Little Princess escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 36
Heranças de força


Notas iniciais do capítulo

Hi, wonderful people! =D Desculpem a demora, estive ocupada nos últimos dias, mas agora estou DEFINITIVAMENTE de férias - sem aulas, cursos, e blá, blá, blá.

Esse capítulo é dedicado a todos os comentadores e recomendadores, obrigado pelo apoio!

Bom, espero que gostem. Nos vemos no final. Fui!



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Capítulo 38 – Heranças de força

(1964, Pequenas Antilhas, Mar do Caribe)

Pov's Bella:

         Puxei o ar lentamente e depois o soltei pela boca, relaxando. Na posição da flor de lótus, as mãos levemente pousadas em cima das pernas, eu meditava. Usava um vestido branco de alcinhas, leve e confortável. O silêncio predominava no meu estúdio de balé – as janelas somente com as cortinas abertas criavam um clima calmo com a fraca luz do sol que entrava.

         Paz.

         Franzi o cenho, alguém subia a escada raivosamente, fazendo tanto barulho quanto seria possível para um vampiro. Pisava duro e irritado. Suspirei. A paz com certeza iria embora.

         E eu não estava errada.

         Alice entrou na sala tempestuosamente, nem se dando ao trabalho de fechar a porta, mas, principalmente, quebrando todo o trabalho de meditação que eu começara há quarenta minutos. Ao contrário de mim, minha irmã usava um biquíni branco de detalhes dourados com uma saia dourada cobrindo a parte de baixo da roupa de banho.

         O motivo era simples: há um ano estamos de férias em uma ilha particular no Caribe. O sol era sempre presente aqui, o que significava que particular tinha que ser definitivamente, senão, os humanos pirariam ao ver diamantes ambulantes.

         Eu adorava o clima calmo que essa ilha conseguia ter – o vento, o sol, as ondas, até a casa que Esme reformou, pois na verdade era um bangalô pequeno demais antes. Quero dizer, era calmaria até Alice se irritar de eu ficar no meu estúdio e sair da praia para me arrastar até lá.

         Como agora.

- Vamos logo, Bella – ela disse, batendo o pé ritmicamente no chão, as havaianas que usavam combinavam com a roupa. Incrível. – Seu tempo de "meditachatice" já acabou por hoje. Coloca o biquíni que separei e vamos para a praia.

- Ah, tá. Vou colocar o lindo biquíninho que você separou e vou, espera-me um segundo, já estou a ir.

         Ela fechou a cara: - Para de ser cínica, menina, eu hein. Vamos, Bellinha... Por favor! Estamos aqui há quase um ano e o máximo que você fez foi colocar um maiô com shorts jeans.

         Desviei os olhos, olhando para um ponto acima da cabeça de minha irmã. Ela estava certa. Eu não ia muito à praia e toda vez que Alice me convencia a ir, era maiô e shorts, ou até mesmo um top. Nunca biquíni. Mas, ora, quem gostaria de colocar um biquíni quando tem Allie, Esme, Chel e Rose com um, bem próximo a você?

         Então, eu ficava aqui, meditachatando – como diria Allie. Agora você pergunta: Por que estão de férias – aliás, há um ano – no Caribe? A verdade é que eu tinha pedido isso, pois há algum tempo venho treinando meus poderes psíquicos. Meus poderes estão ficando cada vez mais fortes, é como se todo o treinamento que recebi dos Volturi tivesse destrancado um cadeado de evolução.

         Com o dom de Eleazar vi minhas poças de dons, e a maioria delas estão praticamente fundidas. Algumas eu mal sei de quem é o dom, pois estão misturadas, outras assumiram outro formato, ou outra cor, pois evoluíram. A única completamente intocada é a minha poça própria – transparente, com os desenhos intricados cada vez mais complexos.

         Eu meditava para controlar os poderes, evoluí-los organizadamente, e não do jeito desgovernado que estava acontecendo. E acabei por descobrir que, assim como dançar, meditar era ótimo. Algumas vezes ao longo desses meses eu pintava, era como outra espécie de meditação, porém que ocupava meus pensamentos e exercitava minha calma e paciência.

         Tudo isso era muito bom. Quero dizer, tudo, exceto biquínis.

- Mas Bella – ela choramingou, puxando bem o "a" do meu nome – só dessa vez, uma vez só, pretty please!

         Revirei os olhos, não eram necessários muitos anos de convivência com Alice para saber como a fadinha era dramática.

- Não – foi minha simples resposta, entretanto, temi por ela quando Allie sorriu diabolicamente.

- Eu temia isso... – ela disse falsamente triste, sem tirar o sorriso do rosto – Esme, Chelsea, Rose!

         Arregalei os olhos quando vi o resto das mulheres da família entrando. Esme usava um biquíni preto, com um daqueles vestidos transparentes por cima e chinelos da mesma cor. Chelsea usava um conjunto de biquíni listrado verde e branco, estava descalça, com óculos escuros no rosto e uma canga laranja. E, por fim, Rose – sendo a típica "mimada", como Eddie diria – usava um biquíni rosa minúsculo, uma saia branca semitransparente e sandálias de amarrar. Sem dúvida, Alice as vestira, ela possuía essa estranha mania de vestir todos.

         Ok, se é o que estou pensando, estou com medo.

- Desculpe-me, querida – disse Chel para mim, enquanto segurava um de meus braços – Alice nos obrigou.

- Nem vou perguntar como ela chantageou vocês, vai piorar minha situação – murmurei.

         Agonizantes minutos dentro do closet de Allie, e depois no banheiro. Nunca pensei que Alice pudesse ser tão má, poxa, eu só não queria ir lá fora e... E estar com esse copo quando as outras mulheres tinham aqueles corpos. Era tão difícil entender?

- Pode olhar, Bella – Alice disse risonha, colocando um espelho de corpo inteiro em minha frente.

         Ouvi o riso delas quando dramaticamente abri um olho só, e depois abri os dois, analisando a imagem. Meus cabelos estavam bem escovados, Alice por algum motivo alisou-os, então, agora sem os poucos cachos que eu tinha, eles estavam quase na cintura, repuxados pelos óculos de sol no topo da cabeça. Eu usava um biquíni vermelho – urghhhh, senti vontade puxar meus cabelos – minúsculo. Nos pés eu tinha uma sandália de amarrar dourada.

         Bom, pensei sarcasticamente, pelo menos elas não tiraram meu colar de bailarina.

- Allie – eu murmurei.

- Eu sei, tá linda, né? – ela disse animadamente. Bateu palminhas e deu saltinhos alegres, olhando para minha imagem no espelho.

         Franzi o cenho quando, no espelho, vi a imagem de Ever rindo. Ela estava idêntica a mim, só que em sua versão de cabelos e olhos. Tudo isso foi em um nano segundo, e as mulheres não demonstraram ter visto.

- Alice... Eu... – eu estava sem fala. Não tinha como negar, eu estava linda de biquíni. Mas como iria para a praia, com todos os homens da família lá, seguindo as mulheres? Porque eu tecnicamente era 'a criança'.

         Allie, provavelmente vendo minha expressão, falou cautelosa: - Bella? Você não gostou?

         Senti meus olhos marejando e senti-me extremamente idiota – por que estava chorando?

- Não – eu disse com a voz embargada – eu... Eu achei tudo lindo, Allie, só não sei por que minha irmã se importa tanto comigo. Obrigada.

         Ela riu em seu jeito alegre e me deu um abraço, seu queixo batia um pouco acima da minha testa. Ela própria deu uma checada no espelho para ver se estava tudo certo. Correndo até seu closet – que é quase maior que meu quarto, aliás – e voltando com óculos escuros marrom cobrindo seus olhos e dando charme.

- Go, go, pink power! – Allie gritou. Revirei os olhos seguindo ela, que ia aos pulinhos.

         Senti que atrás de mim, minha mãe, minha irmã e minha amiga também deveriam estar revirando os olhos. Uma vez Alice, sempre Alice. Pois é.

         Hoje era um dos raros dias em que o sol estava mais fraco, porém ainda batia, fazendo nossas peles brilharem levemente. Vi Emmett, bobão como sempre, jogando água para tudo quanto é lado. Corin – outro pateta, que a aparência não condizia com a idade mental – estava à beira mar também e, claro, jogando água justamente em Emmett.

         Papai estava sentado em cima de uma grande toalha estendida na areia, as pernas esticadas e os braços apoiados atrás, observando tudo com um sorriso divertido. Eddie estava de braços levantados, olhando tudo com seu típico sorriso torto, longe o suficiente das "duas crianças" para não receber água. Jazz estava ao seu lado, entretanto sentado de pernas cruzadas, os cotovelos apoiados nos joelhos e o queixo apoiado nas mãos. Todos usavam calções de banho de cores diferentes – provavelmente (lê-se: é claro) foi Alice que escolheu.

         Mamãe logo correu e se sentou ao lado de Carl, que sorriu e deu um beijo singelo em seus lábios, delicado e rápido, mas, ainda assim, carinhoso. Vi que Chel e Rose preferiram sentar em outra grande toalha estendida na areia do que ir beijar seus namorados – eu também preferiria se fosse o meu caso. Allie, por outro lado, sentou-se no meio das pernas cruzadas de Jazz, deitando a cabeça em seu ombro.

         Observei ainda distante, Corin ir mais fundo na água, agora jogando em maior quantidade em Emm, que repetiu o gesto. Ambos já estavam ensopados, no entanto, a pele brilhava pelo sol e não pela água – que, aliás, aqui no Caribe é a coisa mais linda do mundo inteirinho.

         Dei um meio sorriso: - Se vocês querem ver quem se afoga primeiro, sugiro que parem. A não ser, claro, que toda a família tenha se programado a ficar aqui a eternidade.

         Todos pararam e olharam para mim, como se eu estar na praia fosse algo... Sei lá, estranho. Tentei não revirar os olhos, eu andava fazendo demais isso. Então, simplesmente alarguei meu sorriso e corri em velocidade vampiresca para a mesma toalha que Rose e Chelsea. Sentei entre as duas e ri suavemente.

- Ora, por favor, parece que viram um fantasma ou algo do tipo.

         Claro que foi Emm que respondeu: - Provavelmente estamos, sim, vendo um fantasma! Desde quando você vem à praia?

- Desde que Alice invadiu meu estúdio de balé e me arrancou de minha meditação – resmunguei e olhei para minha irmã citada, mal humorada – E é bom você compensar, fiquei quarenta minutos iniciando minha concentração e você a quebrou quando invadiu o cômodo.

          Allie riu: - Relaxa Bella. É só uma meditação. Mas posso compensar com compras se você quiser – e você vai querer, seus olhos completavam a proposta.

         Eu adoro compras, sempre adorei. Mas, bom, com Alice, as coisas ficam um pouco diferentes – muito mais sacolas, muito mais tempo, muitos gritinhos histéricos e humanos nos olhando estranho.

- Muita gentileza sua, Allie, mas dispenso, obrigada – e todos riram da carinha que minha irmã fez.

         Corin saiu correndo do mar, vindo em minha direção com os olhinhos brilhando, possivelmente com uma nova idéia. Oh-ou.

- Bellucha, Bellota – rosnei e ele sorriu inocentemente. Corin e seus apelidos, acho que ele faz isso porque não tem nenhum, humpf – o que acha de treinarmos? Não fazemos isso há um tempão, desde que saímos de Volterra.

- Não que isso seja ruim – Chelsea completou, ela mesma parecia ansiosa por treinar.

         Eu tinha que admitir: treinar era divertido, claro que seria mais legal ainda sem Marcus e sendo com meus amigos, mas é divertido lutar. Simplesmente é.

- Espera – Eddie disse, franzindo o cenho e olhando para mim – treinar?

- É – dei de ombros, implorando mentalmente para que ele parasse de ser protetor – sabe, nos Volturi todo dia havia treino de lutas, treino de dons. Era, por mais que me doa falar, divertido.

- Divertido?! – a voz de Rose saiu incrédula – Mas... Não era... Volterra? – o nome da cidade italiana saiu com nojo evidente.

         Dei de ombros novamente: - Falam assim porque nunca lutaram. Lutar é um instinto nosso e se praticado e executado com perfeição, torna-se um hobby divertido. Além do que, e se vampiros maus aparecessem, não gostariam de lutar?

         Era um argumento cruel de usar contra eles, mas era o único modo de convencê-los a não serem super protetores, principalmente Eddie. Cruel pelo fato de eu fora raptada por, exatamente, vampiros maus.

         E vi que funcionou, pois logo suas expressões mudaram de incompreensão e incredulidade para obstinação e ansiedade. Minha família estava realmente querendo aprender isso.

         Allie levantou-se num pulo do colo de Jazz – que me olhou em desagrado. Pedi desculpas com o olhar. Jasper era um irmão incrivelmente legal e bom comigo, sempre contente e me animando. Mas ele detestava falar sobre lutas, pois ele mesmo fora um soldado quando humano e quando vampiro, por isso todas as suas cicatrizes. Eu entendia isso, a pessoa que ele mais amava –Alice – queria lutar. Era mesmo muito irônico.

         Emmett parecia especialmente ansioso quando saiu rapidamente da água e parou ao lado de Corin, com os mesmos olhinhos brilhantes – quase poderiam ser gêmeos, grandes, altos e fortes.

         Foram alguns poucos minutos para decidirem onde iriam treinar, no caso de Jazz, Chel e Corin, e "aprender", no caso do resto. Rose sugeriu a floresta da ilha – que algumas vezes caçávamos, mas em geral pegávamos uma lancha e íamos a viagens de caça de dois ou três dias. Chelsea sugeriu a praia mesmo, e acabamos por decidir-se nela, não havia problema algum.

         Todos estavam de pé, exceto eu. Nunca vinha a praia, então, optei por ficar deitada na toalha branca, tomando um pouquinho de sol, fingindo que ficaria bronzeada e tiraria esse branco morto de mim. Somente imaginando, claro.

         Óbvio que para Allie, isso não estava nos planos dela.

- Vai ficar deitada aí, Bella?

- É – a resposta tem que ser direta e seca quando Alice está prestes a chantagear, já aprendi logo.

         Viver ou cair na onda da Alice – eu gosto de viver, obrigada.

- Mas Bellaaaa – ela choramingou como há minutos atrás, quando queria que eu colocasse o biquíni. A expectativa de que eu estava de biquíni agora e ela queria que eu lutasse não era boa.

- Não Alice, Chel e Corin podem perfeitamente ensiná-los. Assim como Jazz, tenho certeza que ele é um exímio lutador, melhor que eu – eu disse – Bom treino.

         Silêncio.

         Sentei-me, tirando os óculos que tinha baixado aos olhos e puxando-os até o topo de minha cabeça. Todos olhavam de Alice para mim, que tinha cara de quem choraria a qualquer momento – claro, à seco, ela não era eu.

         Arrependi-me no ato: - Oh, Allie, desculpe-me. Eu não queria magoá-la, somente não quero treinar.

- Mas B-Bella – gaguejar foi golpe baixo.

         Suspirei. Num segundo estava de pé, as pernas afastadas e os braços cruzados emburradamente. Como sempre, Alice ganhara com sua carinha "cachorro que caiu na mudança".

         Todos riram de minha desistência. Rá, rá.

- Bom – eu disse, decidida a me vingar – já que vocês querem realmente que eu os ajude a treinar... EU QUERO AGORA TODOS EM UMA FILA!

         Minha família não sabia se ria ou arregalava os olhos, tamanha a surpresa deles pelo meu tom de voz. Chel, Jazz e Corin olharam para mim e quando lhes lancei um olhar gelado, entenderam o recado: eles também tinham que ficar em fila. Olhei a ordem, da direita para a esquerda: Carl, Esme, Allie, Rose, Emm, Eddie, Jazz, Corin e Chel.

         Comecei a andar de um lado para o outro, enquanto falava.

- Certo, seus molengas, querem aprender a lutar? Regra número um: não façam o que lhes for pedido, e eu arranco o braço da criatura. Regra número dois: as regras são minhas, então, vou poupar meu tempo de falar todas as regras e dizer simplesmente. O que eu disser, façam. O que eu pedir, façam. Sem questionar.

         Emmett dramaticamente engoliu alto e Rose e Alice seguraram as risadinhas. Mandei-lhes um olhar seco que os fez calar a boca.

- Enquanto estivermos treinando, eu não vou ser a Bellinha – ironizei numa voz fina e olhei diretamente para Corin, que sorriu minimamente para mim – eu vou ser Bella, aquela que pode arrancar os seus membros e guardá-los no armário até quando achar conveniente devolvê-los, entenderam?

         Silêncio.

- Eu perguntei: ENTENDERAM?.

- Sim – eles responderam em coro, com olhares num misto de surpresa e desespero.

         Então eu ri levemente, aliviando o clima.

- Ah, ora. Não se preocupem, não precisa de nada disso, estava me vingando, minha taxa de vingança ainda é alta. Já me vinguei por um século só de ver seus olhares apavorados – e gargalhei mais forte.

         Todos me olharam emburrados. Respirei fundo, parando de rir e chamando com o dedo o trio que me ajudaria.

- Ajudem-me por favorzinho – eu pedi numa carinha imitação de Alice.

         Eles riram e concordaram prontamente.

- Pode começar, Jazz – eu ofereci e ele assentiu, virando-se para minha família.

- Bom, o básico é não partir para o ataque óbvio – ele explicou sabiamente – Não se deixem levar pelo instinto, o ataque óbvio, contra um vampiro experiente, é morte na certa. Contra um recém-nascido também, pois é isso que eles fazem: partir para um ataque óbvio, mas a diferença entre vocês e eles é que eles têm mais força.

 - O que Jasper quer dizer é: planejem antes – disse Corin orgulhosamente, como se estivesse contente de ter chegado a essa conclusão sozinho.

- Obrigado, Corin – Jazz ironizou e eu dei uma risadinha.

         Chelsea tomou a palavra para si: - Certo... Obrigada por esse maravilhoso resumo, querido – ela disse risonha, mas ao mesmo tempo sarcástica. Então se virou para o resto das pessoas – Quando estávamos em Volterra, os integrantes da guarda treinavam de cinco a sete horas por dia, sem contar os treinos individuais ou em duplas dos nossos dons.

- Exato – eu confirmei, pois minha família arregalava os olhos, pensando se os Volturi não faziam nada, exceto lutar – Passávamos muito tempo treinando, até demais para o meu gosto. Não era como se tivéssemos opções – terminei desgostosa.

- Mas, Abelhinha, Alec – Eddie rosnou quando Emm disse o nome – falou que Aro te tornou a princesa Volturi, então você não era da guarda.

         Fiquei impressionada. Emmett, sendo inteligente, quem diria? Rose parecia sentir o mesmo, observei.

- De fato não era considerada. Como falei antes, treinava com Marcus Volturi e, gostando ou não de admitir a questão, ele é o melhor lutador de Volterra.

- Quanto tempo você treinava por dia? – Esme perguntou curiosa.

         Sorri gentilmente para minha mãe: - Quanto tempo Marcus quisesse. Podia ser o dia inteiro, como podia ser uma hora – dei de ombros, como se isso explicasse tudo.

- Ei, Bella, uma demonstração, por favor! – Corin implorou, erguendo as mãos em minha direção.

         Eu sorri.

- Fique a vontade. Quem quer lutar com ele? – indaguei, olhando para todos em geral.

Corin emburrou, fazendo bico como uma criança pequena. E eu ergui uma sobrancelha, pensando na minha imagem fazendo isso. Hm...

- Nãããõ – ele choramingou como Allie – quero que você lute com algum deles, pra mostrar como o treino era pesado e tal...

         Mordi o lábio inferior, porque Emm mostrava-se animado com isso.

- Ai, não sei não... – hesitei.

- Vai, Abelhinha, vamos lutar! – Emmett disse animado com a possibilidade. Ele quicava no lugar como uma mole. Vi o olhar de Eddie na direção do irmão, mas este nem pareceu notar, tamanho o entusiasmo.

- Ah, talvez outro dia, Emm – murmurei sob minha respiração. Mas Alice mesmo saltitava, batendo palminhas, provavelmente vira quem ganhou a luta e Eddie estava olhando irritado. Vi no teor de seus pensamentos que Allie não o deixava ver a visão.

         Corin e Emmett ajoelharam-se na minha frente, implorando com as mãos juntas e com os olhos.

- Bella! – eles choramingaram em uníssono.

         Chelsea e Esme riram. Rosalie cruzou os braços e revirou os olhos. Carlisle e Jazz se entreolharam, e Alice bateu palminhas. Eddie ficou olhando para mim, esperando minha decisão.

         Suspirei: - Certo. Lutarei uma vez, nada mais que isso.

- Iupi! – os dois patetas mais pareciam mulheres do que homens saltitando alegres daquele jeito.

- Luta comigo! – Corin e Emmett disseram ao mesmo tempo e se olharam. E logo partiram para uma própria queda de braço sobre quem lutaria comigo.

- Chega! – gritei agudo e todos me olharam – Eu lutarei com Edward e ponto final.

         Todos arregalaram os olhos a nova informação, inclusive o próprio citado.

- Mas... Bella... – meu irmão sussurrou para mim.

         Sorri torto. De repente minha "solução" a briga parecia muito divertida.

- Com medo, Eddinho? – eu ri com essa, assim como todos, exceto meu irmão.

         Este ainda me olhava emburrado. Ele não queria me machucar, percebi. Mas Eddie não me machucaria. Franzi o cenho, ele também não lutaria sério, provavelmente. E eu queria muito que isso fosse sério.

         Dei um passo para frente, pegando sua mão e puxando-o comigo. Ignorei a corrente elétrica que passou por meu braço. Jasper olhou de cenho franzido para nossas mãos juntas. Quando fui olhar sua mente e pensava em uma música – humpf. Andara demais com Alice.

         Parei longe o suficiente na praia para ocorrer a luta, mas não muito distante dos Cullens.

- Vamos, Eddie. Será divertido. Além do mais, é bom você lutar sério, senão, vou mesmo arrancar um membro seu – ameacei sorridente.

         Ele deu seu famoso sorriso torto.

- Bella, eu não quero lutar com você. Por que faria isso? Você é minha irmãzinha – Edward disse para mim, risonho.

         Revirei os olhos e olhei para ele. Quando falei, disse naquele tom malicioso de Emmett de quando está querendo apostar: - Então está mesmo com medo de perder? Não se preocupe. Pego leve com você.

         Eu sabia que ele não iria recusar. Nenhum vampiro recusa ao instinto de lutar, não quando ele é jogado assim, na sua cara – nem Eddie resistiria. E deu certo: Emm, Jazz e Corin sussurram "uuuu", e Edward semicerrou os olhos.

- Certo – e dobrou levemente os joelhos.

- A luta acaba quando o adversário for totalmente imobilizado – Chelsea disse, rapidamente inventando a regra.

         Estalei o pescoço e mexi os braços, pulando, como que para me aquecer. Em minha cabeça relaxei o escudo mental, que com anos tornara-se natural. Deixei-o mais leve, mas, ainda assim, impenetrável. Analisei todos os meus dons em questão de segundos. Já sabia qual usaria.

         Eddie dobrou mais os joelhos e sorriu para mim. Seus olhos brilharam e eu soube que ele estava vindo me atacar.

         Tudo aconteceu muito rápido. Ele correu em minha direção e quase não tive tempo de desviar. Seu pé ia chutar-me e eu o segurei, desviando-o para longe. Dei uma estrela e parei ao seu lado, chutando sua costela.

         Ele colocou a mão ali. Eu realmente tinha pegado um pouco do "dom" de Emmett e aplicado um pouco mais de força. Quando Eddie ia me socar no estômago, teletransportei-me.

         Simplesmente apareci em suas costas e ouvi o coro de "Oh" da minha família. O "oh" de Eddie foi um pouco mais doloroso, pois ele recebeu um chute em suas costas que o fez voar até bater em uma palmeira.

- Cansado, maninho? – eu sorri maliciosamente.

         Ele levantou-se num pulo e correu na minha direção. Começamos a lutar no que parecia uma coreografia bem ensaiada. Chutes, socos, tapas, pontapés, tudo era feito, mas nenhum acertado. Parecia bem possível que tivéssemos ensaiado, mas eram os reflexos rápidos e os instintos.

         Eu era treinada para isso, mas Eddie era mais rápido. Tudo estava equilibrado. Quero dizer, até eu decidir usar meu dom mais poderoso e decidir me exibir um pouquinho – admito.

         Teletransportei-me a cinco metros de Eddie. O ar ali tremulou e eu apareci. Antes que Edward ou qualquer um pudesse fazer alguma coisa, fogo surgiu na palma de minha mão. Vi que todos se alertaram, mas a labareda dançava em cima de minha mão, a centímetros, mas sem tocar nem um pouco.

         Fiz com que espiralasse em volta de meus braços, crescendo. Depois desceu pelos meus dedos, formando as garras de fogo que eu tanto gostava. Estava concentrada, pois ainda me lembrava da vez que queimei meu pulso – esse fogo parecia forte o suficiente para causar queimaduras até mesmo na pele de um vampiro, quero dizer, antes de matá-lo.

         Aproximei-me de Eddie e vi que ele recuou. Natural. Até mesmo os mais bem treinados recuavam. Arranhei o ar como um gatinho arranha as paredes. Estava realmente me divertindo, eu queria ganhar essa luta desesperadamente.

         Achando mais graça ainda, agachei-me e toquei a areia. Focada no que queria, fiz um círculo de fogo no chão, em volta de mim e Edward. Minha mente estava torrando em concentração e senti que se não parasse logo, ficaria cansada em excesso. Eu tenho que finalizar a luta.

         Eddie estava num beco saída. O fogo bruxuleava em direção ao céu e ele não parecia disposto a arriscar pulá-lo. Algo em minha expressão o fez olhar para mim quase apavorado.

- B-Bella? – aquilo era medo.

         Pisquei os olhos atordoada. No que estava pensando mesmo? Senti meus olhos esquentarem e o fogo sumiu, voltando rapidamente até a palma de minha mão até finalmente desaparecer por completo, deixando somente um cheiro doce no ar.

         Senti tudo a minha volta rodar e antes que eu pudesse cair no chão alguém meu segurou.

         Pisquei com força os olhos, o sol batendo neles incomodava muito. Era quase irritante. Ouvi toda minha família a minha volta e percebi que Eddie estava agachado, ele me segurava no colo. Eu quase podia sentir seu olhar preocupado queimando em mim.

         Cocei os olhos, desnecessariamente. Eles estavam estranhamente marejados, por isso, com minha coçada secaram. Estranho. Respirei fundo, trazendo o último cheiro doce a mim e abri os olhos.

         O sol não incomodava mais e eu não estava mais tonta. Meus pensamentos eram claros e eu me perguntava por que queria tanto lutar minutos atrás.

- Bella? – papai disse preocupadamente. Tocando minha testa como se eu pudesse ter febre ou qualquer coisa humana.

         Revirei os olhos e tentei levantar. Edward não deixou. Ele mesmo levantou comigo no colo, então me decidi por relaxar, colocando a cabeça em seu ombro e olhando tudo e todos. Que me olhavam.

- Por que estão tão estranhos? – eu ri – Foi só uma luta.

         Emmett fez seu comentário oportuno: - Uma luta? Você parecia possuída ou algo do tipo. Seus olhos ficaram azuis quase transparentes e o fogo em volta de você era... Assustador – ele fez uma pausa dramática antes de prosseguir – Me ensina?

         Balancei a cabeça. Tudo que eu conseguia pensar era em Ever. Sol me incomodando, fogo, possuída... Será?

Não realmente, ela disse na sua voz. Eu tinha certeza que não era dentro de minha cabeça e sim soprada ao vento. Mas como mais ninguém escutava, aliás, como ela fazia isso se estava morta?

Ora, você é eu, Ever riu e ficou séria. Mas sobre estar possuída, não é isso. Você tem heranças do Sol, querendo ou não. E vampiros são Lunares, ou seja, seres da Lua. É uma mistura, no mínimo, interessante.

         É, ironizei para mim mesma, desejando que Ever ouvisse, se você quiser ser bipolar.

- Bom – eu disse, vendo as atenções voltadas para mim enquanto eu falava com Ever – não foi nada. Estou melhor, meus olhos já estão dourados e nem estou "possuída" – imitei perfeitamente a voz de Emmett, aliviando a tensão ali – podemos voltar a lutar. Mas, se não se importam, prefiro assistir. Eu realmente não gosto de ensinar lutas.

         E todos voltaram. Vi no teor de seus pensamentos que eles ainda se importavam com meu bem estar, mas tentavam não demonstrar, pois também sabiam que eu me irritava com super proteção.

         Eddie ainda me olhava preocupado.

         Eu não conseguia ficar irritada com ele.


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Notas finais do capítulo

Se gostou - comente.
Se odiou - comente.
Se gostou muito, muito - recomende.
Se odiou muito, muito - comente.

O importante é comentar. Rsrs.


Bjos!