Little Princess escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 39
Amar dói




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Capítulo 41 – Amar dói

(1980, York, Inglaterra)

Pov's Bella:

         Minha respiração estava irregular. Minha visão estava embaçada pelas lágrimas. Eu corria, corria até meus pulmões estourarem e, mesmo assim, o lugar em que eu queria chegar parecia distante.

         Mas aonde eu queria ir?

- Dan! – minha voz gritou desesperada.

         Tropecei em uma raiz de árvore e gritei. Essa floresta era assustadora, e estava de noite – aqui sempre é noite. Levantei com o tornozelo sangrando, mas precisava continuar.

- Daniel! – eu estava ofegante como nunca. Tropecei novamente e fui de encontro ao chão. Ele era frio e pedregoso. As pedras eram brancas e um tanto esburacadas. Era o chão da Lua.

         Levantei-me fraca, meus braços e pernas tremendo sob o protesto do apoio excessivo de meu corpo flácido. Estava para cair novamente quando alguém segurou com força minha cintura.

         Senti um pequeno sorriso formando-se em meus lábios: eu conhecia aqueles braços frios.

- Dan... – murmurei.

         Seus cabelos estavam tipicamente desarrumados. Seus olhos azuis eram como gelo, mas estranhamente me aqueceram. Suas feições eram encantadoras e bonitas.

- Ever, o que está fazendo aqui? – eu não entendia, mas Daniel conseguia ser repreendedor e preocupado numa única vez.

- E-eu queria ver você – sussurrei fracamente, deixando meu corpo ceder.

         Ele deu um sorriso de canto de boca e me aconchegou melhor em seus braços. A floresta não parecia mais tão ruim e o chão pedregoso da Lua agora era quente no colo do meu amado.

- Ora, querida, se queria me ver, era somente ir a ponte e me chamar. Sempre estarei com você, se precisar de mim – ele respondeu, acariciando meus cabelos.

- Eu sei, Dan – agarrei fracamente sua camisa, sentindo seu cheiro doce e gelado.

         Semi-consciente, percebi que ele andava comigo deitada em seus braços. Deixei minha consciência me levar por completo, por enquanto.

         Olhei tudo em volta, assustada. Senti que suaria se fosse humana. Estava deitada nas folhas de carvalho do outono. Um esquilo estava na minha frente, olhando-me com curiosidade, e saiu correndo quando o observei.

         Foi tão real... Essa memória era tão minha. Minha memória. Encolhi minhas pernas e passei meus braços em torno dela, escondendo o rosto entre os joelhos. Um sorriso mínimo brotava em meus lábios.

         Eu não conseguia esquecer a sensação de amar assim. Era deliciosa. Daniel era tão... Gentil, amável, adorável. Eu reunia todas as sensações que podia dele, e essa era a primeira memória que eu havia tido. Mordi o lábio inferior, tentando conter um sorriso.

         Eu amo Edward, repreendi-me mentalmente. Mas a imagem de Daniel voltava a minha cabeça: bonito, forte, amável e, principalmente, o sentimento era recíproco.

         Franzi o cenho. O sentimento por Edward certamente está aqui dentro, mas não me sentia culpada por gostar de Dan também. Foi em outra vida, eu sempre dizia para mim mesma. Mas eu estava aqui agora, isso também quer dizer algo.

- Bella! – chamou uma voz alegre. Alice.

         Levantei num salto, pega de surpresa. Por alguns instantes tinha esquecido que saíra correndo de minha casa, as mãos em minha cabeça. A dor de cabeça tinha chegado repentinamente, enquanto eu lia um livro. Não queria que ninguém ouvisse, então corri o mais longe possível na floresta em que minha família morava. Até tombar pelo lapso de memória.

         Allie apareceu no seu passo dançado. Usava uma calça jeans skinny, uma blusa presa de botões e um sobretudo aberto e rendado, branco. Passei a mão rapidamente pela calça jeans que usava, Alice me mataria se visse as roupas sujas.

- Bella, estava te procurando! – ela riu – Você prometeu que jogaríamos algo hoje à noite.

         Assenti sorridente. Esse era o bom de minha irmã. Ela era a única que ignorava completamente minha idade aparente. Ela sabia que eu não era criança, de fato, e me tratava como qualquer um. Alice não era má pessoa.

- Tá – respondi, rapidamente correndo de volta para casa. Passei pela porta da frente até me jogar ao lado de Emmett, no sofá, que assistia a um jogo de baseball (ele dizia que sentia falta disso nos Estados Unidos).

         Alice correu para uma mesinha, sentando-se de frente para seu marido e continuaram a jogar xadrez. Rosalie levantou os olhos da revista de fofocas dela e me olhou: - Por que saiu correndo assim, Bella?

         Seu tom não era exigente, nem super protetor, somente curioso. Por esse motivo, tentei impedir minhas mãos de se fecharem em punhos de raiva.

- Nada demais – dei de ombros como se não fosse nada.

         Ah, e para eles seria nada, pois eu não vou meter minha família nisso.

- Hm – foi o comentário de minha irmã mais velha sobre o assunto.

         Sorri internamente. Eles estavam mesmo relaxando a super proteção desde aquela viagem de férias ao Caribe, afinal, eles me viram lutar. Agora se preocupavam tanto quanto para com os outros: como uma família. Preocupavam-se comigo de igual para igual, e não de mais velho para – urgh – criança.

         Exceto Eddie, eu completava tristemente.

         Desviei os olhos da televisão, observando suas costas enquanto ele estava sentado no banco do piano. Levantei e rapidamente sentei ao seu lado, analisando como seus dedos flutuavam pelas teclas do piano. Era mágico, suave, melodioso.

         Vi Jazz dar um sorriso de canto de boca e o teor de seus pensamentos eram distraídos. Ele se esforçava para não pensar sobre meus sentimentos na frente de Edward e, poupando-lhe do trabalho, coloquei meu escudo mental nele também.

         Não se preocupe, eu enviei uma mensagem mental. Sua expressão não se alterou, fingindo que nada acontecia. Coloquei meu escudo mental, pense livremente.

         Ele agradeceu pelos pensamentos. Ao longo dos anos desenvolvi mais técnica com minha meditação e, com isso, podia ter um escudo dentro do escudo. Eu colocava as pessoas dentro de meu escudo mental, impedindo qualquer leitor de mentes de ler seus pensamentos. Mas colocava um escudo em mim própria, para dar privacidade ao vampiro ou humano que eu cobria.

         Sorri fracamente. Edward era lindo quando tocava. Mordi o lábio, tentando conter meu sorriso. Daniel era incrível, sim, mas nesta vida, era Eddie que importava realmente.

         Ele parou de tocar e sorriu para mim: a música tinha acabado.

- Quer tocar algo, Bella? – Eddie indagou para mim.

         Assenti, posicionando as mãos sobre as teclas suavemente, tentando lembrar-me de tudo que Eddie me ensinou até hoje. Eu não praticava o suficiente para ser boa como ele, somente, amadora.

         Acabei por tocar Bella's Lullaby. Edward bateu palmas leves ao fim da música: - Muito bom, Bella, você realmente é uma boa pianista.

         Senti que coraria.

- Não mesmo, só sei o básico. Agora, você, sim, é um bom pianista, Eddie – falei – nunca desista de tocar. Esse é seu talento, não o desperdice.

         Ele acenou positivamente com a cabeça.

         Respirei fundo, pousando as mãos sobre as coxas. Alice olhou para mim – estendi meu escudo para ela e pude ver seus pensamentos. "Vá. Vejo você falando com ele, Bella. Conte sobre seus sentimentos".

         Desviei o olhar. Não sei... Não queria que o clima entre nós ficasse estranho se Edward não gostasse de mim, no entanto... Há muito tempo estou na ignorância do medo de contar o que sinto. É agora. Tem que ser agora.

- Eddie – chamei sua atenção – posso... Falar com você? Em particular, quero dizer?

         Ele me olhou surpreso, em geral não tínhamos nada a esconder de nossa família, mas aceitou rapidamente. Indiquei irmos ao quintal e assim que chegamos lá corremos pela floresta até parar na clareira que eu estivera há pouco.

         O chão era alaranjado, completamente coberto pelas folhas de carvalho do outono. Era uma paisagem linda, mas ignorei completamente, sentia-me mais nervosa que nunca.

         Parei de costas para Eddie e cravei minhas unhas em minha calça jeans. Calma, Bella, disse a mim mesma. Ah, desejei que Ever me desse uma dica. Afinal, ela não falara que gostava de Dan para o mesmo? Mas ela estava silenciosa – bem na hora H.

         Ouvi os passos macios nas folhas de meu irmão parar a alguns metros de mim. Com o dom de Jasper vi seus sentimentos confusos, ele não entendia por que tivemos que caminhar tão longe de nossa casa.

- Edward, eu... – cravei com mais força as unhas na minha calça.

         Respirei fundo, a fala estava presa na minha garganta. Admitir na frente de Jasper era mais fácil que falar para o próprio Eddie.

- Bê? – ele me chamou.

         Fechei os olhos, eu não posso chorar agora. Não. Mesmo.

         Vir-me-ei de frente para meu irmão, encarando-o de longe, olhos nos olhos. Coragem, Bella, coragem. Travei uma luta interna dentro de mim, contar ou não? Eu já estava aqui, vou contar. Vou contar!

         Apaguei por alguns instantes a chama infantil dentro de mim. Sou somente eu e Edward, dois eternos. Nenhuma criança.

- Edward, eu te amo.

- Eu também te amo, Bella, você é minha irmã – ele respondeu confuso.

         (N/A: Pois é, imagina aqueles desenhos em que o personagem cai no chão tamanha a burrice do outro).

         Senti mil bombas explodirem dentro de mim. Ele não tinha entendido. Ao invés de meus olhos marejarem, fiquei irritada. Aaaaaaaaaa!

- Não, Edward, você não entendeu, eu... – parei de falar, minha voz saía irritada. Não era exatamente desse jeito que eu planejava contar ao amor da minha existência que eu o amava.

         Edward ainda olhava para mim. Em um milésimo de segundo eu estava na sua frente, a cabeça olhando para cima, dentro de seus olhos, tanto que meu olhar furaria.

 - Edward, eu estou apaixonada por você.

         Silêncio. Isso não era bom.

- Eu não consigo mais esconder isso. Eu não amo você como meu irmão, e sim de outra forma. Não suporto mais ficar guardando isso em mim, eu... Eu te amo, por favor – falei com um mínimo de esperança dentro de mim.

         Entretanto, meus olhos arregalaram em choque quando Eddie virou um pouco o seu corpo, tirando-o da minha direção.

- Bella, eu... Sinto muito – meu corpo paralisou – Mas você é minha irmãzinha, não consigo imaginá-la de outra forma, eu...

         Não o deixei terminar a frase. Simplesmente fiquei na ponta dos pés o máximo que conseguia e depositei um beijo singelo em seus lábios. Era delicioso. Seus lábios tinham gosto de mel, eram macios e frios. Quando desencostei minha boca da sua, ainda sentia seu gosto.

         Eu sorri para Edward, porém, ele não sorria para mim.

- Bella! – ele me repreendeu. Meus olhos marejaram. – Eu sou seu irmão. Não. Posso. Amá-la. Dessa. Forma.

         Meu coração partiu-se ao meio. Pensei em todas as vezes em que isso acontecera. Quando fui a escola pela primeira vez e as gêmeas do mal me disseram que eu seria eternamente solitária. Quando Edward partiu para tomar sangue humano e ignorou minhas súplicas. Quando fui levada para longe de minha família. Quando Alec me "estragou".

         Apertei minhas mãos, irritada.

         Isso era completamente injusto, idiota. Acham que só por que sou uma eterna criança podem pisar assim em mim? Acham que só por que tenho essa aparência fraca podem me quebrar?

- B-Bella – Edward gaguejou e deu um passo para trás, assim como quando eu perdi o controle e fiquei com uma aparência "legal" de acordo com Emm.

         Dei um passo em sua direção, cabeças rolariam. Ele começou a correr e eu o segui. Dançávamos entre as árvores. Pela primeira vez eu era o caçador, e não a presa.

         Edward seguiu em direção a nossa casa e irrompeu pela porta da frente estrondosamente, atraindo a atenção de toda a família, que estava por ali. Eu somente o segui pela porta aberta.

- Segurem ela, esta fora de si! – ouvi Edward gritar, parecia distante. Eu perdia a linha de meus pensamentos.

         Meus familiares estavam em choque demais para me segurar quando pulei para atacar ele – aquele que sempre parecera ser meu irmão favorito, o que eu mais amava.

         Ele estava caído, olhando-me aterrorizado. Minha presença emanava horror e medo, apavorando os inimigos – e meus amigos. Eu provavelmente não estava bem, pois isso me pareceu delicioso no momento.       

         Eu tinha uma perna em cada lado do corpo de Edward. Soquei seu rosto repetidamente, com lágrimas caindo dos olhos, até finalmente falar algo:

- Idiota! – gritei engasgada – Seu estúpido! Como tem a audácia de me dizer tal coisa?! Seu ser inútil!

         Soquei seu peito e ele gemeu sob a dor. Ignorei sua dor, assim como ele ignorou meus sentimentos.

- Acha que só por que sou assim, pequena, pode me ferir? Acha que minha dor vai ser pequena? Você é um estrupício, Edward Masen! – falei seu nome humano. Ele não era digno o suficiente para portar o sobrenome da família Cullen.

- Bella, eu...

- Por que você faz isso? Não é a primeira vez que pisa em meu coração, sabia? – berrei com a voz chorosa, mas ainda assim completamente irritada – Na primeira vez, aquela a qual você me deixou para ir tomar sangue humano, eu o perdoei.

"Eu o perdoei todas as vezes. E acho que esse foi meu erro: perdoar. Acho que isso deu uma idéia as pessoas, uma idéia de que elas poderiam quebrar meu coração sempre, pois eu sempre os perdoaria. Eu sempre o perdoei, Edward!".

         Apertei com força minhas mãos. Ainda em cima de Edward, falei em sua cara:

- Eu me abri com você, Masen! Eu lhe disse que te amava! – minha família ofegou com a revelação – E o que você fez? Disse que era meu irmão, e não podia me amar dessa forma! E quer saber? Eu não te amo! Nem como amor, nem como irmão!

         Funguei com meu choro. Doía demais.

- Espero que goste disso, Edward – levantei e olhei-o desafiadoramente – Meu coração está partido, acho que era isso que você queria, não é? Pois ouça: eu não dou a mínima se você se explodir agora. Vá fazer algo mais interessante do que pisar nos sentimentos dos outros.

         Comecei a caminhar em direção a porta, quando ouvi sua voz: - Aonde vai? Sou seu irmão, prometi protegê-la.

         Ainda de costas respondi:

- Me proteger? Se você realmente quer fazer isso com os poucos sentimentos que lhe restam, então aí vai: fique longe de mim. Você vai me proteger dessa forma.

- Não posso proteger-lhe dos outros se você estiver longe, Bella! – ele gritou para mim.

- Mas pode me proteger de você – fui fria, seca.

         E caminhei em direção a porta, dando as costas a tudo que sempre amei durante toda minha existência.


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