I Hate You Then I Love You (mcfly) escrita por Tatiana Mareto


Capítulo 6
Capítulo 5




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O carro que parou na frente do hotel que concentrava os rapazes do McFly estava pronto para resgatar um dos maiores sucessos da Inglaterra. Apesar da fuga de Tom, que todos sabiam tinha ido atrás de mim, os rapazes tentaram se passar incógnitos. Mas isso era impossível. Milhares de fãs se amontoavam na porta do hotel para esperá-los... e elas sequer sabiam direito o que eles fariam durante o dia. Ou com quem estariam. Eles iriam direto para os estúdios, pois já estavam atrasados e eles não tinham tempo para autógrafos ou fotografias. E se eles sabiam alguma coisa sobre mim, era que eu era bastante pontual; detestava atrasos, detestava que minha agenda não fosse cumprida à risca.

O que eles não sabiam era que eu estava atrasada. Eu, na verdade, fui salva pelo pequeno atraso do McFly. Sim, porque eu atrasada seria algo muito inédito. Ficou parecendo que eu os esperava há muito tempo quando o grupo finalmente chegou onde as fotos seriam tiradas. Fotos, roupas, tudo seria tirado. Júlia estava sentada, revisando alguns detalhes com o fotógrafo, quando os rapazes chegaram. E ela agradeceu por estar sentada.

— Alguém pediu uma pizza para viagem? – Danny chegou brincando.

— Se for de calabresa, é minha. – Tom veio da minicozinha, bebendo água. Ele estava ansioso esperando que todos chegassem, porque os acontecimentos do dia eram promissores.

— Opa... acho que entramos no estúdio errado. Você ainda pertence a esse grupo, Fletcher?

— Não seja ciumento, Jones. - Tom resmungou. - Ansioso para o acontecimento do século?

— Está se referindo a certa pessoa encontrando-se com outra certa pessoa em um comercial de roupa íntima? – Danny caiu na risada.

— Não poderia ser outro.

Enquanto os dois conversavam, Dougie também chegou. Trazia uma mochila, e sorria timidamente. Júlia olhou algumas das fotos que Lydia havia lhe dado... e eles eram ainda melhores pessoalmente. Claro que eram, na verdade, eles estavam. Se ela tivesse conhecido aqueles garotos quando eu os conheci, ela jamais os acharia tão lindos. Ou ficaria mais chocada. Apesar de que a sua cara de boba já estar muito digna de um choque absoluto.

— Brenda! – Danny exaltou-se quando me viu chegando. Eu ainda nem tinha percebido que eles chegaram, apenas queria beber água.

— Danny Jones! – Fui cumprimentá-lo, olhando discretamente para a porta. – Se eu te visse na rua jamais te reconheceria! O que fez com seu cabelo, você acabou com seus cachos! – Ei riu.

— É, comentaram. Céus, quanto tempo que não nos vemos!

— Conheça a sua outra produtora, Júlia. – Apresentei minha amiga. – E sim... posso até dizer que tive saudades.

— Você se lembra do Dougie, certo?

— Lembro daquela criança que vocês adotaram no grupo. – Eu tinha que implicar. Dougie estava bem diferente, e bem mais lindo. – Ele já pode dirigir e beber álcool?!

— Eu sou uma criança crescida. - Dougie riu, e me beijou na face. – Como vai?

— Bem. Somos só nós? Onde está...

— Se você está perguntando por Harry, ele...

Antes que Dougie pudesse terminar sua frase, Harry cruzou a porta, gargalhando com alguma coisa que ninguém entenderia. Harry adorava rir sem ninguém entender, e aquele bom humor não podia ser por causa do comercial. Mas ele entrou, e o clima na sala congelou. Ele parou, olhou em volta e percebeu que se tornara, subitamente, o centro das atenções.

I'd like to run away from you

But if I were to leave you I would die

I'd like to break the chains you put around me

And yet I'll never try

No matter what you do you drive me crazy

I'd rather be alone

But then I know my life would be so empty

As soon as you were gone

— Ahm… perdi alguma coisa. – Ele ainda tinha o sorriso nos lábios. Dougie se moveu, e eu fiquei de frente, exatamente, para Harry. Senti um arrepio me percorrer a espinha, ele perdeu o ar. Aquele encontro poderia não ser nada demais, afinal eram cinco anos sem sequer falar com ele. Aquele encontro poderia representar somente dois velhos conhecidos se vendo depois de tanto tempo. Mas algumas pessoas presentes tinham certeza que seria mais do que isso, eu sabia. Porque eu e Harry sempre tivemos mais do que um caso mal resolvido.

— Se perdeu, acabou de encontrar. – Mais brincadeiras de Danny, que zombaria até o limite.

— É impressão minha ou o meu relógio parou? – Júlia olhou para o equipamento em seu braço, aparentemente inútil. Tom pegou-a pela mão para ver se o relógio estava parado. O ponteiro dos segundos não se movia.

— Sim, parou; deve ter sido a bateria.

— Com tanta eletrostática, não duvido nada. – Júlia se tremeu toda. – Tem eletricidade correndo pela sala!

— Ok, agora que o musgo chegou, vamos começar. – Virei de costas, sentido seu coração bater bastante acelerado. Eu queria agir como se nada tivesse acontecido, porque, para mim, nada tinha acontecido. Nada poderia ter acontecido. – Vocês foram informados do roteiro?

— Nem faço ideia do que viemos fazer aqui. – Harry jogou suas coisas sobre um sofá.

— Nem eu perguntei a você, mas é de se esperar que não saiba o que fazer. Vista-se e siga o fluxo.

— Des-vista-se você quer dizer. – Tom, se intrometendo. Júlia sentiu um novo calafrio.

— Tom, você fique de bico fechado e vá se arrumar. Nós vamos fazer uma sessão de fotos. Está vendo mais alguém aqui além do fotógrafo? Não? É porque não tem! Somos eu e Júlia com vocês, desmiolados juvenis, então contenha-se ou será expulso.

— Ei, você me chamou de desmiolado! – Dougie reclamou.

— Pior, nos chamou de juvenis. – Dougie protestou.

— Ela esta estressada. – Júlia tentou organizar o ambiente. – Vamos rapazes... vocês precisam vestir uns vinte figurinos até o almoço, e fotografar com todos, dentro do estúdio, no fundo azul. Parece fácil, mas vocês sabem que não é...

— Sim, chefe.

Os rapazes foram ao vestuário, enquanto eu rodava pela sala, nervosa. Júlia não se lembrava de me ver daquela forma, porque eu não costumava ficar estressada. Bem, não era verdade, eu sempre fui estressada. Mas não daquela forma. E meu ex parecia estar se divertindo bastante com tudo aquilo. Era um tanto quanto mórbido, todo mundo tinha que admitir. Diversão à custa da amiga que parecia sofrer. Mas ao mesmo tempo, todo o sofrimento parecia inexplicável. Porque não era para eu sofrer daquela forma, e parecia que a cada instante meu controle se perdia mais e mais. Era como se eu estivesse despencando, e tudo isso porque um carinha qualquer tinha aparecido.

— Vamos começar com quem estiver pronto primeiro. – Júlia bateu na porta do vestuário. Lidar com homens pouco vestidos não era novidade e nem seria um problema. Nós estávamos acostumadas, porque sempre fizemos todo tipo de produção. E quem estava pronto era Danny, que parecia mais rápido para tirar a roupa do que os demais.

O fotógrafo não teve trabalho com Danny, que parecia bastante confortável na frente das câmeras.

— Já fizemos muitos photoshoots. – Ele disse, se jogando no sofá branco quando Júlia pediu que fizesse algumas fotos deitado. – E são todos iguais...

— Mas quase nunca tirou fotos completamente sem roupas. – Dougie considerou.

— Você é o envergonhado do grupo. – Harry riu.

— Até parece que ninguém aqui se recorda que ontem ainda estávamos nadando pelados em uma piscina. - Tom resmungou alguma coisa.

A última sessão de fotos ficaria com Harry, que fora o último a sair preparado. Como eu já esperava; ele sempre o mais lento.

— Ele precisa ajeitar o jeans. – O fotógrafo apertou os lábios enquanto observava o modelo. Havia alguma coisa errada.

— Sim, as fotos devem mostrar as boxers. – Eu entendi o problema.

O fotógrafo tentou explicar a Harry para ajeitar os jeans da forma que queria, mas ele não entendia. A comunicação estava precária, mas ela sempre seria quando o assunto fosse Harry Judd.

— Isso está uma torre de babel. Você precisa limpar os ouvidos, musgo. – Protestei.

— Mostre a ele. – O fotógrafo teve a brilhante ideia.

You make me sad

You make me strong

You make me mad

You make me long for you

You make me live

You make me die

You make me laugh

You make me cry for you

Levantei-me, relutante, da almofada na qual me acomodei. Enquanto Júlia andava para cima e para baixo com os outros três, para que continuassem a se arrumar, sobrou para mim ter que ensinar Harry a se vestir direito. Algo que eu nunca fazia com prazer.

— Está errado. – Eu disse, aproximando-me dele, que estava em pé um tanto confuso.

— Eu sei, mas não entendi. Mostre-me o que. – Ele a desafiou, e levantou os dois braços. Segurei os jeans que ele vestia com as duas mãos e puxei para baixo, com força.

— Agora sim... se você entende o que deve mostrar. – Eu o encarei. – Isso não é comercial de caretas, mas de cuecas.

— Sim, chefe. – Ele provocou mais um pouco. Estávamos olhando nos olhos um do outro quando Júlia chegou, palmtop na mão, revendo horários. Chegou a trombar comigo.

— Desculpe. – Ela disse. Sentiu a estática novamente, como se houvesse um campo eletromagnético ao nosso redor. Eu senti. – Brenda?

— Comporte-se, musgo. – Falei, e afastei-me dele, arrastando Júlia comigo. Joguei-me nas almofadas onde estava antes, suando frio.


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