Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 19
Onde fica o McDonnald?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo, pois eu morri de rir escrevendo.



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“Eu... Preciso dizer uma coisa para você. Andei pensando bem, e...” Ele desviou o olhar e seu rosto ficou levemente vermelho.

“O que foi? Quer desistir do plano?”

Ele respirou fundo e virou-se.

“Eu gosto de você. Mesmo.” As palavras saíram de sua boca como um relâmpago. “Acho que no fundo eu sempre gostei de você, mas nunca parei para reparar isso. Eu... Haja o que houver... Quero que saiba disso.”

Aquilo foi realmente lindo.

A emoção do momento seria maior e duraria mais, se não fosse pela tosse alta de Ares. Olhei para ele.

“Sh! Tem gente querendo ver o filme!” Reclamei.

“Foi mal. Engasguei com a pipoca.” Respondeu ele sem ligar.

Na tela do cinema (sim, era o cinema Holly Lake) passava o que eu achava ser um filme de romance. Cerca de vinte pessoas estavam sentadas nas fileiras da frente (eu e Ares sentamos na penúltima) e assistiam o filme com muita atenção.

Achava que só teria cenas românticas, mas de repente um bando de zumbis apareceu e começou a atacar o casal do filme. Todas as pessoas gritaram de susto, mas Ares começou a rir.

“Adorei!” Riu ele apontando para a tela. “Olhe para a cara dele! Parece até que é um casal de garotas! Há Há!”

Revirei os olhos. Eu admito que levei um leve susto ao ver aquela cena, mas tentei disfarçar para que ele não notasse.

“Claro...” Concordei. “Acho que isso acontece quando um zumbi tenta desmembrar um cara.”

Ares virou-se para mim ainda rindo e arqueou uma sobrancelha.

“Vai dizer que você ficou com medinho?” Perguntou ele. “Acho que esse filme é pesado demais para você. Classificação 16 anos deve ser muito alta para a filhinha de Hermes.”

“Eu não me assustei.” Respondi simplesmente.

“Não, espera...” Ares franziu o cenho. “Acho que esse filme é para 18 anos...”

“Eu tenho 19, Ares.” Comentei.

“Não mentalmente.” Riu ele comendo mais um pouco de pipoca. Ele virou-se novamente para a frente e voltou a ver o filme.

Soltei um suspiro. Pelo menos ele não ficou implicando comigo. Ainda bem que não conseguiu notar que eu tinha me assustado.

Eu estava pensando nisso, quando a cabeça de um zumbi foi arrancada por outro com os dentes. Foi uma das piores cenas que eu já vi, por isso instintivamente tampei os olhos com as mãos.

“Há! Eu sabia!” Riu Ares do meu lado. Abri os olhos e vi que ele me olhava para mim do mesmo jeito que alguém olha para uma cena de comédia que já viu milhões de vezes, mas sempre ri. “Aaaw, calma, benzinho. Os zumbis malvados não vão pegar você.”

“Vai se ferrar.” Resmunguei cruzando os braços e olhando para o outro lado.

Ares continuou rindo. O único anormal do cinema que estava rindo, enquanto todo mundo gritava de medo ou evitava olhar diretamente para a tela.

Respirei fundo e tentei tirar aquela imagem da minha mente. Estava de olhos fechados quando senti uma mão segurar o meu ombro esquerdo com força. Não devia ter feito aquilo, mas acabei dando um pulo da cadeira.

“Ah!” Gritei assustada.

A única coisa que ouvi foi a risada de Ares, cada vez mais alta. Olhei para ele sem fôlego, e vi que ele tinha feito aquilo exatamente para me ver girtar.

“Você é um idiota!” Reclamei sentando-me novamente.

Ele não respondeu. Só continuou rindo. Depois de alguns minutos rindo sem parar, ele virou-se para mim tentando se controlar.

“Ah, desculpa. Pensei que a senhora eu-tenho-19-anos não ia se assustar com isso. Mas tudo bem...” Disse ele tentando não rir. “Acho que devo desculpas por ser tão malvado, não é? Quer que eu peça desculpas, Kelly?”

“Toma aqui as suas desculpas!” Falei dando uma forte cotovelada no braço dele.

Ares começou a rir de novo.

“O braço ruim é o outro, otária!” Riu ele.

“Argh! Já chega! Não sou obrigada a ficar aqui com você.” Falei levantando-me e indo para fora da sala.

“Ei!” Exclamou Ares tentando parar de rir. “Volte aqui, Kelly! Não pode ir embora sozinha!”

Continuei andando cada vez mais rápido e ignorando o que ele estava falando. Abri as portas da sala de cinema e saí. O corredor do hall do cinema estava vazio. No final dele tinha um balcão que vendia comida, e do outro as portas da saída.

Pelas paredes do cinema tinham vários cartazes diferentes. Filmes de comédia, terror, suspense, musicais...

Eu fui até um banco de madeira e sentei-me nele. Para a minha infelicidade, Ares abriu a porta da sala também. Ele olhou para os dois lados e viu que eu estava sentada no banco de madeira.

Assim que me viu ele teve que se conter para não começar a rir novamente. Eu revirei os olhos sabendo o que estava por vir.

Cinco, quatro, três, dois, um e... Já.

“Eu não te disse que esse filme era pesado demais para você, pirralha?” Disse ele andando lentamente na minha direção com um sorriso maldoso. “Acho que nós deveríamos ter visto alguma comédia infantil.”

“Cala essa boca.” Reclamei. “Escolhe logo outro lugar para nós irmos, e me deixa em paz.”

“Uh!” Ele levantou os braços em sinal de rendição, mas continuou rindo. “A filhinha de Hermes não agüenta uma brincadeirinha? Não vai me dizer que ficou irritada por causa disso, vai?”

“Não. Eu amo levar sustos matinais por causa de um namorado infernal.” Comentei.

“Ah, sinto muito.” Disse ele, só que agora sério. Ares sentou-se ao meu lado no banco, e eu achei aquilo muito estranho. Ele olhou para mim, e eu tentei desviar o olhar já que ainda estava irritada com ele. “Ei, olhe para mim.”

“Ares, o que...?!” Ele puxou o meu queixo na direção dele, de modo que eu não pude fugir com o olhar.

“Sinto muito. Acho que não estou sendo um bom namorado, não é mesmo?” Disse ele em um tom sério. Franzi o cenho tentando achar um pingo de comédia em seus olhos, mas não vi nada. Ele soltou o meu queixo, mas eu continuei olhando para ver o que ele iria dizer. “Eu... Preciso dizer uma coisa para você. Andei pensando bem, e...”

Meus olhos se arregalaram. Aquilo foi o que o cara do filme estava falando, ou era só impressão minha?!

“E, o que?!” Perguntei incrédula.

“E... Acho que deveria me redimir.” Disse ele afirmando com a cabeça. “Acho que passo tempo demais implicando com você, e aposto que você não gosta nada disso.”

Acho que ele esperava que eu concordasse, pois parou de falar e olhou para mim. Eu fiquei muda por alguns minutos.

“Você está agindo como uma pessoa normal.” Comentei simplesmente. “Isso está me dando mais medo do que os zumbis do filme.”

“Já sei...” Ele segurou as minhas mãos e isso me deu muito medo mesmo. “Eu vou parar de te tratar como criança, certo? Vamos sair agora mesmo e fazer alguma coisa de adulto.”

Meu queixo caiu.

“Não, não vamos não!” Disse assustada.

“Aaaah, pense melhor!” Falou ele. “Acho que você vai adorar! Acho que nós podemos sair e...”

Ele segurou o meu queixo novamente.

“E ir comer em algum McDonnalds por aqui. Acho que eles devem ter vários McLanches felizes para você. Compro quantos você quiser. Que tal?” Sugeriu ele. Sua expressão ainda estava séria, mas pude notar que ele estava brincando. Estreitei os olhos para ele, e Ares teve que se controlar para não rir.

“Eu já disse... O quanto eu odeio você?” Perguntei calmamente.

“Já. Mas pode dizer de novo. Eu amo ouvir isso.” Sorriu ele.

“Solta o meu queixo... Agora mesmo.” Pedi ainda calma.

“Tudo bem.” Disse ele sorrindo.

Ares soltou meu queixo. Nós dois nos levantamos do banco, e eu pisei o mais forte que pude no pé dele. Só que Ares já esperava por alguma coisa assim, logo tirou o pé da frente, e eu acabei batendo com o meu no chão.

Não pensei que fosse acontecer, mas aquilo doeu muito.

“Ah!” Exclamei fechando os olhos de dor. “Seu idiota! Imbecil! Cretino!”

Ares começou a rir novamente, e foi andando em direção á porta bem devagar. Só que ele olhou para trás, e viu que eu não tinha movido nenhum músculo.

“Que foi? É um tipo de protesto?” Perguntou ele ainda rindo. “Vem logo.”

“Não posso.” Falei depois de alguns minutos.

“Como assim não pode?” Perguntou ele franzindo o cenho.

“Eu... Ahm... O meu pé...” Tinha medo de dizer o que estava acontecendo, e ele querer tentar me ajudar novamente. “Está... Doendo.”

“Câimbras?” Adivinhou ele rindo. “Ah, deixa de ser fresca e vem logo!”

“Não.” Respondi.

“Certo...” Ares revirou os olhos. “Te ajudo a esticar o pé e aí nós vamos...”

“Não!” Gritei. “Fique longe! Mantenha distância! Não chegue perto de mim!”

Ares se assustou ao ouvir aquilo, tanto que acabou parando mesmo de andar. Mas logo se tocou que um “pirralha” não daria ordens para ele, e resolveu vir até mim.

“Tanto faz. Então fique com câimbras.” Disse ele. “Eu te ajudo de um jeito diferente.”

“Ah, se você está falando em...!” Não terminei a frase. Ares me pôs sobre o ombro, coisa que eu odiava, e começou a andar até a porta do cinema. Para a minha sorte não tinha ninguém naquele corredor, logo não teria que passar vergonha na frente de todo mundo.

“Não vai tentar me chutar ou coisa do tipo?” Riu ele.

“Assim que o meu pé melhorar. Aguarde.” Respondi.

Nós saímos do cinema e vimos que já estava de tarde. Tínhamos visto uns dois filmes, mas eu não tinha noção de que tinha se passado tanto tempo. O Sol estava começando a se por no horizonte.

Logo Apolo ficaria livre para se encontrar comigo de noite, pensei enquanto Ares me levava até uma área do Hotel que eu nunca tinha visto antes. Era o outro lado do lago Holly Lake.

“Pronto.” Disse ele me colocando delicadamente em uma cadeira. “Fique sentadinha aí enquanto vê o pôr-do-sol no lago Holly Lake.”

“E você vai fazer o que?” Perguntei sem entender.

“Ah, eu vou ver uma cena linda também, só que não é a mesma que a sua.” Disse ele apontando para algumas garotas mergulhando no lago. Os namorados, maridos ou seja lá o que fossem delas estavam sentados no deck que dava para os barcos, observando elas também.

“No fim das contas... Acabei parando aqui.” Comentei. “Olhando garotas de biquíni mergulharem no lago.”

“Você também não se decide, não é?” Queixou-se Ares. “Reclamou de ficar parada na piscina, mas quando eu venho para um lago...!”

“Eu reclamei de você! Tem diferença!” Cortei a fala dele. “E também... De qualquer maneira nós estamos sentados vendo garotas.”

“Você reclama demais.” Disse ele. “Parece que vive sempre em guerra.”

Ares começou a rir sozinho, e eu revirei meus olhos. Aos poucos o meu pé foi melhorando, o que me deu um grande alívio. Nós voltamos para o quarto, e participamos da nossa disputa pela cama. Nós dois caímos no sono, mas diferente dele, eu tinha quem me acordasse.

“Alice?” Chamou uma voz ao meu ouvido.

Abri os olhos devagar. Levei alguns minutos para lembrar que Apolo ia sair comigo de noite. Quando olhei para o lado e vi ele, nós nos beijamos silenciosamente.

“Vamos sair.” Disse em um sussurro. Ele assentiu e me ajudou a levantar do chão. Pude ver que Ares tinha ganho a competição, pois ele já ocupava a cama com todo o seu corpo. Seus roncos baixos eram abafados pelo travesseiro. Imaginei como Afrodite deveria agüentar esse som toda noite.

Eu e Apolo saímos do quarto e corremos até a praia. Como na última noite, nós caminhamos pela areia descalços, e conversamos sobre o dia.

“Eu estou sendo muito bonzinho com você nesse momento.” Disse Apolo fazendo uma cara séria.

“Está é?” Perguntei sem entender.

“Sim. Não pense que eu esqueci o que você fez comigo no jogo de basquete.” Disse ele cruzando os braços. “Aquilo foi um golpe baixo, Alice Kelly. Trapaça pura.”

Eu poderia reclamar com ele, mas resolvi entrar no jogo.

“Eu sou filha de Hermes, sabe?” Comentei.

“Viu só?! Está admitindo que isso foi trapaça!” Exclamou ele apontando para mim triunfante.

“É, eu trapaceei sim. Vai fazer o que quanto á isso?” Perguntei desafiadora.

“Vou pegar você. Venha aqui, Alice!” Disse Apolo pulando encima de mim, mas eu desviei a tempo. Apolo caiu de cara na areia, e eu me virei rindo.

“Há Há! Você é muito lento!” Ri olhando ele cuspir a areia.

“Espera só eu te pegar!” Disse ele se levantando. A calça jeans azul clara, e camisa com fones de ouvido desenhados em branco estavam com areia. Apolo correu na minha direção. “Você me paga!”

Eu saí correndo e rindo. Adorava estar com ele. Isso me fazia sentir tão bem! Eu corria, falava besteiras, dançava, cantava, tocava violão e nem ligava para os problemas. Pelo menos por alguns minutos.

Apolo foi perdendo o ritmo depois de um tempo. Ele ficou cada vez mais e mais cansado, até que parou com os joelhos levemente dobrados e tentou recompor a sua respiração.

“Aaaah, que foi? Já está cansado?” Perguntei rindo.

“Olha... Eu... Eu vou te alcançar. Ou melhor...” Apolo olhou para mim com um sorriso torto. “Alice Kelly, musa de Apolo, venha até mim! É uma ordem superior!”

Comecei a rir mais ainda.

“É assim que resolve os seus problemas? Com...’Ordens superiores’?” Perguntei cruzando os braços, mas então decidi não fugir mais. “Ok. Já que é uma ordem... Senhor Apolo, o todo poderoso do Sol... Eu vou até você.”

Eu sorri e tentei alguns passos de ballet. Eu fui girando até ele, e quando cheguei perto, fingi que tropecei e nós dois caímos na areia.

Nós rimos bastante um com o outro. Eu pensava que aquela noite acabaria rápido. Que passaria tão rápido quanto a última, mas... Eu estava bem enganada.


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Notas finais do capítulo

Certo... Acho que eu matei todo mundo que torce pelo Team Apolo de susto, não é?

Talvez... Eu tenha matado todo mundo de susto! Hahaha!

Tudo bem... Quero saber o que acharam.

Até o próximo capítulo!