Fahrenheit e Absinto escrita por Aleksa


Capítulo 36
Capítulo 36




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Na noite seguinte, Luka sai de casa, mesmo com a chuva que não havia parado, e se encaminha até a casa dos de Vanice para cumprir “sua missão com a família”.

- Cain! – Luka entra pela porta, ensopado, deixando marcas de passos pelo caminho e gotas que escorrem de seu cabelo.

- Filho da noite...? O que houve?

- Quero sua ajuda numa coisa.

- Claro... Do que precisa?

- Quero que me ajude a pregar uma peça no meu irmão, Alexis.

- Peça...? Naquele estorvo desprezível? – ele diz, enquanto pega uma toalha branca e joga-a ao redor de Luka. – Hum... Parece muito interessante... – um sorriso maldoso se esboça em seus lábios. – Do que precisa?

- Meu irmão me pediu para vir aqui e seduzir você... Para que nos ajudasse a derrubar Vincent... Vincent está trapaceando muito covardemente e...Estamos precisando de amparo... Mas eu acho que você, sendo sensato e correto como é, iria nos ajudar sem que eu precisasse usar de truques como esse.

- Naturalmente, mesmo que eu não seja lá muito correto... – disse, rindo discretamente. – Use-me como quiser, se isso fizer ser irmão sofrer, eu ajudarei com prazer. – ele sorri casualmente.

- Quero que meu irmão deixe de ser um idiota preconceituoso, então vou torturar ele com o único homem que ele não pode tolerar. Você. – disse, puxando mais a toalha para molhar o mínimo possível o chão. – Já que tenho a desculpa de uma ordem oficial em nome da casa, posso ser o quão promiscuo eu quiser. – ele ri. – Você mesmo disse-me uma vez que minha natureza era vulgar, e eu prostituía-me moralmente para viver plenamente. Bem, agora é hora de usar isso com graça.

- Toda a ideia de fazer Alexis sofrer usando você é realmente tentadora, mas o que você quer afinal?

- Quero que finja ter um caso comigo.

- Quer que eu o que...? – ele diz, sentando-se imediatamente após ouvir a noticia, com seus olhos dourados bem abertos, e com certo choque na proposta descarada que Luka lhe fazia. – Quer que eu simule ser seu... Amante? – ele parecia não se conformar.

- Se eu o ofendi perdoe-me, mas já que somos amigos, achei que ambos nos beneficiaríamos castigando Alexis por seu comportamento.

- Não... Não me ofende, mas...

- Eu entendo que isso não seja seu tipo, nem que não seja tão flexível quanto eum, mas... Realmente estou cansado de Alexis sendo tão arbitrário em minha vida! Ele me trata como criança! Estou exausto de ser tratado como um inocente pobre influenciável!

- Calma, calma... Eu entendo, relaxe. Apenas fiquei surpreso com sua sugestão... Só isso. – disse, rindo. – Eu posso abrir uma excessão em meus gostos por alguém como você, filho da noite, afinal, de certa forma, posso dizer que te amo.

- Pode é...?

Cain ri da expressão de surpresa de Luka.

- Gosto de você, filho da noite. – ele diz. – Para mim é quase a mesma coisa.

- B-Bem... De qualquer modo, eu preciso saber se eu posso contar com você na luta contra Vincent... É realmente essencial que eu tenha uma resposta de você.

- Que tipo de ajuda você diz...? - ele mais uma vez levanta.

- Talvez tenha que se voltar contra ele...

Cain engole seco, fechando os olhos e desviando o olhar para o chão.

- Eu... Não sei se seria de grande ajuda... Mas não tenho motivos para querer mata-lo até agora... Não sei se eu... Seria útil a causa de vocês...

- Precisamos de vocês Cain! Não podemos fazer nada... Ele... Tem um de meus irmãos... – disse, condoído.

- É covardia... Ele envergonha o meu nome... - ele engole seco, olhando para o teto e suspirando de forma pesada e miserável. - Eu posso... Tentar ajuda-los...

- Obrigado, Cain... Sei o quanto isso dói para você...

- Não... Você não sabe... – ele disse, colocando-se sentado e se juntando as mãos.

Pequenas e tristes lágrimas azuis rolam os olhos miseráveis do altivo senhor da casa dos de Vanice.

- Cain...

- Parta, filho da noite... Prometo ajudá-los... Não quero ninguém aqui para presenciar essa cena patética...

- Eu... Não posso... – ele diz, sentando ao lado de Cain, afundando seu rosto manchado de azul em seu peito, afagando seus cabelos cor de caramelo. – Não consigo ignorar as suas lágrimas, Cain... Assim como não posso ignorar as lágrimas nos meus irmãos... Não me peça para deixa-lo sofrendo... Por favor, não peça.

- Você me humilha com sua gentileza, filho da noite... Mas faz muito tempo que não há ninguém para me ajudar... Então eu vou... Aguentar a dor que sinto no meu orgulho... Por agora.

Pequenos soluços afogados brotam do peito de Cain, que ata as mãos nas laterais do casaco úmido de Luka, como uma criança pequena que perde seu gatinho num dia de chuva, e vai chorar seu sofrimento no peito de sua mãe.

Luka afagava o cabelo do pobre, miserável Lorde, que sofria com a dor... A dor da perda, dor da humilhação, dor da traição...

A dor de alguém apunhalado por sangue do seu sangue... Que via pisar em tudo que acreditava... Tudo aquilo que fora feito para defender e proteger... Agindo como um covarde...

 - Por que...? Por que...? Meu pobre irmãozinho... Por que eu deixei isso acontecer...? Por que eu não percebi...? Eu podia ter salvado sua alma... Mas eu não fiz nada... Fui... Um inútil... Um imprestável

- Shh... Está tudo bem. Não havia nada que você pudesse ter feito... Ficará tudo bem... Não deixarei você sozinho... Você será forte... Por todos os seus irmãos honrados... Como tem sido até agora...

 - Não prometa coisas... Que você não pode cumprir... – ele diz, deixando simplesmente as lágrimas escorrerem. - Por que quando o dia chegar... Seremos inimigos de novo... E você cravará uma estaca de prata no meu peito...

***

- Alexis pare de pensar no que quer que seja que você está pensando. – Ivan diz, grampeando um grupo de documentos e entregando a Giovanni.

- Grazie, fratello. – disse, juntando com outros que já tinha.

- Mas por quê? – Alexis, diz, tirando os olhos da parede e voltando a Ivan.

- Sei que está mantando todos os de Vanice de alguma forma.

- Você é mais chato que Luka. – ele suspira.

- Luka é muito bonzinho com você. Por isso está folgado desse jeito.

- Quanto desaforo, Ivan. Já me basta Luka pra falar assim comigo, ainda sou chefe dessa casa.

- É... Então fique ai, pensando nas coisas que Luka pode estar fazendo pra convencer o de Vanice.

Alexis arrepia.

- Cale-se! Eu não quero pensar! Quero ficar completamente ignorante quanto a isso!

Alexis levanta, subindo as escadas e batendo a porta de seu escritório.

- Não brinque com fogo, Ivan. – Dylan diz.

- Um pouquinho de fogo nunca matou ninguém.

- O problema é que esse fogo vai deixar bolhas horríveis. Alexis raramente perdoa... Você lembra muito bem da ultima vez que o tirou do sério...

- Saiba o seu lugar, fratello... Você não está na mesma posição que Luka para trata-lo dessa forma.

- Eu nem gostaria, Luka tem muito mais paciência que eu.

- É só um aviso, Ivan. Depois, não poderemos segurá-lo quando “aquilo” se repetir. – Dylan comenta.

- Luka teve de afastá-lo de você... Io tenho muito medo de acontecer de novo. – Giovanni estremece diante da lembrança.

- Respeite seu senhor, Ivan... Ou terá problemas.

- Eu respeito... Quem não respeita é ele mesmo.

Muitos anos no passado, Ivan, tomado por angústia e sofrimento, atirou as mortes de seus irmãos nas costas de Alexis, acusando-o de incompetência... Dizendo que enquanto eles lutavam por sua casa, ele corria atrás de mulheres.

O que não era bem a verdade.

E em resposta, o sangue de Alexis subiu rapidamente ao cérebro, quente e fervilhando de raiva...

~*~

- A culpa é toda tua! Por tua causa! Por tua incompetência, estamos todos morrendo! Tu tens sangue nas mãos! Enquanto tentamos evitar que essa casa caia aos pedaços, tu flertas com mulheres pelas ruas! Envergonha-me ter teu sangue em minhas veias!

Alexis, tomado pelo mais profundo ódio, atira-se sobre o irmão, jogando-o no chão, as pupilas extremamente finas, e os olhos faiscando com raiva.

- NÃO TE ATREVES A ME DESRESPEITAR! – um tapa do lado esquerdo do rosto de Ivan. – Não sabes de coisa alguma do que faço! – outro do lado direito. – Sabes o que é estar em meu lugar?! – outro, novamente. – Sabes o que é comandar esta casa?! – novamente, do outro lado. – Eres um parvo! Não aguentarias nem um dia em meu lugar! Arrancarias teu coração do peito para acabar com dor! Com os gritos horríveis de dor dentro de tua mente! – novamente, alterando o lado. – Irias enlouquecer sem dormires a noite! Irias sucumbir aos ferimentos que queimam sob tua carne! Iria desejar matar teus irmãos para poupá-los do inferno em que vivem! – novamente, do outro lado. – Ingrato! – de novo. – Cretino! – de novo. – Sabes o teu lugar! Sou teu mestre! Estás disposto a tentar lutar por esse título comigo?! HÃN?! ACHAS QUE FARIAS UM TRABALHO MELHOR QUE O MEU?! ACHAS QUE ERES COMPETENTE PARA SOFRER TODOS OS DIAS DE TUA MALDITA VIDA PARA POUPAR TEUS IRMÃOS DISSO?! ABRIRIAS MÃO DE TUA SANIDADE?! ABRIRIAS?! ACHAS QUE TENS FORÇAS PARA TAL?! SABES ACUSAR-ME, MAS NÃO TENS FORÇA PARA SOBREVIVER AO QUE VIVO TODOS OS DIAS! – de novo.

- Alexis, para! – Luka o segura, arrastando-o para longe de Ivan, tirando-o de cima dele.

- INGRATO! HIPOCRITA! ILUDIDO! – Alexis ainda tentava se soltar do irmão. – Não tens NOÇÃO do que tenho que enfrentar para poupar-te da dor! Solta-me Luka!

- Não! Vais mata-lo!

- Perdeste tua noção de onde fica teu lugar nessa hierarquia, Ivan! Nunca mais ousas me acusar sem saberes do que dizes!

Luka o arrastava para fora da sala, ainda com ele tentando se soltar.

Ivan fica parado, no chão, pálido e trêmulo, o sangue escorria dos ferimentos que as mãos que Alexis haviam feito em seu rosto, os lados de seu rosto estavam quentes, e ele se sentia atordoado.

Luka volta um tempo depois.

- Ivan... Se tu tiveres juízo... Nunca mais em tua vida desmerece o amor de teu irmão por ti, ou teus irmãos... Não fazes a menor ideia do que ele faz por ti... Ele vive o inferno todo dia que passa nessa maldita guerra... Se disseres que tens vergonha do sangue dele... Vais mata-lo...

Ivan ainda tentava colocar-se de pé, os irmãos o amparavam.

- E se matares Alexis com tuas palavras... Eu te matarei com minhas mãos... Entendes o que te digo? Farei com lágrimas em meus olhos e uma infinita dor em meu peito, mas farei. 

Ele acena fracamente com a cabeça.

- Então vens comigo... Dar-te-ei gelo, e ajudar-te-ei a dormir... – amparou o irmão, servindo de apoio.

~*~


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Notas finais do capítulo

Muitos acontecimentos!
E ai?! O que vcs axam? ^^/



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