I Hate You Then I Love You (mcfly) escrita por Tatiana Mareto


Capítulo 28
Capítulo 27




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Cinco dias depois...

Júlia acordou zonza, incomodada com a claridade. Esfregou os olhos e se levantou com cuidado, para não acordar Tom, que dormia sereno. Ela beijou-lhe a face e foi fechar as cortinas. Mas não dormiria mais, já era hora de se levantar, porque ela tinha trabalho. Não estava de atestado médico, como os outros três.

O telefone tocou, Júlia correu a atender. Era muito cedo ainda, quem poderia ser além de mim.

— Fale, Brenda.

— Tom está acordado? – Ela perguntou.

Júlia podia negar, mas ela tinha ciúmes. Não, ela morria de ciúmes. Eu e Tom tínhamos um relacionamento que era um pouco demais para qualquer um suportar. Ele confessou que me amava. Ele criou o meu filho. Júlia sabia que era o passado, e que, naquele momento, Tom era seu, e se dizia apaixonado. Ainda, ela sabia que eu amava Harry. Que o relacionamento entre nós não tinha dado certo. Mas era como se aquilo fosse persegui-la para sempre. Claro que ia, e ela sabia. Principalmente porque eu só queria saber de Tom, naqueles dias. Eu estava impossível, ainda mais do que o tolerável. E Tom parecia ser o único ser humano capaz de suportar-me. Mas nós éramos melhores amigos. As regras do jogo eram aquelas, e ela também sabia.

— Ainda não, por que?

— Precisava do carro, Harry sai hoje do hospital.

— Ele não tem carro? Quero dizer, ele não tem quem o pegue no hospital?

— Eu queria buscá-lo na SUV; queria eu buscá-lo, entende? Bem, vou passar aí para pegar as chaves. Depois me entendo com Tom.

Desliguei o telefone subitamente. Júlia voltou para seu ritual matinal de limpeza. Em menos de cinco minutos, a porta do quarto estava abaixo com batidas estridentes. Júlia tinha que ter paciência comigo, mas devo admitir que não era fácil. Desde que eu deixei o hospital e Harry ficou lá, ela estava daquele jeito. Como se um dia eu tivesse sido muito diferente. Mas o fato de Harry não falar comigo, não me deixar visitá-lo e não me dar atenção era um agravante enorme.

Tom acabou acordando com o barulho. Júlia enrolou-se no roupão e foi me receber.

— Você já foi liberada pelo médico para derrubar portas? – Ela brincou.

— O motorista me leva, mas quero a SUV.

— Tom acordou.

— Não tenho tempo, ou toda a família dele aparece e o leva.

— Você deveria deixar. – Júlia fez um movimento negativo com a cabeça. – Afinal, é a família dele.

— Sou a mãe do filho dele. – Fiz drama. – Ok, estou sendo brega. Dê-me logo as chaves, Júlia.

Sem chances de ganhar de mim em uma discussão, Júlia entregou-me as chaves do carro de Tom. Eu já tinha aliciado o motorista da empresa, e fui até o hospital buscar Harry. Mas cheguei atrasada. Segundo os enfermeiros, Harry tinha sido liberado naquela manhã e seus familiares o haviam levado para casa em uma ambulância. Sim, uma ambulância era muito mais prudente. Mas eu senti uma coisa dentro de mim, e não era nada bom. Aquela história já tinha dado o que poderia. Eu estava acostumada a ignorar Harry, mas ele não poderia ousar fazer o mesmo comigo. Estava na hora de usar o telefone.

— Alô. – Uma voz que ela ignorou atendeu. Liguei, do hospital mesmo, para o celular dele. Estava na caixa postal, mas ela insistiu até que alguém atendeu.

— Preciso falar com Harry Judd por favor.

— Sou eu, Brenda. – Danny riu. – Que saudades, faz dias que não nos falamos!

— Danny!! Você está com Harry?

— Sim, e você? Não vem para cá? Está onde?

— Eu vim buscá-lo no hospital, mas ele não quis vir comigo.

— Como assim? – Danny coçou a cabeça. – Ele ficou te esperando, não queria vir. Nós o arrastamos à força, mas ele continua aqui te esperando. E está chato.

— Onde vocês estão?

— Na minha casa.

Entreguei o telefone para o motorista, que se encarregou de pegar o endereço com Danny. Eu sabia onde era, mas não queria explicar. Estava ansiosa. Pedi que ele pisasse o acelerador o mais fundo possível. Queria chegar logo ao meu destino. Esfregava as mãos e sentia dor aonde alguns pontos ainda resistiam. Eu deveria estar tão agitada, mas estava. A adrenalina percorria meu sangue e eu nem entendia a razão. Parecia uma adolescente ridícula.

O motorista estacionou a SUV e eu pedi que ele a retornasse para Tom. Eu poderia demorar ali. A casa de Danny era linda, e precisei chamar no portão eletrônico e aguardar vários minutos. Logo, Danny e Dougie vieram me receber.

— Brenda! – Dougie me beijou. – Você está pálida.

— Eu também te amo. – Brinquei. – Estou meio dolorida, é isso.

— Venha comigo. – Danny não fez cerimônias; segurou-me em seus braços e me levantou no colo.

— Ei... eu estou bem e...

— Sem discussão. – Ele ficou impassível. Conduziu-me nos braços até o hall de entrada da casa, com Dougie rindo bastante atrás. Ele achava graça de tudo. – Não serei responsável por seu retorno ao hospital.

— Como está Harry?

— Chato. – Dougie foi quem respondeu. – Quase insuportável.

Os rapazes riram, como se fosse nenhuma novidade Harry estar chato. Eu quis rir também, com eles. Mas a minha postura Brenda estava totalmente armada. Minha defesa maior era ser eu mesma. Mal criada e mal humorada. Caminhamos, Danny me carregando ainda, até um quarto no primeiro andar. A casa tinha dois andares. Isso eu já sabia. A porta foi aberta por Dougie. Eu fui colocada no chão. Lá estava Harry, deitado na cama e olhando para o teto. Torci os lábios e entrei, pisando devagar. Eu sabia que ele estava irritado comigo. Eu estaria irritada comigo. Mas eu não admitiria que ele me tratasse da mesma forma que eu sempre o tratei.

— Harry. – Disse seu nome, e ele virou-se para mim. Eu não consegui identificar o brilho em seu olhar, então iniciei meu discurso. – Veja bem, seja lá o que for que se passe nessa sua cabeça descerebrada, o passado já aconteceu. Eu não posso voltar atrás, Deus sabe como eu queria. Só que tem um...

Eu falava e gesticulava, ao seu lado na cama. Com um sorriso fino nos lábios, ele levou o dedo indicador até os meus e me calou.

— Shhh... o que deu em você? Que falatório é esse?

— Eu só queria dizer que eu não sabia que o menino era seu filho. Se eu soubesse, se eu tivesse a menor crença que ele poderia ser filho de outra pessoa que não daquele monstro, eu não teria...

— Brenda. – Ele me interrompeu novamente. – Você não precisa me explicar mais outra vez, eu já entendi tudo que aconteceu. Depois do que você passou, não se poderia esperar outra reação, certo?

— Você não está zangado? Irritado?

— Não! – Ele deu uma risada. – Confuso e ansioso sim, eu fiquei bastante. Mas já passou, eu estou absorvendo as coisas.

— Então por que você não falou comigo, não atendeu meus telefonemas, não...

— Você precisava descansar, eu tinha que te deixar descansar. Se eu ficasse ligando, você nem sairia do hospital. Se eu te desse atenção, Brenda, você jamais conseguiria sossegar.

— Então fez isso para me afastar conscientemente? – Exaltei-me.

— Não seja irritante, mulher... – Ele riu. – Venha cá.

Harry então me puxou para perto, e eu quase caí por cima dele, na cama. Nós não tínhamos espectadores, os rapazes nos tinham deixado em paz por alguns minutos.

— Eu deveria...

— Eu te amo. – Ele disse, beijando-me nos lábios. – Eu te amo, eu amo a ideia de ter uma família com você, e eu nunca fui tão feliz, antes. – E, quando dei por mim, eu já estava na cama com ele, e estávamos nos beijando com a mesma intensidade de quando nos beijamos pela primeira vez. Mesmo que tenha sido uma primeira vez totalmente equivocada.

Depois de alguns minutos em que somente nos beijávamos, enquanto eu ainda sentia os lábios de Harry sobre os meus, ele resolveu voltar na conversa que me afligia.

— Quero ver meu filho. – Ele disse, respirando lentamente.

— Ele está com os pais de Tom. Acho que, no final das contas, ele está meio assustado com tudo.

— Peça para alguém trazê-lo aqui. – Harry sorriu, pensativo. – Eu tenho um filho; há quase seis anos, sou pai. Eu ainda era uma criança. Eu já pensei tanto nisso, e nada faz muito sentido ainda.

— Eu sei. – Ajeitei-me ao lado dele, abraçando-o. – Harry, eu cometi muitos erros, mas nenhum se compara a ter acreditado que aquele bebê que eu esperava podia ser mais filho de um estuprador do que seu. Eu deveria ter esperado por algum sinal, eu não sei.

— E eu não deveria tê-la deixado. – Ele disse, acariciando meus cabelos. – Eu quero vê-lo, Brenda, preciso estar com ele. Ele sabe? Ele sabe que somos seus pais?

— Ele sabe, sim. Parece que Tom nunca escondeu nada, mas ele não entende isso direito, porque ainda é muito novinho. Não sei quanto ele sabe de você, mas ele sabia que o pai dele estava em coma naquele hospital.

— Peça para que o busquem. – Harry me beijou novamente. – E diga obrigado a Tom se o vir antes de mim. Sem querer, ele cuidava do meu bem mais precioso enquanto eu ignorava a sua existência.

Sorrindo, de uma forma que eu nem costumava sorri, peguei o celular e liguei para o celular de Tom. Para o desespero de Júlia, claro. Eu jamais os deixaria em paz, era um fato. Tom não relutou nada em levar Joseph Lee até nós. A vontade dele sempre foi no sentido de que eu reencontrasse meu filho. E aquilo tinha acabado de acontecer. E ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, Joey passaria a viver comigo e com Harry.


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