Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 42
Capítulo 42




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Sons da batalha faziam tremer as paredes, ainda que os filhos da noite e seus, agora aliados, antagonistas já estivessem longe do lugar onde tudo se passava.

Absinthe havia se separado deles e subindo alguns andares, até o meio do prédio, onde sua parte seria feita, a fera de luz caminhava ao seu lado, e sua cabeça doía um pouco por ter de mantê-la assim, solta, por muito tempo.

Seu trabalho recém-negociado e melhor elaborado era encontrar os irmãos desaparecidos, acordá-los, soltá-los ou seja lá o que fosse, e quando todos estivessem fora, explodir o lugar.

Com a raiva que sentia, achava que seria bem fácil.

Nesse meio tempo, Alexis e os irmão caminhavam pelo subsolo, ela consiga senti-los caminhar, podia ouvir Luka, Alexis e Cain conversando...

- Espero que esteja consciente do que estamos fazendo aqui. – Alexis diz vagamente para Cain, que caminhava ao seu lado, Luka estava poucos passos para trás, e parecia alheio.

- Sim. Vocês estão indo matar Vincent, e eu estou aqui por que paredes de concreto frágil nos separam de um dia que logo irá nascer, e se o sol derrubar vocês, eu pelo menos garantirei de que não serão mortos.

- Quanta presunção. – Alexis diz, cruzando os braços.

- Arrogância sua pensar que a cegueira não o tornará um alvo fácil, principalmente quando seus sentidos estiverem gritando. Você mesmo sabe como ficou quando foi atingido por um mero flash de câmera. – disse, voltando a olhar para frente.

Alexis arqueia uma das sobrancelhas.

- Eu e seu irmão conversamos bastante, Alexis.

- Existe alguma coisa que meu irmão não conte à você? – ele diz, olhando de soslaio para o irmão distraído.

- Ele me conta muito menos do que eu gostaria de saber, na verdade.

Silêncio.

- Não estou dizendo o que você acha que eu estou dizendo, se é o que está pensando.

- Como você sabe o que estou pensando?

- Por que está escrito na sua cara. – ele suspira. – Não se preocupe, minhas intenções com seu amado irmãozinho não passam de uma curiosidade saudável e uma simpatia amigável.

- Tenho certeza de que você mentiria pra mim, caso não fosse isso.

- É verdade. – diz simplesmente.

Luka de repente levanta os olhos.

 - TODO MUNDO PRO CHÃO!

Ele se atira nos dois a sua frente, os resto segue as instruções e todos vão para o chão.

Uma rajada de estaca de ouro e prata são atiradas violentamente das paredes, fincando do outro lado, então se faz silêncio. Luka levanta quase que imediatamente, olhando se alguém estava ferido, um dos irmãos de Cain tinha a mão presa na outra parede, e a ferida borbulhava, os outros ainda não haviam levantado.

Luka coloca as mãos nos bolsos de Cain e Alexis, tirando os dois pequenos vidros de spray indicados para essas situações, caminhando na direção do primeiro ferido, que seria Antoine.

- Não me toque, vampiro!

- Cale a boca! – ele arranca a estava de prata de uma vez, arrancando um grito agoniado dos pulmões de Antoine.

Luka toma a mão de Antoine com a própria, sob fortes protestos do mesmo, mas pode se dizer que Luka seria a enfermeira oficial.

Cain e Alexis checavam se mais alguém havia sido ferido, mas aparentemente estavam todos bem.

Luka espira o conteúdo negro de dentro do vidro que tirou de Cain, a mão de Antoine começa a espumar, mas ele se recusa a fazer qualquer ruído que fosse, não em frente ao filho da noite.

- Deixe de ser imbecil, dessa vez estamos do mesmo lado, se não me escutar vai morrer, e por mais que me divirta pensar nisso, você deixaria seu irmão ainda mais devastado, mais uma perda é a última coisa que ele precisa.

Antoine tira a mão, tomando o vidro de liquido preto da mão de Luka.

- Você não faz IDEIA do que o meu irmão precisa, vampiro. – ele diz com desprezo, levantando e ajudando os irmãos a levantar.

Luka suspira, não se pode dizer que ele não tentou, mas o que se pode fazer? Cain era o único imortal que era gentil com ele de qualquer maneira, e não é como se ele esperasse mais do que isso, mas essa rixa acabaria trazendo mais mortes.

Alexis tinha todos em pé, e aparentemente todos estavam bem, Luka levanta também, batendo a poeira da roupa.

- Da próxima vez, fiquem alertas ao invés de bater papo. – ele diz, passando por Cain e Alexis, que trocam rápidos olhares hostis.

Pouco mais a frente, um grupo de mestiços olhava para os lados ansiosamente, pareciam ter alguma coisa nas mãos, um cigarro, o corredor estava esfumaçado, e eles riam aturdidamente.

A cena de morte que se seguiu fez embrulhar o estômago dos filhos da noite, aquele cheiro era repulsivo o bastante para fazer o estomago de Giovanni se rebelar profundamente contra ele.

O Lorde dos imortais abriu o pequeno cigarro nas mãos, um pó azulado se encontrava dentro, e o cheiro impestava o ar.

Luka aspirou o ar uma ou duas vezes, assim como Alexis, Cain parecia um tanto abatido.

- Alexis é...

- Sangue de Imortal... – Alexis completa seus pensamentos.

Cain fecha os olhos com pesar.

- Agora sabemos como ele mantem os filhos de vocês sobre controle.

- Ele está usando o próprio sangue pra fabricar um alucinógeno? – Lud arqueia as sobrancelhas.

- Sangue de Imortal é uma droga muito forte, saiba você. – Alexis comenta, recebendo olhares hostis dos imortais na sala, inclusive Cain. – A ideia de usá-lo para fazer uma droga é muito boa, explora a natureza fraca e viciosa dos mestiços, seria simples mantê-los sobre controle assim.

- É o fundo do poço. – Cain diz.

Ele joga o pó azulado no chão, batendo as mãos na roupa. – Vamos.

Os imortais todos seguem o irmão. Alexis e Luka trocam olhares, pondo-se a andar, os outros vão com eles.

As crianças perdidas passam por eles, pelas paredes, fincando as unhas para se equilibrarem, numa velocidade absurda, o som das patas e da respiração atropelada denuncia sua chegada, eles estão limpando os corredores, Alexis presumi que Cartier e Valsher estão rondando os corredores, ele consegue ouvir as asas de Valsher não muito longe dali, os outros sons de asas vem de cima, assim como sons de patas.

O andar de baixo parecia limpo, apenas mestiços e armadilhas, eles sobem pelos outros andares, até a cobertura, Valsher e Cartier eventualmente se juntam a eles, os irmãos destes ainda andavam pelos outros andares, limpando o que encontrassem, Absinthe havia se juntado a eles, agora lutava contra os mestiços no sexto andar, estes andares tinham janelas, o que tornava impossível para Alexis, Luka, ou qualquer outro dos irmãos circular por lá, o dia já havia nascido e fazia cerca de seis horas que eles estavam lá, nãos sabiam quanto tempo mais os Eternos aguentariam.

A porta da cobertura era extensa, feita de uma liga pesada de ouro e prata.

- Cartier, pode abrir, por favor? - Alexis pede.

Cariter empurra as duas grandes folhas de metal, Vincent estava sentado, olhando um álbum de fotos que tinha, numa cadeira giratória de couro vermelho escuro, haviam realmente muitos mestiços na sala, Evan estava no fundo da sala, correntes de ouro se torciam por todos o corpo dele, uma visão que lembrava Luka de sua alma, presa à parede, com manchas de lágrimas secas nos olhos, olheiras arroxeadas e queimaduras horrendas.

Os mestiços estavam presos junto da parede, as feições distorcidas, um controle repousava no colo de Vincent.

Lokke encontrava-se parado ao lado de Vincent, e seus olhos exibiam um vazio fora do normal, um rosnado soou no fundo da garganta de Cartier, mas ele não fez mais do que isso.

- Eu descobri que quando você deixa um mestiço ter abstinência... Ele se torna muito mais eficiente. – Vincent diz, virando a cadeira para as pessoas na porta e sorrindo carinhosamente para Cain. – Olá mestre Cain.

Marcas de agulha formavam hematomas azuis em seus braços e pescoço, seus olhos dourados agora tinham um amarelo pálido e doente, seus lábios estavam azulados.

Cain respirou fundo diante da visão de decadência do irmão.

- Você não é mais meu irmão...

- E por que não? Por que eu fiz uma coisa que você queria fazer a muito tempo? Eu quase consegui matar seu arqui-inimigo, mestre. Me diga como isso pode ser errado?

- Você quebrou todas as minhas regras Vincent! Não existe vitória no que você fez! Você sujou a minha casa com o cheiro imundo de morte dessas criaturas que você tem ao seu redor!

- Se não eu não teria como fazer você vir me ver. Tenho certeza que você não vinha antes de eu fazer isso.

- Vincent, eu repudio você! Você desgraçou o meu nome! Você desgraçou a sua casa! Você me humilhou, de novo, de novo! Você cuspiu nas minhas regras!

- Danem-se as regras, mestre! Eu estou aqui para um objetivo muito maior, eu quero exterminar todos esses vampiros imundos dos Devareux! É tudo o que eu quero! Quando eu tiver feito o último deles suspirar pela última vez, eu posso morrer! Eu quero vê-los morrer! Todos eles!

- Não posso permitir isso! Você não entende que eu não posso!

- Você pode! Você pode vir comigo e mata-los também!

Cain encostou na parede, ele olhou para cima e então disse:

- Não tem nada que eu posso fazer... Vão filhos da noite.

Vincent soltou os mestiços. Os imortais se colocaram no caminho, juntamente com Valsher, Cartier, Ivan, Dylan, Giovanni, e Lud.

Luka foi para o fundo da sala soltar o irmão, enquanto Alexis se dirigia a Vincent, Lokke se atirou contra ele antes que ele pudesse chegar.

- Lokke! – Cartier grita do outro lado da sala.

- Ele não pode te ouvir cãozinho, está ocupado. – Vincent diz, apoiando a cabeça numa das mãos.

- Cartier! Tire ele de cima de mim! Eu vou acabar machucando ele! – Alexis tenta manter os dentes afiados de Lokke longe de si, mas isso parece ser um pouco mais difícil do que parecia.

Luka tinha alguns problemas tirando as correntes do irmão, mas não pararia até terminar, Cain se aproximou dele com os olhos baixos.

- Vá, eu tiro isso, ouro não é corrosivo pra mim. Vá ajudar Alexis.

Luka olha na direção de Alexis, que acaba de ser mordido, ele observa friamente o sangue escorrer de seu braço, e cair no chão...

- NÃO!

Luka atravessa a sala numa fração de segundo, empurrando Lokke, que bate contra a parede, Cartier vai segurá-lo, por mais inquieto que ele pudesse estar.

- Não, não, não, não, não! – Luka pega Alexis pelos ombros. – Alexis! Não faça isso! Não faça!

Os olhos de Alexis adquirem uma tonalidade luminosa e esbranquiçada, sendo engolidas pelo prateado pulsante.

Luka desfere dois ou três tapas nele, os olhos de Alexis se perdem um pouco, antes de lentamente voltarem ao normal.

- ....Lu...Ka... – ele pisca algumas vezes.

- Ah, graças a Deus...

Luka é pego  pelo braço e  batido contra o teto, uma, duas, três vezes, um pedaço do telhado desaba, com alguma dificuldade Luka se põe de joelhos, limpando o sangue do canto da boca, ele vê suas mãos, sente o calor e a luminosidade nas costas, ele olha pra frente.

- Alexis... – ele está tremendo.

- NÃO! LUKA!

É tarde... Os olhos de Luka se incendeiam numa labareda prateada, o sangue borbulhante escorre por seu rosto, e um grito profundo de dor deixa sua garganta, ele se encolhe sobre o próprio corpo, as mãos nos olhos, os sangue escorrendo pelo meio dos dedos e fazendo bolhas em suas mãos.

- NÃO! – Alexis está sendo impedido de ir até lá.

Cartier pega Luka no colo, arrastando ele pra longe do feixe luminoso, Valsher tampa o teto novamente com uma grossa camada de gelo, Valsher tira os mestiços do caminho enquanto Cartier o coloca no chão, ele se encolhe contra um canto na parede, tremendo, as respiração acelerada, os lágrimas se misturando ao sangue que escorria por seu rosto, queimando suas mãos, fervendo.

Lud estava tendo dificuldades em segurar Lokke, enquanto Ivan lhe dava cobertura, mas Lokke estava muito agressivo e tentava mordê-lo, Andrew tirou Lokke de Lud.

- Vá ajudar Luka, eu cuido disso.

Lud foi até lá, enquanto Alexis abria caminho até aquele canto da sala, com lágrimas nos olhos.

- Desculpe cachorrinho. – Ivan diz, batendo Lokke com força contra a parede, colocando-o desacordado.

- Sua sutileza sempre me comove. – Dylan diz, atirando um mestiço na parede oposta.

Lud ajoelha ao lado de Luka, enquanto Valsher volta a brigar, e Cartier mantem o resto longe, a sala ia se esvaziando.

- Luka? Luka?!

Luka não podia ouvi-lo, a dor o havia ensurdecido.

Alexis se junta aos dois pouco depois.

- Luka! – ele não se atreve a tocá-lo, suas mãos estão suando frio. – Meu Deus... Luka...

A sala vai se esvaziando, e as pilhas de cinzas vão se acumulando no chão, o som metálico de algo caindo no chão, o olhar de todos se volta na direção do som.

As correntes douradas que estavam antes nas mãos de Cain agora encontram-se no chão, no meio de uma pilha de cinzas.

- Filho da Noite... – os olhos dourados de Cain se abrem em choque, ele havia acabado de terminar de soltar Evan.

Os olhos de Cain se dirigem até Vincent.

- O que foi... Que você fez...?

- Ora, estou fazendo o que disse que ia fazer, vou matar todos eles! – ele ri, uma tosse seca.

- Não... Você não vai. – sua expressão ainda é a mesma.

Ele encaminha a mão direita até a cintura, pegando o chicote prateado que ele sempre carrega, desenrolando o mesmo, que se espalha ao redor de seus pés.

- Mestre?

Com um movimento do braço de Cain, o chicote se enrola ao redor do pescoço de Vincent, estalando pelo contato direto da fibra de prata com a pele dele. Com outro movimento de braço Cain ele é arrastado pelo pescoço pelo chão cheio de cinzas da sala.

- Você não vai... Não vai... Por que eu não vou deixar... – tem uma nota diferente na voz de Cain, o brilho cor de âmbar em seus olhos dizia que algo estava errado.

- Mestre... Cain?

- PARE DE ME CHAMAR DE MESTRE! VOCÊ NÃO É NADA MEU!

Os olhos Vincent se abrem em choque.

- Eu não tinha conseguido... Me forçar à matar você logo de cara... Mas eu devia ter feito... Devia ter deixado Alexiellis matar você... Devia tê-lo deixado se enviar numa poça azul desse seu sangue imundo.

- Não! Mestre-

- SILÊNCIO!

Vincent se silencia.

- Eu vou entregar você para Alexiellis, e ele vai fazer o que eu não tenho coragem... Ele vai livrar você dessa existência sórdida que você vive... E você vai morrer... E eu não vou enterrar você... Vou deixa-lo aqui, onde você vai ser consumido pelo tempo... E ninguém vai chorar a sua morte.

- Você... Não quer dizer isso mesmo.

- Você é a minha maior decepção Vincent... Você não merece o meu nome... Você não é meu parente...

- Senhor eu-

- E você vai sofrer na sua pôs vida... Por que eu te sentencio a pagar... Por tudo isso, toda a dor e toda a morte que você trouxe... Você merece, pelo que fez comigo... Com seus irmãos... Sua família... Aqueles que morreram tem nojo de você... Asco de você... Como eu tenho... Essa foi a última vez... – ele diz, puxando o chicote para coloca-lo de pé. – Que você me decepcionou Vincent.

Alexis já estava de pé, sua raiva o preenchia com muito mais força do que já preenchia antes.

Ele caminhava até onde os dois estavam.

- Eu vou gostar muito de te matar...


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Notas finais do capítulo

E ai está! /o/
Para vcs leitores q comentam e leitores fantasmas q eu n sei q leem, e q gostam do Luka.
Me matem se puderem, muahaha.
Pra quem n gosta do Luka
De nada ^^
Próximo capítulo em breve ^^



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