Por Layla
      Sou extremamente curiosa e não aguentei ver todo aquele povo reunido em volta da praça e não chegar perto para entender o que se passava. Eu, já que sou pequena, comecei a entrar no meio das pessoas até chegar em uma distancia menor do que acontecia.
      Vi um pintor no meio da roda com várias telas em volta dele. Ele pintava todas ao mesmo tempo, sendo que cada um tinha um desenho diferente. Eu fiquei paralisada com aquilo. A arte me fascina e ele fazia tudo com tanta leveza e um sorriso no rosto.
      Não pude não reparar no estilo do pintor: uma calça de couro justa, uma camiseta curta e uma jaqueta por cima junto de um tênis bem surrado. Usava uma maquiagem bem feita e preta. Seus olhos eram castanhos e tão profundos que eu me perdi por um instante.
      Ele não parecia fazer aquilo para ganhar dinheiro, mas somente para mostrar o seu talento. Nós ficamos observando por alguns minutos até que tive a ideia de ir falar com ele e gritei para Hill:
      - Estou indo falar com ele. Viu aqueles olhos ?
      - Pode ir que estou logo atrás de você.
      Eu fui me aproximando e antes que eu pudesse dar meu sexto passo, ele parou tudo que estava fazendo e ficou me olhando. Fiquei sem graça. Estava no meio de uma roda cheia de gente e ele ainda para tudo para me olhar. Fiquei pasma novamente com aqueles olhos.
      - Quer me ajudar ? -ele disse alto e colocou um sorriso no rosto.
      - Seria um prazer. -respondi e fui pegando um pincel.
     Começamos a pintar várias relas juntas e eu completava os pensamentos dele como se fossemos um só. Foi incrível ver como dávamos certo.
     Depois de alguns minutos, todas as telas estavam prontas. A nossa plateia começou a bater palmas e ele me deu um abraço dizendo:
     - Muito obrigado pela sua ajuda e companhia. Meu nome é Bill, prazer.
     - Olá Sou Layla e eu adorei fazer tudo isso com você. -respondi.
     Hillit apareceu e nos elogiou. Disse que tudo estava muito bonito e eu logo os apresentei. Achei que seria interessante se ele fosse conosco até um sorveteira ou até mesmo nos levar até uma, já que morava lá desde sempre.
     Bill era muito simpático e não parava de falar um minuto. Várias vezes repetiu que iria nos mostrar toda a cidade e que passaria todos os dias de manhã no hotel para nos levar a lugares novos. Ele parecia querer nos ajudar e era bonito, muito bonito. Com certeza isso ajudou.
    Chegamos em uma sorveteira chamada Lotey D'me Centire e eu não entendi o que queria dizer. Bill disse que era só um nome, não tinha significado e então sentamos em uma mesa e cada um pediu duas bolas de sorvete.
    Conversamos durante uma hora e pouco e descobri que ele era de uma família rica e gostava de pintar suas telas na rua, mesmo seus pais sendo contra. Bill nunca teve o apoio dos pais em nada, nem na pintura, nem no estilo e muito menos no que seguir na vida.
    Terminamos o sorvete, pagamos a conta e ele nos levou até o seu carro que estava estacionado na rua de traz. Iríamos até um shopping onde existe várias coisas em promoção e seria ótimo para comprar lembranças e até mesmo umas coisinhas para nós.
    O shopping era muito grande e ele os levou em ótimas lojas. Saímos com várias sacolas e ele disse que queria nos apresentar alguém: seu irmão gêmeo.
    Fiquei pensando: se um Bill já era lindo e atencioso, imagina dois. Fomos até um barzinho no shopping onde tinha um moço tocando violão. Era Tom, o gêmeo de Bill, mas eu não consegui acreditar.
    Tom tinha um estilo despojado, puxado para o Hip Hop e várias trancinhas lindas no cabelo preto. Hillit me deu um cutuco e deixou a entender que "esse era dela". 
    Achei maravilhoso quando ela fez isso, pois assim esqueceria um pouco sua antiga paixão.
    Bill pediu para que esperasse-mos sentadas em uma mesa que iria chamar seu irmão. Eles ficaram um tempo cochichando e eu queria muito ser uma mosquinha para ver do que tanto davam risada.
    Eles voltaram e Tom disse:
    - Bom dia meninas! Sou Tom e acho que Bill gosta de você, ruiva.
    Bill fez uma cara de assustado e todos nós começamos a rir. Ele ficou todo vermelho.
    -  Ele te disse isso ? Que maravilha, mas espero que um dia ele mesmo me fale isso. -respondi rindo e olhando em direção a Bill.
    Ele sorriu e mostrava ser tímido em relações. Tom sentou-se na mesa conosco e conversamos um pouco até que o celular de Tom tocou. Era sua mão pedindo para que os dois fossem para casa o mais rápido.
     Fomos ao estacionamento e eles foram muito gentis em nos deixar no hotel. Combinamos de nos ver no dia seguinte e entramos.
     Perdemos toda a noção da hora nessa tarde. Já eram quase 8 da noite quando chegamos e estávamos muito cansadas da viagem.
    Subimos até o quarto e começamos a falar sobre os garotos. O olhar de Bill estava em minha mente e Hillit parecia bem interessada pelas roupas dele, mas disse que os músculos de Tom a deixavam mais feliz. Fiquei feliz por ela ter se interessado, mas sei que ainda teremos alguns problemas pela frente quando for acontecer algo mais intenso.
     Deitamos para dormir, mas eu não consegui. Era perturbador ver que eu estava apaixonada por um olhar, por uma voz, por alguém que eu acabara de conhecer. Ele poderia ser o meu príncipe, se ele quisesse.