Acordei no dia seguinte mais feliz do que nunca só por saber que era sábado e que eu não precisaria encarar mais um dia de aula. Me peguei pensando em como eu sentia falta dos fins de semana a toa com Jake e Seth na reserva. Meu braço já havia melhorado e eu queria desesperadamente pular do penhasco com os dois.

– Sim, Ness, pode ir, só fique perto do Jake, ok? E ligue antes para saber se ele não está em ronda. Não quero você sozinha na floresta – meu pai falou em voz baixa do quarto ao lado.

– Mal acordou e já quer encontrar o Jake? – minha mãe perguntou ao meu pai, a voz bem mais baixa do que a que ele usara comigo. Sorri e peguei o celular. Disquei o número de Jake e esperei.

– Hey, Ness, saudades. Está tudo bem? – ele perguntou assim que atendeu, a voz animada, mas ofegante.

– Oi, Jake. Também estou com saudades... Sim, está, queria saber se você e Seth estão em ronda hoje.

– Eu acabei meu turno agora. O do Seth é em duas horas, por que?

– Queria passar um tempo com os meus dois lobos preferidos.

– Antes o lobo preferido era eu, agora eu tenho que disputar o lugar com um beta do meu próprio bando? – ele perguntou com a voz falsamente irritada.

– Deixe de ser egoísta, Jake, você sabe que o primeiro lugar é sempre seu.

– Sei e espero que continue sendo. Te pego aí em 15 minutos.

– Jake?

– Sim?

– Eu te amo. – falei quase que num sussurro. Ele riu e respondeu:

– Eu também, minha vampirinha.

–

15 minutos depois eu já estava esperando na entrada da floresta por Jacob. Senti seu cheiro familiar e sorri correndo ao seu encontro. Meu lobo estava correndo em minha direção e desacelerou quando me viu, me dando a oportunidade de me prender em seu pescoço absorvendo seu cheiro amadeirado que eu tanto amava.

– Se eu pudesse você não faria mais ronda alguma, ficaria o dia inteiro comigo. – falei e ele soltou um barulho parecido com uma risada e inclinou a cabeça em minha direção. – Vamos, quero ir de carona hoje. – me soltei de seu pescoço apenas para agarrá-lo novamente já em suas costas.

Enquanto corríamos, mostrei à Jake o que eu queria fazer. Visualizei a pedra do penhasco de onde saltávamos e, depois que Seth fosse para a ronda, iríamos para a casa dele almoçar com Billy.

Acho que ele deve ter repassado à Seth em pensamento, pois ele já nos esperava na pedra do penhasco quando chegamos. Desci das costas de Jake e fui abraça-lo.

– Jake disse que você tinha ronda em pouco tempo então não me preocupei em chamar Carol... Inclusive queria vocês dois só pra mim pelo menos por hoje. Dei um beijo em seu rosto e outro em Jake que vinha caminhando até nós agora já em forma humana, o rosto cauteloso. – quem vai primeiro?

Seth foi na frente e Jake e eu pulamos juntos, repetindo isso diversas vezes até que a hora de Seth chegou. Era 13h quando eu e Jake fomos ver Billy e terminamos de fazer o almoço, almoçando os três juntos na pequena cozinha da casinha vermelha que eu gostava tanto. Billy parecia satisfeito em me ver, ao que parece, também estava com saudades minha e eu também. Ele me deixava totalmente confortável na presença dele e a conversa era leve.

Ele ia encontrar vovô Charlie à tarde para pescar então esperamos com ele enquanto Charlie não vinha. Eu estava com saudades dele também, afinal, não tinha ido vê-lo no outro dia como tinha dito que iria.

– Nessie, olha só pra você, está tão grande! – vovô Charlie disse assim que me viu. Hesitou um pouco antes de me abraçar, mas eu me adiantei e o abracei pela cintura. – mas não mudou nada, um dia vou descobrir esse segredo dos Cullens e continuar tão jovem quanto vocês. – estremeci um pouco e sorri sem graça.

– Talvez seja da parte da mamãe também, você está ótimo, vovô. – falei me virando para olhá-lo. Depois de um tempo, meus pais concordaram que não adiantava me impedir de chama-lo desse jeito pois eu sempre esquecia e ele pareceu adorar a ideia. Ele estava com alguns cabelos grisalhos agora, mas em essência era o mesmo.

– Vocês vão conosco? – ele perguntou olhando para mim e Jake.

– Não mesmo, Charlie. – Jake respondeu – estávamos só esperando você chegar. – ele disse e se despediu dos dois. Eu fiz o mesmo e pulei em suas costas. Ele começou a entrar na floresta comigo e pude ouvir Billy e Charlie rindo longe.

– Onde vamos, Jake? – perguntei.

– Na cachoeira que te mostrei aquele dia. – Ele disse sorrindo.

Ah. Aquela cachoeira... O lugar onde ele me contou que já havia tido o imprinting dele. Suspirei.

– O que foi, Ness? – ele perguntou percebendo minha reação, girando meu corpo sem nem mesmo parar de andar, de forma que eu ficasse em seus braços, encostada em seu peito.

– Nada, Jake... – respondi pouco convincente. Deitei a cabeça em seu ombro e circulei seu pescoço com meus braços, absorvendo seu calor e sentindo seu cheiro que eu tanto amava.

– Ness... – ele insistiu me pondo no chão. Já estávamos na frente da cachoeira. Eu sabia que não adiantava mentir para Jake. Ele ia me fazer falar uma outra ou outra. Toquei seu braço e mostrei a hora em que ele me disse que tinha tido imprinting por outra pessoa. Toda a dor que eu senti ao dizer que ainda ia agir como amiga dele. – Ness... – ele repetiu, suspirando. A expressão de dor em seus olhos. Pensei em parar, mas depois eu ia demorar para sentir a mesma coragem que eu tinha agora. E se ele me rejeitasse por causa do imprinting dele, tudo bem... Eu conseguiria ficar com ele sendo só meu amigo. Eu daria um jeito. Continuei mostrando a ele, mas dessa vez outras coisas. Passei por como eu senti a falta dele quando estava no Alasca, como eu me senti quando achei que ele e Leah pudessem estar juntos, como me senti com o meu primeiro beijo – o nosso primeiro beijo -, tudo o que passava pela minha cabeça enquanto eu o olhava. Ele me interrompeu e me empurrou de costas para uma árvore, apertando minha cintura. – Que se dane.

Ele me beijou de forma quase violenta, suas mãos revezavam entre minha cintura e meu cabelo, me puxando cada vez mais para ele. Retribui o beijo e agarrei seus cabelos, o puxando para mim. Eu estava em êxtase. Se eu soubesse que ele reagiria daquela forma já teria contado há muito tempo.

– Eu amo você, Nessie. – ele sussurrou. – Caramba, eu amo você demais – ele falou alto rindo e eu ri junto. A felicidade que eu estava sentindo não cabia em mim.

– Eu te amo, Jake. Eu te amo demais, amo mais que tudo – eu respondi agarrando o pescoço dele de novo. Ele me girou num abraço apertado, me tirando do chão e pulou comigo na cachoeira. – Jacob! – reclamei, mas não pude evitar continuar rindo. Joguei agua na cara dele e ele me abraçou de novo, me dando outro beijo.

– Precisamos falar com a sua mãe. Sério, hoje. – ele disse, a testa colada na minha.

– Minha mãe? – perguntei confusa.

– Não quero ficar mais nenhum segundo longe de você, não quero ter que te ver com aquele Matt nunca mais, quero que ele saiba que você me ama e que eu vou ficar junto com você, só eu, com ele bem longe. – ele continuou. Será que ele ia...

– Jake? – chamei. Ele abriu os olhos e me fitou intensamente. – Você... Você não vai continuar com aquilo de me amar como uma irmã, vai? – ele suspirou.

– Como você quer que eu te ame? – ele perguntou, a voz não passava de um sussurro.

– Mais do que como amigo... – falei, com medo de assustá-lo se eu dissesse a palavra errada.

– Como o que, Ness? Diga...

– Como meu namorado. – ele sorriu de canto. – Namora comigo, Jake? – perguntei num impulso. Seu sorriso se alargou ainda mais.

– Não devia ser eu a pedir isso?

– Mas você é lerdo demais, até mesmo pra um lobisomem, estou te fazendo um favor. – eu ri e ele afundou minha cabeça na água de brincadeira – EI! – reclamei. Ficamos em silêncio por mais algum tempo até que eu insisti – Aceita?

– Sim, Ness, eu quero namorar você – ele respondeu rindo e me beijou – Mesmo que seus pais queiram me matar quando souberem.

– Está com medo de Edward, Jake? – perguntei, os olhos estreitos.

– Nunca tive medo do seu pai, Ness – ele bufou – Mas a sua mãe me assusta um pouco – ele completou me fazendo rir. – Nessie?

– Hm?

– O que acha de ficarmos aqui até a noite? Eu te levo pra casa depois e falamos com a sua família.

Sorri em concordância e o beijei. No fim das contas não foi difícil. Carol estava certa, Jake gostava de mim. Só precisava de um empurrãozinho.