Little Princess escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 18
Maninha




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Capítulo 20 – Maninha

(1933, Rochester, NY)

Pov's Bella:

         O silêncio da noite era agradável. O vento batia contra minha pele, acariciando-a como uma mão. Meu cabelo esvoaçava, entretanto, sempre voltava a mesma posição – sempre igual.

         Carlisle também caminhava calmamente ao meu lado, tínhamos acabado de caçar e estávamos satisfeitos – eu tinha certeza que Carl tinha o dom do autocontrole e que eu usava certa parte dele, afinal, o cheiro dos humanos no centro era fortíssimo, e, mesmo assim, ignorávamos.

- Edward deve estar morrendo de tédio – eu dei uma risadinha.

         Tínhamos tirado no palitinho quem ia caçar hoje e quem ia ajudar Esme a reformar a casa – que já morávamos há alguns meses. (Felizmente, eu não ia a escola).

         Carl também riu: - Princesa, você foi má em deixá-lo lá, sabe que ele não leva jeito para construção enquanto você poderia facilmente ajudar Esme.

- Sim, mas talvez Eddie esteja passando pouco tempo com a mamãe – eu ri. Era mentira, claro, éramos uma família feliz e unida.

         Carl pegou minha mão, não como alguém que vai atravessar a rua, só um gesto de carinho – eu amava meu pai. Coloquei meu escudo mental, senão o dom de Eddie e de Aro misturados seriam demais para minha cabeça.

- Pai – comecei – lembra que te falei do poder do Tom?      

         Eu hesitei. Como o dom de Jane e Alec, eu não treinava o poder de Tom – machucava as pessoas, era desnecessário, nunca gostaria de ferir ninguém por acidente.

- Sim, Bella? – em geral quando ele chamava-me de Bella era porque estava sério, ou irritado, no caso era a primeira opção.

- Bom... Não tem haver com o dom de Tom, tem haver com todos os dons que clonei – eu disse, estava nervosa – Estou com medo.

         Admiti. Nós paramos no meio da calçada, era noite, ninguém estava ali. Carlisle ajoelhou e ficou da minha altura – ou quase, humpf – e me olhou nos olhos. Seus olhos gentis.

- Medo de que, Princesa? – ele indagou delicadamente.

         Sei que a qualquer instante derramaria – irônico – veneno, então, respirei fundo para me controlar e cocei o olho (Carl pensava que era um velho hábito, e era, até eu começar a chorar anos atrás, aí ficou real).

- Meus poderes estão crescendo, pai – respondi desviando os olhos, mas era difícil, o dourado me atraía – antes eu os clonava e o.k. Agora... Agora parece que estão crescendo tanto que colidem dentro de mim.

         Ele franziu o cenho: - Não entendo.

- Dentro de mim sinto meus poderes de uma forma – expliquei, sentando no meio fio – é como se cada um tivesse um compartimento, separados sem se tocarem. No entanto, parece que são tantos e terem crescido tanto, que estão "se batendo".

- Misturando-se, você quer dizer? – perguntou Carl, interessado na minha teoria – Por exemplo, criando um novo dom de dons misturados e clonados?

- Talvez, não tenho certeza – resmunguei deprimida – Ou talvez...

         Porém, minha voz morreu. O cheiro – pelo menos dessa vez não era de vampiro ¬¬ - de sangue humano invadiu meu nariz. Não era como o sangue correndo nas veias, era aquele cheiro muito mais forte, provavelmente alguém sangrando.

- Vamos, alguém precisa de ajuda – disse Carl, já correndo para onde vinha o cheiro.

         Corremos alguns quarteirões quando finalmente paramos. Não tinha ninguém ali... Exceto uma garota caída no chão – machucada, violada. Suas roupas estavam rasgadas em sua maioria, o sangue escorria de sua boca.

         Tampei a respiração, tinha certeza que não era tão boa quanto papai. Reconheci a garota de imediato, seria impossível não reconhecê-la tendo tamanha beleza. Rosalie Hale, a garota mais linda de Rochester e noiva de Royce King.

         Seus pensamentos – ou pelo menos a base deles – eram confusos. Aproximei-me, por um instante quis pegá-la no colo e levá-la para um local seguro, estava ferida e cansada, ela. Então me lembrei que ela tinha o dobro do meu tamanho e, mesmo com minha força, Rosalie ainda não caberia em meus braços.

         Carlisle pareceu adivinhar o que eu estava pensando, pois pegou Rosalie no colo e começamos a correr em direção a nossa casa. As casas e as árvores eram borrões, em alguns segundos tudo se tornou um borrão verde – a floresta onde morávamos.

         A luz da sala estava acessa e quando nossos passos se aproximaram da casa, ouvi Eddie murmurar um "finalmente" abafado. Carl entrou e depositou Rosalie no sofá que tinha na sala. Esme se aproximara cuidadosamente, reparei que não respirava.

         Para minha completa surpresa – e provavelmente de mamãe e Eddie – Carl aproximou o pulso de Rosalie para sua boca, e a mordeu – ela estava fadada a eternidade, agora. Por alguns instantes, nada aconteceu então o berreiro começou.

         Os gritos foram de dor, eu possivelmente gritara assim também.

- Por que fez isso, Carlisle? – não reparei que Edward estava na minha frente, como se Rosalie de repente fosse pirar e pular em mim. Eu hein.

- Ela estava morrendo – disse num murmúrio papai.

- Rosalie Hale a garota mais arrogante que o mundo já possuiu? Rosalie Hale? – Edward chiou.

         Pelo teor, vi que Rosalie escutava.

- Parem, parem! – eu disse mais alto que os dois. Esme somente olhava, sentada ao lado de Carl – Brigar não adiante, o que está feito, está feito. E isso não tem volta.

- Estava morrendo? Que a deixasse morrer, não condená-la a essa vida! – quase gritou Edward.

         Eu desviei os olhos das costas de Eddie. Em geral, eu ignorava o fato de eu ser fadada a infância eterna, mas quando meu irmão colocava dessa maneira, fazia parecer muito pior.

- Não, Eddie, não... – murmurei. Ele virou-se para mim, mais calmo, tentava não ficar estressado depois daqueles anos – Ela... Não sei. É horrível a forma como a violentaram, quero dizer, não se deve fazer isso. Ela ia mesmo morrer. Seria cruel.

         Baixei a cabeça – eu detestava pessoas ruins, eu tive muitas experiências com pessoas desagradáveis, irônicas e falsas. Eu tentava ser o contrário dos meus inimigos. Tentava ser boa.

- Ah – suspirou Eddie, ele me abraçou, tirando-me por uns segundos do chão – certo, Bella, certo. Deixe que se desenrole, ainda mais agora que vi a história na mente de Rosalie.

- Ela está nos escutando? – pronunciou-se pela primeira vez Edward.

         Rosalie soltou mais alguns gritos, e quando passaram a gemidos meu irmão explicou: - Não estava enxergando muito bem, está com dor, nos escuta vagamente. A história de Royce King fica se repetindo em sua mente.

         E, num clique, eu entendi. Royce King tinha estuprado Rosalie Hale, sua noiva. Minha visão ficou vermelha de raiva, mas respirei fundo internamente – não, eu não iria queimar Royce King até a morte, não ia.

         Foram três dias dolorosos aqueles. Quando Carl saiu para trabalhar, Esme e Eddie foram caçar, pois seus olhos escureciam a cada hora. Eu ficara com Rosalie, que já nem gritava mais.

         Eu ficava como tinha ficado com Edward, sentada do seu lado, olhando, só olhando. E nessas "olhadas", vi a mão dela fechado em punho, segurava algo.

         Afrouxando lentamente seus dedos, eu vi um simples botão de bronze ali – Rosalie estava consciente do que eu fazia, percebi pela pequena parte de seus pensamentos que peguei, mas também estava confusa.

         Peguei o botão de sua mão, e fechei-a delicadamente de volta. O botão não parecia ter nada de importante, somente o fato de ter sido arrancado do casaco de Rosalie.

- Ro... yce tir... ou d... e mim – disse com dificuldade a loira.

         Seu rosto bonito transformou-se numa careta, e, mesmo assim, era lindo. Era um rosto absurdamente lindo.

- Shhh – eu disse, correndo meus dedos por seus cabelos loiros – essa dor vai passar. Um dia sara, acredite.

         Eu não estava falando da dor da transformação.

- Esto... u co... m tant... a dor – ela resmungou, gemendo e quase não abrindo a boca.

- Eu sei, sei como é – respondi-lhe – não se preocupe, está chegando ao fim.

- Cer.. to man... inha – a palavra veio entrecortada pelo gemido, mas vi que Rosalie ou delirava pela dor, ou quisera mesmo dizer aquilo.

         Sei que me tocou, e segurei a mão dela, dando-lhe força para agüentar.


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