Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 45
Jogando sujo


Notas iniciais do capítulo

Aviso: Vocês sentirão muita raiva nesse capítulo.



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Nós estávamos saindo do restaurante. Pude notar que os homens continuavam olhando para mim por causa da mágica de Afrodite, mas eu não estava mais ligando para aquilo. Ainda me sentia triste por alguma coisa.

Quando chegamos a porta do restaurante, eu bloqueei o caminho com a mão para que Ares não passasse. Ele estava logo atrás de mim.

Olhei para ele. Nós dois tínhamos passado o café da manhã inteiro em silêncio, sem dizer uma mísera palavra, após eu ter dito que iria embora mesmo.

- O que foi? – Perguntou ele depois de alguns minutos.

- Eu não sou sua. – Comentei devagar - E nem nunca vou ser.

Ares assentiu devagar.

- Ok. – Disse ele encolhendo os ombros sem ligar – Até por que... Eu também não sou seu.

Franzi o cenho e acabei soltando minha mão, liberando a passagem. Ares saiu do restaurante e eu fui atrás. Estávamos no longo gramado que ficava entre o restaurante e a piscina, quando Ares parou e olhou em volta.

- Uhm... Para onde vamos agora...? – Murmurou ele para si mesmo.

Olhando para Ares eu só conseguia me lembrar daquele beijo, e das coisas que ele dissera. Até mesmo das ruins.

Parei para pensar. Será que eu era mesmo uma pessoa... Com pouca determinação? Eu era uma medrosa que não conseguia enfrentar os próprios problemas e vivia fugindo? Aquilo estava mexendo com a minha cabeça.

- Então? – Perguntou Ares impaciente – Terra para Alice! Droga! Acorda! Estou falando com você há vários minutos!

- O que? Ahm? – Fiz piscando os olhos. Olhei para Ares, que estava de braços cruzados olhando para mim – O que foi?

- Perguntei se você prefere ir para a quadra, a piscina, ou para o lago. – Repetiu ele em um suspiro.

- Ahm... Sei lá. – Dei de ombros – Acho que... A quadra.

Ares confirmou, como se ele também achasse aquela a melhor opção. Nós dois andamos em silêncio para a quadra de esportes. Lá tinha uma grande quadra, com marcações de basquete, futebol, e tênis.

Uma rede estava enrolada no canto da quadra, caso as pessoas quisessem jogar vôlei ou algo do tipo.

Olhei para uma estante de metal com várias bolas diferentes. Algumas raquetes, e até mesmo luvas especiais estavam lá para que as pessoas pegassem.

- Uhm... Acho que uma luta seria covardia demais... – Riu Ares pensando alto. Ele olhou para mim com um sorriso maldoso, mas eu ainda estava distraída – Ei, idiota! Estou falando de você! Pelo menos finja estar ofendida, droga.

- Nem mesmo ouvi o que você disse direito. – Comentei indo em direção ás bolas da estante – O que vamos jogar?

Houve um momento de silêncio. Virei-me para ver se Ares ainda estava ali, e me deparei com um de seus sorriso maldosos.

- Ahm... Não gosto nada disso. – Falei desconfiada.

- Vamos praticar esgrima. – Disse ele fazendo sua espada surgir. Ele a usou para cortar alguns pontos invisíveis no ar, e depois olhou para mim esperando uma resposta – Então? Está pronta? Não vou esperar para sempre.

- Isso é para mostrar que você ainda me odeia? – Perguntei pegando o meu grampo de cabelo que virava uma espada – Já que insiste...

Eu estava prestes a quebrá-lo para que a lâmina mágica crescesse em minha mão, mas eu me detive. Olhei com mais atenção para o grampo.

Era pequeno e metálico. Quase não dava para notar quando eu estava usando. Eu me lembrei do dia em que o ganhei.

Eu. Encurralada no corredor da casa do Ares, enquanto ele se aproximava cada vez mais em minha direção, com a mesma espada sangrenta que ele estava segurando naquele momento.

Lembrei de como eu me senti perdida quando vi que Hermes tinha me dado só um grampo para lutar contra aquela muralha que era o Ares. Lembrei de como conheci o Ares. Ele aumentando cada vez mais aquele maldito som, enquanto eu queria dormir.

Lembrei de como eu conheci o Apolo. Ele aparecendo como mágica na calçada com aquele lindo conversível e falando comigo em japonês. Lembrei de como conheci o meu pai. Ele me entregando uma carta, e tentando descobrir se eu sabia da verdade.

Aquilo tudo parecia ter acontecido há anos atrás, e não há... O que? Meses no máximo? Todos os problemas que eu arranjei, que tornaram a minha vida um inferno, surgiram há pouco mais de um mês. Se é que não foi há menos.

- Oi! Dá para pegar a espada ainda hoje, ou está difícil?! – Perguntou Ares impaciente – Que foi, Kelly?! Não consegue nem mesmo quebrar um grampo de cabelo?!

Levantei os olhos para ele, e uma idéia passou por minha mente.

- Você. – Falei franzindo o cenho – Foi tudo culpa sua.

- O que? – Perguntou ele sem entender.

- Se você não ouvisse aquele som alto no meio da noite, nada disso teria acontecido. O castigo de Zeus, os cães infernais... Eu... Eu ter conhecido o Apolo. – Citei o último item com certa dificuldade – Você tornou a minha vida miserável desde o maldito momento em que eu te conheci.

Ares olhou para mim sem entender.

- E daí? – Perguntou como se eu estivesse dizendo o óbvio – Vai lutar hoje ainda, ou...

- Você não dá a mínima para ninguém, não é? – Interrompi ele – Depois daquela sua maldição, eu não tive paz nem por um mísero segundo. Você tinha até esquecido disso, não é?

Ares parou para pensar.

- Não. Eu me lembrava. – Confirmou ele – Agora você vem ou não?

- Pode ter certeza que eu vou. – Confirmei correndo até ele já com a minha espada na mão. Tentei acertar um golpe nele, mas Ares desviou. Tentei novamente, mas ele bloqueou e me empurrou para trás.

Sem perder o equilíbrio, eu voltei a atacá-lo, mas ele deu um golpe que fez eu largar minha espada. Quando ela bateu contra o chão, eu olhei para ele. Ares riu um pouco.

 - Você está muito estranha hoje, sabia? – Disse ele.

- Eu só parei para notar algumas coisas. – Comentei.

- Ah, claro. Tipo... Se você não tivesse me conhecido, sua vida seria muito melhor. É nisso que está pensando? Pode esquecer. Teve sorte de me conhecer, Kelly. Senão ainda estaria se escondendo debaixo do sofá com medo de cães infernais. – Riu ele – E não ainda pensar que se não tivesse me conhecido, você não teria conhecido o Apolo também. Eu não tenho culpa se ele fez o que fez. Sou um homem inocente.

Revirei os olhos, e senti que ele tinha me atingido em um ponto sensível.

- Então... Eu sou mesmo assim? – Perguntei olhando para o chão. Ares não entendeu o que eu quis dizer – Eu... Não enfrento meus problemas e ponho a culpa nas outras pessoas?

Olhei para Ares, e notei que ele estava olhando para mim também. Ele revirou os olhos, e soltou um suspiro pesado. Depois ele riu, um pouco tenso.

- Você não devia levar a sério o que um cara bêbado fala. – Comentou ele.

- Podia estar bêbado, mas eu duvido que você estivesse mentindo. Acho... Acho que você foi bem sincero aquela ontem. – Falei olhando para ele. Ares desviou o olhar e fitou o céu.

- Eu não estava... Você só... Ah. – Ele revirou os olhos sem paciência consigo mesmo – Você põem a culpa em mim o tempo todo, mas eu também ponho a culpa em você. Isso é normal. Você não é uma covarde só por causa disso.

- por causa disso. – Repeti – Quer dizer que... A outra coisa que você disse. Sobre eu não ter determinação...

- Isso... Também é mentira. – Falou ele – Talvez só um pouco seja verdade, mas... Não. Se não tivesse determinação, você não teria se vestido como eu e tentado bater no Jake para conseguir a minha espada de volta. Mesmo eu dizendo que foi culpa minha... Você foi lá e deu um jeito. Isso mostra que eu estou errado.

- E... E isso leva até a última parte. Você disse... Que tinha sorte de me ter por perto, de vez em quando. – Comentei. Ares pareceu com raiva de ouvir aquilo, mas não reclamou – Ares... Quando eu for embora... Você vai ficar sozinho. Não vai ter ninguém para...

- Você acha que eu preciso da ajuda de uma pirralha como você? – Ele me interrompeu irritado – Estou pouco me ferrando se você vai embora. Na verdade, quero mais que vá mesmo. Suma de Jersey, e deixe eu curtir minhas férias em paz.

Fiquei quieta. Olhei para minha espada no chão e tentei pegá-la novamente, mas Ares pisou nela e a chutou para longe. Olhei para ele.

- Você é que tem sorte de me ter por perto. Por exemplo... Quem mais te explicaria que você é uma inútil lutando com uma espada? – Comentou ele – Posso te dar umas boas lições, Kelly.

Ares fez sua própria espada sumir, e olhou para mim.

- Luta com espadas, não se resume ás mãos. Boa parte dela tem a ver com os pés, mas pouca gente sabe disso. – Explicou Ares. Ele ficou parado e mandou eu fazer o mesmo. Ajeitei-me em pé de maneira casual – Por exemplo... Quando o oponente avança, você tem que prestar atenção no movimento dele.

Ares pisou com o pé direito para frente, colocando-o perto dos meus pés.

- O que eu faço? – Perguntei.

- Escolhe. Vai avançar? Pense bem. Eu estou bem na sua frente. – Disse ele apontando para seu pé com os olhos. Eu recuei com o pé esquerdo, e Ares riu – Garota esperta. Agora...

Ele avançou novamente, e eu recuei com o pé direito. Nós ficamos nos esquivando um do outro com os pés por alguns minutos. Até que eu dei um passo para trás e bati com as costas contra a grade da quadra.

- E agora? O que você vai fazer? – Perguntou ele com um sorriso triunfante. Seu pé direito tinha avançado, e seu pé esquerdo estava bloqueando o caminho.

- Eu... Faço isso. – Respondi. Pulei com força encima dos dois pés de Ares, e ele exclamou surpreso.

- Ai! Não pode fazer isso! – Reclamou ele. Eu ri, e ele negou com a cabeça – Se eu tivesse com uma espada, atravessaria a sua barriga com ela. Não pode avançar se está encurralada!

- Tanto posso, que fiz. – Comentei saindo de perto dele. Eu fui para perto da minha espada e fiz ele voltar a ser um grampo. Eu estava prendendo-o ao cabelo, quando vi algo que me prendeu a atenção.

- Garotinhas como você não entendem nada de uma boa luta. Estou dizendo que...! – Eu interrompi Ares.

- Aquela garota. – Falei apontando para longe.

- O que tem ela? – Perguntou Ares sem entender.

- Ela... Ela estava com o Apolo. – Falei franzindo o cenho.

- E... Você quer ficar olhando ela? – Perguntou ele ainda sem entender.

- Não! É que... Olha com quem ela está. – Falei apontando. Ares forçou a vista para ver, mas quando notou arregalou os olhos.

- Jake?! Ele não tinha se mandado? – Perguntou ele.

- Não. – Respondi olhando para ele. Jake movia seus dedos tranquilamente na frente do rosto da garota, que parecia completamente hipnotizada por ele. Foi aí que eu entendi o que ele tinha feito – Ele... Usou ela para...?!

- Estragar tudo entre você e o Apolo? Uhm... Acho que sim. – Concordou Ares olhando para Jake.

POV Ares

- Mas isso não é nada demais. É só você se controlar, e esquecer o Jake e... – Parei de falar quando vi o que Alice estava fazendo – O que...?! Wow! Calma aí!

- Miserável. – Disse Alice rangendo os dentes. Ela estava com seu arco e flechas na mão e mirava na direção de Jake. Arregalei os olhos e segurei a arma dela – Solta!

- Não vai adiantar nada se você fizer isso. – Disse tentando evitar uma briga. Se bem que... Seria divertido ver a cabeça de Jake ser atingida por uma flecha.

- Ele me fez brigar com o Apolo! De novo! – Exclamou Alice com raiva – Tudo bem que Apolo teve culpa, por não ter tentando evitar aquilo, mas... O Jake...! Argh!

- É. Ele é um verme. Mas... Matar ele só vai piorar a situação. – Comentei, mas depois franzi o cenho – Espera. Eu é que estou falando isso? Que bizarro.

Alice escapou de mim e foi em direção ao Jake. Depois da andar um pouco, ele estava a poucos metros de nós.

- Pode ir agora. – Disse ele estalando os dedos. A garota assentiu com um ar sonolento e foi embora. Alice soltou uma flecha e ela passou raspando pelo rosto de Jake. Ele olhou para frente e nos viu – Ah, ótimo. Vocês dois de novo.

- Eu é que deveria dizer isso! – Reclamou Alice – Você mandou ela beijar o Apolo na festa?!

- Quem? Ela? – Perguntou Jake apontando o dedão para a garota que tinha ido embora – Uhm... Deixa eu lembrar... Sim. Eu tinha que separar vocês dois, senão as minhas chances de você pegar a espada para mim diminuiriam. Só negócios, Alice. Não leve para o lado pessoal.

- Bem, eu só vou atravessar sua testa com uma flecha. – Disse Alice sorrindo – Nada pessoal, Jake. Só negócios.

Alice lançou outra flecha, mas Jake conseguiu desviar. Antes que ela pudesse lançar outra... Algo estranho aconteceu. Uma flecha quase acertou a Alice. Ela olhou para a direção em que ela havia sido lançada, e viu alguém se aproximando.

- Há! Bem a tempo. – Riu Jake.

- Quem é?! Mais uma mortal manipulada por você, seu sujo? – Perguntou ela com raiva.

- Não. Digamos que uma Deusa quer resolver uns assuntos inacabados com você. – Disse Jake com um sorriso – Um lance com um arco.

- Espera... Ártemis?! – Exclamou Alice arregalando os olhos, mas então olhou para Jake novamente – Foi você que roubou o arco dela para me ferrar, não é?

- Incrível como você entende tudo tão rápido. – Riu Jake – Tenha um bom dia.

Jake saiu correndo. Alice tentou acertá-lo, mas ele já estava longe e ela ainda tinha que se defender da rajada de flechas que Ártemis lançava.

- Para o chão! – Exclamei jogando-a contra a grama.

- Ah! – Exclamou ela ao sentir uma flecha passar raspando por sua cabeça – Essa foi por pouco!

- Fique abaixada até Ártemis chegar. – Avisei – É melhor poupar energias. Ela vai reclamar bastante. E... Você terá que salvar a sua pele.

- Como sempre. – Completou ela.

Eu ri.

- É. Como sempre. – Confirmei. 


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Notas finais do capítulo

Ártemis revoltada... Brigas com o Apolo... Tudo culpa do Jake!

Garoto irritante, não?

Espero pelos reviews de vocês!

Vamos ver o que vai acontecer no próximo... Tam tam tam taaam!