_ _ (16h12min) _ _ Quarto da Magali

– Como assim Magali? – perguntou se sentando na cama da filha. – Acabou o que?

– O meu namoro... Com Quim.

– Mas... – ficou sem entender – O que aconteceu? Pegou ele com a alguma outra garota? Eu sempre achei que ele era um bom menino e...

– Não mãe, não é nada disso! ... Foi eu quem terminou com ele!

– Por isso mesmo! Ele te traiu?

– Nãããooo mãe! Ele não me traiu!

– E o que aconteceu então?

– Eu terminei com ele por que... Eu to gostando... De outro garoto!

Dona Lili ficou de boquiaberta com revelação.

– Ai meu Deus...Quem?

– Que importa isso agora? – diz com mão no queixo – Só sei que ele ficou muito mal... E acabou me deixando mal também. Eu não queria fazer ele sofrer...

– Ah filhinha... Vem cá!

Magali colocou a cabeça no colo dela, e ela fez carinho.

– No começo é assim mesmo... Também né, deve ter sido um choque para ele, vocês estão juntos há tantos anos...

– A Monica falou que nem era namoro de verdade... Que era só namorico de criança.

– É, pode ser... – disse enquanto alisava o cabelo da comilona. – Mas pra você foi?

– Não sei... – diz suspirando – Talvez sim... Talvez não. Eu só sei que gostava bastante dele.

– Dele ou da padaria do pai dele?

Magali começou a rir da piada da mãe. Era obvio que ela gostava dois dois.

– Você pode até achar que foi um namorinho sem importância, mas se fosse... Vocês realmente estariam juntos até hoje?

– É... Você tem razão...

– Eu acho até que durou muito. Mas eu sabia que uma hora ou outra vocês iam acabar terminando...

Magali levantou a cabeça e se sentou.

– Como assim?

– Ora Magali, ninguém fica com uma pessoa só pro resto da vida. Um dia você ia ter se interessar de verdade por alguém, e não ia mais poder continuar com ele. Já aconteceu comigo uma vez... Me apaixonei quando era criança, namoramos, mas depois cada um seguiu a sua vida quando o relacionamento desgastou.

– Tem certeza que é assim?

– Claro, eu já tive a sua idade.

– Sério?

Dona Lili fez uma careta e Magali começou a rir.

– Tô brincando mãezinha... Mas então não tem nada de errado... Me apaixonar por outra pessoa?

– Claro que não! – diz rindo. – E eu já desconfiava que vocês iam acabar se gostando uma hora ou outra...

– Vocês quem?

– Você e o Cascão ué.

Magali olhou pra mãe assustada.

– C-como você sabe que é dele que...

– Magali, por favor! Como não ia saber?

– Mas...

– Eu sou sua mãe... E mães conhecem os filhos mais do que eles mesmos.

A comilona soltou um suspiro de cansaço e voltou a se deitar no colo da mãe.

– A senhora sabe se... Ele gosta de mim também?

– Magali, ele é louco por você. Você precisava ver a carinha dele te olhando no hospital, no dia em que você foi sequestrada... Pareceu até que ele estava mais preocupado do que eu o seu pai juntos, como se fosse possível – diz rindo.

– Sério? – perguntou sorrindo, com a unha do dedo polegar na boca.

– Sério... Agora que você e o Quizinho terminaram, eu acho que você devia dar um chance a ele.

– Eu não queria magoar os meus amigos... Eles vão sofrer se souberem que estamos juntos.

– Quem?

– O Quim, e a Cascuda a namorada dele...

– E quem mais?

Magali franziu a testa, tentando pensar em um outro alguém.

– Eu acho só eles. Mas mesmo assim, eu não quero faze-los sofrer por minha causa...

– No começo claro que eles vão ficar magoados, mas eles vão ter que se acostumar com esse fato, filha.

– Mas mãe... As pessoas vão achar estranho... Eu e o Cascão? Quem iria imaginar?

– Magali, eu sei que você tem um coração de manteiga e que não quer machucar as pessoas que você gosta, mas se você quiser ser feliz ao lado do seu amigo, pra isso vai ter que passar por todas as barreiras. Vai ser difícil? Vai. Vai ser estranho? No começo, vai. Mas é assim mesmo filha, o amor é assim... Complicado.

Magali fechou os olhos, pensativa.

– Você ainda é tão nova, tem que aproveitar a vida. Não desista dos seus sonhos...

A comilona sorriu, e abraçou a mãe.

– Valeu mamãe... Eu nem sei o que faria se não tivesse você do meu lado.

– Nem eu do seu! – disse apertando a filha.

Quando a ela já ia sair do quarto, Magali lhe chamou...

– Será que vou conseguir?

– Se você tentar e quiser... Vai com certeza!

Magali devolveu um sorriso e ela fechou a porta.