Amanda estava pronta para ir embora do Olimpo e encontrar seus amigos no Acampamento Meio-Sangue, quando Nina a impediu de sair.

- Tudo bem. Não faça nada com Hera. – Cedeu Nina erguendo os braços no ar – Mas Ares ia nos matar! E ele é seu filho. Você pode muito bem brigar com ele.

Zeus olhou para Ares, mas antes que pudesse falar alguma coisa, ele se defendeu.

- Para começo de conversa, isso tudo é culpa de Hermes! – Exclamou o Deus da guerra apontando para o pai de Amanda.

- O que?! Como é que é?! – Perguntou ele surpreso.

- Se não fosse pela sua maldita trapaça, nada disso teria acontecido! Eu só ia empatar o jogo, seu trapaceiro. – Acusou Ares com raiva.

- A culpa é minha se a sua filha é idiota o suficiente para cair no meu truque? – Perguntou Hermes implicando com ele – O problema não é meu.

- Então a culpa não é minha se a sua filha cabeça de vento, e a amiguinha sem noção dela entraram no meu caminho! – Rebateu Ares – Não cheguei a matá-las, mas da próxima vez vou pisar nelas como se fossem baratas!

- Wow, calma aí, gente! – Falou Apolo tentando acalmar a situação – Temos mais problemas para nos preocupar. Os outros ainda estão no Mundo Inferior, e...

- Apolo, isso é culpa sua. – Comentou Ártemis.

- O que?! – Exclamou Apolo ofendido – Como isso pode ser culpa minha?!

- Eu falei para você não ajudar o seu grupo. Você sempre faz besteira, seu cabeça oca! – Falou Ártemis revirando os olhos – Se não se metesse no meio, talvez eles nunca pensariam em ir para o Mundo Inferior, e nunca ficariam presos lá.

- Você sempre se acha melhor do que eu, né? – Exclamou Apolo com raiva – Mas saiba que o seu grupo não conseguiu ir á lugar nenhum, porque a sua caçadora traiu os outros!

- Ela não traiu! Ela escolheu o melhor lado, só isso. – Respondeu ela cruzando os braços.

- Traiu sim, e você sabe! – Insistiu Apolo – E acabou prejudicando o filho de Dionísio e a filha de Afrodite.

Ártemis revirou os olhos sem ligar. Ela ia dizer que eles dois poderiam se virar sozinhos muito bem, quando Afrodite resolveu entrar na confusão.

- Não pense que eu não sei como as suas caçadoras tratam os meus filhos. – Disse a Deusa do amor incomodada – Vivem achando que eles são inúteis, e nunca aceitam ajuda deles! Humpf. Rita se saiu melhor do que o seu timinho.

- Nunca! A culpa não é minha se seus filhos são fúteis! – Exclamou Ártemis.

- Nem todos eles são fúteis! – Protestou Afrodite – A maioria pode ser, mas tem exceções, sabia?! Sua grossa!

- Vocês não deveriam estar brigando por causa disso. – Interveio Atena – Apolo tem toda a razão. Se nos desconcentrarmos das nossas metas, nunca vamos conseguir...

- Uh, falou a sabedoria! – Zombou Ares revirando os olhos – Acho que temos mais é que discutirmos isso logo de uma vez por todas, e mostrar quem é o grupo perdedor.

- Você é sempre um grande idiota. – Falou Atena – Brigar o tempo todo não leva em nada, seu imbecil!

- Não em chame de imbecil, traça de livros! Se você é uma sabe tudo tão inteligente, porque não ajudou o grupo da sua filha, hein? Deixou o trabalho todo para nós! – Exclamou Ares.

- A procura era delas, e não nossa. Eu ajudei na medida do possível, diferente de você que resolveu mudar o rumo da missão. – Respondeu Atena.

- Desculpa, mas ele está certo, Atena. – Comentou Poseidon – Você fica sempre com essa pose de superior, mas nunca faz nada direito para ajudar.

- Ah, e você acha que mandar o grupo procurar em uma praia é ajudar! – Rebateu ela irritada – Se toca, Poseidon! Você também não tem nada na cabeça!

- Isso é besteira. Todos nós sabemos que o grupo vencedor é o do meu filho. – Comentou Dionísio.

- O grupo dele desistiu. – Comentou Hermes.

- Ele só reavaliou os objetivos a serem cumpridos. – Corrigiu Dionísio fingindo ser muito inteligente.

- É um eufemismo para fugir. – Retrucou Hermes.

Dionísio olhou para ele por uns minutos, e todos ficaram em silêncio para ouvirem o que ele diria.

- O que é um eufemismo? – Perguntou.

Atena deu um tapa na própria testa, e Hermes começou a rir. Dionísio deu de ombros e começou a beber Diet Coke. Zeus bufou de raiva e olhou para os Deuses de seu lugar privilegiado.

- Escutem todos. Chega dessa confusão sem sentido. – Disse ele em um tom pesado e severo – O grupo vencedor é o da minha filha, já que eles acharam os meio-sangues perdidos.

- O que?! Só porque é o grupo da sua filha! – Protestou Poseidon – Pelo menos o grupo da Natália não perdeu ninguém.

- Isso foi uma fatalidade! – Rebateu Zeus.

- Isso aconteceu, por isso elas perderam! – Protestou seu irmão.

- Eu acho... – Amanda falou baixinho e não esperando ser ouvida, mas todos os Deuses pararam e olharam para ela. A filha de Hermes olhou para Nina e depois para eles. Um pouco sem graça por ser o centro das atenções tão repentinamente, ela continuou – Não... Não querendo discordar com ninguém... Mas... Acho que o nosso grupo perdeu.

Ares apontou para Hermes com um sorriso triunfante.

- Na sua cara! – Exclamou ele.

- Por que você acha isso?! – Quis saber Hermes olhando para a filha.

- É, Amanda! Isso não tem sentido! – Exclamou Apolo sem entender. 

- Nós achamos sim os meio-sangues perdidos, mas nós nem mesmo paramos para pensar que eles poderiam ser os traidores. Acabamos perdendo os outros por causa disso. – Falou ela calmamente – O outro grupo se tocou que era muito mais importante proteger o Acampamento do que se arriscar na busca.

- Faz sentindo. – Confirmou Atena.

- Ou seja, nos ferramos de novo. Ótimo. – Nina deu de ombros – Eu não ligo se a gente ganhou ou não. Eu quero é que meu pai faça alguma coisa agora! Não fuja do assunto!

Zeus coçou a barba um pouco, e depois olhou para Ares.

- Você realmente criou muitos problemas. – Disse Zeus em um tom duro – Vai pedir desculpas para elas.

- Isso! – Exclamou Nina fazendo pose de “fuck yeah”.

- E vai levá-las novamente para o Acampamento para redimir seu comportamento. – Concluiu Zeus. Amanda e Nina arregalaram os olhos uma para as outras.

- Ahm... Acho que a gente fica só com a parte das desculpas. – Comentou Amanda – É sério. Acho que Ares não precisa se incomodar com o nosso transporte.

Ares riu um pouco da idéia, e abriu um sorriso para as duas.

- Ah, eu ínsito. – Disse ele sorrindo. Amanda e Nina sabiam muito bem que Ares planejava mentalmente uma morta lenta e dolorosa para elas. Provavelmente envolvendo bastante sangue também.

- Pai... Se ele nos levar, não sei se chegaremos até lá. – Comentou Nina tensa – Eu aceito só as desculpas.

- Nina, é justo que ele tenha o seu castigo. – Falou Zeus sem mudar a opinião – E também, não era isso que você queria?

- Não. Eu queria que Hera fosse atingida por um raio, e que Ares levasse umas boas palmadas. – Sussurrou Nina no ouvido de Amanda.

- Deixa que eu faço isso agora mesmo. – Disse Ares se levantando calmamente. Zeus ergueu uma sobrancelha e resolveu fazer um último comentário.

- Ares, sem matá-las. – Disse Zeus. O sorriso do Deus da guerra diminuiu um pouco, mas algo parecia ainda parecer bom para ele.

- Tá. – Disse ele simplesmente. Amanda olhou fixamente para o Deus da guerra que se aproximava cada vez mais dela e de Nina, e então lembrou-se de algo.

- Jura pelo Estige, Ares? – Perguntou Amanda. Ares parou de andar e fuzilou ela com um olhar de raiva. Sua tranqüilidade tinha sumido. Ele fingiu que ela não tinha dito nada, e continuou andando – Eu perguntei se você jura. Jura, Ares?

- Ares? – Perguntou Zeus.

- Eu odeio você. – Disse Ares com raiva – Tá! Eu juro pelo Estige! Argh!

- Amandinha, você acabou de nos salvar. – Comentou Nina dando alguns tapinhas no ombro de sua amiga – Acho que você pode ir no banco da frente do carro.

- Vai você no banco da frente! – Exclamou Amanda – Eu vou chegar lá primeiro!

A filha de Hermes virou-se e saiu correndo. Nina ao notar isso, saiu correndo atrás dela, já que não queria de jeito nenhum ficar do lado de Ares no carro.

- Ei! Volta aqui, sua malandra! – Exclamou Nina correndo atrás dela – Só porque você corre, não quer dizer que eu vou ficar no banco da frente!

- Vai sim! Filhos de Hermes tem vantagens! – Exclamou Amanda quase saindo da sala – Tchau, pai! Tchau Deuses!

- Filhos de Zeus mandam na parada! Volta aqui! – Exclamou Nina correndo atrás dela – Tchau Zeus!

- Não corram na minha casa! – Berrou Zeus com raiva, mas elas já tinham saído da sala. Hermes e Apolo reprimiram um riso, e Ares revirou os olhos.

- Argh... Lá vou eu... – Resmungou ele.

- Cheguei! – Exclamou Amanda parando na porta do carro. Nina veio correndo alguns minutos depois, e Amanda riu dela. Gostava de ser filha de Hermes, pois sempre que alguma coisa dava errado, ou que um monstro aparecia, ela conseguia sair correndo e chegar na frente das pessoas. E isso sem se cansar.

- Eu... Se for para eu sentar na frente, eu vou á pé. – Disse Nina sem fôlego encostando na porta do carro.

Amanda olhou para o veículo. Antes aquilo era um moto, provavelmente. Mas estava mais do que na cara que só podia ser de Ares, pois sobre a pintura preta tinham milhares de labaredas vermelhas. O carro era Mustang. Amanda ia tentar arrombar a porta, mas assim que tocou o seu canivete no bolso da calça, Ares apareceu.

- Vamos ás regras, suas pestes. – Rosnou ele. Amanda e Nina se viraram e olharam para o Deus da guerra, que estava de braços cruzados para elas – Não sujem, arranhem, manchem, rabisquem, ou estraguem o meu carro de nenhum jeito, entenderam? Senão...

Ares estalou todos os dedos da mão, e Nina e Amanda sentiram um pouco de medo.

- Ok... Acho que eu já conhecia as regras. – Comentou Amanda, lembrando-se da vez em que Ares guiou sua equipe. Ele quase teve um ataque quando o vidro do carro foi quebrado em uma perseguição.

- Ótimo. Nem pense em arrombar a porta também, sua ladrazinha. Controle as suas mãos compulsivas. – Alertou Ares apontando para ela. Amanda riu sem querer, e Ares ergueu uma sobrancelha para ela. A filha de Hermes virou-se para Nina – Está rindo de que?

- Nina... Eu tenho mãos compulsivas. – Riu Amanda de um jeito distraído e aéreo. A filha de Hermes estendeu as mãos e começou mexer as mãos no ar, como se fossem passos de dança. Nina começou a rir daquilo, e tentou imitar.

Ares olhou para elas sem acreditar e depois para a rua ao redor. Ainda estava de noite, mas se tivesse alguém na rua iria achar muito estranha aquela cena. Um motoqueiro fortão, parado perto de duas garotas que faziam movimentos estranhos com as mãos no ar.

Ele deu um tapa na própria testa.

- Só entrem na droga do carro, e finjam não existir! – Reclamou ele abrindo a porta. Amanda deu de ombros e entrou. Nina a seguiu. As duas acabaram sentando no banco de trás. Assim que Ares sentou-se no banco do motorista e fechou a porta, Nina e Amanda começaram a conversar.

- Espera... Não era para o grupo da Mariana estar aqui? – Perguntou Amanda sem entender.

- A sabe tudo Junior e a garota-alga se mandaram. A minha filha, eu deixei no Acampamento logo depois que vocês idiotas encerraram a missão. – Contou Ares de mau gosto.

Nina e Amanda afundaram-se no banco do carro. Elas queriam ficar acordadas, mas acabaram caindo no sono.

Elas só foram acordar horas depois, quando o carro começou a tremer.

- Ahm... – Gemeu Nina depois de acordar. Ela olhou em volta e endireitou a sua postura. Ainda estava no carro de Ares, mas a paisagem lá fora era outra – Nós... Estamos chegando?

Ela teve que cerrar os olhos um pouco, pois estava muito claro lá fora. Ares estava dirigindo ainda, mas não tinha notado que elas tinham acordado.

- Ares? – Chamou Nina. Ela pensou em esticar a mão para tocar seu ombro, mas tinha medo dele arrancá-la fora com os dentes – Ei! Estou falando com você!

- Que? O que foi? – Perguntou ele distraído. Ares olhou rápido para trás e viu que Nina estava acordada. Amanda estava começando a se mexer novamente – Ah, ótimo. Vocês acordaram.

O sarcasmo dele fez Nina sorrir.

- Ah, no fundo você gosta da gente. – Disse ela, e sem querer tocou o ombro do Deus da guerra, que virou para trás e olhou em seus olhos.

- Tire a mão de mim, sem noção. – Falou ele em um tom ameaçador.

- Ou não. Enfim... – Comentou Nina tirando a mão de lá bem rápido – Onde estamos?

- Long Island. – Respondeu Amanda em um bocejo. A filha de Hermes olhou em volta, e parou seus olhos no pé de Nina. Amanda começou a rir um pouco – É, eu também acho. Mas é o jeito, né?

- Com quem você está falando? – Perguntou Ares sem entender.

Amanda apontou para o pé de Nina. A filha de Zeus olhou para o seu próprio pé e riu. Ela o colocou encima do banco do carro, e começou a mexê-lo.

- Olá, Amanda. Eu sou o pé da Nina. Como vai a sua fucking vida? – Perguntou ela com uma voz grossa forçada. Amanda riu um pouco.

- Não é com o seu pé. É com o Felix. – Disse Amanda limpando os olhos. Nina arregalou os olhos para o pé, e notou que por debaixo da bainha de sua calça, a cobra apareceu.

- Cacete! – Exclamou Nina assustada. A cobra acabou sendo lançada sem querer para frente, e caiu no colo de Ares.

- Ei! – Berrou Ares ao levar o susto. Ele pegou a cobra e jogou para trás novamente, mas quase foi mordido – Tire esse negócio daqui!

- Felix, você está bem? – Perguntou Amanda segurando ele.

- Estou tonto... Mas eu quase mordi ele pelo menos. – Comentou a cobra – Humpf. Ele devia ser grato á mim. Eu poderia ter contado para todo mundo que ele usa cueca com corações.

Amanda começou a rir desesperadamente. Nina olhou para ela sem entender, mas acabou rindo só de ver a cena. Ares olhou para as duas.

- O que é tão engraçado, suas esquisitas? – Perguntou ele.

- Nada não... – Mentiu Amanda, mas então contou no ouvido de Nina. A filha de Zeus riu mais ainda, e Ares trincou os dentes.

- Então calem as bocas! – Exclamou Ares com raiva.

- O senhor que manda... Coração. – Respondeu Nina lançando a indireta. Ares franziu o cenho, mas não entendeu. Ele continuou dirigindo.