéis a nós.

- Certo – eu ainda estava atordoada.

         Como tudo podia se interligar assim? Repentinamente tudo fazia sentido, e era demais para minha cabeça compreender. Demais. E o mais bizarro disso tudo era o fato de que não era completamente estranho, era familiar e acolhedor. Quente. O que eu tinha esperado a minha vida toda inconscientemente. No entanto...

- Mãe, pai... E os Cullen? Vou vê-los novamente? – vou ver Eddie novamente?, completei mentalmente, desejando com todas as minhas forças que esse não fosse, de fato, o fim da linha. De tudo.

         Ora, se Ever tinha renascido como eu, por que eu não podia renascer como outra pessoa? Deixar isso de reencarnação continuar? Por quê?

- Não sei, Bella, não vou mentir – Renée respondeu e olhou para o céu, vendo o sol quase terminando de se por. As cores alaranjadas davam vida a noite e era muito bonito. – Os Cullen estão sofrendo com sua morte, posso sentir, imagino que você também possa. Porém, bem, é o crepúsculo não é? O começo de uma nova vida.

         Assenti. Meus pais deram-se as mãos e sorriram para mim. De repente me lembrei de algo: - Ah, Ever falou comigo, e pediu para lhes dizer que os ama.

         Minha mãe soltou uma lágrima e me abraçou: - Eu sei, querida. Também amamos você – meu pai juntou-se ao abraço e quando soltaram, dissolveram-se como vapor, flutuando para o céu, voltando para casa.

         Olhei por cima de minha casa, o Sol se punha no oeste.

         Suspirei, sentando relaxadamente no chão, com as pernas esticadas e os braços apoiados. Crepúsculo, minha mãe tinha razão, era o começo de uma nova vida.

         Quando o sol mostrou seu último raio do dia, meu corpo brilhou intensamente e comecei a sumir em poeira, dando lugar a lua no céu.

         E a um novo começo.

FIM

Little Princess


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