Nunca, nunquinha. Jamé! Eu imaginei que iria acontecer o que estava acontecendo comigo.

Eu estava jogando Poker com James Potter. O idiota e completamente imbecil do Potter. Ou pelo menos era isso que eu achava há alguns minutos atrás. Porque agora... Potter havia passado de completamente imbecil para completamente bêbado.

James Potter estava podre de bêbado, deitado em meu colo e exclamava palavras tão disconexas que nem mesmo padre Quevedo iria querer exorcisar.

- Potter? - eu chamei pela enésima vez, sacudindo-o pelos ombros a fim de fazê-lo ter alguma reação que não fosse a de balbuciar coisas sem noção. - Potter! POTTER! Pelo amor de Deus, Potter, você está me ouvindo?

Potter piscou algumas vezes, seus olhos entrando e foco, e um sorriso bobo e idiota cresceu em seu rosto, como se ele tivesse vendo o sol pela primeira vez na vida.

- Lírio? - ele disse e eu revirei os olhos. Era o mesmo Potter imprestável de sempre, só que num nível um pouco mais avançado por causa da bebida. - É você?

- Não! Eu sou apenas um alíen com poderes metamorfos - eu disse sarcásticamente. Mas Potter não pareceu entender a brincadeira.

- Então cadê a Lily? O que você fez com ela? Irc - ele perguntou, suas palavras se arrastando, sendo pontuadas por um pequeno soluço.

- Eu sou a Lily - eu falei lentamente, como que para uma criança pequena.

- Irc... Lily? Oh meu Deus, a cada dia você fica mais linda - ele disse, aconchegando-se mais em meu colo.

- Ah, Deus, dai-me forças para aguentar isso aqui - murmurei, incrédula do que estava acontecendo. Potter deu mais alguns soluços enquanto olhava aparvalhadamente na minha direção e, de repente, desmaiou. - Potter? - eu perguntei. Nem sinal de vida.

Era só o que me faltava! Além de ter de ficar presa em um minúsculo banheiro com James Potter, ainda tenho que ficar com ele bêbado!
Me recostei na pia e fechei os olhos, um suspiro pesado saindo pela minha boca. Eu realmente pensei que Potter jogasse melhor. Mas ele perdeu a todas as partidas que nós jogamos. Todinhas!

E a cada gole que ele dava na garrafa ficava cada vez mais bêbado. O que me surpreendeu, porque a bebida que Black deu para ele deveria ser do capeta, porque senão, como Potter teria ficado neste estado?

Eu ajeitei minhas pernas de forma que a cabeça de James ficasse mais confortável e...

Nós temos um problema aqui.

Eu tenho certeza de que minha cabeça deveria estar com algum problema.

... a cabeça de James...

Ele não é James! Ele é Potter! POTTER! P-O-T-T-E-R! Não James!

... ficasse mais confortável...

Porque, diabos, eu iria querer que a cabeça de Potter ficasse mais confortável? Sinceramente, com aqueles cabelos, ele não precisaria nem de travesseiro.
Eu empurrei Potter para longe de minhas pernas e a cabeça dele bateu rudemente no azulejo do chão.

Acho que uma pontinha de arrependimento me atingiu, porque imediatamente eu fui até onde ele estava e virei seu rosto para mim. Graças a Deus, ele ainda estava com o rosto sereno, de alguém que bebeu demais e está dormindo.

Sentei-me ao seu lado, seu rosto virado em minha direção, e encarei o banheiro.

Era realmente uma linda visão, sabe como é...

Aquelas paredes brancas realmente muito interessantes e aquele piso branco de azulejo. Sem falar na pia completamente branca e alguns detalhes em branco nas portas dos boxes.

Era tudo realmente... Muito... Extremamente... Branco.

Era tudo branco demais. Nada de muito interessante para ocupar a minha mente. Nada para afastar meus pensamentos de... Focas! Focas! Em que mais eu poderia estar pensando não é mesmo? Focas... Coisas tão lindas e... Escuras e ... Mulheres do Foco.

- Meu Deus, isso é ridículo.

A quem eu estava tentando enganar? Eu não precisava mentir para mim mesma.

Eu estava tentando não pensa no Potter. O bêbado.

Eu baixei meus olhos para onde Potter estava deitado ao meu lado.

Seu rosto estava sereno, seu óculos tortos por causa da batida no azulejo. Seus cabelos emaranhados apontando para todos os lados e um resquicio de sorrisinho no canto de sua boca.

Assim, desse jeito, Potter estava completamente... Sexy.

E sim, eu realmente pensei nisso. Embora eu estivesse pasma demais comigo mesma para reagir de qualquer outra forma que não fosse ficar olhando para o ser que eu desprezava há algum tempo atrás.

Estendi minha mão, receosa, até os cabelos dele e não pude me surpreender mais: eles eram macios. Não o ninho de rato que eu pensava que fossem, mas macios. Suaves com seda.

Minha mão, inconscientemente, baixou até seu rosto e, quando dei por mim, desenhava seu rosto.

- Você não é de se jogar fora Potter - eu falei baixo. - Quero dizer, se você não fosse o idiota que você é, eu realmente gostaria de sair com você.

Eu tirei seus óculos de seu rosto e encarei.

- Hum, eu gosto assim, mas com os óculos você fica mais... sexy - eu repeti a palavra dando um sorrisinho. Eu jamais falaria uma coisa dessas se ele estivesse acordado. - Eu não vou negar, Potter, ultimamente eu venho sentindo coisas por você que eu nem imaginaria - eu desatei a falar, sentindo como se um peso estivesse saindo de mim por desabafar. Eu não dizia essas coisas nem para Marlene. - Toda vez que você está por perto, e eu fica incrivelmente tentada a aceitar a sair com você quando me pede para sair... Mas ai eu me lembro que eu não gosto de você, porque você é...

Eu paro de falar, pensando nos motivos de não gostar do Potter.

Porque eu não gostava do Potter?

Ele era idiota... mas todo mundo tem um momento idiota não é?

Mas ele era idiota o tempo todo.

Mas eu não posso fingir que eu não gostava de ser o centro das atenções por que James Potter estava atrás de mim...

Mas ele já saiu com quase toda Hogwarts. Você não gosta de garotos galinhas.

Ele não saiu com toda Hogwarts, e se eu não quis sair com ele, eu também não podia impedi-lo de sair com outras...

Você não suporta o risinho maroto que ele vive lançando para você.

Isso é mentira, eu acho ele extremamente bonito.

E nem daqueles olhares mais marotos ainda.

Isso é outra mentira, eu vivia tentada a esquecer que eu não gostava dele...

Okay, desisto. Mas você precisa admitir para você mesma o que está óbvio.

O que é que está óbvio? Não via nada óbvio.

Só porque ele tem um sorriso bonito - a cosa mais linda - e um olhar matador - que me faz derreter - não quer dizer que...

Não, isso não quer dizer que...

Não. NÃO! NÃO!

Não quer dizer coisa nenhuma.

Você não apenas gosta do Potter, você está apaixonada por ele...

- Eu... Eu estou apaixonada por você? - olho para Potter, que continua imóvel. Toco em meu coração que parece saltar só de olhar para o bêbado. - Ah meu... Ah meu Deus! NÃO! - eu grito, levantando-me em um salto e me encosto na parede mais distante de Potter.

A garrafa prateada de Black está caída perto de onde estava e eu fui até ela. Bebo um gole. E fica explicado o porque de James estar bêbado. Era Whisky de Fogo.

O negócio que não se explicava era o fato da garrafa estar cheia. Como se nada tivesse sido bebido até eu tomar um gole.

Lentamente eu soltei a garrafa na pia, sentindo todos os meus músculos tremerem numa onda de ódio tão grande que eu não fazia ideia de como o banheiro não havia explodido.

Foco Lily... Foco... E esqueça essa maldita foca!

Um riso histério escapou por minha boca e eu encarei o que iria ser um futuro cadaver.

- Eu... Não... acreDITO... POTTER! - minhas palavras se elevando até que eu estava gritando. - VOCÊ É UM ESTÚPIDO! COMO VOCÊ PODE? - eu fui até ele e dei um tapa em suas costas.

O imbecíl fingia muito bem, porque nem sequer se mexeu.

- E não finja que você está desmaiado porque eu sei que você não está! - eu disse dando-lhe outro tapa.

Mas ele não se moveu novamente e a raiva sumiu de meu corpo do mesmo modo que havia surgido.

- James? Ah meu Deus, James! Você está bem? - eu pergunto histérica sacudindo-o. Mas nem sinal.

Eu estava realmente entrando em colapso.

- James? Você não pode morrer agora - eu digo. - Não quando eu acabei de descobrir que...

- Você me ama?

- Que eu te amo... - eu repito.

- Que eu sou lindo?

- Que você é lindo...

- Que você sentiu ciúmes de mim com a Lorena na festa?

- Que eu... Espera ai! - eu me afastei dele sentindo-me uma idiota. - IMBECIL! COMO... EU ODEIO VOCÊ! - eu gritei, empurrando-o contra a pia e saindo de perto dele novamente.

James Potter estava sorrindo descaradamente em minha direção e completamente nenhum pouco bêbado.

Ele se ergueu do chão e veio em minha direção, encurralando-me contra a porta.

- Você me odeia? Tem certeza? - ele disse sorrindo. - Porque eu podia jurar que apenas alguns segundos atrás você estáva dizendo que me amava.

Eu gostaria de poder responder alguma coisa qualquer, mas a proximidade me deixava nervosa demais.

- Eu... é... Não! Você não... Errado - eu disse, agora quem balbuciava palavras disconexas era eu. - Foco, Lily - eu disse, balançando a cabeça e olhando para qualquer coisa que não fosse James Potter.

Mas era tudo tão branco e sem nada interessante.

Potter sorriu.

- Você me chamou de James - ele disse, recostando-se na pia. - E não tem como negar.

- Eu... - encarei os olhos avelãs de Potter e não pude deixar de notar o quão bonitos eles era. - er... eu não posso.

- E você me acha sexy - ele disse, seus olhos brilhando de diversão.

- Eu... - ah meu Deus, porque é que eu havia dito aquilo tudo? Eu deveria saber! Ele era James Potter, só o cara mais maroto e lindo... NÃO! Mais maroto e... o que é que eu estava pensando mesmo?

James Potter chegou mais perto de mim e se apoiou na parede ao meu lado. Uma de suas mãos passando por seus cabelos desarrumados e... Macios.

Ah! Eu deveria poder insultá-lo. Mas eu não conseguia achar insultos que coubessem À ele. Ele era só...

Melhor parar por aqui.

- Você tocou em meus cabelos e... - ele sorriu. - Disse que estava apaixonada por mim.

Maldita boca! Imbecíl, estúpida! Porque eu havia falado aquilo? Não! Isso era só um pesadelo qualquer, onde eu pensava que estava apaixonada pelo Potter mas ele não passava de um imbecil. Tinha certeza de que se eu me beliscasse eu iria acordar.

E foi o que fiz.

Mas eu não acordei coisa nenhuma.

Maldito Potter.

Ele pôs a outra mão do meu outro lado e sorriu, aquele sorriso maroto.

- E você quer me beijar agora - ele disse, seus olhos se estreitando de uma forma completamente... sexy.

E eu posso garantir que nem uma santa poderia ter resistido à isso.

Por que se eu, Lílian Evans, não resisti. O que será das outras, reles mortais?

Eu só sei que eu beijei o Potter.

Por livre e espontânea vontade.

E ele retribuiu.

- Você não pode dizer que me odeia depois disso - ele disse, sua voz rouca causando arrepios em meu corpo.

- Ah, eu posso - eu disse, minha voz tão rouca quanto a dele. - Eu odeio você, Potter - disse e ele sorriu.

- Eu acho que posso conviver com isso - ele disse e me agarrou novamente, suas mãos passeando por dentro de minha blusa, deixando rastros de calor por onde passava. Sua boca mordendo a minha e traçando beijos por meu pescoço até meu colo. E depois voltando. Me deixanto tão louca que poderia entrar em combustão.

Minhas mãos passeavam por suas costas também, arranhando-o, deixando-o tão arrepiado quanto eu.

James me agarrou pela cintura e me pos novamente em cima da pia, encaixando-se por entre minhas pernas.

Eu não pude evitar gemer.

Ele sorriu.

- Odeio você - eu sussurrei em sua orelha, fazendo seus pêlos arrepiarem.

A sua risada rouca veio um pouco antes de ele por suas mãos dentro de minha blusa, brincando com a barra de meu sutiã.

Mas um barulho na porta nos fez separar.

Uma chave passou por baixo da porta.

- Façam o que vocês bem entenderem com isso - eu ouvi a voz de Lene do outro lado.

- Pontas, você tá vivo? - a voz de Sirius.

- Cale a boca, Black, eles devem estar ocupados fazendo coisas mais interessantes do que te ouvir.

Os passos deles se afastaram, deixando o silêncio cair sobre o banheiro branco.

James foi até a porta e pegou a chave do chão. Olhou para mim por algum tempo antes de por a chave dentro de seu bolso traseiro.

- Se você quiser sair, vai ter que vir pegar - ele dissem o brilho maroto em seus olhos.

Eu sorri, nesse jogo, dois podiam jogar.

- Ótimo, estou louca para sair daqui mesmo - eu disse descendo da pia, ainda sorrindo. - Não aguento mais ficar presa com você - o sorriso safado surgiu nos lábios dele.

- Não pense que eu vou facilitar as coisas, Evans.

- Ah, eu não penso! - eu disse quando cheguei perto dele.

Mas a chave, ficou perdida e esquecida no bolso da calça.

E talvez eu continuasse a odiar o Potter por muito tempo.

FIM

Série Tentações: TENTANDO MEADOWES (CONTINUAÇÃO)

"O que você faria se estivesse presa em um banheiro com Remus Lupin?"

Série Tentações: TENTANDO MCKINNON (ANTERIOR)

"O que você faria se estivesse presa em um banheiro com Sirius Black?"