I Hate You Then I Love You (mcfly) escrita por Tatiana Mareto


Capítulo 18
Capítulo 17




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Os assuntos inacabados de Tom eram todos resumidos em Júlia. Ele estava meio doido, ao entrar no quarto beijando a mulher daquela forma. Mas se ele não fosse um pouco como Danny Jones, ele perderia sempre. Até eu sabia que ele precisava atacar, e atacar para ele significava chegar sem aviso ao quarto de uma mulher e interceptá-la no meio do corredor.

— Júlia. – Tom foi atrás dela, na saleta. – Acho que agora temos que conversar.

— Sim, é provável. – Ela ainda não tinha se recuperado do beijo.

— Olha, eu... bem, desculpe por chegar assim mas... ah, não tem nada que desculpar. Bem, a questão é que estou atraído por você. Ver você com Danny me deixou com ciúmes e me fez pensar. Mas se você não está com ele...

— Eu não estou. Conversei com ele sobre isso.

— Sobre o que?

— Eu estava confusa. Também me sentia atraída por você. – Júlia disse, se aproximando. Tom sorriu, involuntariamente.

— Então temos um empate. – Ele brincou. – Podemos fazer as coisas devagar, se você preferir.

— Devagar é bom. Mas não tão devagar.

— Pode deixar, eu sei qual é o limite de velocidade.

Mais uma vez, Tom tomou Júlia em seus braços e a beijou. Ela derreteu como gelatina em suas mãos, mal conseguindo ficar de pé. Mas não podia demorar muito naquela diversão, pois nós estávamos atrasadas para as organizações do lançamento do website. E eu estava bastante agitada. Júlia acabou descobrindo que uma Brenda bem humorada era ainda pior do que uma Brenda mal humorada.

A nossa parceria com o Mcfly estava um sucesso. Toda a produção do website, bem como da turnê que precederia a grande tour do ano seguinte. Faltavam apenas alguns dias para que acontecesse o evento. Tudo já estava acertado. Tudo já estava encaminhado, e tudo funcionaria fantasticamente bem.

O Mcfly tinha seus compromissos individuais e de grupo. Nós corríamos como loucas. Tivemos apenas três semanas para montar toda a Before The Noise, e apenas três dias antes do primeiro concerto, pudemos descansar. O trabalho estava concluído. Quase.

— Lar, doce lar. – Joguei-me no sofá do quarto de hotel. Os rapazes estavam cada um em suas casas, visitando as famílias ou simplesmente passando um tempo livre.

— Vou fazer uma ligação e já volto. – Júlia pegou o celular para ligar para Tom. Eles pareciam um casal. Bem, eles eram um casal. Eu tinha que aceitar que, apesar de tudo, Tom tinha outra mulher em sua vida.

— Ok. Eu também queria fazer uma ligação. – Sonhei.

— Ele não atende. – Júlia resmungou.

— Ele deve estar ocupado, sei lá. – Eu realmente não estava preocupada com Tom, naquele instante. Havia mais coisas em minha mente.

— Vou me ajeitar para dormir, amanhã teremos um dia livre e quero aproveitar.

— Boa noite... vou ficar por aqui ainda. – Recostei no sofá, sentindo um toque que não estava ali. Toda aquela correria me afastava de Harry. E o homem que eu permanentemente repelia, repudiava, dizia detestar, era o mesmo homem que eu queria ao meu lado, a acariciar meus cabelos naquela noite quente.

O telefone de Júlia tocou algumas vezes. Ela mesma atendeu, já sonolenta.

— Boa noite. – A voz de Tom ecoou.

— Olá. – Ela sorriu. – Pensei que não falaria com você mais hoje.

— Tenho uma surpresa para você. – Ele disse, com um tom de voz bastante maroto.

— Ah sim. E vai me contar o que é, por isso ligou.

— Não, eu vou aí levar.

— Vem aqui? São dez horas da noite.

— Mas eu estou chegando ao hotel.

Júlia pulou da cama, assustada. Eu não estava prestando atenção nela.

— Fala sério... não se brinca com isso!

— Não estou brincando. Já está vestida para me acompanhar?

— Vestida? – Júlia preocupou-se. – Não, claro que não. Me dê dez minutos. Não, quinze.

— Não capriche muito na produção... não vou querer desapontá-la.

— Nada que vem de você pode me desapontar. – Júlia desligou o telefone, correndo para encontrar um vestido. Encontrou-me cochilando no sofá, e resolveu deixar-me lá. Tom já estava no saguão do hotel, vestido de branco, segurando uma pequena rosa amarela nas mãos. Harry estava com ele.

— Foi o que consegui a essa hora. – Ele lhe entregou a rosa. Júlia sentiu vontade de pular em seu pescoço e beijá-lo. Sentira saudades.

— Onde vamos? – Ela estava curiosa. – E o que ele veio fazer aqui? Ah, que pergunta...

— Eu disse que é surpresa. Vamos. E você sabe que eu não deixaria Brenda sozinha.

— Sim, claro.

— Harry, tome conta dela... ou eu te pego amanhã.

Tom levou Júlia até o carro, abriu a porta para ela e depois entrou. Sentou-se no banco do motorista e pegou algo no porta luvas.

— Coloque isso. – Entregou-lhe um tecido preto.

— Para que?

— Para não estragar a surpresa. Ok, não é nada disso. É que é divertido.

— Você é perverso! – Júlia riu, mas entrou na brincadeira. Deixou-se seduzir pelo momento e colocou a venda nos olhos. Tom dirigiu em silêncio total até que o veículo parou.

— Onde é aqui? – Júlia ainda tinha os olhos vendados.

— Aqui é um lugar legal. – Tom a guiava pelas mãos. Ela passava por corredores, sentia que passava.

— Contanto que não seja um hospital psiquiátrico... – Júlia brincou.

Tom abriu uma porta e tirou a venda de Júlia. Ela sentiu um desconforto pela claridade, mas logo seus olhos visualizaram um lugar iluminado por velas, com um aroma amadeirado no ar, e muitas almofadas espalhadas.

— Repito a pergunta... onde é aqui? – Júlia estava confusa.

— Aqui é o spa da Júlia. – Tom brincou. – Contanto que você aceite dividir comigo um pouquinho.

— Tom, eu não estou entendendo! – Júlia virou-se para ele, olhos arregalados.

— Você, sempre querendo entender demais. – Tom entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. Abriu a garrafa de vinho que estava no gelo, sobre uma mesa, e serviu duas taças. Entregou uma a Júlia e abriu a janela do terraço. – Como disse, é seu spa. Você está aqui para relaxar, descansar, passar uma noite agradável. E porque eu cedi aos caprichos de um amigo que queria muito ficar no seu lugar, lá no hotel.

— Você está muito engraçadinho hoje. – Ela teve que rir.

— Desculpe, é inevitável. Principalmente porque ceder aos caprichos de Harry não seria difícil. Ele quer a mesma coisa que eu.

— Ficar no hotel?

— Não. Fazer algo romântico. – Tom ligou o som, uma música suave ecoando. – Espero que não se importe em me ouvir cantar. Eu acho que dou conta de uma balada. – Ele segurou Júlia pela cintura e a conduziu por uma dança.

— Senti sua falta. – Ela confessou, recostando-se em seu peito.

— Eu também. Estou indo devagar o suficiente? – Ele olhou em seus olhos.

— Talvez demais. – Júlia enlaçou seu pescoço e o beijou. Tom puxou-a para mais perto, levando-a até as almofadas que ali estavam. Deitou Júlia bem devagar, acomodando-se sobre ela, sempre beijando-a. A brisa suave penetrava pela porta, enquanto o incenso queimava sobre a bancada. Ele não sabia se conseguia ser romântico, mas talvez reproduzir uma de suas músicas fosse o suficiente.

No hotel, um barulho de algo caindo e batendo com força no chão me despertou. Eu estava dormindo, tendo sonhos muito bons. Acordar daquela forma me deixaria mal humorada, sempre. Júlia arcaria com as consequências de me tirar dos braços de Harry, naquele momento. Sentei-me no sofá, sentindo o pescoço dolorido. Estava dormindo de mau jeito. Talvez não fosse necessário brigar com Júlia. Mas eu ainda não queria ter acordado.

— Droga, Júlia. - Reclamei, esfregando os olhos.

— Brenda, sou eu. – A voz de Harry pegou meus ouvidos de surpresa. Pensei que ainda estava sonhando. Virei-me rapidamente e ele estava ali, de pé, segurando alguma coisa.

— Harry... o que... quero dizer...

— Desculpe-me – Ele caminhou até mim e me beijou, suavemente. Eu ainda estava confusa.

— Eu estava sonhando. Mas o que você está fazendo aqui? Cadê Júlia?

— Ih, é uma história comprida. Tom queria levar Júlia para um “lugar legal”. Eu tive que ficar aqui, tomando conta de você.

— Ah sim... porque eu tenho cinco anos e preciso de babá.

— Está me vendo reclamar? – Ele sorriu, maroto. – Senti sua falta.

— Pode parecer ridículo, mas eu também. – Abri os braços e o envolvi em um abraço. A sensação de sua pele na minha era ótima. – Quando foi que resolvemos que éramos um casal?

— Sempre fomos. – Ele riu. – Sempre fomos o casal enxaqueca. Mas agora acho que estamos crescidos o suficiente para entendermos nosso relacionamento.

— Pode ser. - Torci os lábios. - Mas eu ainda não entendo eu mesma. Ai, eu preciso de um banho. Estou colada de suor; não sei como pode fazer tanto calor enquanto eu durmo! Pegue alguma coisa para beber, eu vou...

— Não. – Ele me segurou pela mão. – Você pega algo enquanto eu preparo o banho.

Olhei para ele com vontade de dizer alguma coisa. Mas ele calou seus lábios com os dedos. Era melhor não discutir. Eu não tinha forças para discutir, o que era patético. Caminhei até o frigobar, arrastando os pés, e encontrei algo bem forte. Eu queria algo bem forte. Servi um corpo com o whisky mais caro que havia naquele lugar. Pensei se deveria ir até Harry, mas meu cérebro acabava nunca comandando nada quando ele estava por perto. Depois de alguns minutos, ele reapareceu, vestindo um roupão branco, e trazendo outro para mim.

— Vista-se. – Ele disse, entregando-me o roupão. Ergui a sobrancelha, mas ele parecia decidido. 

— Vestir-me para o banho é novidade. - Escondi-me para trocar de roupa. Aquilo era ridículo. Harry já tinha me visto de todas as formas. Vestir-me, perto dele, era muito desnecessário. Principalmente porque eu preferia não vestir nada. E que ele não vestisse nada. - Bem, eu vou para a banheira.

— Claro que vai. – Ele me seguiu.

— E aonde você vai? – Parei na porta do banheiro.

— Tom disse que tenho que tomar conta de você o tempo todo... e ele não estava brincando. Não devo te deixar sozinha.

— Mas eu só vou tomar banho, Harry.

— Eu também vou. – Ele sorriu, e eu derreti em seus lábios. Depois, puxou o laço do meu roupão e, com um dedo, fez com que ele caísse no chão. Eu sabia que era estúpido vestir-me. E, em seguida, ele tirou o seu próprio. Fechei os olhos quando senti as suas mãos me tocando. Havia luz, muita luz. Eu o conhecia, mas não daquela forma, ainda. Não tão nitidamente que pudesse contar as pequenas marcas em sua pele. Senti-me embaraçada, e aquele comportamento era tão adolescente!

— Você anda muito intrometido. – Brinquei. Era disfarce. Harry me fez entrar na banheira, junto com ele. Eu não sei se tomaria banho, naquelas condições. Não dava para me concentrar muito quando ele me beijava. Ou quando ele me puxava por sobre si, na banheira. Enquanto nos encaixávamos tão bem. Enquanto tudo que eu queria era esquecer que o mundo existia.

E talvez o mundo não existisse, antes da minha volta a Londres. Talvez eu estivesse me enganando aquele tempo todo. Eu provavelmente estava. Deitada naquela cama de hotel, de madrugada, sentindo Harry acariciar-me a face enquanto eu estava praticamente adormecida, era quase como o Paraíso. O que havia antes disso, então?

— Brenda, eu acho que estamos fazendo tudo errado, e perdendo muito tempo. - Ele sussurrou em meus ouvidos. Movi-me na cama, e virei-me para ele. Era bom quando nossa pele fazia contato.

— O que você quer dizer com isso? - Franzi as sobrancelhas.

— Eu não vejo uma razão para você ficar nesse hotel. - Ele disse, seus olhos capturando os meus.

— Bem, eu tenho que dormir em algum lugar, ao menos. - Sorri. Mas ele continuava sério.

— Você tem um lugar melhor que esse para dormir. Minha cama.

Ajeitei-me novamente por sobre ele. Beijei seu peito, fechei os olhos.

— Explique isso melhor. Estou quase dormindo, mesmo.

— Venha ficar na minha casa, comigo. - Ele beijou meus ouvidos. Eu sorri outra vez. - Eu tenho espaço suficiente para você, e quanto mais tempo você ficar por lá, mais tempo eu ficarei com você. E lá não precisamos expulsar sua amiga para passarmos uma noite juntos.

— E eu devo abandonar Júlia aqui?

— Ela pode ir para a casa de Tom. Todo mundo acaba ficando por lá, mesmo. Ele tem uns trezentos quartos. Vamos... eu ajudo você com sua mala; amanhã eu já te levo para um café no Starbucks.

Ah, Starbucks. Ele não tinha esquecido, então. Meus lábios estavam frouxos, porque eles só sorriam. Eu não sei bem quando me tornei uma adolescente patética. Apaixonada. O medo de perdê-lo foi terrível. Depois que eu o tinha reencontrado. Tudo parecia funcionar, sem Harry por perto. Mas o cheiro da sua pele, os seus olhos azuis, a sua voz; tudo nele me atraía. Para mais perto, para inexoravelmente perto.

Eu queria concordar com ele. Eu queria ir para a cama dele. Cheirar os lençóis dele. Viver com ele os momentos que eu recusei a viver por cinco anos. Eu queria ser ridícula. E apaixonada. E eu não queria sequer me importar com Júlia. Tom cuidou de mim por tanto tempo, ele saberia cuidar dela também. Mas, naquele momento, tudo que eu consegui fazer foi mover a cabeça suavemente. E adormecer nos braços de Harry.


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