- Que droga! – Reclamou Mateus. Era muito mais difícil acertar os monstros quando eles estavam em movimento. Apolo acelerava cada vez mais, o que fazia Flávia se perguntar o quanto aquele carro poderia correr.

- Vamos subir! – Pediu Rhamon ao ver que Mateus não conseguiria acertar os monstros.

- Como assim subir? – Perguntou Apolo.

- Voar! – Exclamou Rhamon – Faz o carro voar!

- Aaaah, ta. – Assentiu Apolo entendendo. Ele puxou o volante e o carro começou a se afastar do chão da rua. Os monstros aos poucos ficaram para trás. Quando eles estavam a uma boa distância fora da ameaça de monstros, Mateus relaxou novamente no banco.

- Ufa... – Suspirou ele – Achei que não íamos conseguir.

Flávia também relaxou um pouco, mas Rhamon não. Ele não estava nem um pouco relaxado, e não ia ficar.

- Ok. Já chega. – Disse ele olhando para seus amigos e para Apolo – Cansei de ficar procurando em lugares completamente estranhos. Parece que estamos brincando de cabra-cega ou coisa parecida. Nunca vamos achá-los. Não desse jeito.

- Mas... – Apolo foi interrompido.

- Você disse que achava que sabia onde eles estavam. – Falou Rhamon – Isso foi que disse para nós quando fomos para Boston! Mas quer saber de uma coisa? Aposto que Hermes, Zeus ou Hades disse a mesma coisa para Amanda, Rodrigo e Nina. Aposto que Ares, Atena e Poseidon também deviam saber onde eles estavam. E também aposto que Ártemis, Afrodite e Dionísio também. Todos vocês dizem isso, mas ninguém sabe realmente onde eles estão, não é?!

Apolo diminuiu um pouco a velocidade.

- Não é verdade. Eu... – Apolo franziu o cenho, mas acabou ficando mudo por alguns segundos – Não. Sinto muito. Foi só... Um palpite. Por algum motivo estranho... Ninguém sabe onde eles estão.

- Nós temos sempre essa sorte. Somos cercados por “motivos estranhos”. – Disse Rhamon – Vamos parar para pensar agora... São quatro grupos ao todo. Para onde cada um deles foi?

Flávia olhou para trás com a resposta. De repente... Ela sentia para onde eles tinham ido.

- Mariana, Bia e Natália tinham ido para a Flórida, mas não acharam nada lá. Hermes enganou elas entregando um suposto mapa, mas isso levou elas para San Francisco, a terra dos monstros. Agora estão indo para Phoenix. – Contou Flávia.

Rhamon arregalou os olhos para ela, e Mateus também ficou surpreso.

- Como sabe disso?! – Perguntou Mateus.

- Continue. – Disse Apolo achando aquilo completamente normal – Você sabe disso, por causa da vidência. Agora... Continue.

Flávia assentiu.

- Bruna, Vinícius e Rita estavam indo para o Arizona, procurar os meio-sangues nas florestas e nas reservas florestais, mas Bruna deixou eles dois para ficar com as caçadoras. Agora ela continua com Ártemis indo para o Arizona, enquanto Rita e Vinícius estão em algum lugar no Tennessee.

- Bruna deixou eles? – Perguntou Rhamon.

- É. Eu... Sinto isso. – Assentiu Flávia, mas logo continuou a contar – Amanda, Rodrigo e Nina foram para Madison, em Wisconsin. A terra do queijo, celeiro da América. Mas... É o lugar favorito da Hera, por isso eles se deram mal. Ela transformou a Nina em um hamster, e eles tiveram que fugir...

- Hamster?! – Exclamou Mateus – Como assim um hamster?!

- Ela... É isso que eu vejo. – Disse Flávia, mas então franziu o cenho – Hamsters são cópias baratas de esquilos. E... Eles fedem.

- Continuando... – Pediu Rhamon ignorando o quanto aquilo era estranho – Para onde eles foram depois de Madison?

- Eles foram para Chicago. Tiveram que enfrentar Ares em uma fábrica de sardinha. Mas... Acho que agora eles estão bem. – Disse Flávia.

- Então... – Rhamon parou para pensar – Ah. Não tem como pensar assim... Alguém tem uma moeda? Podemos ligar para eles.

- Tranqüilo. – Disse Apolo jogando um dracma para Rhamon. O filho de Deméter pegou-o, e tirou de sua mochila um pequeno prisma, que tinha escolhido levar justo para se precisasse fazer uma ligação de Íris. Assim que jogou o dracma como oferenda, a imagem de Amanda e Rodrigo sentados no chão de uma fábrica de sardinha apareceu – Ei! Gente... Que isso, Amanda?!

- Ahm... O que? – Perguntou ela olhando para a ligação de Íris, e depois para o seu braço esquerdo – Ah... É o Felix. É uma cobra verde que nós achamos no caminhão do zoológico... Espera! Gente! Vocês estão bem?!

- Ahm... É. Estamos. – Assentiu Rhamon ainda tenso com aquele bicho – E como vai a Nina?

- Ela virou um hamster! A Hera ficou com raiva dela e fez isso, agora ela é pequena, peluda, fedida, e... Opa. Ignore a parte do fedida, Nina. Você é o hamster mais cheiroso que eu já vi. – Sorriu Amanda segurando ela – Mas... Ela sabe voar, sabiam? Assustou Ares e tudo!

- Porra! Um hamster voador! Deve ser hilário! – Riu Mateus.

- Grande coisa... – Resmungou Rodrigo – O que vocês querem? Acharam os meio-sangues sumidos?

- Não. – Disse Rhamon – Vocês têm um mapa por aí? Precisamos traçar um novo rumo...

Amanda olhou dentro de sua mochila, e Rodrigo fez o mesmo, mas eles não acharam nada.

- Droga... Acho que algum cão infernal deve ter comido. – Resmungou Rodrigo – Mas não tem problema. Amanda tem o mapa de qualquer lugar na cabeça. Fala com ela.

- Não é verdade. – Falou Amanda – Bem... Mas eu posso tentar.

- Certo. Quero que pense bem nesses lugares... – Falou Rhamon – Madison, Chicago, Tennessee, Arizona, Phoenix, San Francisco, New York, Flórida, Boston, e... Acho que é só.

- Ok. – Assentiu Amanda.

- Agora... Qual é a parte do mapa que foi mais marcada? – Perguntou Rhamon – A que nós mais procuramos.

- Uhm... – Amanda levou, ao contrário do que todos esperavam, pouco tempo para pensar – Nós fomos a quase todo o Leste do país. Uhm... Parte o sul. E um pouco dos cantos do Norte.

- Falta quer parte agora? – Perguntou Rhamon.

- O... Oeste. – Disse ela – Mas... Para onde vocês vão ao oeste?

Rhamon parou para pensar.

- É muito chato ficar pensando em um rumo, se você não sabe quem você está procurando. – Disse Rhamon – Eu não sei. Onde vocês acham que deveríamos ir?

Amanda parou para pensar, mas foi Rodrigo quem teve uma idéia.

- Pega o seu msn de papel. – Disse ele – Hermes deve ter dito alguma coisa sobre a direção.

Amanda colocou a mão na mochila, e tirou de lá o pequeno bilhete de seu pai. Quando o abriu, viu que a mensagem tinha se alterado, mas aquilo não ajudava em nada.

- Aqui diz: “Dei um mapa mágico para o grupo da Mariana. Ele leva diretamente para os lugares com mais monstros. Há há. Espero que isso ajude vocês. Boa sorte... Hermes.” – Leu Amanda, e então começou a rir – Há Há! Eu amo o meu pai! Esse malandro!

- Que sacana! – Exclamou Rodrigo, mas ele se controlava para não rir – É bem feito para a Mariana! Fica se achando a fodona... Agora quero só ver! Se ferrou!

- Há Há! – Riu Apolo do banco da frente – Hermes e seus truques! Adoro ver ele aprontando com os outros!

- Desde que não seja comigo... É realmente legal. – Confirmou Mateus – Eles se ferraram.

- É, mas acho que foi por causa disso que Ares quis nos matar. – Comentou Amanda – Ah. Ele é um mal perdedor.

- Bem... Aquilo foi trapaça. Isso é feio, Mandis. – Disse Flávia do banco da frente.

- Tsc. Trapaça é só um método alternativo para obter o sucesso, á partir de um fracasso provocado. Não é nada demais. – Disse Amanda com sorriso inocente.

- Filha de Hermes. – Riu Apolo – Você é a cara dele!

- Obrigada, Apolo. – Disse Amanda como se aquilo fosse um grande elogio – Mas... Para onde vocês vão agora?

Eles pararam para pensar. Nenhum deles tinha uma boa idéia de para onde ir. Traçar um rumo daquele jeito parecia bem vago, pensava Rhamon. Não tinha como eles acharem os meio-sangues, se parecia que eles estavam procurando com vendas nos olhos.

- Tem que ser um lugar que ninguém foi! Algum lugar que as pessoas nunca pensariam em ir. – Disse o filho de Deméter – Nós procuramos em quase todos os cantos do país, mas não achamos ninguém!

Todos ficaram em silêncio. Aquilo era verdade.

Eles poderiam procurar de canto em canto, mas duvidavam que iriam encontra-los assim tão facilmente.

Foi aí que Rhamon pensou.

- Espera... – Disse ele de repente – Todos disseram para nós que Percy Jackson foi ao Mundo Inferior resgatar os meio-sangues. Mas... Eles se perderam quando estavam saindo de lá, certo? – Eles assentiram em silêncio, mas ainda não entendiam onde Rhamon queria chegar – E se eles nunca saíram do Mundo Inferior?!

- O que? – Perguntou Amanda com uma voz fraca.

- Sim. – Afirmou Rhamon animado com sua idéia – Nós poderíamos procurar em todos os lugares dos Estados Unidos, mas nunca os acharíamos. Na hora da fuga, quando estavam com o Percy, eles devem ter ficado para trás.

- Percy saiu, e pensou que eles tinham saído também... – Concluiu Amanda.

- Mas na verdade, nunca deixaram o Mundo Inferior! – Exclamou Rodrigo.

Apolo ficou de queixo caído.

- Brilhante! – Exclamou ele – Você é genial, Rhamon!

- Valeu. – Disse ele humildemente, mas depois abriu um sorriso no rosto – Há Há! Seus losers! Vocês são um bando de burros!

- Cala essa boca. – Resmungou Rodrigo – Mas como vamos para o Mundo Inferior? Na verdade... Onde fica o Mundo Inferior?

Apolo abriu a boca para responder.

- Fácil. Fica em...! – A voz dele foi cortada – Jogue mais uma moeda para uma ligação de 5 minutos.

- Porra! – Exclamou Rodrigo – Justo na hora...!

- Calma... Vamos dar um jeito de ir até lá. – Disse Amanda – Olha na mochila de Nina e vê se o bilhete de Zeus mudou.

Rodrigo mexeu em sua mochila e pegou o bilhete. O filho de Hades abriu-o, e leu o que estava escrito.

- A nova mensagem... É... – Rodrigo franziu o cenho para o papel – “Está tudo pronto para vocês. Viagem com cuidado, e... Você voltará a ser humana, Nina. Não se preocupe. Uma hora ou outra... Boa sorte, Zeus.”.

- Está tudo pronto, é? – Perguntou Amanda – Ahm... O que está pronto?

- Sei lá! Parece que os Deuses foram reprovados na alfabetização! Não conseguem nem escrever direito! – Reclamou Rodrigo – Que merda! Porque que não falam a porra da mensagem inteira?! Ficam enrolando a gente, e acabamos ferrados em uma fábrica de sardinha tendo que tomar conta de um hamster!

Amanda pegou a mochila de Nina e procurou lá dentro. A filha de Hermes achou algo que não estava lá antes, e quando viu o que era abriu um sorriso.

- Olha! – Exclamou Amanda para Rodrigo – São...!

- Passagens de avião? – Perguntou Rodrigo olhando os papéis em sua mão – Mas... Para onde nós vamos com elas?

- Los Angeles. – Disse Amanda lendo nas passagens. Ela olhou para Rodrigo – Vê se o seu pai escreveu alguma coisa para você.

Rodrigo pegou seu bilhete incrédulo, mas no fundo ansioso para ver se realmente tinha ganho uma mensagem nova (e dessa vez decente) de seu pai. Ele tirou o bilhete da mochila e leu.

- “O Mundo Inferior fica em Los Angeles. Na placa de Hollywood. Boa sorte.” – Disse a mensagem. Rodrigo amassou o papel e jogou na mochila – Ah! Que droga! Ele só disse isso!

- Já ajudou bastante. – Disse Amanda levantando-se – Vamos direto para o aeroporto, senão vamos perder o vôo.

- É. Não temos nada melhor para fazer, né? Malditos... – Resmungou ele se levantando também.

Amanda franziu o cenho.

- Espera... São só duas passagens. – Disse Amanda mostrando os papéis.

- E o que que tem? – Perguntou Rodrigo.

- Mas e a Nina? – Perguntou Amanda.

- Quer comprar passagem de vôo para um hamster? – Perguntou Rodrigo olhando para ela – Animais não contam. Na verdade... Eles nem deviam ir em aviões. Vamos ter que escondê-la, ou...

- Ou o que? – Quis saber ela.

- Ou podemos deixar ela ir andando até lá. – Sugeriu ele.

- Estamos em Chicago! E ela é um hamster! – Protestou Amanda – Deixa de ser retardado!

- Eu sei. Seria só um jeito de torturar ela. – Comentou ele encolhendo os ombros – Mas já que você é uma estraga-prazeres... Vamos.

- Idiota... Se você fizesse isso, eu te denunciaria por maus tratos aos animais. – Disse Amanda.

- Maus tratos?! Ares quase esmagou esse hamster umas quinhentas vezes, e você me denunciaria?! – Reclamou Rodrigo.

- Ares está acima da lei. Quem prenderia um motoqueiro violento que nem ele? – Respondeu Amanda – Agora... Qualquer um poderia prender um esquizofrênico.

- Vai se ferrar. Eu vou mais é maltratar esse bicho mesmo! – Exclamou ele.

Amanda esticou o braço e Felix ficou bem perto de Rodrigo, que parou imediatamente.

- Aí o Felix vai te maltratar. – Sorriu Amanda – Não é mesmo, Felix?

- Posso morder ele? Posso? Por favor! Você não deixou antes, mas agora...! – Pedia a cobra, mas Amanda disse que não.

Ela o colocou novamente na mochila e deixou a fábrica de sardinhas para trás. Ela e Rodrigo teriam um grande caminho pela frente...