O corpo da rosada tombou, mas antes que alcançasse o chão o anjo a segurara.

Passaram-se alguns segundos silenciosos, estes sendo cortados apenas pelo ressoar alto dos diversos trovões que iluminavam o céu fora da casa.

Todos ainda permaneciam em seus lugares.

Logo uma presença poderosa dominou o local. Tal presença possuía tanto bondade quanto crueldade. Era acolhedora e ao mesmo tempo assustadora. Possuía um brilho formidável assim como também estava presente uma escuridão avassaladora.

– Seja bem vinda Guardiã – murmurou a ruiva em uma breve reverencia, ato que foi seguido pelos demais presentes, exceto Lass.

A rosada abriu lentamente os olhos logo encarando o anjo que a observava curioso. A jovem levou a mão ao rosto do rapaz e acariciou o mesmo enquanto ainda mantinha fixo o olhar sobre o jovem anjo.

– E pensar que os anjos podem ser tão belos... – murmurou-a com uma voz completamente irreconhecível.

Os dedos da jovem traçaram caminho pela face do albino enquanto o mesmo apenas ficava sem reação perante tal ato.

Logo a mão da rosada pendeu novamente e esta apenas fechou suas orbes cor de jade.

Uma aura negra com partículas luminosas emanou do corpo de Rey e logo seguiu-se para o corpo do loiro.

Em segundos o sangue que se espalhava no chão secou enquanto a mesma fumaça tomava a forma de uma mulher.

Sua pele era branca como a neve. Seus cabelos, negros e longos, ondulavam como se a mesma estivesse em baixo d’água. Seus olhos, completamente negros como obsidian, transmitiam um ar sobre-humano enquanto o sorriso estampado nos lábios finos e delicados tornava-se cada vez mais cruel.

A jovem flutuava poucos centímetros acima do chão. A mesma trajava apenas um vestido longo e esvoaçante negro, cujo possuía poucos detalhes em prata.

– Finalmente... – a voz da mulher ressoara baixo.

Em apenas um movimento de mãos os oito espíritos presentes sobre as pontas da estrela transformaram-se em esferas de cores diversas. De cada esfera provinha um liquido da cor da mesma. Tal liquido pingava sobre o piso de madeira e logo o corroia rapidamente.

As oito pequenas bolas coloridas uniram-se em um circo frente a mulher que a pouco se fizera presente. E logo todas desapareceram.

A ruiva sorriu, logo aproximando-se do albino e o puxando pela gola da camisa para logo em seguida jogá-lo dentro do circulo, aos pés da morena.

– Seu humano – pronunciou a ruiva.

O albino ergueu-se de forma desajeitada, já que seus pulsos ainda permaneciam amarrados.

Antes que o jovem se pusesse de pé. Outro breve movimento da morena o fez levitar para ficar cara a cara com a figura fantasmagórica.

Por mais uma vez este encontrava-se assustado.

Seria morto? Se não... O que aconteceria consigo?

Engoliu em seco.

Os dedos frios da morena tocaram a pele quente do albino e logo escorreram em direção ao pescoço, descendo para a nuca a fim de tirar a mordaça do jovem.

A boca do jovem estava livre, mas sua fala ainda permanecia presa.

A morena apenas sorriu mostrando todos os seus dentes pontiagudos.

A ruiva sorriu de canto e logo a estranha voltou-se para a imortal.

– Obrigado por devolvê-lo a mim – murmurou-a com um pequeno sorriso ainda visível. – Seu desejo será atendido imortal – dito isso ambos, a morena e o albino, desapareceram em meio a fumaça negra.

– Só isso? – indagou o anjo.

– Sim... – murmurou a ruiva deixando-se cair sentada.

Estava exausta.

– Quem era aquela mulher? – perguntou o anjo por mais uma vez erguendo a demônio desacordada nos braços.

Um trovão ressoou alto por todo o cômodo.

– É o primeiro ser criado. É o ser perfeito. Aquele que possui o bem e o mal. A mãe de tudo que é bom e ruim – Azim arregalou seus olhos perante tudo o que escutara. Aquela figura não deveria existir... – Aquela é Lilith, a mãe de tudo e todos.