– E agora o que agente faz?

Mônica e Cebola ainda estavam no restaurante, sentados na mesa. A comida havia acabado de ser colocada, mas eles ainda não tinham sequer tocado nela.

Não fazia menos de cinco minutos que o sujinho e a comilona tinham confessado que bolaram aquele encontro secreto para os dois. Eles queriam parecer bastante irritados com a tal atitude, mas no fundo não era bem isso que eles estavam sentindo.

– Come, ué? – respondeu Mônica pegando seu garfo.

– Tem certeza que não é melhor agente ir embora... Afinal não tem nenhum admirador nem admiradora secreta.

– Você bem que queria não é?

– Não foi pra isso que eu vim? – respondeu o obvio.

– Desaforado...

– Por que? Você não veio fazer o mesmo? Não sei por que da raiva...

– Eu não estou com raiva!

– Mônica, não vamos brigar aqui no meio do restaurante, né?

– Olha Cebola, se você quiser ir, pode ir. Mas eu vou ficar e provar dessa comida que parece uma delicia.

– Ai tá bom… - disse prestes a dar a primeira garfada.

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Ainda no meio do jantar, Mônica sentiu alguma coisa vibrar na sua bolsa. Pegou o celular e atendeu.

– Alô?

– Oi Mônica, sou eu. Você ainda tá no restaurante?

– Sim, estou... Por quê?

– A Magali apareceu por ai de novo?

– Não, Cascão... Ela não estava com você até pouco tempo?

– É…– diz angustiado. – Enfim, se encontrar com ela, me avisa.

– Tudo bem.– diz Mônica sem entender.

Ela desliga o telefone, e continua olhando pra tela preocupada.

– O que foi? – pergunta com a boca cheia

– Sei lá… O Cascão ligou todo nervoso, querendo saber da Magali.

– Ela não saiu daqui com ele?

– Pois é. Será que aconteceu alguma coisa?

– Daqui a pouco ele encontra ela... Vamos continuar comendo?

– É... vamos…

Mônica continuava sentindo aquela angustia no peito, como se alguma coisa não estivesse bem. Depois daquela ligação, ela ficou preocupada e não conseguia mais terminar o jantar.

– Cebola, você se importa se eu for embora?

– Ué, como assim? A comida ta ruim?

– Não... Mas eu to preocupada com a Magali. Eu quero ir ver o que aconteceu.

– Liga pra ela, ué.

– Se o Cascão me ligou, é porque com certeza ela não está atendendo.

– Tudo bem – diz limpando a boca com o guardanapo. – Eu vou com você.

– Cebola, não precisa... Você nem acabou de comer...

– E nem você, oras. Mas eu vou sim.

Mônica resolveu não discutir, e abriu um sorriso. Ele se levantou e ela em seguida. Os dois caminharam até o lado de fora, e chegando lá Cebola parou em frente a ela.

– O que foi?

– Eu só queria dizer que… Eu adorei muito jantar com você hoje... E... – ele abaixou a cabeça envergonhado. – Queria lhe pedir perdão... Por todas as coisas que eu aprontei com você desde que começaram as aulas.

Mônica estava surpresa diante daquele pedido de desculpas. Quem poderia imaginar que Cebola fosse assumir os erros, depois de tantas brigas.

– Ahm... E-eu também queria me desculpar por sentir tantos ciúmes de você...

– Mônica, eu... Eu quero começar do zero.

Ela não entendeu direito o que ele quis dizer com isso. Cebola então tirou algo de trás dele e estendeu pra Mônica.

– Pra você... Vamos esquecer tudo que aconteceu. E começar de novo.

– Er... Eu... – Mônica pegou a flor da mão dele e ficou sem ter o que dizer.

– Não precisa falar nada agora. Nós ainda vamos ter muito tempo pra conversar sobre isso – ele pegou na mão de Mônica, e ela sorriu sem graça.

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Na saída do hospital, Cebola estava levando Mônica para casa, pois já estava tarde e eles precisavam descansar, principalmente ele que tinha acabado de viver uma aventura daquelas, e precisava dormir.

Chegando na porta, ele se despede da garota com um beijinho na bochecha. Ela então o puxa para perto e...

– Eu já disse o quanto orgulhosa eu estou de você, hoje? – disse colocando os seus braços em torno de seu pescoço.

– Sabe que eu não sei... – respondeu sorrindo.

– Pois eu estou muito orgulhosa!

– Repete...

– Eu estou...

– Não! Repete aqui... – diz apontando pro seu ouvido.

Mônica ri e faz o que o garoto pede, no final eles acabam com outro beijo romântico.

– Tchau... – diz se afastando.

– Tchau – ela acena e entra em casa, feliz da vida.

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No dia seguinte, Mônica acordou bem cedo para ir visitar a sua amiga no hospital. Mesmo que ela tenha dormido pouco, não podia aguentar de ansiedade pra rever a comilona.

Tomou um rápido café, e combinou de encontrar os pais lá, pois eles também iriam mais tarde.

Quando abriu a porta, estava quem ela menos esperava.

– Cebola? – perguntou abrindo o sorriso. – O que você tá fazendo aqui?

– Vim buscar minha namorada pra ir no hospital comigo, ué.

– Mas Cê porque você não tocou a campa... – Mônica parou de falar imediatamente ao perceber que havia alguma coisa errada naquela frase. – Perai, o que você disse?

– Que eu vim buscar a minha namorada. – disse sorrindo e caminhando até ela.

A boca de Mônica se abriu. Ela estava chocada, paralisada, pasmada, emocionada, e todas as palavras que pudessem descrever aquela reação.

– V-v-você disse que eu sou sua...?

– Namorada? É, eu acho que foi exatamente o que eu disse… A não ser que você não...

Cebola é interrompido por um beijo apaixonado de Mônica.

– Se eu quero, Cebola? Você ainda pergunta? – diz já lagrimas nos olhos.

[FIM DO FLASHBACK]

– E foi isso... – disse por fim se jogando pra trás na cama.

– Awwww que tudo! – comemora a comilona batendo palmas. – Então vocês estão namorando de verdade, agora?

– Parece que sim...

– Ai amiga – disse abraçando-a apertado. — Graças! Finalmente esse plano deu certo, e agora vocês podem ser felizes e sem brigas, para sempre!

– Quem disse?

– Quem disse o que?

– Quem disse que não vai ter brigas?

– Ah não, Mônica! Pelo amor de Deus! Não vai dizer que vocês dois já brigaram de novo?

Mônica começou a rir.

– Amiga, sem brigas de vez em quando em um relacionamento, é ruim... Você sabe muito bem já que nunca briga com o Quim.

– É verdade... – diz colocando a mão no queixo. – Brigas também fazem parte.

– Viu só? Mas agora vamos parar de falar um pouco em meninos, e assistir um filme! Que você está precisando.

– Esquece, meu pai não vai deixar eu sair de baixo das vistas dele por um tempo.

– E quem disse que agente vai sair? – Mônica tirou da bolsa um DVD e colocou na TV de Magali.

A comilona pegou a capa e estranhou.

– Filme de romance? Não era você que tinha parado literalmente com essas coisas?

– Todo mundo precisa de um filme agua com açúcar de vez em quando, né?

As duas dão risadas juntas e assistem ao filme, com direito a choro no final.