Naruto parou em frente à mansão Hyuuga. Havia muito tempo que não visitava aquele lugar e sentia certa nostalgia se apossar do seu corpo.

 Cada detalhe revelava uma parte da história que viveu ao lado de Hinata e se as paredes pudessem falar provavelmente iriam maldizer a sua volta.

_ Com licença senhor, posso ajudá-lo?- Uma jovem de cabelos castanhos que estava varrendo a varanda perguntou.

_ Sim. Por favor, diga a Hinata que eu estou aqui.

_ Com licença poderia me dizer o seu nome?- disse desconcertada.

Uma empregada mais antiga apareceu ao lado da moça de cabelos castanhos sem perceber que ela estava conversando com alguém.

_ Ora Saki chan não fique enrolando no serviço ainda falta...  Naruto sama!- Disse surpresa ao vê-lo.

_ Bom dia Tama.

_ Bom dia, há quanto tempo que não aparece. Gostaria de falar com a Hinata sama?

_ Sim, por favor.

_ Só um momento que eu vou anunciá-lo.

Tama desapareceu dentro da casa.

Saki olhava confusa para o homem a sua frente, não fazendo idéia de quem podia ser. Passeou os olhos pelo corpo dele ficando satisfeita com o material. “Com certeza a senhorita Hinata sabe escolher bem.” Pensou enquanto analisava Naruto. “Primeiro Sasuke sama, e agora esse loiro encantador”.

_ Naruto sama a senhora Hinata lhe aguarda na sala de reuniões. - Tama disse despertando a jovem de seus pensamentos pervertidos.

_ Muito obrigada Tama. – Disse entrando e deixando as duas sós.

Tama Chegou perto da colega que observava Naruto desaparecer dentro do recinto com um olhar hipnotizado.

_ Tama chan, quem é esse pedaço de mau caminho?- perguntou curiosa.

_ Olha o respeito menina. Esse é Uzumaki Naruto, ex-marido da Hinata sama, e pai do Daito e da Yukie.

_ Eu nunca o vi pelas ruas.

_ Claro que não! Ele passa a maior parte do tempo no escritório.

_ No escritório? Qual é o trabalho dele?

Tama interrompeu o trabalho que estava fazendo e olhou para ela surpresa.

_ Você não sabe? Faz uma semana que se mudou para a cidade e ainda não sabe?-perguntou surpresa.

_ Não. Eu deveria saber? Ele é alguém importante?- perguntou meio desconcertada.

_ Naruto sama é o sexto Hokage de Konoha.

_ Sério?!- disse surpresa. -Mas parece tão jovem.

A senhora observou o olhar apaixonado que a moça lançava ao ex-patrão.

_ Jovem e perigoso. A atual esposa dele não é tranqüila como a Hinata sama. Tome muito cuidado porque ela tem fama de ser muito violenta.

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O corredor parecia mais comprido do que se lembrava.

_Bom dia Hinata. – Naruto cumprimentou sério ao entrar na sala.

_ Não sei se é um bom dia Naruto. – A Hyuuga respondeu pedindo que se sentasse.

Hinata passou a mão pelos cabelos. Estava inquieta e não conseguira dormir direito pensando em como deveria proceder na conversa com o ex marido, e em como deveria agir para se manter calma e não voar no pescoço dele para esganá-lo.

 Caminhou em direção ao bar que havia na sala, ricamente decorado e repleto dos mais diversos tipos de bebidas.

_ Aceita um drink?- perguntou apenas por educação sem se virar para ele.

_ Não obrigado. Eu tenho que trabalhar depois. -olhou-a surpreso, tentando manter o mal estar que fazia seu corpo tremer de antecipação sob controle. - Mas não acha que ainda é muito cedo para isso? Ainda são oito da manhã.

_ Os problemas não tem horário para aparecer ou nos atormentar. Porque deveria haver um horário para tentar escapar deles?- Disse pegando uma garrafa de uísque e um copo.

Naruto observou pasmo, a ex-mulher se servir e sorver um pouco da bebida, para logo em seguida virar o resto de uma só vez.

_ Uísque é uma bebida muito forte, não acha que deveria ir mais devagar?- manteve uma das sobrancelhas arquedas de preocupação.

 Hinata tornou a encher o copo, com o olhar sério.

_ Creio que não veio até aqui para dar lições de como devo viver a minha vida Naruto. - virou o copo e tornou a enchê-lo. - O nosso problema é outro.

Hinata levantou e chamou uma das empregadas com a mão, disse algo para ela e tornou a se sentar.

Novamente virou o copo.

_ Sei que não devo me meter, mas não deveria beber tão depressa. Vai te fazer mal.- já não estava mais tentando esconder a preocupação.

Hinata largou um pequeno sorriso zombeteiro de canto de boca.

_Quando foi que começou a se preocupar comigo Uzumaki?- o álcool começou a relaxar o seu corpo.

Naruto achou melhor não prosseguir, não queria discutir. A porta da sala Foi aberta os dois filhos entraram. Ambos usavam o típico traje de treinamento Hyuuga, o que denunciava que estavam no dojo da casa.

Quando Daito viu o pai, se apressou em esconder o rosto no roupão da irmã. Yukie apenas lançou-lhe um olhar rápido para tornar a voltar os olhos azulados em direção a mãe.

_ Nos chamou mamãe?

_ Sim filha. Lembra da conversa que tivemos ontem? O seu pai está aqui para resolvermos esse assunto.

Yukie deixou um pequeno suspiro pesado sair.

_ Porque mãe? Eu pedi para esquecermos isso, já passou, não há porque revivermos esse assunto. - Olhava a mãe impaciente.

Hinata se recostou no banco e respondeu séria.

_Não Yukie. Eu preciso saber se o que me contou é verdade. - Virou o rosto para Naruto sem se importar com os protestos da filha. -Vamos direto ao assunto. – Hinata pousou o copo sobre a mesa de centro. – Yukie me contou sobre a briga que vocês tiveram na sua casa. Eu só quero saber uma coisa. O que aconteceu é verdade?

Naruto não conseguia responder, apenas abaixou a cabeça balançando-a levemente em sinal de confirmação. Hinata levantou como se as pernas tivessem vida própria e andou pela sala enquanto os filhos a observavam aflitos, com medo de que ela tivesse outra recaída.

Ela sentiu o coração arder inconformado e passou a mão pelo rosto como se estivesse limpando um suor invisível.

A sua frustração era perceptível.

– Como você pode?- perguntou como se tivesse nojo dele.

Naruto não conseguia reunir coragem o suficiente para olhar nos olhos dela, apenas ouvia os seus passos pela sala, caminhando inconformada como se andar pudesse aplacar a dor que estava sentindo.
_ Como pode chegar a esse ponto tão baixo Naruto? Como pode mudar tanto? O homem por quem me apaixonei era forte, determinado e sempre cumpria as promessas que fazia com um sorriso no rosto. Ele nunca faria algo assim.

Hinata fitou o jardim florido pela janela. Era difícil aceitar que ele pudera mudar tanto, o coração batia descompassado e lágrimas cansadas correram pelo seu rosto, parecia que ela não havia sido feita para ser feliz. Desde pequena, apesar de estar rodeada pelo luxo que o dinheiro podia oferecer, sempre sofrera.

_Hinata. Admito que não fui um bom companheiro e pai. Eu errei covardemente, e nem sei como devo pedir desculpas.

_ Não peça. Não há como perdoar algo assim. – virou mostrando o rosto marcado pelas lágrimas. – Eu só não vou mais afundo nesse assunto porque a sua filha pediu para que encerrássemos essa questão, e é o que o que farei, não pelo bem do seu posto, nem pelo bem do nome do meu clã. Mas pelo bem dos meus filhos que não precisam ficar revivendo esses momentos. Não vou proibir você de vê-los, mas nunca poderei confiá-los aos seus cuidados novamente– Sentou-se novamente apoiando a cabeça sobre as mãos. – Era tudo o que eu tinha a lhe dizer. Se não se importam, gostaria de ficar um pouco a sós.

Naruto queria dizer algo a ela, uma palavra de conforto, de perdão. Mas não conseguia encontrar as palavras certas, ficou fitando o seu olhar triste voltado para o chão sem conseguir se levantar e ir embora. Não era assim que queria que terminasse a conversa, mas o destino adora brincar com ele.

_ Eu preciso ficar sozinha para pensar nas escolhas que já fiz, para não cometer os mesmos erros. Por favor, vá embora.      

Naruto passou pelos filhos fazendo menção de lhes confortar com uma palavra amiga. Parou em frente a eles e levantou a mão para passar na cabeça de Daito, mas Yukie o empurrou levemente para trás em uma atitude defensiva.

_ Vá embora logo! Ainda não percebeu que não é mais bem vindo em nossa família?!- disse com rancor.

Ele recolheu a mão e atravessou a porta antes que eles pudessem ver as lágrimas cansadas que escorriam de seus olhos.                        

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Hinata levantou com um humor terrível. Sentia o coração pesado, recheado de mágoas e decepções. Quando criança maltratada e humilhada pelo pai, primo e clã, sempre sendo considerada fraca e inútil. Depois ao dor de ser traída e abandonada pelo único homem que realmente amou na vida, e agora descobre que ele foi capaz de maltratar os filhos que tivera com ela.

Encontrou os filhos na cozinha fazendo a refeição matinal e sentiu o coração pesar ainda mais. Eram tão jovens e já haviam passado por tantos problemas. Deu um beijo na cabeça deles desejando um bom dia e saiu.

O vento que passeava pelo jardim era um amigo apaziguador nessas horas.

Sentou-se encostada em uma árvore enquanto pensava na vida, quando foi despertada por passos conhecidos.

_ Mãe. – ouviu Yukie chamá-la. - Posso conversar um pouco com você.

Hinata abriu os olhos vagarosamente e olhou para a filha que estava em pé a sua frente. Era muito parecida com ela, fora os olhos azuis que herdara do pai.

Amaldiçoou aquela semelhança.

 Ofereceu um lugar para ela se sentar ao seu lado.

_ Diga minha princesa. - A voz soou cansada.

_ Eu queria saber se você ainda ama o papai.

Ela se voltou para a filha que fitava a grama como se houvesse algo muito interessante.

_ Ora Yukie, que pergunta é essa?

_ Eu estava pensando. – Parou indecisa jogando uma mecha dos cabelos lisos e azulados para trás. Desde... Desde que tudo aquilo aconteceu você anda muito diferente. Quer dizer... Antes você era mais alegre... E cantava o tempo todo... E toda vez que o papai faz algo errado você não briga com ele, fica chorando pela casa com esse rosto triste. Eu não gosto de ver você sofrer.
_Ora minha filha! Como queria que eu ficasse? O seu pai foi o meu primeiro amor, e esquecer algo assim é difícil. Mas não consigo entender aonde quer chegar com isso?

Yukie suspirou fundo e olhou a mãe com aqueles intensos olhos azuis tão parecidos com os do pai.

_ Se você o ama ainda, e quiser ficar com ele de novo, por mim tudo bem.
Hinata ficou surpresa com a fala da filha e sentiu a garganta coçar começando a gargalhar.
_ Ah filha não me diga que quer que eu e seu pai voltemos de novos. – Yukie corou de vergonha e raiva.
_Eu não sei qual a graça em querer a sua vida de volta. - disse emburrada. - Mas não sei se o quero de novo. - virou o rosto mostrando o descontamento.

Hinata segurou carinhosamente o queixo da filha fazendo os seus olhos se encontrarem.

_ Não há nada de errado querer a vida de volta, como não é errado querer recomeçá-la.

Apesar de ainda amar o sue pai, eu não posso perdoar o que ele fez a vocês, e agora eu estou com o Sasuke e não tenho intenções de viver agarrada ao passado.

Yukie sentiu alegria nos olhos perolados da mãe e sorriu de volta.

- Se está bem para você assim, eu vou respeitar a sua decisão. – não podia negar que estava aliviada.

_ Agora eu acho que tem alguém querendo brincar com você!- disse apontando a porta da casa com o olhar.

Yukie virou o olhar no exato momento em que o irmão se jogou no colo de Sasuke com um pulo um tanto exagerado. Sentia algo especial no namorado da mãe, algo que não podia explicar. Talvez a vida estivesse lhe dando uma segunda oportunidade de ser feliz.

Quando viu o moreno se abaixar e chamá-la com uma das mãos, a convidando para um abraço não pode resistir e como se o corpo tivesse vida própria, se pôs a correr em sua direção

Talvez fosse hora de tentar recomeçar novamente.

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Sakura não conseguia tirar um certo moreno de olhos ônix da cabeça, o que estava deixando-a louca. Pegou a filha e saiu para dar um passeio, era uma mulher casada e deveria parar de pensar em outros homens, mas quanto mais tentava mais parecia ficar presa a tentação.

Ao passar pelo antigo campo de treinamento, onde anos atrás havia estreado a sua carreira ninja não pode deixar de se sentir impressionada ao ver o motivo dos seus devaneios treinando com os enteados enquanto Hinata auxiliava.

O sorriso no rosto deles era cativante e encantador e o moreno a surpreendia a cada minuto com as suas demonstrações de afeto e paciência.

“O quanto havia mudado?”-essa pergunta lhe assombrava a mente todas as vezes que olhava para o novo Sasuke que não parava de sorrir em companhia a Hyuuga. Não podia deixar de se sentir com inveja dela, afinal sempre fora apaixonada pelo moreno desde que era pequena e vê-lo tão mudado e gentil com a rival lhe deixava a ponto de perder a cabeça.

Naruto também observava de longe a intimidade dos dois.

Sasuke ensina os dois com carinho e sempre que podia aproveitava para tirar uma casquinha de Hinata roubando-lhe um beijo, o que fazia os filhos rirem e ele pular de ciúmes.

Aquela era a família dele.

Os filhos dele.

A mulher dele.

Sentia-se o mais tolo dos homens por se deixar levar por esses sentimentos possessivos, afinal assim como a Hyuuga havia dito, a relação deles pertencia ao passado.

As vezes se pegava perguntando o que faria se pudesse voltar no tempo.

Viu Sakura próxima olhando para a mesma cena hipnotizada, e chegando furtivamente próximo ao seu ombro sussurrou em seu ouvido.

_ Acho que deve ser algo realmente muito interessante, para deixá-la com o queixo tão caído?

Sakura virou para ele e encarou seus olhos tristonhos.

_ Acho que nós dois perdemos.