I Hate You Then I Love You (mcfly) escrita por Tatiana Mareto


Capítulo 5
Capítulo 4




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Se eu já estava estressada com todas as revelações, com todos os segredos que guardei a sete chaves pulando para fora do buraco ao mesmo tempo, trabalhar até no mesmo país que Harry Judd já servia para me deixar muito tensa. E as coisas não pareciam conspirar a meu favor. Mas eu já deveria estar acostumada. Nada na Europa conspirou a meu favor durante todo o tempo em que morei por lá. Não podia mudar tudo de repente. Eu soube, desde o início, que essa história de trabalhar em Londres ia dar errado. Muito errado.

Enquanto as coisas não se encaixavam no escritório da produção, em algum lugar da cidade as coisas não eram muito diferentes. O McFly estava discutindo sobre as próximas atividades, em um dos poucos momentos de preguiça.

— O que sabemos dessa nova invencionice?

— Nada. – Disse Danny, olhando os panfletos. – É apenas mais um photoshoot, e algumas outras frescuras. Estamos sempre fazendo isso; estamos com uma equipe nova, é isso. Não queremos mercado? Precisamos nos manter por cima, pessoal.

— Eu não sei se confio em produção nova. – Dougie resmungou. – Tenho medo de novidades.

— A produção é velha. – Harry implicou. – Vocês é que ainda não reconheceram.

— E deveríamos? – Dougie jogou-se no sofá, tomando os panfletos da mão de Danny. – Hum... são brasileiras? Quem é brasileiro?

— São mulheres! – Danny animou-se.

— Sim... e uma delas você conhece! – Harry deu um tapinha na nuca do amigo.

— Conheço? – Danny leu o folder nas mãos de Dougie, tentando imaginar quem afinal ele conhecia.

— Sim tonto. É Brenda...

— Brenda? – Danny arregalou os olhos. – A Brenda... o amor de sua vida?

— Ficou louco, Danny Jones? – Harry engasgou com sua própria saliva. Protestou, assustado com o comentário repentino do amigo. – Que amor da minha vida o que... só pode estar bêbado! De onde tirou essa conversa?

— Ih... é ela mesmo. – Dougie caiu na risada. – Então, Brenda está de volta; agora é que Harry não se concentra mais.

— Do que raios vocês estão falando? – Harry continuou protestando aos comentários dos amigos, irritado. – Vocês acham que Brenda vai me afetar depois de tantos anos?

— Ela sempre te afeta, amigo. – Danny bateu nas costas de Harry. – Você é completamente louco por ela.

— Vocês é que estão loucos! – Harry tomou o panfleto das mãos de Dougie. – Muito loucos... devem ter colocado algum remédio na água!

E no escritório, o dia acabava. Nós organizamos toda a agenda para o dia seguinte, com o McFly. Programação de fotos e filmagens. Júlia estava animadíssima, enquanto eu estava frustradíssima. Eu mal tinha ouvido algumas músicas do McFly. McFly era o grupo do Tom, mas também era o grupo do Harry, e eu o tinha apagado de minha vida enquanto estive de volta ao Brasil. Mas então eu teria que trabalhar com eles. No caminho para o hotel, paramos em uma loja de CDs. Afinal, eu detestava sentir-se ignorante.

— O que vamos fazer? – Júlia refletiu, olhando os CDs.

— Devemos conhecer os clientes. – Ponderei, ainda em dúvida. - Será que temos álbuns do McFly aqui?

— Certamente! – Júlia puxou um CD do meio de tantos. Nele, a foto estampada de um grupo de rapazes. Quatro, ao todo. Radio:Active, era o nome.

— Então vamos levar, né?

— Claro! – Júlia estava empolgada. – Preciso saber com o que estou lidando, exatamente como você.

Júlia acabou por comprar dois CDs do McFly, um deles era bem antigo. Eu vi Tom na capa, tão jovem, tão parecido com o Tom que eu conhecia antes, quando eu ainda morava em Londres. O vendedor disse que aquele CD era muito bom, e que tinha uma música bem romântica. Júlia nem estava pensando em ser romântica, mas eu apostava que ela gostou da ideia de ouvir a voz de Tom em músicas românticas. E eu deixei que Júlia escolhesse os CDs porque eu mesma não estava a fim de ser parcial quanto ao McFly. Eu até estava pensando neles mais do que devia.

O dia seguinte seria bastante puxado, mas ninguém conseguiu acordar cedo. Nós dormimos ao som de McFly, deliciadas. Como eu conhecia Tom bem demais, foi surpreendente ver a sua voz em remixes. Eu já o tinha ouvido cantar, ao vivo, para mim, em festas. Mas não daquela forma, e não aquelas músicas. Mas a festa noturna custou caro, porque tivemos a maior dificuldade de chegar na hora ao estúdio, no dia seguinte. E eu nunca, mas nunca mesmo, me atrasava. Aquilo era devastador demais para mim.

Não daria tempo para café da manhã ou muita produção. Qualquer roupa que eu pudesse vestir servia. Comeríamos uma barra de cereais no caminho. Mas antes de pensarem em chamar um táxi, meu telefone de tocou. Previsível...

— Tom? O que foi tão cedo? – Eu sempre sabia que era ele, antes mesmo de olhar o número.

— Abra a porta. – Ele disse, rindo. Júlia ouviu barulhos do lado de fora e abriu a porta, para encontrar Tom rindo bastante do outro lado.

— Meu Deus, você não tem o que fazer não? – Irritei-me, desligando o telefone.

— Você acha mesmo que eu ia deixar você ir de táxi para se encontrar comigo? Além do que, eu preciso estar junto quando acontecer o reencontro do século; Brenda e Harry Judd, depois de cinco anos; quase que eu vendi ingressos para isso! – Tom entrou e beijou a mão de Júlia. – Bom dia, senhorita.

— Não acredito que você sabia! – Fechei as duas mãos em formato de punho e bati nele sem piedade alguma.

— Claro que eu sabia! Vamos, eu levo vocês até os estúdios.

Júlia se divertia, enquanto eu tinha certeza absoluta que os céus estavam perversos. Todo mundo sabia, até mesmo Tom. Eu cheguei a pensar que aquilo tudo seria uma conspiração; não podia aceitar que tantas coincidências acontecessem ao mesmo tempo. Seguimos Tom até o carro, já bastante atrasadas para o que tínhamos planejado.

— Vamos repassar o programa? – Pensei, estalando os dedos.

— Não precisa ficar nervosa, darling... – Tom implicou.

— Cale-se Tom! Júlia, hoje a programação é mesmo do estúdio; você está com o roteiro?

— Claro. Fotografias de manhã, filmagem do comercial de tarde. Por que tão corrido?

— Talvez porque os modelos sejam muito ocupados, e não possamos dispor deles por muito tempo. – Eu impliquei.

— Ok, e o que vamos fotografar, mesmo?

— Ah... a marca se chama CKU. Que nome estranho, sei lá do que se trata! Eu deveria ter perguntado à Lydia ontem, eu detesto ficar por fora das coisas!

Naquele instante, Tom caiu na gargalhada e interrompeu as minhas conjecturas. Ria tanto que quase bateu o carro. Olhei para ele assustada, e Júlia provavelmente não se espantaria com mais nada naquela viagem. Afinal, ela achava que já tinha visto de tudo.

— O que foi, homem? – Júlia perguntou.

— Vocês não conhecem a CKU? – Ele quase não conseguia falar.

— Não... deveríamos? É marca europeia, não?

— Claro que não! Brenda, faça um favor. – Tom fez um movimento com o corpo. – Coloca a mão aqui, no cós da minha calça.

— Você bebeu? – Quase engasguei com o ar. – Que colocar a mão na sua calça o que!

— Estou falando sério; puxa o elástico da minha boxer!

— Você surtou de vez! – Puxei a borda do elástico que estava meio para fora do jeans. – É preta, o que tem?

— Lê o nome!

— Que nome?

— Que está na borda!

— Não dá para ler... só que começa com C...

— CKU! – Júlia arregalou os olhos.

— Então CKU é uma marca de cuecas? – Senti um arrepio me percorrer o corpo.

— É Calvin Klein Underwear, suas tolinhas. - Tom ia passar mal de tanto rir.

— Vamos filmar o McFly vestindo isso?

— Vamos fotografar. E sim, alguém realmente me ama. O dia hoje será ótimo. - Ele disse.


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