Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 45
Capítulo 45




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Cain está voltando pelo caminho de casa, é meio dia e o sol o agrada bastante, quando ele se depara com Luka a poucos passos de bater na porta.

- Filho da Noite?

Luka vira o rosto na direção da voz.

- Ah, olá Cain. – ele sorri.

- Mas como você...

- Eu não tenho mais olhos, lembra-se? Posso andar na luz do dia o quanto quiser. – ele sorri.

***

- Alexis, a humana está na porta. – Dylan diz, parado na porta de Alexis.

- Diga a ela que entre e feche a porta.

Absinthe sobe as escadas, até o escritório de Alexis.

- Alexis.

- Humana, o que faz em minha casa no meio da madrugada.

- É uma hora da tarde.

- Minha madrugada.

- Cain foi à minha casa hoje.

- Certo... E?

- Eu falei com ele.

- Aham...

- E ele me fez pensar em algumas coisas.

- Tais como?

- Que você é um idiota.

- Fico lisonjeado que você e imortal tenham se unido para tomar chá e denegrir a minha imagem. – ele diz, com um sorriso irônico.

- Não estávamos falando de você.

- E do que estavam falando, então?

- Erm... Nada.

- Agora sim me convenceu, fim da história, vocês ficaram se encarando em silêncio então.

- Ora Alexis, pare de reclamar e me escute, pode ser?

- Mas não é isso que eu estou fazendo?

- De qualquer modo. – ela recomeça. – Quando ele saiu, ele me fez pensar.

- Imagino que os momentos encarando um ao outro tenham sido produtivos. – ele diz, largando a caneta.

- Que por mais que você seja um cretino, mentiroso, manipulador, frívolo, insensível, grosseiro, imbecil, prepotente, arrogante, mulherengo, desalmado, mesquinho, descarado, sádico e controlador.

 - Eu já ouvi isso antes, mas continue.

- Eu ainda assim gosto mais de você do que eu gostaria, acredite.

- Fico feliz em saber que eu não sou uma causa perdida.

- Não, na verdade você é. Mas gosto de você mesmo assim.

Ele ri.

- Mas por todos esses motivos, eu não vou te perdoar fácil.

- E o que eu vou ter que fazer para a madame me perdoar?

- Tem papel?

- Claro. – ele sorri.

***

Luka e Cain passeiam pelo jardim da casa dos de Vanice.

- É realmente uma pena que seus olhos tenham se perdido. – Cain diz.

- Mas por outro lado, eu tenho gostado bastante da sensação de poder andar ao sol, é quentinho.

Cain ri.

- Ei, eu vivi nas sombras a minha vida toda, ok?

- Não estou te julgando. – ele diz entre risos.

 - Vou vender minha casa. – Luka diz. – E me aposentar, talvez me mudar.

Cain para.

- Como assim?

- Eu não sou mais útil como guerreiro sem os meus olhos.

- O que acha que serão de seus irmãos sem você lá? – ele diz, voltando a caminhar.

- Em breve todos voltarão aos seus países de origem, não moramos juntos todo o tempo, Alexis não lida bem com o ambiente familiar.

- Entendo. – ele diz. – E... Pra onde você pretende ir?

- França talvez, sinto falta de lá.

- Hum...

- O que foi, Cain?

- Acho que me habituei a sua presença... Só isso.

Luka ri.

- Obrigado.

***

Voltando para casa, Evan finalmente tinha acordado e agora estava de pé, se espreguiçando, seus ossos estalavam conforme ele se movia.

- Evan!

- Oh, olá Luka...

Evan sempre foi um tanto aéreo, mas era bastante agradável, e usualmente servia para evitar que Lud e Ivan se matassem, já que era o irmão intermediário em idade dos dois.

Luka foi até ele, se jogando nele, ambos caíram no sofá, Evan ainda não estava completamente recuperado para segurar o impacto do irmão se arremessando contra ele.

- Eu estava tão preocupado...

- Está... Me enforcando...

- Oh, desculpe... Onde estão os outros? – ele diz, sentando direito.

- Dormindo... São três da tarde Luka.

- Ah... Eu me esqueço dessas coisas. – ele ri, sem graça.

- Você cheira a imortal.

- Fui visitar um amigo. – responde.

- Aquele imortal loiro alto que o Alexis odeia?

- o Lorde de Vanice, sim.

- Alexis sabe que você e ele têm dado passeios ao sol?

- Tem coisas que Alexis não precisa saber, tanto para a minha felicidade quanto para a dele. E você não dirá nada.

- Não, eu nem teria por que Luka.

- Pena que você chegou quando eu estava indo, Evan.

- Indo? Indo para onde?

- Vou viajar, para a França.

- Você vai? – Alexis estava parado no alto da escada.

- Erm... Vou.

- E quando pretendia me contar, na manhã que estivesse saindo?

- Algo assim.

Silêncio.

- Alexis, eu não enxergo o seu rosto, por favor, fale.

- É uma cara muito, muito irritada, de um irmão muito, muito irritado. - disse.

- Você vive me dizendo que eu deveria sair daquela boate. Bem, eu estou saindo.

- Eu digo pra você sair de lá, não pra SE MUDAR para França.

- Eu estou cego Alexis, não tenho mais utilidade como guerreiro.

- Ah! Então é isso! Você só deve ficar aqui enquanto for útil como guerreiro? Depois você não importa mais, é como se nem existisse. Tanto que você nem se dá ao trabalho de ME AVISAR.

- Eu ia avisar.

- É! Na manhã da sua partida! Puxa mano, agradeço a consideração!

- Você está zangado, não está?

- OH! Não! Estou gritando por que eu acho que a essa distancia, você talvez não me ouça! ENTÃO EU FALO ALTO!

- Ouça Alexis, não acha que está sendo um pouco melodramático?

- Não! Por que você está indo embora, supondo que você não tem mais relevância apenas por estar cego!

- E quanto ao que EU quero Alexis? Hã? – ele se põe de pé. – Faz mais de um século que eu estou aqui, pajeando você, abrindo mão das minhas vontades pra ser sua secretária, por que eu não queria que você ficasse sozinho, não queria deixar você só com os seus problemas e seus pesadelos, mas Alexis, você não está sozinho! Você e a humana... Vocês vão se ajudar. – Alexis toma folego para protestar, mas Luka o interrompe. – Não negue! Não se atreva a negar! Pelo menos uma vez eu quero pensar no que EU quero, não no que VOCÊ quer! É tão absurdo assim? Por que eu tenho que ficar aqui, paparicando você como se eu fosse sua mãe?

Alexis senta na escada, suspirando.

- Então vá, volte para a França. Eu dou a minha benção.

- Sério? De verdade?

- É. Pelo menos uma vez eu vou provar que eu não sou um idiota.

Luka rodopia um vez, rindo, indo abraçar o irmão.

- Não me toque!

Luka para de caminhar, confuso.

- Não me abrace. Não estou fazendo isso por nenhuma outra razão além de saber que você fará independente do que eu diga. – ele levanta. – Me avise o dia que você vai partir e eu o levo até o aeroporto. – ele volta ao próprio quarto.

- Alexis?

Ele fecha a porta de leve atrás de si, e então a sala se faz em silêncio.

- Evan? Qual era a cara dele?

- Ele parecia bem triste Luka, muito mesmo.

Luka se larga no sofá, suspirando.

- POR QUE tem que ser sempre tão difícil?

- Ele se acostumou a ter você por perto, e posso dizer com certeza que você é o único com quem Alexis não se sente pressionado... Mas ele não quer parecer fraco, dentro dos próprios padrões dele... Que eu não compreendo ainda.

Luka suspira.

- E agora?

- Se eu fosse você eu iria embora. Alexis se sentiria pior se você simplesmente desistisse por conta dele, iria fazer mal ao orgulho dele. Sabe como ele é orgulhoso.

- Desde quando você é tão bom em concelhos, Evan?

- Acho que desde que acordei hoje de manhã.

Luka ri.

- Mas sem mim aqui... Quem vai manter essa casa no lugar?

- A casa vai ficar bem Luka. Vamos todos viver, como temos feito há muito tempo. Só venha nos visitar, os outros decidiram que vão continuar aqui, para manter a família unida.

- Me sinto um desertor...

- Não, você tem direito a uma vida também... – Evan suspira. – Mas se você sentir que quer voltar, estaremos aqui.

- É bom saber.

- É sempre bom saber, Luka. – Evan sorri.

***

Em poucas semanas Luka está pronto para viajar, e finalmente voltar para seu adorado país de origem, a França.

Ele mastigava a haste dos óculos, distraído, Absinthe cruzava os olhos dele até Cain, e então a ele de novo, de forma um pouco insistente, Cain e Alexis permaneciam de pé, se encarando, estiveram assim desde que chegaram, mas Luka permanecia imóvel, sentado no meio deles, mastigando a perninha dos óculos de sol, de olhos fechados.

Ivan, Evan, e Dylan estão lendo. Giovanni está choramingando num lencinho, o sangue italiano o estava deixando um tanto deprimido naquela noite. Lud estava sentado, encarando o vazio com certa insistência, as mulheres do salão já estavam começando a olhar pra ele... Para todos eles, na verdade.

Absinthe já havia se habituado com a beleza chocante de todos eles, e agora achava a humanidade em geral um tanto sem graça... Ok, talvez muito sem graça.

Os outros irmãos de Alexis ainda se mantinham longe dela, mas isso não a incomodava, a vida com os Eternos tinha se mostrado bastante agradável, eles eram alegres e muito gentis. Já os demônios e os anjos... Ela preferia não ficar muito próxima deles... Eles era... Criaturas excêntricas demais.

- Então pra ele você contou. – Alexis diz, digirindo-se a Luka mais olhando para Cain, como havia feito nos últimos minutos.

- Já discutimos isso Alexis.

- Ciúmes. – Cain diz.

- Não se meta nisso imortal, estou falando com o meu irmão.

- Blá blá blá.

- Quietos os dois. Nada de cenas no aeroporto.

- Não gosto dele. – os dois dizem.

- Todos nós já sabemos disso, agora comportem-se.

“Voo sete, dois, cinco, nove, nove, para París, França. Embarque imediato no portão quatro.”

- E eu tenho que ir. – Luka levanta.

Abraços, abraços.

- Volte para nos visitar, irmãozinho. – Evan disse, acenando, enquanto Alexis se sentava e olhava para o teto, suspirando.

Cain deu meio volta, saindo pela porta da frente, até o carro.

- Ei barbie, vê se manda algumas fotos. – Lud cruza os braços.

Giovanni estava ocupado chorando em Ivan, que acenava para Luka com um sorriso simpático, Dylan sorria amigavelmente, limpando discretamente os cantos dos olhos e acenando, Evan parecia muito tranquilo, com os braços ao lado do corpo.

- Vocês têm noção de que estão acenando para um homem cego, não? – Evan diz, olhando para trás, para os irmãos.

Absinthe ri, apoiando os braços no encosto da cadeira.

- Ei, Absinthe! – Luka grita do portão.

- Hm?

- De um jeito no meu irmão. – ele ri, entrando no avião.

- Luka! – Alexis parece subitamente frustrado, alguma piada interna, com certeza.

Os outros reprimem risos, menos Giovanni, que está se debulhando em lágrimas, como se Luka estivesse partindo para uma missão suicida num avião terrorista.


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Notas finais do capítulo

Úuuuuultimo capítulo!
saudades já... *singh*
Bem, o que vocês acham?
Se eu fizer mais um capítulo, sobre o que eu falaria?
Ficou bom?
Beijos e até a próxima história ;)