À Beira do Abismo escrita por Yue Chan, L-chan_C-chan


Capítulo 6
6- Pressão.


Notas iniciais do capítulo

Quero antes de tudo me desculpar pela demora em postar.
Agora...

Boa Leitura!!!



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Sentada no escuro do quarto Hinata refletia sobre as mudanças que ocorreram na sua vida nos últimos dois anos. Em suas mãos repousava um álbum de fotos com a capa branca revestida ricamente com detalhes dourados, onde estavam guardadas as boas lembranças de uma época que não voltará mais.

Nunca mais.

Ele parece pedir. Implorar para que a dona desfrute das lembranças que ele guarda tão carinhosamente porque está cansado de ficar guardado sem que ninguém o procure. Mas Hinata não tem certeza se quer rever a sua história e sente as dúvidas e anseios se atropelarem em seu peito em uma velocidade absurda.

Ela passa a mão carinhosamente sobre a capa que tem um pouco de poeira devido aos anos de esquecimento, como se buscasse a coragem que ela havia perdido quando tocou no objeto.

“Reveja-me. Desfrute das recordações que você um dia guardou em mim com tanto carinho. Talvez se sinta melhor.” o álbum pedia silenciosamente enquanto a mão suave da Hyuuga deslizava sobre a sua superfície. “Sei que me deseja.”

Não sei se tenho coragem. Pensava infeliz.

“Ora o que pode piorar? A sua vida está de pernas para o ar e você já não tem mais certeza do que deseja, tem que buscar forças para continuar a jornada.”

Hinata tentava convencer a si mesma sobre a importância de enfrentar as dores que estavam fazendo o seu coração sucumbir. Ainda vacilante pela incerteza abriu o álbum lentamente, sentindo os olhos lacrimejarem ao se deparar com a primeira foto.

O dia do seu casamento.

Todos estavam muito felizes. Ela sorria intensamente. Era o dia mais feliz da sua vida, havia conseguido unir a sua vida com a do homem que mais amou no mundo. Passou a mão pela imagem dele como se pudesse sentir o calor do momento com esse simples gesto, como se pudesse viajar no tempo e pudesse sentir o coração bailar novamente. Ele vestia um lindo terno branco e sorria ternamente para ela, fazendo juras de amor eternas enquanto a hipnotizava com aqueles olhos de um azul celeste profundo e segurava a sua mão entrelaçando os dedos de ambos. A aliança brilhava intensamente marcando o início de um futuro cheio de promessa, mas que foi interrompido no momento em que começava a caminhar. Olhou de relance para a mão esquerda e a viu lá, inda brilhando, mas agora com uma luz sombria.

Continuou sua jornada pelos pedaços de recordações presos naquele objeto sentindo a dor aumentar cada nova investida, tornando o seu pequeno ato de coragem algo massacrante e desanimador. O sorriso dele em cada foto de repente pareceu uma mensagem de despedida, como se anunciasse que o amor dos dois não foi criado para durar para sempre.

“Eu sei que você está indo embora

 Eu carrego meu amor outro dia.

 Em meus pensamentos você está comigo

Eu me apaixonei pelo seu jeito.”

Nada podia ser mais doloroso do que relembrar o último dia em que passaram juntos. Acordar de manhã com a promessa de um dia maravilhoso e sentir a alegria ser esmigalhada com a despedida dele. Dormir sozinha na cama em que antes guardava o sono com a pessoa amada ao lado podendo sentir o calor do corpo, o cheiro.

 Levantar

Beijar o rosto do marido sem saber que seria a última vez que o faria.

Como era doloroso encarar a realidade.

As lágrimas desciam pesadas sem conseguir dar vazão a dor que a Hyuuga sentia, fazendo um nó na garganta reclamar e incomodar  incessantemente. Um gosto amargo se fez presente no momento em que ela sussurrou a única palavra que conseguiu sair engasgada pela emoção do momento.

_Por quê?- soava mais como um murmúrio.

Sentiu os espasmos de tristeza aumentarem ao ver a foto do dia em que a filha mais velha nasceu. Da alegria eufórica do loiro que prometia, em sua alegria de pai de primeira viagem, jamais abandoná-la. Alegria de um passado agora distante.

“Eu sei que você está indo embora

 Conduzindo meu coração a um atordoamento

Eu sei que você está indo embora

Deixando um vazio em meu coração e alma”

( Trecho da música “Another Day” da banda Within Temptation).

Não há maior dor do que a de ser abandonada.

De acordar de noite após um pesadelo e não ter alguém que o console, enxugue suas lágrimas e envolvendo em um abraço carinhoso faça carinhos em seus cabelos recitando palavras de carinho e prometendo que tudo vai ficar bem.

Agora resta apenas o vazio, o lençol frio pela falta do companheiro e o som lamurioso do choro que enche o quarto de saudade.

Desejou que fosse um pesadelo, e que pudesse encontrar uma saída para os problemas.

Colocou o álbum do lado sem coragem de encarar novamente as recordações que haviam se tornado um tormento e rumou para o banheiro na esperança de tomar um banho quente e tentar esquecer as mágoas.

“Sete segundos ainda surgem

Não posso acreditar que eu ainda estou vivo

E o céu estava esperando por mim

Eu pensei que este seria o fim

Mas eu sei que você vai entender

Tudo o que está me mantendo aqui”

Deteve os passos ao ver a própria imagem refletida no espelho encarando horrorizada a Hinata em que havia se transformado. Os olhos fundos e inchados de tanto chorar, a pele de um brando espectral devido à falta de sol que lhe dava uma aparência doentia. O rosto apático e desprovido de emoções.

Ela se sentiu vazia.

E queria mais do que tudo uma solução para os seus problemas. Foi quando ao olhar para a cômoda na sala sentiu uma idéia arrepiante surgir em sua mente. Caminhou sem pressa para perto do móvel e lentamente abriu a primeira gaveta, sentindo um alívio insano tomar conta do sue coração.

Meus sentidos me dizem que eu mudei

Mas uma coisa ainda permanece

Estou indeciso e o ódio ainda doendo

Eu lentamente começo a perceber

Não vamos nos reunir

Eu ainda tenho que marchar através.

Ali repousava o objeto que iria garantir a ela o descanso tão esperado. A solução definitiva dos seus problemas. Se fosse a dois anos atrás iria ver esse pensamento como insano e proibido, mas o tempo e o sofrimento se encarregam de mudar a mente e o coração das  pessoas, fazendo com que o que era estranho se torne familiar de maneira estranha e convidativa.

Eu sonho com uma escada para os céus

Meu anjo está descendo do céu para me levar

Eu alcanço para fora, mas depois você vai embora

Sempre que você ligar para mim

Saiba que eu estou apenas um passo atrás.

 ( Trechos  da música "Stairway to the skies" da banda Within Temptation)

Segurando o objeto frio contra o peito ela caminha lentamente em direção ao banheiro novamente sentindo a mente entorpecida por uma estranha alegria que invade o seu peito fazendo um alívio sombrio brotar em sua face amargurada.

Só mais um pouco e eu poderei me libertar de todo esse sofrimento.

Ela senta no chão impecavelmente branco, alheia ao mundo que lhe cerca e vê os olhos perolados com uma expressão doentia encará-la pelo brilho da lâmina como se duvidasse da sua determinação.

“Ele jamais voltará para os meus braços, porque o sonho dele não era estar neles a princípio. Espero que pelo menos  eu possa  tocá-lo novamente em uma outra dimensão.”

Ela sente o metal passar zunindo por entre os pulsos que começam a expurgar o sangue como se chorassem pela sua decisão.

“A morte afinal pode curar o meu sofrimento.”. Pensa enquanto espera a consciência ser arrastada para um local onde não possa mais ser maltratada.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Yukie chegou em casa e chamou pela mãe.

Nenhum som.

Julgando estarem sozinhos em casa jogou a mochila do irmão sobre o sofá e depois de mandá-lo sentar, buscou um copo de água para ele tomar na tentativa de acalmá-lo. Daito estava tremendo e os olhinhos brilhavam de medo e tristeza, ainda marejados de lágrimas.

Yukie passou a mão pelas marcas no pescoço dele ainda bastante visíveis e sentiu os olhos arderem em uma mescla de raiva e tristeza ao lembrar que o próprio pai fizera isso á ele. Em um ato de proteção e afeto puxou-o mais para perto e o deitou no seu colo passando a mão pelos cabelos dele. Tentando amenizar a dor que havia pousado no coração de ambos.

“Uma mãe depressiva, um pai relapso e um irmão medroso, pois é Yukie parece que a vida para você vai ser um eterno desafio” pensou triste enquanto sentia a respiração do irmão esquentar o seu colo.

Ficou rememorando o passado e presente tentando achar uma resposta para os seus problemas, algo que explicasse a mudança absurda do comportamento do pai. Não conseguia acreditar em tudo o que havia passado na casa dele, os últimos acontecimentos tão surreais a sua mente infantil que podia jurar que eram as recordações de outra pessoa. Respirou pesadamente e acabou percebendo que não se importava mais, estava cansada de sempre vir em último plano; com raiva de sempre sofrer por causa do egoísmo dele.

Ouviu um barulho vindo do banheiro e cutucou o irmão que estava quase dormindo para que ele levantasse. Ambos passearem o olhar pelos cômodos próximos em sinal de alerta, poderia ser um ladrão. Yukie desceu do sofá sendo acompanhada pelo irmão que ficou atrás dela e abrindo uma das gavetas do armário da sala pegou uma das kunais que a mãe guardava para o caso de eventualidades e andando a passos silenciosos e cautelosos foi em direção ao barulho.

Encostou perto da parede do banheiro tentando vistoriar o que havia lá dentro. O silêncio era torturante e não dava pistas de quem poderia ser. Daito tremia ao seu lado parecia que ira enfartar a qualquer momento. Lembrou-se dos estudos sobre chacka que realizava sozinha depois da aula e concentrou um pouco nas mãos transmitindo-o para a lâmina. Com certeza não tinha nenhuma intenção de conversar com um bandido.

Entrou no banheiro em posição de luta pronta para acertar o alvo, mas deixou a kunai cair no chão fazendo o metal tilintar contra o piso enquanto os olhos abriam de pavor pela cena que via.

_ OKASAN- Gritou desesperadamente indo em direção a mãe sendo seguida pelo irmão que de longe estava mais desesperado.

Hinata estava caída no chão com os pulsos abertos, enquanto a kunai que usara descansava ao seu lado como um companheiro sombrio. Yukie abaixou desesperada sem saber o que deveria fazer, ainda não havia estudado jutsus médicos, a ferida minava sangue vagarosamente, mas pela quantidade que havia manchando o piso branco, constatou que a mãe estava ali a um tempo considerável o que tornava a situação ainda mais delicada.

Levantou a cabeça da mãe chamando-a, deixando o desespero tomar conta da sua consciência ao não obter nenhuma espécie de resposta, nem mesmo um espasmo involuntário. “O que devo fazer! Eu só tenho sete anos! A mamãe está morrendo!” pensou aflita. “Se houvesse um adulto, alguém que pudesse nos ajudar.” Olhou para Daito que estava mais desesperado ainda e percebeu que ninguém viria ajudá-los, nem mesmo o pai, estavam entregues a própria sorte, ou descobriam uma maneira de salvar a mãe ou ficariam órfãos.

Yukie socou o chão com violência, tensa por não conseguir organizar os pensamentos sob tanta pressão, o choro do irmão, o sangue que minava sem parar da ferida da mãe e vinha banhar nefastamente os seus pés, tudo a sua volta a pressionava para tomar alguma atitude urgente, as lágrimas teimavam em descer.

Foi então que ao olhar para a própria mão ferida teve um lampejo.

OoOoOoOoOoOoOoOoOo

Naruto estava no seu escritório atolado em mais e mais pilhas de papéis. Depois de uma tarde inteira dividindo equipes estava finalmente terminando; a cabeça dava voltas por causa do serviço pesado. Nunca fora muito bom em resolver esse tipo de problema, era um ninja feito para batalhas e estava sentindo saudade do tempo em que era ANBU. Ser Hokage não era algo divertido como havia imaginado quando criança.

Não conseguia parar de pensar nos filhos, no que tinha acontecido e o quanto tinha sido canalha. Pousou a mão na cabeça imaginando o trabalho que daria explicar a situação para Hinata e para o clã Hyuuga, principalmente Neji e Hiashi que eram muito sistemáticos. Suspirou ao lembrar-se do ex-sogro que com certeza iria caçá-lo até o inferno para tirar satisfações.

Voltou a se concentrar nos papéis quando foi surpreendido por um ANBU com máscara de andorinha que entrou correndo na sala.

_ Hokage sama notícia urgente- disse afoito fazendo Naruto levantar rapidamente da cadeira, tenso por imaginar pelo estado do ninja que não eram boas notícias- Hyuuga Hinata está no hospital em estado grave.

Naruto sentiu algo ruim se remoer dentro dele ao ouvir que Hinata estava em perigo, algo que não sentia há muito tempo. Saiu pela janela e foi correndo para o hospital. Não se importava com os olhares que os moradores lhe lançavam pelo seu modo de se locomover, não deixava de ser ninja por que havia se tornado Hokage, precisava saber se Hinata estava bem.


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Notas finais do capítulo

Não pude resistir e tive que colocar um "fundo musical". Sabia que a banda que eu mais amo me daria letras apropriadas para a ocasião.

Não percam o próximo e digam o que acham que vai rolar!

Abraços!!!

YueChan.