PDV JAKE

Deixei minha Nessie em casa algum tempo depois com um sorriso que não cabia em meu rosto. Me transformei rapidamente atrás da casa dos sanguessugas e comecei a correr o caminho para casa.

“Hey, Jake, finalmente!” – ouvi Seth em minha cabeça com uma risada.

“Cale a boca, Seth. Este fim de semana é sua vez, vou com a Ness te ajudar a contar para a loira” – respondi mantendo a velocidade. Ele pareceu se calar por um momento.

“Jake, e se não der certo? E se ela ficar com medo e eu atrapalhar tudo?” – ele perguntou apreensivo. Quando eu ia responder, ouvi mais uma voz em minha mente.

“Pare de tornar isso tão mais complicado do que o normal, Seth. Não é como se ela fosse fugir” – Leah se intrometeu agressiva – “E você, Jake, demorou. Achei que já tinha parado de correr atrás dessa vampira”.

“Leah, nem comece. Inclusive, o que vocês estão fazendo correndo por essa região?” – perguntei mudando de assunto. Não pretendia que minha vida com Ness se tornasse foco.

“Embry diz ter achado um cheiro estranho por aqui hoje a tarde. Como era nossa noite de ronda, resolvemos investigar.” – Seth respondeu com ar sério. Funguei uma risada imaginando sua pose responsável se estivesse ao seu lado.

“Tem certeza de que ele não estava louco? Não estou sentindo nada de estranho há dias” – respondi, já vendo a praia da reserva e diminuindo a velocidade.

“Foi o que eu disse a ele. Mas ninguém me dá ouvidos” – Leah reclamou e em seguida sua voz sumiu, deixando-me com Seth.

“Hey, garoto, só dê mais algumas voltas para se certificar de que a loucura do Embry é real e volte pra sua ronda. Não é necessário mais do que isso. Eu vou dormir. Tente não se preocupar com a Caroline. Vai dar tudo certo” – falei e não esperei resposta antes de me transformar novamente e correr para casa, tamanho o meu cansaço. Billy estava na sala assistindo à televisão.

– Hey, pai, tudo certo? – perguntei beijando sua testa rapidamente.

– Tudo ótimo, filho. E você não parece estar diferente – ele comentou sorrindo e se virou para me ver.

– Você tem uma nora nova, pai. E ela é a meia-vampira mais linda que você puder imaginar. – falei sorrindo enormemente para sua expressão feliz e surpresa e fui para o quarto ainda repassando mentalmente aquela tarde. Eu mal podia esperar para conta-la sobre o imprinting.

– Ok, Seth, tudo certo? – perguntei quando fui à sua casa no sábado de manhã. Nessie já havia combinado com Caroline de passarmos os quatro a tarde na praia da reserva e já tínhamos todo um plano pensado. Os Cullen – e nem eu – achávamos muito seguro contar sobre o que a Nessie era, mas ela estaria com a amiga quando eu e Seth a explicássemos todo o resto: com Seth tendo seu imprinting, lhe era dada a permissão irrefutável de contar tudo sobre os quileutes à garota humana.

– Tudo... – ele começou querendo parecer confiante, mas logo sua máscara desmoronou – Mentira, tudo péssimo, nem consegui dormir direito com medo da reação dela, ela vai me odiar! – ele resmungou, as mãos quase arrancando os cabelos.

– Seth, pelo amor de Deus, se acalme! – reclamei revirando os olhos e começando a caminhar em direção à praia, sabendo que ele me seguiria em breve.

– Fácil pra você falar, o seu imprinting também é uma personagem mitológica – eu abri a boca para argumentar, mas logo me detive, segurando um sorriso. Ele tinha razão. – Quando você vai contar à ela?

– Hoje. Agora fique quieto, Seth, como você bem observou, ela não é humana e nem a audição dela. – reclamei batendo de leve em sua cabeça e recebendo um soco fraco na costela.

Pouco mais de três minutos depois, já conseguíamos ver Ness e Carol sentadas na areia perto do mar. Apertei ainda mais o passo e alcancei Nessie a abraçando por trás e a beijando no pescoço várias vezes.

– Oi, monstrinha – falei perto do seu ouvido por cima de suas risadas bobas. – Oi, Carol – falei sorrindo e ela apenas balançou a cabeça nos olhando.

– Oi, Jake. – ela me cumprimentou, virando-se de forma a ficar de frente pra mim e me dando um beijo rápido. – Oi Seth.

– Oi, tampinha. Oi, Carol... – ele completou envergonhado.

– Seth, hey. Tudo bem? – ela perguntou sem graça e ele se sentou também ao nosso lado.

– Tudo. Ér, eu... Ãn... – ele tropeçou nas palavras, me fazendo revirar os olhos.

– Nessie, meu pai queria ver você rapidinho, pode vir comigo? – perguntei olhando pra ela de forma significativa. Ela assentiu com um sorriso de canto e se virou para os dois:

– Já voltamos, ok? Só uns minutinhos. – ela disse e deu um abraço em Carol e abraçou Seth, se demorando um pouco mais. Deduzi que estivesse conversando com ele à sua maneira depois que Seth assentiu quase imperceptivelmente. Me levantei puxando-a pela mão e fomos em direção às árvores, não sem antes dar uma olhada nos dois e rir com a falta de jeito deles. Assim que eles saíram do nosso campo de visão, puxei minha namorada pela mão trazendo-a de encontro ao meu corpo e a beijei ansioso, deixando minhas mãos em sua cintura. Ness soltou um pequeno gritinho de surpresa, mas logo suas mãos foram parar em meus cabelos, me levando mais para ela e me fazendo aumentar o ritmo do beijo. Eu conseguia sentir seu coração batendo forte em meu próprio corpo com o contato e minha vontade foi de não soltá-la nunca mais. Mas uma pequena parte do meu cérebro se lembrou de que eu tinha algo ainda mais importante para fazer e separei nossos lábios com relutância.

– Senti sua falta – eu disse ofegante, os olhos fechados enquanto mantinha nossas testas encostadas.

– Me leve para ver ser pai todos os dias, ok? – ela brincou, falando com dificuldade também e me fazendo rir junto com ela. – Senti sua falta.

Entrelacei minha mão na dela e retomei o caminho devagar, pensando em como introduzir o assunto.

– Jake? – ela me chamou me distraindo – Tudo bem? Você ficou quieto... – respirei fundo. Não é como se ela não fosse gostar, de qualquer forma.

– Lembra-se de que eu ia te mostrar alguém no fim de semana? – perguntei com calma, esperando sua reação.

– Seu imprinting... Como eu iria esquecer? – ela respondeu, a voz tão desolada que eu tive vontade de parar todo o plano por ali mesmo e niná-la em meus braços enquanto eu contava de uma vez.

– Ness, saber ou não disso não vai mudar nada entre nós, sobre o que eu sinto por você e tudo mais. Eu só acho que você tem o direito de saber. E que vai gostar de descobrir. – terminei sorrindo e a vi concordar levemente, sem me olhar nos olhos. Suspirei e a puxei de forma a ficar atrás dela. Levei minhas mãos aos seus olhos, impedindo-a de ver aonde estávamos indo e continuei andando por mais alguns minutos silenciosos. Ness parecia estar digerindo a ideia. Quando chegamos à clareira que eu havia preparado mais cedo, sorri e respirei fundo, antes de sussurrar em seu ouvido: - Está pronta?

Minha resposta foi um leve movimento de cabeça e então eu a levei em direção ao espelho oval que eu tinha levado para lá, nos vendo pelo reflexo e sorri levemente. Todo chão da clareira estava coberto por pétalas de rosa vermelhas e brancas dispersas. Tirei minhas mãos dos seus olhos com cuidado e a vi piscar duas vezes para se acostumar com a claridade. Ela olhou o espelho confusa e seus olhos foram em direção ao reflexo do das pétalas de rosa, sua boca se abrindo em um pequeno “O”. Ela então levantou seu olhar, agora meigo e curioso para meus olhos no reflexo, fazendo uma pergunta silenciosa.

– Está vendo aquela menina com os cabelos castanhos-avermelhados e os olhos mais lindos do mundo bem na sua frente? – perguntei, a voz baixa enquanto eu encostava meu queixo em seu ombro. Senti o coração da minha monstrinha acelerar e seus olhos se encherem de lágrimas enquanto um leve sorriso aparecia em seus lábios – Ela é o centro do meu universo desde que eu pus os olhos nela, minutos depois de ela nascer. Você é o meu imprinting, Ness. Nunca houve ninguém além de você. – eu continuei, vendo a primeira lágrima escorrer no seu rosto perfeito.

– Jake... – ela sussurrou. A voz não passando de um fio. – Meu Jake... – ela repetiu, agora mais alto, enquanto se virava para mim, passando os braços pelo meu pescoço e me beijando com urgência. O fraco gosto salgado das suas lágrimas se misturando ao gosto da sua boca, tornando-o ainda melhor, como se fosse possível. Cruzei minhas mãos nas suas costas, aprofundando o beijo enquanto a empurrava contra uma árvore sem nem mesmo perceber. Nossos corpos estavam completamente colados e ainda parecia não ser o suficiente. Ness puxou meu lábio inferior com os dentes fazendo-me apertar ainda mais as mãos ao seu redor e beijá-la novamente, com ainda mais vontade. Ouvi Ness gemer baixinho contra meus lábios, o que foi o suficiente para me fazer recobrar a calma. Pegue leve, Jacob. Sem pressa, me obriguei a pensar. Tornei o beijo gradualmente mais lento e me afastei dela com cuidado, afrouxando o aperto das minhas mãos. Nessie continuava segurando meu cabelo e respirava com dificuldade, mas o sorriso não deixara seu rosto. As lágrimas haviam deixado um caminho seco por seu rosto e sorri ao apaga-lo com leves beijos. Deitei na grama e a puxei para deitar ao meu lado. Após algum tempo ouvi sua voz baixa: - Então quer dizer que todo esse tempo... Era eu?

– Sempre foi você, minha Ness. Eu só não podia contar. – respondi a observando. Porém em poucos segundos sua expressão foi de felicidade à raiva.

– Você é um idiota, Jacob Black. – ela acusou, a raiva palpável na voz – Sabe quantas vezes eu chorei por você? Quantas malditas vezes eu sonhei com você me trocando por alguma loba peituda por aí e me convidando para ser madrinha do seu casamento? – fiquei olhando-a em silêncio, os olhos arregalados enquanto eu entreabri a boca em espanto – O que é? – ela perguntou agressiva e eu explodi em risadas. Não sei por quanto tempo eu continuei rindo de sua acusação até que ela me socou forte no braço e eu gritei em reclamação.

– Você é louca. Faço isso tudo pra você, preparo tudo o que falar com antecedência, corro risco de ser morto pela sua mãe e você me bate? – perguntei indignado, passando a mão no braço.

– Culpa sua. É bem feito por todos os anos que me fez sofrer. – ela reclamou se sentando e cruzando os braços na frente do peito. Suas palavras me machucaram mais do que o soco.

– Ness... – chamei-a, puxando seu braço de leve até que ela me olhasse – A última coisa que eu queria no mundo era te magoar escondendo isso de você. Mas foi preciso. Por mais que tenha doído em mim também, eu precisei. Você precisava ter uma vida normal, precisava de escolhas. Precisava saber que não era obrigada a me amar, por mais que eu amasse você. – pude ver sua raiva se esvaindo, mas seus olhos ainda tinham um brilho triste. Puxei-a para mais perto de mim com um abraço e senti-a fechar seus braços em torno de mim com força – Eu sempre iria e vou te amar, mas você não era obrigada a isso, se não quisesse. Não sabe o quanto eu tive que me segurar pra não quebrar a cara daquele seu amiguinho Matt todas as vezes que eu o via olhar pra você. E não faz ideia de como eu estou feliz em te contar. Em te deixar saber que eu sempre vou estar aqui com você. Sempre.

– Mesmo? – confirmou com a voz manhosa.

– Mesmo. – respondi beijando-lhe os cabelos. – Agora você pode admirar um pouco da obra de arte que eu preparei pra você?

– Quase não dá pra acreditar que foi você quem fez – ela acusou rindo e levantando o rosto para me olhar.

– Olha, isso doeu.

– Bobo. – ela me deu um tapa de leve no lugar em que tinha me dado o soco e eu reclamei baixo. – Opa. Desculpa pelo soco. Eu me irritei – ela pediu, beijando meu braço.

– Eu mereci. – falei rindo. – Mas olha, acho que minha boca também está machucada, posso ganhar um beijo nela também? – perguntei inocente e ela riu enquanto aproximava o rosto do meu.

– Eu te amo, meu lobo. – ela disse e me beijou rápido, se interrompendo brevemente: - Só meu.

– Sempre. – confirmei a beijando novamente

– Temos que voltar pra ajudar o Seth. – ela lembrou.

– Sério? – reclamei não querendo sair dali.

– Sério. – ela disse rindo enquanto se levantava e me puxava pela mão. Ela ficou na ponta dos pés para me dar um beijo rápido – Corrida até a praia?