Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 20
Uma típica família americana


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo, principalmente... Taylor_Efron e JuJuHP.

Aqui vai!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138158/chapter/20

Eu e Apolo estávamos deitados na areia olhando o céu estrelado. Contei como tinha sido a minha conversa com Hera, e ele respondeu com uma careta.

“Você ainda teve sorte. Acho que ela não te odeia.” Disse ele.

“Você acha que ela não me odeia?” Repeti incrédula.

“Entenda... Com Hera, existem duas categorias...” Apolo contou nos dedos. “Pessoas que ela odeia, olha eu aqui! E a outra é pessoas que ela não odeia, mas também não ama. Seriam uns... Neutros. Essa é você.”

“Que legal. Eu sou neutra.” Comentei concordando com a cabeça. “Não sabia que ela te odiava.”

“É... Ela é minha madrasta.” Respondeu ele. “Hera odeia todos os filhos de Zeus com outras mulheres. Bem... Acho que o seu pai também entra na lista dos neutros.”

Nós conversamos sobre o cinema, e sobre o ataque que Afrodite deu. Apolo disse que ele e Ares foram atrás de Eros, mas que ele sumiu. Ares tinha dito a mesma coisa. Esperava que Apolo tivesse conseguido mandar ele embora ou algo parecido, mas não pareceu dar certo.

“Ai ai...” Suspirei. “Já está ficando um pouco tarde. Eu vou molhar o pé na água um pouco, e depois nós voltamos para o quarto, certo?”

Apolo assentiu. Ele ficou sentado na areia, enquanto eu fui correndo até a beira da água. Estava molhando os meus pés tranquilamente, quando comecei a me lembrar das cenas horríveis dos filmes de terror que estava no cinema.

Como se meus pensamentos atraíssem sustos, uma garota saiu de dentro da água de repente, e me deu um susto terrível.

“Ah!” Gritei de susto e acabei caindo dentro d’água. Por sorte, eu estava na parte bem rasa, ou seja... Só fiquei molhada da cintura para baixo. “Quem...?!”

“Eu te assustei?! Desculpa!” Disse a garota vindo para perto de mim. Olhei para ela. Só tinha a luz da Lua, o que tornava difícil vê-la com clareza, mas pude notar que ela tinha cabelos castanhos, e olhos provavelmente da mesma cor. “Vamos... Eu te ajudo a levantar.”

“Ahm... Obrigada.” Disse assim que fiquei de pé. Ela parecia ter mais ou menos 15 anos. “De onde você veio?”

“Você não viu?” Ela apontou para trás. “Dali.”

“Não... Digo... O que estava fazendo no meio da noite sozinha no mar?” Perguntei piscando os olhos.

“Eu não estou sozinha.” Respondeu ela. “Meu pai e minha irmã estão bem ali.”

Eu olhei para a direção onde ela apontou e vi um ponto preto com umas duas pessoas ali. Estava um pouco longe de Apolo e eu, mas não tanto que não desse para chegar lá.

“Quem é você?” Perguntou a garota de repente. “Desculpe perguntar assim do nada, mas...”

“Não. Está tudo bem. Meu nome é Alice.” Respondi com um sorriso desajeitado.

“Alice Kelly?!” Perguntou ela de repente. Opa... Nada bom.

Demorei um pouco para responder.

“Espero que você não seja um monstro, ou alguém querendo me matar.” Comentei sorrindo com uma cara de paisagem.

“Não! Eu nem acredito! Nós procuramos por você! Que coincidência encontrar você no mar logo de noite!” Disse ela animada. “Meu pai quer falar com você.”

“Pai? Ahm... Quem é o seu pai?” Perguntei apreensiva.

“Você vai ver.” Sorriu ela sombriamente, e isso me deu um pouco de medo. “Brincadeira! Tinha que ver a sua cara! Vamos.”

Nós duas saímos da água. Ela foi caminhando em direção ao pai dela, e eu fiquei um pouco para trás. Olhei para Apolo e fiz um sinal para ele ir embora. Acho que ele entendeu, pois se levantou, assoprou um beijo para mim, e sumiu.

Quando nós chegamos nos dois pontinhos pretos de antes, eu pude ver com mais clareza. Uma garota, talvez uns dois anos mais velha de a que eu encontrara no mar, estava ouvindo música no Ipod, enquanto ao seu lado tinha um homem sentado em uma cadeira de praia inclinável.

“Pai! Olha quem eu achei!” Disse a garota com um sorriso para o homem. “É a Alice Kelly.”

Ele estava de olhos fechados, mas assim que ouviu o meu nome, seus olhos se abriram. Devo admitir que ele me deu muito medo. Algo nele era bem sombrio, tenso... Obscuro. Não sei, mas ele me deixava nervosa.

Ele lançou seu olhar para mim, em silêncio, e por fim se levantou da cadeira. Estava usando calça jeans, e uma camisa preta. Seu cabelo preto ia até o ombro, como o de um roqueiro. Tinha um ar superior. Eu fiquei imaginando que tipo de Deus ele poderia ser, mas meus pensamentos foram interrompidos assim que ele começou a falar.

“Então você é a famosa Alice Kelly?” Perguntou ele.

A garota que estava ao meu lado, e a irmã dela que ouvia música no Ipod olharam para mim no mesmo instante.

“Sim, senhor.” Assenti confirmando.

“Interessante.” Disse ele em um murmuro. “Imaginei que você fosse diferente.”

“Há.” Riu a garota com o Ipod. “Ele imaginou que você fosse uma dançarina ou coisa do tipo.”

“Sh!” Fez o homem para a garota, e ela se calou no mesmo instante. Ele olhou para mim um pouco sem jeito. “Sinto muito, é que... Se tratando do Ares... É... Esqueça. Já vi que não é o seu caso.”

Não sabia se agradecia, ou se dizia que estava tudo bem, por isso resolvi mudar de assunto.

“Desculpe, mas... Quem é o senhor?” Perguntei cautelosa.

O homem riu, mas as garotas olharam para mim incrédulas.

“Não me reconhece?” Perguntou ele abrindo os braços, mas eu neguei com a cabeça. “Eu sou Hades.”

Meus olhos se arregalaram.

“Deus do Mundo Inferior.” Disse a garota do Ipod.

“Senhor dos Mortos.” Complementou a garota do meu lado. “Mas acho que disso você já sabia, não é?”

“É... Eu já sabia dessa parte.” Comentei.

“Essas são as minhas filhas.” Disse ele apontando primeiro para a garota do Ipod. “Essa é Juh, e essa é a Luh.”

“Ahm... Prazer.” Disse sorrindo. “É... Pois é... Está tarde, não? Eu tenho que voltar para o quarto descansar, porque amanhã vai ser mais um longo dia, e...”

“Já vai tão cedo?” Perguntou a Luh.

“Pensamos que gostaria de conversar um pouco.” Disse Hades. “Já que é raro uma garota ganhar de Afrodite, gostaríamos de ouvir um pouco a sua voz.”

“Ahm... É que eu tenho que...” Tentei me esquivar, mas fui interrompida novamente.

“Eu sinto pena de você.” Disse Luh, querendo conversar. “Ficar com Ares deve ser terrível.”

“Luh!” Repreendeu Hades, mas então ele olhou para mim curioso. “Como você agüenta, Alice Kelly?”

Senti vontade de rir. O engraçado de toda essa história é que nenhum parente de Ares acreditava que alguém poderia suportar ele. Por isso, todos os Deuses sempre me perguntavam como eu conseguia. Na verdade... A simples resposta era que eu era obrigada! Ninguém em sã consciência ficaria perto dele. Não mesmo.

Bem... Só Afrodite, mas não acho que ela tenha lá muita consciência.

“Eu... Gosto de caras difíceis.” Respondi, mas me senti péssima ao falar aquilo.

Todos eles fizeram: “Aaah, entendi.” ao mesmo tempo.

“Mas onde está ele?” Perguntou Juh, guardando o seu Ipod e olhando em volta. Pude notar que um sorriso surgiu em seu rosto, como se... Ela gostasse do Ares e quisesse a presença dele ali.

“Dormindo.” Respondi. “Eu só vim para cá pegar um pouco de ar.”

“Ah... Viu, pai?! Eu disse que não encontraríamos os dois juntos no aqui fora no meio da noite.” Disse ela.

“Acho que teremos que ver ele amanhã.” Disse Hades pensativo. “De qualquer forma, gostaria de dizer que acho sua história impressionante, Alice Kelly.”

“Como assim a minha história?” Perguntei.

“Ah, não finja que não sabe.” Disse Juh. “Você enfrentou um Deus, lutou contra milhares de monstros, foi treinada por Apolo, resgatou a espada de Ares, e ainda teve a coragem de ir ao Olimpo para enfrentar os problemas que tinha causado com Zeus, e defender o seu pior inimigo depois disso tudo!”

“Sem falar que virou uma musa de Apolo...” Comentou Luh ao meu lado com um ar sonhador. Legal... Uma tinha uma queda por Ares, e a outra gostava de Apolo.

“Ah... Isso não foi nada demais, mas se vocês dizem desse jeito, parece até que eu sou uma versão nova de Hércules.” Ri sem graça ao pensar nisso.

“Eu acho que é.” Disse Juh. “Você é uma heroína demais! Adoro a sua história.”

“Eu também!” Concordou Luh.

“Obrigada.” Disse assentindo com a cabeça. “Agora se me dão licença...”

“Você tem mesmo que ir?” Perguntou Luh. “Fique mais um pouco!”

Eu ia responder que não dava, mas eu senti um pouco de medo no momento. Não por estar conversando com Hades e suas filhas, mas porque logo atrás deles surgiu um cão infernal.

“Cuidado!” Exclamei tirando o meu grampo de cabelo e fazendo ele virar uma espada. “Um cão infernal!”

Eles olharam para trás sem sentir nem um pingo de medo. Como se aquilo fosse algo que acontecesse todo dia. Se bem que devia acontecer todo dia, já que eles pertenciam ao Mundo Inferior...

“Ah, é só o Kevin.” Disse Juh rindo. “Não precisa ter medo dele. É nosso cão infernal de estimação.”

“Vocês tem um... Cão infernal de estimação?” Franzi o cenho. Eu tinha horror de cães infernais, pois foram eles que começaram a me incomodar e desencadearam essa série de problemas. Preferia ficar bem longe deles, para falar a verdade.

“Sim.” Respondeu Luh. “Eles não são tão ruins... Ahm... Pelo menos conosco.”

“Mande ele de volta para casa!” Exigiu Hades revirando os olhos. “Estamos no meio de uma conversa. Não vamos parar para brincadeirinhas.”

“Sim, pai.” Assentiu Luh desanimada. Ela fez um sinal para o cão e falou algo em grego. Ele sumiu como se fosse uma sombra, o que me deixou um pouco tensa.

Olhei melhor para Hades e suas filhas. Imaginei que eles seriam uma típica família americana do submundo comum. Duas filhas apaixonadas por Deuses, um pai autoritário e sombrio, e um lindo cão de estimação para a companhia.

“Uhm... Bem... Onde estávamos? Ah sim!” Disse Hades lembrando-se. “Espero que vocês dois continuem juntos por bastante tempo. Assim podem esfregar na cara de Zeus que conseguem se dar bem, não porque ele mandou, mas sim por pura espontânea vontade.”

Aquilo me fez lembrar que Hades não gostava muito de seus dois irmãos. Não queria nem mesmo saber como deviam ser as brigas deles...

“É... Vamos fazer isso.” Concordei. “Agora eu realmente tenho que ir, senhor Hades. Ares não vai ficar feliz se acordar e vir que eu não estou no quarto.”

“Deixa ela ir, pai. Ela tem uma boa desculpa.” Disse Juh. “Se eu fosse ela, nem teria saído do quarto para começo de conversa.”

Hades olhou para ela repreendedor, como se quisesse dizer: “Nem pense em ficar com ele!”. Eu me despedi deles e voltei para o quarto antes que mais monstros de estimação aparecessem. Naquele momento eu parei para refletir que eu tinha, em certo ponto, um pouco de sorte.

Ser filha de Hermes devia ser mais fácil do que ser filha de Hades. Pelo menos para mim, que não gosta muito de coisas sombrias daquele tipo. Cães infernais? Ahm... Não obrigada.

Abri a porta do quarto com cuidado, e reparei que Ares estava dormindo na cama do mesmo jeito que estava quando saí. Peguei uns cobertores e fiz um tipo de cama no chão. Tudo bem... Eu tinha perdido daquela vez. Mas na próxima eu não permitiria que isso acontecesse.

“Boa noite, Apolo.” Sussurrei com um leve sorriso no rosto, enquanto tentava dormir.

Pensei que a minha noite já tinha acabado, mas alguns minutos depois eu senti algo se mexer. Abri os olhos e olhei em volta. Ares continuava dormindo, mas... Alguma coisa estava errada. Demorei um pouco para notar que o movimento tinha vindo da minha mala. Engatinhei até ela e abri o zíper.

De dentro, algo pulou para fora. Abafei um grito de susto, e depois entendi o que era que tinha pulado.

“Charles?” Perguntei em um sussurro. “Charles, o que está fazendo?”

A aranha de metal que Hefsto me dera há um tempo para assustar Ares e Afrodite quando estivessem juntos, olhou para mim com seus oito olhos metálicos. Não sei ao certo o que deu nele, mas Charles começou a correr pelo quarto.

Me levantei e tentei pegá-lo, porém em silêncio. Se Ares soubesse que eu tinha um presente de Hefesto para poder ferrar ele, acho que eu podia dar adeus ao Charles.

“Voltei aqui. Por favor!” Pedi baixinho.

Eu quase o peguei, mas Charles se esquivou e pulou para algum lugar. Olhei o quarto todo me perguntando onde ele estava, e por fim vi. Meus olhos se arregalaram.

“Charles... Pare.” Pedi ao ver que ele estava logo encima da barriga de Ares. Para a minha sorte ele não notou isso, e continuou dormindo e roncando um pouco.

Charles se moveu lentamente pelo abdômen de Ares, e eu caminhei devagar para a cama. Com movimentos lentos eu fui chegando cada vez mais perto dele, até que por fim eu tentei pegá-lo.

O problema é que eu perdi o equilíbrio e Charles pulou em minha cabeça. Caí na cama, e para piorar... De cara no peito de Ares. Tentei me levantar rapidamente e correr para a minha cama improvisada antes que o Deus da guerra notasse onde eu estava, mas era tarde demais.

Ares segurou as minhas mãos quando tentei me levantar, e eu pude ver que ele não estava nem um pouco feliz.

“Veio passar a mão em mim de novo, Kelly?!” Perguntou ele. Eu me virei para ver seu rosto e notei que seus olhos estavam estreitados.

“N-Não!” Respondi. “Eu só...”

“Você só o que?!” Perguntou ele.

“Eu só queria... E-Eu...” Não tinha idéia do que dizer! Olhei para a cama e tentei inventar uma desculpa. “Vim pegar um travesseiro.”

“Está vendo algum travesseiro sobre mim por acaso?” Disse ele.

“Não, mas... É que está escuro. Eu escorreguei e...” Tentei arrumar uma escapatória, mas Ares não deixou.

“Saia de cima de mim, agora!” Exigiu ele me lançando novamente no chão. Caí exatamente encima da minha cama de lençóis. “É melhor não procurar travesseiros novamente, pirralha.”

Ares virou-se para que não pudesse mais me ver e voltou a dormir. Eu olhei em volta e vi que Charles tinha voltado para a mala. Maldito... Esperou eu me ferrar, para voltar ao normal!

Eu me virei e tentei dormir, já que eu duvidava que Ares fosse escolher uma atividade tranqüila no dia seguinte depois disso...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hahaha!

Ok... Quero saber o que acharam desse capítulo, e o que acham que vai acontecer no dia seguinte!

Beijos e até o próximo!