Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 18
Dra. Alice Kelly


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é bem engraçado!

Espero que gostem!



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“Em algum lugar por aqui...” Falei olhando dentro do closet.

“Vai. Demora mais.” Disse Ares impaciente. “Eu não estou sangrando nem nada!”

“Pensei que gostasse de sangue, Sr. Smith.” Retruquei revirando os olhos, e procurando nas prateleiras mais altas.

“Sangue dos outros! Não o meu, droga!” Reclamou ele em voz alta.

“Achei!” Disse ao achar uma caixa de madeira com o desenho de uma cruz vermelha. Eu a levei para fora do closet, e fechei a porta.

Ares estava sentado na beira da cama, segurando seu braço com uma cara mau humorada, enquanto me olhava aproximar-se com a caixa de madeira. Ele estreitou os olhos para mim.

“Olha lá o que você vai fazer, hein?” Falou ele levemente apreensivo.

“Desculpa. Eu estava procurando uma serra-elétrica para cortar o braço fora, mas só achei a caixa de primeiros socorros.” Comentei sorrindo.

“Engraçada. Anda logo com isso, Kelly!” Apressou ele.

“Está bem... Fica calmo.” Disse abrindo a caixa. Tinha milhares de coisas lá dentro, e eu tenho que admitir que não tinha idéia de para que a maioria delas servia. Resolvi que era melhor limpar o corte primeiro, e tentar usar alguma coisa que fizesse cicatrizar. “Eu... Vou limpar primeiro.”

Peguei um fresco branco e molhei um pedaço gaze. Ares revirou os olhos e tirou a mão de cima do corte para que eu pudesse cuidar dele.

Pensei que aquilo seria fácil. Só tinha que passar a gaze ali, e depois fazer o curativo. Tranquilo. Ou pelo menos foi o que eu pensei.

Assim que encostei a gaze no corte, Ares deu um pulo da cama tão de repente que eu caí no chão.

“Ah!” Berrou ele com dor. “Desgraçada! O que você fez?!”

“E-Eu...” Não sabia o que dizer. Estava me recuperando de um quase-ataque cardíaco, quando resolvi olhar o frasco. “Eu só ia limpar...!”

“Com o que?! Veneno?!” Berrou ele. “Isso arde demais!”

“Mas... Não era para arder...!” Não estava entendendo, até que resolvi olhar novamente para o frasco. Lá estava escrito ‘Água oxigenada’. O-Ow...

Eu fiz uma cara de “Ops...” para o frasco, e Ares notou isso. Ele olhou para mim de um jeito ameaçador e furioso.

“O que?! O que foi?!” Quis saber ele.

“Ahm... Nada. Nada não.” Disse eu escondendo o frasco novamente na caixa de madeira. “Já que... Já que isso ardeu, eu posso tentar usar outra coisa e...”

“O que era aquilo?! Não venha tentar me enganar, Kelly!” Reclamou ele chegando perto.

“Ares...! Nada! Não... Ahm... Deixa isso para lá!” Pedi me levantando e recuando uns passos. Quando ele viu o que eu tinha usado em seu braço, ele lançou um dos piores olhares de ódio para mim. “Espera! Olha, eu posso explicar! Eu jurava que isso era soro, ou algo do tipo...!”

“Não venha com desculpas! Você quer me fazer sofrer, sua maldita!” Rugiu ele. “Eu vou...!”

Ele levantou o punho para mim, e me encolhi contra a parede. Pensei que ele ia acabar comigo, mas ao invés disso ele se deteve. Ares fechou os olhos com dor, e pôs a mão sobre seu braço novamente.

“A sua sorte, é que eu estou com o braço ferrado! Mas não pense que eu vou esquecer disso, Kelly!” Resmungou ele jogando-se novamente na beira da cama. “Veja se dessa vez você faz alguma coisa certa. Leia a droga do remédio antes de usá-lo!”

Respirei fundo e voltei para perto da caixa. O braço de Ares sangrava ainda mais. O sangue dourado chegava a escorrer por uma fina linha até o cotovelo dele. Olhei novamente para a caixa, e achei um frasco idêntico ao outro, só que esse estava escrito: “Soro fisiológico”.

“Ok... Esse é o certo.” Sorri para ele, mas Ares respondeu com uma careta. Tive vontade de rir. Eu tinha acabado de ver o Deus da guerra gritar de dor por causa de um machucado. Mas preferi não fazer isso.

Molhei outra gaze com o soro, e fui até o braço dele. Ao chegar perto, Ares puxou o braço para trás. Tentei de novo, mas ele ficava desviando o braço de mim.

“O que está fazendo?” Perguntei.

“Nada.” Respondeu ele.

Tentei novamente, mas ele desviou o braço.

“Quer parar com isso?! Assim que nunca vou conseguir!” Reclamei.

“Isso vai fazer o que comigo dessa vez?” Perguntou ele desconfiado. “Queimar, piorar o ferimento... Hein?”

“Ahm... Não sei. Limpar?” Respondi como se aquilo não fosse óbvio. “Não sabe para que serve o soro?”

“Não sei para que o seu cérebro serve.” Retrucou ele. “Sei lá o que você pode fazer com isso, sua aproveitadora.”

“O que?! Aproveitadora?! Seu ingrato! Eu ainda estou tentando te ajudar!” Reclamei.

“Ajudar como?! Você cortou o meu braço, e ainda usou o remédio errado de propósito! Admita, pirralha! Você está adorando me fazer sofrer!” Acusou ele.

“É. Estou. Agora me dá o seu braço logo.” Falei revirando os olhos.

“Está sendo sarcástica comigo?!” Perguntou ele irritado.

“Ares, fica quieto!” Reclamei, e por incrível que pareça... Ele parou mesmo.

O Deus da guerra estreitou os olhos para mim, e depois olhou para seu braço. Ele tirou a mão de lá novamente e desviou o olhar para o armário.

“Vai.” Disse ele.

Fiquei surpresa ao ouvir aquilo. Por uns segundos eu fiquei sem saber o que fazer, mas depois me lembrei que devia cuidar do braço dele. Limpei o ferimento, o que para a minha surpresa foi incrivelmente fácil.

“Vai logo, Kelly!” Reclamou ele.

“Eu já limpei.” Disse para ele.

Ares olhou para mim como se eu estivesse mentindo, mas depois viu que seu braço não estava mais tão ruim. O corte não fora tão profundo, o que aliviou bastante a situação.

Olhei novamente para a caixa de madeira, e procurei uma atadura ou algo do tipo. Quando achei, fui até o braço dele novamente.

“Isso mesmo. Continue sendo um bom garoto e no final da consulta você vai poder pegar um pirulito, ok?” Brinquei tentando não rir.

“Cala essa boca.” Resmungou ele.

Coloquei a atadura em seu braço. Ela tinha um tipo de cola para que se prendesse no ferimento, só que... Na hora que eu coloquei, Ares se mexeu, fezendo-a ficar torta. Eu puxei para colocar novamente, mas isso deve ter doído bastante, pois Ares deu outro pulo da cama.

Dessa vez ele não gritou. Só mordeu com toda a sua força a sua própria mão. Eu arregalei os olhos para ele.

“Nem pense em vir falando mal de mim dessa vez! A culpa é toda sua!” Disse indo cautelosamente para perto dele. Ares assentiu com a cabeça, e eu franzi o cenho. “Mesmo? Você... Concorda comigo?”

“É... Foi um acidente.” Falou ele. Eu fiquei surpresa. “Mas isso também vai ser.”

Ares agarrou o meu pescoço e me levantou no ar. Tentei me soltar, mas era impossível. Ele olhou para mim com raiva, e começou a ranger os dentes.

“Vou quebrar o seu pescoço agora, mas não se preocupe. Não vai doer nada!” Disse ele entre dentes. Eu estique a minha mão e toquei no ferimento dele. Ares deu um berro de dor, e me deixou cair no chão.

“Tá bom! Se quiser eu saio e tento achar o Apolo. Ele deve saber cuidar de você melhor do que eu, então...” Reclamei indo para a porta, mas Ares me impediu.

“Não!” Exclamou ele, tapando o meu caminho para a porta. “Não saía desse quarto por nada! Não sem mim.”

“O que?!” Perguntei sem entender. “O que houve?”

“Eros está lá fora. Em algum lugar.” Disse ele olhando para a porta atrás de si. “Eu e Apolo tentamos tirá-lo daqui, mas ele sumiu antes que chegássemos perto. Afrodite vai mesmo tentar atrapalhar o nosso plano.”

Parei de andar e olhei para ele.

“Quer dizer... O plano que ela nem mesmo acredita que exista.” Disse, e ele assentiu. “Mas... O que vamos fazer? Não podemos passar 2 semanas trancados nesse quarto.”

“Não vamos. Se sairmos juntos, eu posso ver onde ele está.” Falou ele.

“Por quê? Eros só é visível para os Deuses ou coisa parecida?” Perguntei franzindo o cenho.

“Claro que não, idiota! É porque você é lesada demais para notar qualquer coisa. Eu, infelizmente, vou ter que agir como babá e ficar tomando conta de você.” Resmungou ele em desgosto.

“Eu...! Ah... Esquece.” Revirei os olhos. “Se quiser então... Dê um jeito no seu braço sozinho.”

“Que foi? Cansou de me torturar, pirralha?” Resmungou ele. “Depois de tudo que você fez, vai largar o trabalho na última parte?!”

“É... Acho que eu estou cansada demais para correr o risco de ter o meu pescoço quebrado por um paciente enfurecido.” Comentei.

“Não seja idiota! Não tem como eu fazer isso sozinho!” Reclamou ele. “Pegue aquela atadura imediatamente, Kelly!”

Parei assim que uma idéia me passou pela cabeça. Olhei para Ares com o meu próprio sorriso maldoso. Estava na hora da minha doce revanche...

“Quer dizer que você não consegue sozinho, é?” Comentei.

Ele estreitou os olhos para mim.

“Que sorriso é esse?” Perguntou tentando adivinhar.

“Nenhum. Mas... Você não consegue sozinho.” Disse.

“E daí?” Perguntou ele cruzando os braços.

“Daí que... Você precisa de mim.” Falei e sorri docemente.

“Eu não preciso de você para nada!” Reclamou ele.

“Então cuide do seu braço sozinho. Se vira.” Falei encolhendo os ombros. “Se você me acha uma musa inútil e fracassada, eu vou adorar ver você se virar sem mim.”

Ares bateu o pé no chão com força.

“Não está na hora para brincadeiras, Filhinha de Hermes!” Reclamou ele. “Pegue aquela atadura imediatamente e...!”

“Só se você disser que precisa de mim, e pedir por favor.” Disse eu com um sorriso triunfante. Sentei-me na beira da cama, e Ares não falou nada. “Estou esperando.”

Ele não gostou nada daquilo. Começou a xingar, reclamar, falar mal de tudo que via pela frente, mas depois de alguns minutos ele parou. Ares resmungou mais um pouco, mas acabou cedendo.

“Eu... Só vou dizer isso por causa do meu braço. Não porque é verdade.” Disse ele, e eu ri. “Eu... Eu pre-... Preciso... De você.”

Ares sorriu forçadamente com todos os dentes, e imaginei como aquilo devia dar medo no dia das bruxas. Mas estava achando tão engraçado ele falando aquilo, que nem liguei muito para o sorriso forçado.

“Faltou uma palavrinha.” Sorri de volta.

“Vai á...!” Ele engoliu o resto da frase, e respirou fundo. O machucado provavelmente estava voltando á doer. Ares se ajeitou e olhou para mim com uma cara de eu-quero-te-matar-lenta-e-dolorosamente e continuou. “Por... Por favor.”

“Não ouvi.” Sorri.

“Sua surda!” Reclamou ele, mas acabou repetindo. “Eu disse por favor! Argh!”

Eu ri da cena. Ele falava “por favor” como se fosse muito nojento. Um dos piores palavrões de todo o mundo. Levantei da cama e peguei a atadura novamente.

“Certo. Já que você pediu com tanto jeitinho, amor... Eu te ajudo.” Disse.

“Tanto faz.” Resmungou ele sentando-se na beira da cama novamente.

Dessa vez ele não se mexeu, o que facilitou o meu trabalho. Consegui por a atadura em torno do meio de seu braço, bem encima do ferimento. Quando ficou finalmente pronto, e me afastei e suspirei aliviada.

Pelo menos não correria risco de vida por causa daquele maldito corte.

Ares olhou o braço sorrindo levemente por finalmente estar bem. Aquele foi um sorriso normal. Não tinha maldade, e muito menos era forçado, o que me chamou a atenção. Fiquei parada olhando ele sorrir. Por alguns segundos ele parecia uma pessoa normal, e não um motoqueiro selvagem e violento.

Ele levantou os olhos do machucado, e acabou encontrando o meu olhar. Seu sorriso sumiu e ele voltou a sua expressão irritada novamente.

“Espero que isso sirva de lição para você, Kelly! Se tentar me ferir novamente eu corto o seu pescoço fora, entendeu?” Ameaçou ele se levantando.

Revirei os olhos. Era ele novamente...

“Pode ser.” Respondi em suspiro. “Agora... Vamos fazer o que?”

Ares parou para pensar naquilo.

“Uhm... Preciso relaxar por causa do machucado, sabe? Acho que... Eu vou precisar de um descanso perto de umas...” Ele tinha um sorriso maldoso no rosto, e eu entendi o que ele queria dizer.

“Ah, não! Nem vem! Estou cansada de ficar parada na beira da piscina com você, só para que você possa ver as garotas de biquíni!” Reclamei revirando os olhos.

“Ei! Eu sou a vítima, esqueceu?” Disse ele em um tom ofendido. “Você devia estar com a sua maldita consciência culpada por me ferir covardemente!”

“Covardemente?! Vítima?! Fala sério! Eu estava sendo perseguida por um minotauro! Me diz como eu ia adivinhar que era você?!” Rebati.

“Não me interessa como! Você tinha que ter dado um jeito!” Reclamou ele. “Nós vamos agora mesmo para perto da piscina, e é melhor eu não ouvir nenhuma reclamação sua!”

“Não é melhor ficarmos em um lugar mais discreto? Digo... Se Eros está atrás de nós, então não devíamos ficar parados na beira da piscina. Isso dá muito na vista.” Comentei pensando no assunto.

Ares parou para pensar também, e notou que eu tinha razão. Ele olhou para o teto pensativo, e depois teve outra idéia.

“Já sei um ótimo lugar.” Sorriu ele, e eu não gostei nada daquele sorriso.


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Notas finais do capítulo

Então... Para onde será que eles vão?

O que acharam desse capítulo?

Quero reviews gente!