Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 43
Sem noção


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...

Está um pouquinho longo, mas acho que o final vai deixar vocês de boca aberta.



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Risadas ecoavam no bar. Todos estavam bebendo, cantando e conversando sobre assuntos sem sentido nenhum. Infelizmente... Eu estava dentro desse grupo de pessoas.

Como? Bem... Vou contar desde o começo...

Logo depois de eu e Ares ficarmos de pé novamente, e depois da multidão aplaudir e tudo mais... Nós nos sentamos nos bancos do bar. Não teria como irmos embora com todas aquelas pessoas encima de nós.

- Você luta muito, hein? – Comentava um dos motoqueiros tensos para Ares – Chutou aquele garoto para longe!

- É. Muitos anos de prática. – Comentou Ares dando de ombros sem ligar. Convencido...

- Ei, você. É Alice, não é? – Disse um dos caras chegando perto de mim. Ele segurou o meu queixo e puxou meu rosto para sua direção, analisando-o – Conheço esse seu rostinho de algum lugar.

- Ah! Você é aquela garota! The Runaways, né? – Disse um dos caras – Sua voz é incrível!

Joguei minha cabeça para trás e tampei os olhos. Alguns caras concordaram e começaram a cantar “Cherry Bomb”, e outros pediram para que eu cantasse novamente. Ares riu do meu lado.

- Sinto muito. Chega de shows por hoje. – Disse para eles. Virei-me para o balcão, e pude ouvir alguns suspiros desapontados. Cherry Bomb... Tsc.

- Aí! Manda dois whiskeys com gelo. – Pediu Ares para o barman que tinha chegado só agora. Olhei para ele franzindo o cenho.

- Dois? Eu não quero beber nada. – Falei.

- Quem disse que era para você? Eu tive uma droga de noite longa, e pelo menos quero terminar do jeito certo. – Rebateu ele.

- Bebendo até não agüentar mais? – Conclui.

- Isso mesmo. – Confirmou ele. O garçom mandou os dois copos para ele, A res pegou um. Olhei para um dos copos e franzi o nariz levemente. Ares viu isso, e depois de tomar um gole grande, olhou para mim – Forte demais para você, Filhinha de Hermes?

- Não é forte demais. É só que... – Ia dizer que nunca tinha tomado um daqueles antes, mas ele me interrompeu.

- Não é coisa para criancinhas. – Riu ele tomando mais um gole. Parei para pensar. Eu também tinha tido uma droga de dia. De mal á pior. Cada mísero segundo que eu passara naquele hotel tinha sido um lixo, tirando as vezes em que me encontrei com Apolo na praia, mas mesmo assim eu sabia que não iria repetir aquilo novamente.

Sem pensar muito, eu estiquei a mão e peguei o segundo copo antes de Ares. Sem deixar ele ter a chance de arrancá-lo de mim, eu tomei um gole grande. Bati o copo no balcão e fiz uma careta.

Aquilo era realmente forte. Ares começou a rir da minha cara.

- Sabia que você não agüentava! – Riu ele olhando para mim – Está quase morrendo, Kelly!

- Estou bem, idiota. – Resmunguei tentando me recompor – Eu só... Só provei um pouco demais.

- Provou? Nunca tinha bebido isso antes? – Riu ele sem acreditar – Isso só mostra mais ainda que você é uma pirralha.

- Sinto muito se não sou uma boêmia que bebe Whiskey toda noite. – Disse levantando os braços em sinal de rendição – É a primeira vez que eu provo isso.

- HUmpf. Fraca. – Disse ele pegando seu copo novamente. Antes de beber ele olhou para mim – Não vai terminar o seu primeiro copo de Whiskey?

Olhei para o copo, e assenti. Eu e Ares bebemos juntos o resto dos nossos copos, e colocamos eles encima do balcão. Eu estava me acostumando aos poucos aquela bebida, mas não sabia se conseguiria bebê-la naturalmente até o fim da noite.

- Trás mais dois. – Disse Ares – E vamos logo com isso!

- O que?! Mais dois? – Exclamei virando-me para ele – Eu... Realmente, não quero mais.

- De novo... Quem disse que era para você? Você já roubou o meu último copo. – Disse ele em um resmungo – Fica quietinha. Seja uma boa garota e não me irrite até eu querer ir embora daqui.

- Uma taça de vinho. – Pedi para o garçom. Ares quis rir da minha cara, mas eu revirei os olhos sem ligar. Assim que ele chegou com a minha taça de vinho, eu estendi a mão para beber. Mas... – Ei!

Ares pegou-a da minha mão e virou-a em um gole só. Cerrei os punhos com raiva, e reclamei com ele, mas ele não ligou.

- Isso foi por ter me roubado. – Disse ele com um sorriso maldoso – Se deu mal.

- Idiota! – Reclamei, mas isso só o fez rir. Assim que o garçom colocou os dois copos de Whiskey no balcão eu roubei um novamente e o bebi. Foi a vez de Ares reclamar, mas eu não liguei. Após fazer uma careta por causa da grande quantidade de álcool que tinha naquela bebida, eu ri dele – Quem se deu mal agora?

Nós ficamos nessas por alguns minutos. Sempre que o garçom mandava um copo de vinho, e dois de Whiskey, eu roubava o um de Ares e ele pegava o meu. Isso se repetiu umas... Dez vezes.

É. Deu para entender o que eu tinha dito antes sobre eu estar no grupo das pessoas que estavam rindo e conversando sobre coisas sem sentido, certo?

- Há Há! – Riamos eu e Ares. Eu tentei parar e respirar novamente, mas ele continuou rindo. Olhei para ele e ele olhou para mim. Ares estava completamente bêbado, mas eu não podia dizer nada diferente sobre mim. Com dificuldade ele me fez uma pergunta – Sobre o que estamos rindo mesmo?

Senti vontade de rir novamente, e não consegui me controlar.

- Eu não sei. – Respondi enxugando uma lágrima do riso. Ares riu mais ainda, e todos os caras que estavam perto de nós riram também. Eu era, praticamente, a única garota daquele lugar, mas isso não estava me incomodando no momento – Acho que vou morrer de tanto rir.

- Você não pode morrer. – Comentei ofegante.

- É. – Confirmou ele também ofegante – Mas... Se pudesse, gostaria de morrer de tanto rir.

- É. Parece algo feliz. – Disse. Nós nos olhamos por alguns segundos, e depois continuamos a rir desesperadamente – Feliz! Não acredito! Há Há!

- Você quer me matar, não é Alice? – Ria ele desesperado.

- Alice... – Repeti vencendo os meus risos. Ainda estávamos sentados nas cadeiras do balcão, e eu me joguei para o lado, confortando-me contra seu braço. Ares parou de rir aos poucos também e ajeitou seus braço para que eu ficasse confortável – Você está realmente bêbado. Me chamou até de Alice.

- E você está contra o meu braço. Quem diria, hein? – Disse ele com um sorriso torto no rosto. Ares tomou a última gota de whiskey do copo e o bateu com força no balcão – Manda mais dois!

- O que? Ah, não... – Disse com uma voz manhosa e com um sorriso no rosto – Desse jeito você não vai nem enxergar o caminho para casa!

- Nós estamos no hotel, então é o caminho para o quarto. – Corrigiu ele com um riso – Mas mesmo assim... Não posso ficar pior do que isso. Manda outros!

Assim que os dois copos chegaram, eu estendi minha mão debilmente e o peguei. Ares fez o mesmo com o dele, e nós matamos metade do copo com um gole só. Ares ficou mexendo com o copo, brincando com o whiskey, e resolveu fazer alguns comentários.

- Sabe, Alice? Acho que você me odeia de coração. – Comentou ele – Se eu te chamo de Filhinha de Hermes, você reclama. Se eu te chamo de Alice, você reclama. Se eu falasse baixo, você falaria alto. Se eu falasse 8, você falaria...

- Oitenta. – Sorri para ele.

- Branco.

- Preto. – Respondi.

- Velho.

- Novo.

- E se eu falasse que gosto de você?

- Diria que você está bêbado. – Comecei e rir e ele também, confirmando.

- Sim, eu estou! Um brinde á isso! – Comemorou com uma exclamação animada. Ares e eu batemos nossos copos no ar, brindando a nossa falta de noção momentânea e bebemos o resto do Whiskey. Ares jogou o copo sobre o balcão e abriu a jaqueta – Agora começou a esquentar.

- Aham. – Concordei tirando a camisa extra que estava usando. Ela tinha escrito “Está olhando o que?” na frente, e era do Ares. Os homens ao meu redor começaram a rir. Eles estavam bêbados também, e sorriam para mim como se eu fosse namorada deles.

- Podem ir tirando os olhos. Ela já é minha, otários. – Disse Ares. Ele colocou a mão na minha cintura e me puxou para mais perto dele. Eu estava tão afetada pelas bebidas que só consegui rir daquilo.

- Então eu sou sua é? – Comentei olhando para ele, e arqueando uma sobrancelha – Não sabia que gostava de pirrlhas.

- Claro que gosto! – Mentiu ele rindo – Por que acha que não?

- Uhmm... Então um brinde a isso? – Eu ri pegando mais um copo, e Ares riu também. Ele assentiu, pegou outro copo, e nós brindamos no ar. Juntos exclamamos – Um brinde!

Um dos motoqueiros pegou uma guitarra e começou a tocar uma música que eu reconheci muito bem.

- Rain fall down! – Exclamei com um sorriso no rosto – Rolling Stones!

- Você conhece é? – Disse Ares rindo, e eu confirmei – Tsc. Duvido que consiga cantar!

Comecei a cantar a música, e Ares me acompanhou. Nós dois acabamos contagiando as pessoas ao redor, pois todo o bar começou a cantar conosco. Depois de alguns minutos, nós dois nos empolgamos e subimos no balcão, cantando ainda mais animados. Até alguns passos de dança foram feitos.

Quando a música terminou, Ares desceu do balcão e segurou minha cintura novamente. Ele me girou no ar, e depois me pôs no chão. Minha cabeça estava se movendo á mais de 150 km/h, mas eu me sentia bem. Nós dois rimos mais um pouco, e eu olhei para a porta. Encima dela tinha um relógio.

- Não sei se estou enxergando bem, mas... Já são 2 da manhã. – Disse eu virando-me para Ares, que tinha sentado em um dos bancos novamente – Vamos, briguento. Está na hora de voltar.

- O que? Aaaah, não! – Disse ele como se fosse uma criança – Vamos ficar aqui!

- Já passamos boas horas fingindo ser boêmios. Agora vamos. – Disse eu tentando puxá-lo, mas eu estava tão mole, que não consegui – Se você não vier, eu vou sozinha.

- E se eu te prender aqui? – Disse ele. Ares puxou-me pela cintura novamente e me forçou contra seu corpo. Alguns motoqueiros começaram a rir, mas eu não liguei. Ares olhou nos meus olhos. Nossos rostos estavam incrivelmente perto um do outro – E agora? Vai fazer o que?

- Você está com cheiro de álcool. – Comentei olhando nos seus olhos – E uva. Roubou o meu vinho, seu desgraçado.

- Estamos juntos, não? Sua ladrazinha. É tudo meio a meio. – Disse ele em um tom tão baixo e sussurrante quanto o meu. Coloquei minhas mãos sobre seu peito e o empurrei para trás. Ares acabou me largando e eu consegui escapar – Sem graça! Vamos cantar mais um pouco.

- Estou cansada de música. – Falei revirando os olhos.

- Está cansada do Deus da música. – Corrigiu Ares com um sorriso torto. Senti uma leve dor no peito, mas tinha certeza de que doeria muito mais se eu não estivesse completamente bêbada.

- Estou cansada de tudo. Vou para o quarto, com ou sem você. – Sorri para ele, mas não estava mais tão feliz. Virei as costas e saí do bar. Pude ouvir os motoqueiros protestando e pedindo para eu ficar mais um pouco, mas não dei-lhes ouvido.

Tinha acabado de sair do bar, quando notei que Ares estava me seguindo.

- Você é realmente muito lesada. – Disse ele atrás de mim, mas eu não quis me virar para vê-lo. Dava para notar que ele tinha chegado no nível “hora de brigar” da escala do álcool em excesso – Ao invés de curtir e esquecer o Apolo, você prefere voltar sozinha para o quarto só para poder choramingar! Isso é patético, Kelly.

- Sabe o que é patético? Ficar vigiando a ex namorada só para ver o que ela está fazendo com o marido dela! – Virei-me com raiva. Eu também tinha atingido o mesmo nível que ele – Aí depois, resolver que vai para um bar beber até não agüentar mais só para poder não se lembrar de nada no dia seguinte!

- Olhe para o seu estado, e me diga se tem realmente o direito de reclamar comigo. – Disse ele rindo – Você está péssima, Kelly. Na verdade... Você é péssima.

- Eu sou péssima?! Se eu estou assim, é por culpa sua! – Exclamei de volta.

- Claro! Você é sempre assim, e isso me irrita! – Reclamou ele olhando bem para mim – Sempre joga a culpa encima de outra pessoa, porque você é a toda especial Alice Kelly que é sempre a vítima da situação! Mas sabe o que eu vejo quando olho para você? Uma pirralha sem nenhum senso de direção que faz escolhas ao acaso, torcendo para que a sorte esteja do seu lado! É uma pena que nunca está.

- O que?! – Exclamei incrédula – Eu não...!

- E tem mais! Além de se fazer de vítima sempre que alguma coisa dá errado, você não faz absolutamente nada para melhorar a situação. – Completou ele gesticulando com as mãos.

- Como assim que não faço nada?! Isso é mentira! – Exclamei irritada – Eu fiz você perder aquela droga de espada, e ainda vim aqui para pegá-la de volta! Chama isso de nada?!

- Isso não era problema seu! Eu entreguei a espada, porque eu quis! Foi para salvar a sua vidinha miserável. Você deveria estar beijando os meus pés nesse momento, mas deixemos isso de lado. – Disse ele dando um passo em minha direção – Você nunca faz nada. Um bom exemplo é o que aconteceu com Apolo.

- Cala a boca. – Disse recuando um passo.

- Você viu ele com outra garota, e não fez nada para mudar a situação. – Continuou ele. Tampei os ouvidos para fugir do assunto.

- Cala a boca! – Exclamei fechando os olhos.

- Você deixou que ele ficasse com ela, e simplesmente cedeu espaço! Deixou tudo daquele jeito e foi embora! Você só sabe fazer isso, Kelly! Fugir! Fugir de todos os problemas! – Completou.

- Cala a boca!- Gritei com raiva, mas senti meus olhos se encherem d’água. Ares notou isso, pois acabou parando de falar. Eu franzi o cenho com força, tentando controlar o meu choro, mas aquilo não estava adiantando muito. Limpei meus olhos com a ponta dos dedos e virei meu rosto para longe dele.

- Está chorando? – Perguntou ele hesitante, e talvez um pouco preocupada. Mas o seu tom autoritário e determinado ainda estava em suas palavras – Encare os fatos de verdade, e pare com isso. Siga em frente, ou lute pelo que você quer.

- Lute! Claro! – Exclamei controlando o meu choro – É fácil para você falar de mim, mas a última coisa que você está disposto a fazer é olhar-se no espelho!

- Como é que é? – Perguntou ele com raiva.

- Sabe o que você representa?! É horrível! As brigas, as lutas, as guerras, as mortes violentas... Tudo isso! Essas coisas são odiadas pelas pessoas por milhares de anos, e não adianta tentar dizer o contrário. Eu odeio as brigas! Odeio as guerras! Toda essa violência desnecessária só serve para a sua própria diversão egoísta. – Exclamei com toda a minha raiva – Você se importa por acaso com as pessoas que se machucam com tudo isso?! Acho que não, não é?!

- Se você acha que...! – Ares foi interrompido por mim.

- Eu acho que você deveria passar menos tempo me culpando por evitar brigas, e mais tempo se preocupando com o efeito que você causa nas pessoas! – Completei – Você é realmente o pior, Ares. E sempre vai ser!

- Você não tem a mínima idéia do que eu realmente represento, Kelly! – Rugiu ele chegando mais perto de mim – Você acha que a guerra se resume á violência e agressões?! Então você é mais lesada do que eu imaginava! As pessoas que vão para a guerra, as pessoas que lutam, todas elas tem uma coisa que você nunca terá! Determinação. Elas sabem exatamente o que querem e lutam por isso. Não tem medo de saírem machucadas na tentativa de alcançarem seus objetivos, ou seus sonhos se quiser que seja mais poético.

Eu e Ares estávamos nos encarando bem perto um do outro.

- Eu represento a determinação também, mas duvido que você tenha parado para pensar nisso. – Disse ele com uma voz normal agora – É mais fácil apontar as coisas que você odeia, não é? Pirralha.

Engoli em seco. Nunca tinha parado para pensar nele daquele jeito. Minha raiva desapareceu, mas pude ver que a de Ares também. Podia sentir que os meus olhos voltavam a ficar um pouco molhados, mas me contive para não chorar.

- Odeio você. – Disse para ele.

- Eu também de odeio. – Respondeu ele.

E a última coisa que eu me lembro era eu puxando a gola da jaqueta dele, ele a gola da minha camisa, e nós forçando nossos lábios um contra o outro.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

A briga deles foi tensa, né?

Vamos ver no que isso dá no próximo capítulo!