- Posso te fazer uma pergunta já que estamos trancados aqui e sem nenhuma perspectiva de sair?

- Você está sem perspectiva, porque você quer ficar preso aqui comigo. Mas se eu tiver que quebrar a parede para me ver livre de você é exatamente isso que eu irei fazer – eu respondi para o Potter, me erguendo da pia onde estava sentada.

- Você deve se sentir muito bem me pondo para baixo desse jeito, não é mesmo ruiva? – ele perguntou deitando a cabeça de lado e me encarando de olhos semicerrados.

- Eu me sinto ótima.

Ele riu. Aquele sorriso maroto completamente estúpido, que combinava perfeitamente com o jeito divertido de seu olhar.

E porque diabos eu estou prestando atenção no sorriso do Potter?

Eu heim.

- Eu devo ser masoquista para gostar também – ele falou chegando mais perto.

- Nada disso Potter, fique bem quietinho ai onde você está. Não pense em fazer coisas que não lhe cabem – eu falei o encarando com meu olhar assassino.

Potter ergueu as duas mãos como em rendição e se encostou na parede ao seu lado ficando apenas me encarando.

E seguiu assim por uns bons minutos, como se não tivesse nada mais interessante para fazer ali do que ficar me olhando.

Eu queria poder dar um soco em mim mesma só pelo simples motivo de ter ficado encarando-o também. Só porque os olhos dele eram de uma cor diferente de castanho e que a boca dele ficava sexy com aquele sorriso torto, não queria dizer que eu tinha que ficar olhando para ele também.

- Então, posso? – ele perguntou depois de algum tempo, me arrancando de meus devaneios.

- Ãhnm? – eu perguntei sem entender tentando me concentrar no que ele estava falando e não no modo em como a boca dele se mexia.

- Posso fazer uma pergunta a você? – ele perguntou parecendo achar divertido minha falta de atenção.

- Você acabou de fazer uma – eu respondi não dando o braço a torcer.

- Outra.

- Não tenho nada melhor para fazer mesmo – dei de ombros e me encostei na pia. – Diga.

- Porque você me odeia tanto? – ele perguntou fazendo uma carinha de cachorrinho sem dono que deu dó até em mim.

- Eu... Bom, eu não odeio você – eu comecei, mas ele me interrompeu.

- Então quer dizer que toda a humilhação pública e todo o seu desprezo por tudo o que falo não significa que você me odeia? – ele perguntou ironicamente.

- Eu só faço isso porque você merece Potter e outra, eu não...

- É James – ele me interrompeu novamente.

- Quer calar a boca e me deixar falar? – eu me irritei.- Eu não odeio você, são apenas as suas atitudes que me irritam. Ficar com um cara te importunando de quinze em quinze segundos não é legal. Especialmente se ele diz que te ama e sai com um milhão de garotas ao mesmo tempo – eu conclui erguendo uma sobrancelha.

- Eu não saio com um milhão de garotas – eu lancei um olhar cético para ele. – Só algumas. Mas isso não tem nada a ver – ele falou apontando o dedo para mim. – Você não me dá bola. O que você quer que eu faça? Vire um padre e não saia com mais ninguém? Eu não nasci para ser santo, eu apenas aproveito a vida já que a garota de quem eu gosto prefere panacas loiros e estupidamente arrogantes do que um James Potter Lindo e Sexy – ele piscou na última palavra.

- Do que você está falando? – eu perguntei confusa.

- Eu sei que você está saindo com Amus Diggory - ele falou como uma sentença para mim.

- Eu não estou saindo com ele – eu falei olhando para ele incrédula.

Como assim eu saindo com Amus Diggory? Eu prefiriria sair com o Potter ao invés daquele egocêntrico.

- Claro que está, a Lia me contou – ele falou tentando obviamente esconder o alívio.

- E como você pode acreditar em uma garota que te fala fofocas sobre mim enquanto vocês estão... Deixa para lá – eu parei antes de falar qualquer bobagem.

- Vocês estão... O que? – ele perguntou não deixando passar.

- Nada, esquece.

Nós dois ficamos em silêncio novamente e, para não ficar encarando-o, eu me concentrei no botão da minha blusa.

Eu fiquei lá, por não sei quanto tempo, apreciando o branco do botão até que o silêncio me incomodou.

- Porque você ficou quieto... – mas assim que ergui os olhos eu não vi o Potter em canto algum.

- Potter? – eu perguntei alto, olhando para os cantos à minha frente.

- É James – eu ouvi a voz dele atrás de mim. O que me fez gritar.

- AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH – eu berrei me virando de frente para ele e dando tapas em seus baços. – Seu energúmeno descerebrado! O QUE DIABOS VOCÊ ESTAVA PENSANDO? Meu Deus James, você quase me matou do coração.

Opa.

Eu disse James e não Potter. E isso foi um tremendo erro, porque o sorrisinho que estava estampado na cara dele me avisou que ele também percebeu.

- Você me chamou de James.

-Não, eu não chamei Potter.

- Chamou sim – ele falou pondo uma mão em cada lado do meu corpo, me prensando na pia.

- Noops, você ouviu errado. Eu disse Potter – eu respondi tentando empurra-lo enquanto eu também tentava não prestar atenção na boca dele que estava extremamente próxima a minha.

- Você disse James – ele riu encostando seu nariz no meu enquanto prendia minhas mãos que tentavam empurra-lo.

- Eu disse Potter, Potter,  Potter – eu falei num tom meio desesperado para sair de perto dele.

Santa protetora das ruivas em apuros, não me deixe cair em tentação.
Não me deixe cair em tentação.

Não me deixe cair...

- Se você falar Potter outra vez eu não me responsabilizo por meus atos – Potter me desafiou.

Eu odeio que me desafiem.

- Potter – eu disse lentamente.

- Eu avisei – ele falou antes de me por em cima da pia e me beijar.