Little Princess escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 19
As rendas de sangue de Royce




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Capítulo 21 – As rendas de sangue de Royce

Pov's Bella:

         O cheiro adocicado de vampiro já tomava o ambiente – não era o doce de um humano, nem o familiar doce de minha família. Era novo.

         Nenhum coração palpitava na sala. Rosalie, já devidamente vestida com um lindo vestido de seda, estava sentada sozinha em uma poltrona. Olhava para o chão, pensativa – por alguns milésimos quis olhar sua mente, mas, como fazia com todos, resisti a vontade.

         Olhei para Carlisle, ele parecia em duvida sobre confortá-la, dizer que tudo ia ficar bem, ou ficar quieto. Eu fiquei em meu canto do sofá, Rosalie não gostara muito do fato de ser vampira – ela, eu via, ansiava por filhos, netos, sentar em uma varanda, já velha, com o marido perfeito.

         Eu também ansiava, ansiava por ficar mais velha, casada, talvez, até, com filhos.

- Eu... preciso pensar – ela decidiu e levantou-se do sofá. Subiu as escadas correndo num flash e ouvimos o som de uma porta batendo.

         Carl suspirou: - Vou trabalhar, já está quase na hora – ele beijou delicadamente Esme, acenou para Eddie e me deu um beijo na testa. Isso parecia uma típica família.

         Levantei-me do sofá que estava e dei uma olhadela para mamãe e Eddie, eles já sabiam o que eu ia fazer. Em um instante olhava para eles, no outro estava em frente a porta do quarto visitas, quero dizer, o novo quarto de Rosalie – que Esme decorara enquanto esta era transformada.

         Abri a porta. A loira, Rosalie, olhava-se maravilhada no espelho – e ao mesmo tempo com nojo. E viu minha imagem ali, por sobre seu ombro.

- Vai ser sempre assim? – ela ainda se olhava. Eu andei um passo pra frente, e fechei a porta atrás de mim – Essa sensação de vazio?

         Caminhei devagar e sentei na cama de lençóis brancos. Baixei os olhos, mas encarei Rosalie quando falei: - Vai sarar... Sempre sara.

         Rosalie suspirou.

- Isso é tão errado – ela revirou os olhos vermelhos vividos – quero dizer, não era para ser assim.

         Eu desviei os olhos dos dela.

- Sei como se sente, acha que eu gostaria de ser eternamente uma criança? – perguntei como que sentindo dor.

         Ela sentou-se do meu lado na cama e olhou profundamente para mim, com sua beleza, mais ainda, inumana.

- Você não vai crescer nunca, nunca?

- Nunca – respondi, deitando na cama, meus cabelos avermelhados se espalharam, chocando contra a cor do lençol – Eu nunca vou fazer treze anos e virar uma adolescente, eu nunca vou dirigir, porque nunca vou fazer dezesseis, nunca irei para a faculdade, porque nem posso fingir.

- Mas... Mas você é tão nova, não perdeu muita coisa, quero dizer – Rosalie balbuciou – não perdeu a sensação de querer ser mãe, de querer casar.

- Você só se esquece de uma coisa, Rosalie – eu olhei de voltar ela – Eu tenho para sempre um corpo de criança, no entanto, tenho a mentalidade de uma adulta de 44 anos, deveria já estar tendo netos... Mas aqui estou eu, com meus eternos dez anos.

         Para minha completa surpresa, Rosalie se aproximou de mim e me abraçou como se tivesse pena ou tentasse se consolar comigo. Colocou uma mecha atrás da minha orelha.

- Pelo que vi e ouvi nesses dias, vocês são uma família, certo? – ela perguntou e quando assenti, prosseguiu – Então, eu sou sua irmã, tá bom? Conte sempre comigo, querida.

         Sorri de orelha a orelha para ela: - Obrigada, Rose.

         Na noite seguinte, eu saí para caçar, com mamãe me fazendo companhia. Eu só viria, a saber, que Rose ainda estava amargurada no outro dia.

Pov's Edward:

- Não faça isso – falei para Rosalie, ouvindo os pensamentos sombrios que ela tinha em seu quarto.

         Bella e Esme estavam fora, Carlisle ainda trabalhava hoje ele faria uma cirurgia tarde da noite.

         Sentada na banqueta da penteadeira, ela virou-se para mim, que estava na soleira da porta: - Do que está falando, Edward?

         Ergui uma sobrancelha. Certo, ela aceitara Esme e Bella muito bem, mas eu ainda era um estranho para ela. Ok.

- Sei o que pensa, posso ler os pensamentos das pessoas – exceto de Bella – e a vingança está presente em você.

         Eu admirava minha nova irmã, de certo modo. Conseguia se controlar muito bem, ela. A tentação estava presente, claro, a ardência na garganta, eu via pelos pensamentos, entretanto, ela ainda não saíra correndo desesperada em busca de um humano. Porque, mesmo tendo caçado com Carlisle ontem, que lhe explicara os hábitos e regras, ela ainda sentiria a garganta doendo.

- Eu vou fazer isso – ela levantou decidida, caminhando até o armário. Sei o que procurava.

         Eu não sei quanto tempo depois, exatamente, sei somente que, no momento, estávamos rente as paredes um bar. Eu vestia uma blusa, sapatos e calça quaisquer, entretanto, Rosalie estava... Adequada – eu acho.

         Um vestido branco para casamento. A saia com detalhes de renda, a parte superior de seda do melhor tecido. Sapatos brancos de salto altos e um delicado véu brilhante – eu só sabia disso porque Rosalie repetia a toda hora em sua mente.

- Estarei aqui se você se entregar ao frenesi e...

- Já sei disso Edward – ela dispensou minha fala com uma aceno de mão.

         Encostei-me à parede do beco enquanto ouvia-a entrando no bar, que, por "coincidência", só havia lá os homens que ajudaram Royce a estuprá-la.

         Enquanto ela matava os homens, quebrando seus pescoços – sem, impressionantemente, sugar seus sangue – e resto dos ossos. Fiquei um pouco preocupado, matar podia se tornar surpreendemente viciante depois da primeira vez, como uma droga. É difícil, muito difícil, não parar na primeira. Assim, ela me surpreendeu não sugando nada.

         Saiu orgulhosa do bar, olhando-me com olhos sombrios e um sorriso de escárnio – nem parecia àquela garota que fora doce com minha irmãzinha.

- Royce King que me aguarde – ela murmurou, antes de começar a correr em direção a Mansão King.

         Eu segui-a, parando na escada que dava para o quarto de Royce King II. Dois seguranças de ombros largos estavam parados em frente a porta dupla – há, como se fossem realmente fortes.

- Não se esqueça, temos de voltar antes do amanhec...

- Já sei, Edward, que coisa! – Rosalie sibilou para mim, raivosa, seus olhos com brilhos maníacos. Saiu correndo e quebrou o pescoço dos seguranças rápido, antes de abrir, dramaticamente, as portas duplas.

         Vi de relance Royce encolhido no chão, com uma garrafa de whisky na mão e um olhar medroso. Rosalie de costas ajeitou o cabelo e, conhecendo como vira até agora, deveria estar sorrindo. Então as portas se fecharam e eu só ouvi os gritos de dor.

Pov's Bella:

         Eu estava brava com Eddie e Rose. Onde eles tinham ido? – e por que não me levaram junto? Humpf, mil vezes humpf.

- Rose provavelmente ficou com sede e Edward, como um bom cavalheiro, foi ajudar-lhe – disse Esme sorrindo amavelmente para mim, a preocupada.

         Parei e olhei para minha mãe, ela parecia quase esperançosa com algo, como se quisesse algo com todas as forças possíveis. Acho que ela percebeu que eu ia ler sua mente, pois logo seus pensamentos – ou o teor, como sempre, deles – de esperança, tornaram-se uma música qualquer.

         O brilho do sol já entrava pelas janelas. Carl, que já tinha chegado há algumas horas, baixou seu jornal, também parecia inquieto com algo. Parecia prestes a dizer algo, quando Eddie e Rose irromperam pela porta. Bom, irromperam, não, entraram como humanos que voltaram de um passeio.

         Rose usava um vestido bonito e sapatilhas prateadas, Eddie calça, blusa e o sapato de ontem. Todos os dois arrumados.

- Onde estavam? – eu disparei a perguntar – Sabia que fiquei preocupada? E por que não me levaram junto? O que fizeram? Que horas saíram? Por que só voltaram agora?

         Eddie riu despreocupado. Rose, entretanto, disfarçou bem, se não fosse o fato de seus pensamentos serem culpados e confusos – será que ela sabia de meu... Meus dons?

- Hein? – cobrei, cruzando os braços rentes ao peito e olhando feio para eles.

- Saímos, passear, dar uma volta – deu de ombros.

         Apertei os olhos para ele. Sim, Eddie sabia mentir muito bem, sabia disfarçar. Porém, eu o conhecia a tempo suficiente para saber que algo estava errado. Os pensamentos de Rosalie pareciam uma placa neon.

- E essa volta foi... Divertida? – estreitei os olhos perigosamente. Minha cabeça pensou em explosões. Não fosse o fato de terem saído sem mim, queriam mentir também.

- Foi – Rosalie respondeu, tentando parecer indiferente enquanto sentava em um sofá.

- Jura? – ironizei, numa voz cinicamente alegre e animada – E o que fizeram?

- Bella! – repreendeu Esme – Deixe-os em paz, se eles querem... Ficar a sós, não se intrometa.

         Ela disse no tom mais briguento que conseguia, por mais tivesse sido amável e doce. Eu ignorei totalmente o tom.

         Ficar a sós?

- Edward, eu posso falar com você? – perguntou Carl, pronunciando-se. Edward assentiu, provavelmente sabia do que se tratava.

         Silenciosamente, subiram as escadas. A porta do escritório de papai se fechou num clique – eu nunca odiei tanto o fato daquele cômodo ser a prova de som (Claro, não era totalmente a prova, tínhamos audição aguçada, mas era como um humano tentando ouvir sussurros).

         Joguei-me no sofá, cruzando os braços, completamente emburrada. Eu nunca desejara tanto poder ler a mente dos outros sem ter de tirar o escudo – mas Edward leria a minha mente-particular-e-secreta, o que NÃO seria bom.

         A vida era tão injusta.

Pov's Edward:

- Absolutamente que não Carlisle – eu respondi tenso.

         Eu não queria isso. Estava bem como estava, sozinho.

         Carlisle balançou a cabeça afirmativamente, um gesto de compreensão: - Entendo, acho que quando transformei Rosalie, estava pensando que ela seria uma boa companheira para você.

         Certo. Que Rosalie seria uma companheira – linda e encantadora por vezes mal-humorada – boa, eu sabia. Agora, boa para mim, bom, aí, já é outra história.

- Rosalie é linda e sei que será perfeita – respondi olhando para meu pai – mas não será para mim, essa... "Perfeição".

         Ele assentiu. Fiz um gesto indicando que ia sair do escritório, enquanto meu pai sentava. Carlisle acenou, como se desse permissão. Assim que fechei a porta, vi Rosalie ali.

- Você não me acha linda?

         Seus pensamentos eram bagunçados, imagens suas onde ela estava maravilhosa, suas melhores imagens.

         Rosalie tinha perfeitos cabelos dourados sol, que desciam em uma cachoeira de luz até a metade de suas costas. O corpo era curvilíneo, magnífico. Os olhos ainda eram vermelhos vivido, claro, mas ela conseguia fazer com que a imagem parecesse maravilhosa, ao invés de horripilante. Era alta e magra. As maçãs do rosto cheinhas e a pele branquíssima como a porcelana.

         Ela era bonita, sim, mas não era pra mim, não era minha.

- Você é muito bonita, Rosalie – respondi. Ela sorriu, entretanto, seu sorriso morreu ao ouvir o resto – Porém, não é a minha companheira. Quando achar o companheiro certo, irá agradecer por nunca ter ficado comigo.

         Ela, por alguns instantes, pareceu que ia me dar um tapa, como quem diz "cafajeste!". Depois, pensou em chorar – "então sou feia?" – e viu que seus olhos não produziam lágrimas. Por fim, me olhou nos olhos e assentiu.

- Entendo – e, virando as costas, saiu em direção ao seu quarto para trocar de roupa e fazer o que quisesse.

         Acho que foi desse jeito que minha... Amizade começou com Rosalie Hale... Cullen.


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