O que você faz quando descobre que tem algum tipo de sentimento estranho – que não é raiva, nem nojo, nem etc. – pelo cara que você mais odeia na face da terra?

O que você faz quando você está presa com esse mesmo cara pelo qual você tem sentimentos estranhos em um banheiro minúsculo e sufocante?

O que você faz quando esse mesmo cara por quem você tem sentimentos estranhos e que está preso em um banheiro minúsculo e sufocante com você te beija?

Se você souber a resposta, me avise okay? Porque a minha cabeça ruiva parou de funcionar quando esse cara me beijou.

Eu nem parei para pensar que eu estava beijando James Potter. A única coisa que eu estava registrando no momento era a sensação de seus lábios nos meus e do rastro de calor que suas mãos trilhavam por meu corpo.

E eu deveria estar prestando atenção em outras coisas além disso.

Como por exemplo: Eu, Lílian Ruiva e Odiadora do Potter Evans, estava beijando James Potter em cima de uma pia – onde eu nem fazia idéia do que os usuários anteriores haviam feito ali – enquanto ele passava a mão por meu corpo.

Aos poucos, minha razão foi voltando para minha mente e eu arregalei os olhos ao perceber o que estava fazendo.

Empurrei o Potter para longe de mim e desci da pia, enquanto limpava minha boca e xingava até a última geração da família do Potter.

- O que houve ruiva? - Potter perguntou enquanto voltava para perto de mim.

- Não chegue perto Potter! – eu gritei assustando-o. – Fique longe de mim!

Eu deveria ter desenvolvido algum tipo de problema mental que obrigasse a pessoa que sofre essa deficiência a sentir algum tipo de atração pela pessoa que mais odeia no mundo. Deveria ser isso, porque eu não podia imaginar nada além disso que me fizesse fazer o que eu fiz! Porque beijar o Potter para mim – ao contrário das muitas garotas que correm atrás dele – é sinal de alguma deficiência mental muito grave. Gravíssima!

Ah meu Deus! Porque eu? Porque logo eu?

- Que isso ruiva? Não precisa ficar brava. Eu só beijei você porque você quis – Potter falou, enquanto bagunçava os cabelos em um modo muito seu.

- Em primeiro lugar Potter: é Evans para você e em segundo: eu não queria que você me beijasse!

- Então porque você me provocou?

- Eu não... Quer saber? Deixa para lá – eu me rendi e virei para o outro lado do banheiro onde, no chão, se encontrava um pacote colorido.

Fui até lá ver e encontrei um pacote de absorventes.

Huh?

You make me so hot, make me wanna drop… You’re so ridiculous, I can’t barely stop…

Meu celular começou a tocar e eu o peguei do bolso traseiro de minhas calças e olhei no identificador de chamadas: Lene.

Sabe quando você sente aquelas vontades assassinas de espancar alguém para logo em seguida arrancar pedaço por pedaço e queimar para que não sobre nem um restinho de uma pessoa?

Era exatamente o que eu estava sentindo nesse momento. Se eu tivesse o poder de entrar pelo celular e chegar do outro lado da linha eu teria feito isso.

E teria matado Lene.

- Lily! – exclamou a outra, toda saltitante.

- McKinnon – eu falei, minha voz estava rouca de raiva. Potter me encarou com medo do outro lado do banheiro.

- Hey, não fique brava não! Eu só retribui o favor – Lene riu e eu senti que estava espumando como um cachorro com raiva.

- Eu te odeio Marlene – eu disse devagar tentando infligir a maior violência possível naquelas palavras.

- Sabe que eu também te odeio pelo que você fez Lily, e como recompensa por isso eu só vou te soltar daí quando você e o James tiverem se acertado .

- Você não pode fazer isso comigo! – eu gritei. – Eu vou enlouquecer, entrar em depressão e vou acabar matando o Potter! E a culpada de tudo isso vai ser você!

- Se for de amor eu deixo você me matar Lil – Potter falou, sorrindo maliciosamente.

- AHHH, LENE POR TUDO QUE É MAIS SAGRADO, ME TIRA DAQUI!

- Não, muaháháhá! – Lene respondeu. – Tenha foco Lily! – Lene caiu na gargalhada.

- Do que você está rindo sua louca?

- Já imaginou? O Foco é o marido da foca? Há – e eu não agüentei mais e desliguei o telefone na cara dela.

Com uma amiga daquelas quem é que precisa de inimigo?

- Parece que a conversa não foi muito boa – Potter comentou, sentando no chão e tirando um pirulito do bolso da calça. – Quer? – me ofereceu.

- Não – respondi secamente.

- Que é isso que você tem na mão? – ele perguntou e eu olhei para baixo, vendo o pacote de absorventes.

- Absorventes – respondi.

Potter fez uma cara de nojo.

- Você está naqueles dias? – ele perguntou ficando vermelho.

- Isso não... Estou – respondi. Talvez se ele pensasse que eu estava naqueles dias não tentasse fazer nada.

Eu ficaria salva desse jeito. Se Potter não se aproximasse de mim, talvez eu conseguisse controlar essa minha nova deficiência mental descoberta recentemente.

- Você está mentindo – ele falou com certeza na voz.

- Que? – como ele poderia saber? – Claro que não estou mentindo – eu falei. – Afinal você nem faz idéia de quando isso acontece.

Fala sério, se nem eu sabia direito quando era meu ciclo, como Potter poderia saber? Se Lene não me lembrasse eu nem saberia que era ...

- Todo o final do mês – Potter falou, me deixando de boca aberta. – Você fica bem mais estressada nesses dias, com mais sono também, por isso sempre chega atrasada na escola nesse período. Sem falar que quando você mente enruga o nariz assim ó – e ele enrugou o nariz mostrando-me.

Minha boca deveria estar um perfeito ‘o’. Eu não sabia se eu ficava brava ou surpresa pelo fato de ele saber essas coisas sobre mim.

Pelo amor de Deus! Nem eu sabia que eu enrugava o nariz quando mentia! Tomara que minha mãe não saiba também, se não eu estou ferrada, mas...

O Potter saber, mesmo que fosse meio nojento, algo tão pessoal assim me fez perguntar-me quanto de tempo ele deveria passar me observando para descobrir isso.

Era fofo até, se eu fosse pensar bem...

Não! Lily foco! FOCO! Háháhá! Lene não deveria ter dito aquilo pelo telefone. Fez-me rir e o Potter me encarou como se eu fosse uma retardada. O que eu deveria estar parecendo mesmo já que apenas alguns segundos atrás eu estava surpresa pelo que ele havia dito.

Sacudi a cabeça.

- Eu poderia te denunciar por perseguição sabia, Potter? – eu falei, sentando-me no chão e tentando não pensar em como eu havia gostado de descobrir que ele sabia aquelas coisas sobre mim...

- E não faz isso porque me ama? – ele perguntou sorrindo esperançosamente.

- Não – ele parou de sorrir e estreitou os olhos. – Eu só não faço isso porque eu estou presa nesse banheiro com você – eu sorri.

Ele deu de ombros e desenrolou o papel que cobria o pirulito para logo pô-lo na boca.

Meu Deus que sexy! Calooor, muito calor!

Foco Lily, focooo, e a focaaaaa, e os foquinhoooos... Háháhá.

Nossa, eu definitivamente estava com algum problema mental grave.

Potter abriu o casaco e meteu a mão no bolso interno, tirando lá de dentro um pacote de cartas.

- Ta afim de jogar? – ele perguntou tirando as cartas do pacote.

- Não tem nada melhor para fazer mesmo – dei de ombros e sentei de frente para ele.

Ele olhou para mim novamente, com os olhos estreitos.

- Strip Poker? – ele perguntou sorrindo marotamente.

- Nem pensar – eu neguei.

Eu era muito boa jogando Poker – talvez por isso que eu não tinha nenhuma sorte no amor -, mas não estava nem um pouco a fim de ficar sem roupas na frente do Potter.

Ou o que era pior: ele ficar sem roupas na minha frente.

- Tudo bem, eu tenho algo melhor – ele falou, pondo a mão novamente no bolso e tirando uma garrafinha de inox onde deveria ter alguma bebida alcoólica.

- Quem perder em cada partida toma um gole – ele falou.

- O que tem ai dentro? – perguntei, um pouco receosa.

- Foi o Sirius quem me deu, não faço a menor idéia – ele falou dando de ombros.

Pensem no perigo que é jogar Poker com James Potter em um banheiro minúsculo e tendo que tomar algum tipo de bebida não identificada dada por Black a cada partida perdida.

Pensaram?

Porque eu não pensei na hora.

- Vamos começar? – eu perguntei e o vi sorrir.