Jake deu a partida da moto e arrancou com toda a velocidade. A paisagem a nossa volta era de um verde que parecia nunca ter fim e ficar abraçada a Jake fez meu milhões de borboletas se agitarem no meu estômago.

Meu coração estava muito acelerado e eu tinha três suspeitas do motivo:

Primeira: A adrenalina pela velocidade em que Jake dirigia – que eu achava que era a opção menos correta;

Segunda: Eu estar abraçada com Jake depois daquela manhã;

Terceira: Eu não parar de repassar o nosso beijo em pensamento.

Bem, eu diria que a segunda e a terceira estavam empatadas.

– Ness, o que acha de eu te levar em outro lugar ao invés da clareira? – Ele perguntou parando a moto no inicio de uma trilha, na encosta da estrada.

– Aonde vamos?

– Vem comigo. – Ele disse descendo da moto e me ajudando a descer, em seguida.

– Ei, eu sei descer sozinha, sabe? – eu disse rindo.

– Ah, eu sei, senhorita, mas eu quero te ajudar, posso?

– Claaaaro que sim.

Deixamos a moto la e ele entrou na trilha me dizendo para segui-lo.

Andamos alguns metros, por uns 5 minutos que mais me pareceram horas. Eu odiava trilhas. Era cheio de mosquitos, formigas e lama. Fiz menção de voltar umas duas vezes quando percebia que eu ia ter que passar pela lama, o que fez Jake ficar irritado e me pegar no colo para irmos mais rápido.

– Pronto, Ness. Agora feche os olhos. – Ele pediu me colocando no chão.

– Jake, se eu fechar os olhos vou pisar numa poça de lama ou cair de cara no chão. Você sabe que herdei os dois pés esquerdos da minha mãe.

– Não vai não. – Ele respondeu pegando a minha mão. Agora fecha os olhos.

Fechei os olhos e o deixei me levar. Agucei minha audição e consegui ouvir cada mínimo barulho do lugar. Desde as folhas secas que se quebravam quando nós pisávamos em cima de uma, até os barulhos dos passarinhos cantando. Consegui ouvir um barulho de água correndo em algum lugar próximo de nós, como se fosse um pequeno riacho. Andamos mais um pouco e o barulho de água ficou mais forte. Eu estava quase me irritando com toda essa espera e abrindo a boca para perguntar a Jake pra qual fim de mundo ele estava me levando quando ele falou um baixo "pode abrir os olhos" próximo ao meu ouvido.

Não era um riacho como eu imaginei. Era uma enorme cachoeira que desaguava num rio de águas quase transparentes com alguns peixes nadando ali e vários passarinhos cantando nas arvores ao redor. Se eu me sentasse ali e começasse a cantar, seria uma perfeita cena do livro "A Branca e Neve".

– Esse lugar é... é... – Eu não conseguia achar palavras capazes de descrevê-lo. "Lindo" e "maravilhoso" não chegariam nem perto da beleza do lugar.

– Incrível, não é? – Jake disse se sentando na beira do rio, balançando os pés na água.

– É quase mágico... – Eu concordei olhando um peixe dar um salto na água,

– Se aqui fosse mágico, o castelo de Hogwarts estaria aqui perto e eu estaria dando um "oi" pro meu amigo Harry Potter. – Ele disse rindo.

– HÁ-HÁ, você é tão engraçadinho, sabia?

– Eu faço o que posso. – Ele disse piscando um olho pra mim e fazendo meu coração perder o passo.

– Como você encontrou esse lugar? – perguntei mudando de assunto.

– Eu estava andando sem rumo quando estava em forma de lobo, enquanto fazia a ronda. Eu estava com sede, então ouvi o barulho de água e vim parar aqui. Achei que fosse gostar. – Ele disse dando de ombros.

– Eu adorei. É maravilhoso...

Ficamos alguns segundos em silêncio observando a paisagem quando me lembrei que Jake tinha que me falar algo.

– Hey, Jake?

– Sim?

– O que você queria me falar?

– Ah... Sobre isso... Bem, eu não queria te falar isso assim... Dessa forma... Mas não vai ter outro jeito, e provavelmente depois de hoje eu nem te veja mais, mas...

– "Eu nem te veja mais"? Jake você prometeu que nunca mais me deixaria. Você prometeu... – Meus olhos já estavam cheios de lagrimas. Mais um pouco e elas começariam a cair. Eu não iria aguentar ficar sem ele de novo. Não mesmo. E se ele fosse embora, eu ia junto dessa vez.

– Shii, Nessie. Shii. Eu não agüentaria ficar longe de você de novo. Se eu fosse sair daqui de novo, eu te levaria dessa vez ou em qualquer outra.

– Então fala de uma vez o que é! Não pode ser tão ruim assim. – Jake respirou fundo como se tomasse coragem. – Ou pode?

– Ness, você sabe o que é imprinting?

– O Billy me contou uma vez que é quando o lobo encontra a sua alma gêmea, alguém que ele vai amar pra vida toda. Ele disse que Quil teve um imprinting pela Claire e que ele, o Sam, teve um imprinting pela Emily, certo?

– Certo. Assim como Jared teve pela Kim e Seth sempre quis ter por alguém.

– Sim, eu sei, mas por que você está me contando isso? – perguntei com medo da resposta. Ele não podia ter tido o imprinting dele, não, não, não. Não podia! – Jake, você não teve...

– Sim, Ness, eu tive o meu imprinting. Há muito tempo.

Eu senti como se meu coração se quebrasse em mil pedaços. Toda a felicidade que eu estava sentindo pelo beijo, toda a maravilha e o deslumbro daquele lugar agora havia desaparecido. Era como se a beleza do lugar, as flores e os passarinhos cantando felizes, zombassem de mim e jogassem na minha cara um: "Hey, você está num lugar lindo e acaba de ganhar um fora eterno do cara que você ama. O dia não está maravilhoso?"

Eu tentei segurar a vontade imensa de chorar, a vontade de gritar e descontar minha raiva na primeira coisa ou pessoa que eu visse, mas não era justo destruir aquele lugar, e a única pessoa que estava perto era o Jake e por mais que eu estivesse com raiva, eu não me imaginava o assassinando. Talvez alguns tapas, mas não descontar TODA a raiva. Eu sentia raiva por ele nunca ter me dito sobre o imprinting, ou sobre a garota. Eu estava triste por sentir que o havia perdido para sempre. Eu me sentia traída, por sempre termos sido amigos e por eu sempre contar todos os meus segredos a ele, e ele não ter me contado sobre isso. Uma voz no fundo da minha mente gritou um: "Mas você nunca contou sobre o seu amor por ele. Será que você sempre contou tudo a ele mesmo?"

– Nessie, você está bem? – Ele me perguntou, num tom preocupado. Acho que eu estava calada há muito tempo. Segurei minhas lagrimas o mais forte que eu pude. Respirei fundo e olhei para cima, obrigando as lagrimas a voltarem para dentro dos meus olhos.

– Sim. Só estou... Surpresa. Por que nunca me contou dela antes? Achei que não tínhamos segredos. – Eu disse sem olhá-lo. Eu tinha medo de que assim que meus olhos parassem nos dele eu começasse a chorar e não pudesse controlar minhas reações. Eu queria beija-lo, eu queria abraça-lo e nunca mais soltar, eu queria apagar tudo o que ele havia dito, queria... Queria ele. Só pra mim.

– Porque eu tive medo, Ness. Tive medo de que você não quisesse mais me ver, que você ficasse triste, que isso estragasse nossa amizade. – "Amizade"... No momento eu não conseguia odiar mais uma palavra do que aquela.

– Eu nunca faria isso, Jake. Nós somos... Amigos, não é?

– Claro, Ness. Claro que sim.

– Quem é ela? Eu conheço?

– Conhece sim, Ness. – Opa, quem é essa vaca ladra de futuros namorados? – Mas é segredo, então eu não vou te contar. – Droga

– E como ela é?

– Ela é linda, divertida, ela me entende, me conforta, está sempre comigo e a coisa que eu mais queria é que eu pudesse ficar perto dela o dia inteiro, porque só assim eu fico totalmente feliz. Quando eu estou longe dessa garota é como se faltasse alguma parte de mim, como se nada me distraísse. Eu penso nela o tempo todo mesmo sem saber se ela pensa em mim do mesmo jeito.

– Hm, que menina de sorte... – Disse. Do jeito que ele falou, dava pra ver que ela fazia muito bem a Jake. Tão bem quanto eu nunca conseguiria fazer. Era exatamente assim que eu me sentia em relação a ele. Isso era tudo o que um dia eu sonhei que ele me dissesse. – Ela seria uma idiota se não te amasse de volta. – Disse baixo. Não queria que ele ouvisse, mas acho que não eu muito certo, porque ele me olhou com uma cara de quem diz: "Desculpe, não fiz por mal"

Eu não queria a pena dele. Não queria que ele soubesse o quanto eu estava sofrendo. Não era como se fosse culpa dele, mas isso não mudava os fatos. Eu estava sofrendo por uma coisa que ele não podia controlar, mas que tinha a ver unicamente a ele.

– Ela já sabe disso?

– Não. Ela acha que eu amo outra.

– Que idiota.

– Não, ela não é idiota. Nem um pouco.

– Desculpa, não era a intenção. – Era sim! Ela era idiota, por ter o Jake e não perceber o quanto ele a amava, o quanto ele precisava dela. Era uma idiota por deixá-lo sem saber se ela o amava de volta. Ela era idiota pelo simples fato de ter nascido e acabado com minhas chances com ele.

– Ness, me promete uma coisa?

– O que, Jacob?

– Que não vai ficar triste. Que vai continuar a mesma Nessie que eu tanto amo.

– Claro, Jake. Não vou mudar com você. – Eu respondi. Ainda evitava olhar diretamente em seus olhos por muito tempo. Alguma coisa me dizia que quando eu chegasse em casa iria chorar tudo o que estava segurando agora e mais um pouco. Mas eu não o deixaria ver isso. Ele não veria o que eu estava sentindo, como sempre acontecia.

– Jake? – O chamei.

– Oi, vampirinha.

– Me abraça?

– Claro que sim, Nessie. – Ele respondeu sorrindo e me levantou, me puxando para um abraço de tirar o fôlego. – Eu amo você, Ness. Mais do que qualquer coisa e qualquer um. Pra sempre. Não importa o que aconteça.

– Eu também amo você, Jake. Muito. Você nem imagina o quanto. – Eu disse, encostando minha cabeça no ombro dele. Uma lagrima solitária rolou por meu rosto, molhando a blusa de Jake. Enxuguei meu rosto rápido. Eu iria tê-lo. Não importava o quão difícil ou complicado isso seria. Eu era o fruto de um vampiro e uma humana - algo que todos considerável impossível -; eu era uma Cullen. Nada era impossível pra mim. E eu ia conquistá-lo, tendo a imprinting dos lobos do meu lado ou não.