I Hate You Then I Love You (mcfly) escrita por Tatiana Mareto


Capítulo 17
Capítulo 16




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— Danny, acorde. – Dougie cutucou o amigo. – Acorde, vamos... tem algo errado.

— Ahm? – Danny esfregou os olhos, olhando para a cara assustada de Dougie. – O que tem de errado, Dougie?

— Harry estava dormindo comigo, e agora não está mais. E a porta da saleta está trancada. Pelo outro lado!

— E por isso você me acorda! – Danny levantou, a protestos. – Por que não vai chamar Tom, a casa é dele! E desde quando o Harry dormir fora é novidade? Ainda mais com Brenda na cidade.

Danny passou a mão pelos cabelos e foi em direção à porta da saleta. Tentou abrir, mas estava trancada.

— Viu? Eu disse. – Dougie provou sua teoria.

— Para que você quer entrar aqui? - Danny questionou.

— Minhas coisas ficaram lá dentro.

— Harry. – Danny chamou, batendo. – Harry Judd, desde quando é o dono da casa, agora?

— Você sabe que ele está aí?

— Ah, pode apostar que está. Harry! Abra essa porta, homem! – Danny falou mais alto. A porta se entre abriu, e um sorridente Harry se deixou mostrar.

— O que foi, Jones?

— Poynter deixou as coisas dele aí. Caso você tenha se esquecido, temos que acordar, levantar, e nos preparar. Sua chefe não gosta de atrasos.

— Ah sim... estou saindo, pode deixar.

Ele fechou a porta novamente. Dougie moveu os ombros, Danny coçou a cabeça. Tinham que esperar, enquanto Harry deitava-se novamente ao meu lado, que relutava em despertar.

— Bom dia. – Ele me beijou. – Precisamos deixar que Dougie entre.

— Bom dia. – Eu sorri, ao vê-lo. Eu não queria sorrir daquela forma tola, mas os músculos relaxaram involuntariamente. – Preciso sair, então?

— Não. Deixe que venham, que vão... – Harry recostou-se em mim, ouvindo as batidas do meu coração. – Você não vai ficar neurótica por te verem aqui, vai?

Pensei por alguns instantes. Passei a mão pelo chão e encontrei meu roupão, vestindo-o. Ajeitei os cabelos e sentei-me. Todos sabiam o que estava acontecendo. Nunca me tinham pego daquela forma, mas o que importava, então? Eu tinha confessado algo muito confuso. Eu tinha confessado aquilo que eu neguei por tanto tempo.

— Está tudo bem agora. – Segurei Harry pela face e beijei seus lábios. Era verdade que eu tinha desejado fazer aquilo tantas vezes e nunca fiz. Desejei tantas coisas durante aqueles anos, e nunca consegui aceitar. Tudo que eu sempre quis estava mais fácil de se obter do que eu sequer poderia imaginar. E mesmo assim, eu continuava buscando a felicidade em lugares estranhos. Harry se levantou e abriu a porta para Danny e Dougie.

— Entrem, desnaturados. – Estava feliz.

— Bom dia Brenda. – Dougie queria rir, mas tentou ser educado. Eu apenas lhe sorri e acenei. Harry entrou por debaixo das cobertas que estavam no tapete do chão, formando o lugar onde passamos a noite. Puxou-me para si e recosto-me em seu peito, como fez naquela tarde no hospital.

— Poderíamos passar o dia aqui. – Ele beijou meus cabelos.

— Poderíamos tomar um banho e comer, porque temos compromisso às 10h.

— Workaholic. – Ele implicou.

— Não me provoque... – E eu o chamaria de musgo, mas desisti. Ele me fez abdicar daquele apelido naquela noite. – E ainda tenho que resolver o problema Júlia e Tom.

— Há um problema? – Harry ficou confuso.

— Talvez, eu não sei. Mas preciso resolver.

— Você não resolve tudo, Brenda. – Harry beijou-me mais uma vez.

— E você está muito beijoqueiro hoje.

— Você se incomoda? – Ele provocou.

— Não.

Júlia mal havia acordado e o meu celular já estava tocando em seu ouvido, feito louco. Eu ainda não tinha aparecido desde a madrugada, mas ela não estava preocupada. Decidiu não atender o aparelho irritante e foi tomar uma ducha. Eu apareceria, e tudo aquilo acabaria.

Como a lei de Murphy parecia sempre se aplicar aos seus casos, bastou ligar o chuveiro para ouvir batidas na porta. Sim, aquela manhã não deveria estar abençoada. Noite mal dormida, meus surtos durante a madrugada, celulares tocando de manhã cedo, e alguém lhe interrompendo o banho. Júlia respirou fundo, vestiu-se novamente e caminhou em direção à porta, praguejando.

— Brenda, você esqueceu de levar a chave? – Ela tinha certeza que era eu. Porque eu não poderia ter ido muito longe, de roupão e descalço. Certo?

— Eu nem tenho a chave. – O semblante suado de Tom surgiu em sua frente, assim que abriu a porta. – Como faz calor, hoje!

— Tom. – Júlia espantou-se. – Mas... é cedo.

— Dá azar não cumprir com o que Brenda determina. – Ele implicou. – Mas diga-me... você tinha algo para me contar.

— Sim, tinha.

— Esse algo... responda-me. Você está com Danny?

— Como? – Júlia não entendeu. Ela ainda estava sonolenta, e parecia que tudo acontecia ao mesmo tempo.

— Danny Jones. Qual é a natureza do relacionamento de vocês?

— Eu não sei mais. – Ela tinha um nó na cabeça. – Eu conversei com ele. Nós ficamos, e ficamos de novo, mas havia sempre aquela coisa no meio que... mas espere, não entendi por que você quer saber isso.

— Não precisa entender, eu só precisava saber.

Tom caminhou em direção de Júlia e parou novamente, bastante perto dela. Ela olhou para cima para alcançar seus olhos; ele era alto. Em um momento sem palavras, Tom segurou Júlia pelos cabelos, encaixando sua cabeça nas mãos, e encontrou seus lábios com facilidade. Ela sentiu seu corpo se retrair, assustada. Mas não iria resistir. Na verdade, foi por ele que ela quis ser beijada da primeira vez. Era aquela sensação que ela desejava desde que o vira.

— Você ainda acha que tem algo a resolver? – Harry segurou a risada. Nós chegávamos da casa de Tom. Ele me levou de volta, porque eu não tinha condições de voltar sozinha. Tínhamos compromissos, e nem vimos Tom escapulir. Eu vestia uma camisa de Harry, e chinelos de Tom. Encontramos, naquele exato momento, ele e Júlia se beijando no corredor ainda.

— Bem, pelo visto não. – Eu estava surpresa. Júlia estava cuidando de si mesma, sem precisar de minha interferência. E cuidando muito bem. Talvez todos estivessem certos. Eu não resolvesse tudo, então.

— Vamos lá, agora. – Harry, impossível. – Tom Fletcher! Quanto tempo!

Harry chegou dando um tapinha nas costas de Tom, que foi obrigado a interromper o que fazia. Olhou para Harry desejando fuzilá-lo com os olhos.

— O que você está fazendo passeando pelo hotel? – Tom perguntou. Júlia entrou quarto adentro, um tanto quanto aturdida. Ela não tinha processado nada ainda. - E com Brenda?

— Vim me arrumar, estou atrasada. – Tentei passar pela barreira Tom, enquanto ele estava distraído. Eu devia saber bem que aquilo era impossível.

— Pode parar. – Ele a segurou pelo braço. Harry franziu a sobrancelha, assistindo. – D. Brenda... de onde vocês estão chegando?

— Isso não te interessa. – Enfrentei.

— Da sua casa. – Harry puxou todos os dedos de Tom que seguravam o meu braço. – Vá cuidar da sua vida, Fletcher.

— Depende. Você vai cuidar dela por mim? – Curioso, Tom quis entender.

— Sim, eu vou. – Harry desafiou Tom. - Ela disse que me ama. – Ele fez uma careta. Eu queria me enfiar em algum lugar. Vergonha.

— Finalmente – Tom respirou, aliviado. Era irritante, ver o alívio em sua face. Como se todo mundo soubesse o que todo mundo sabia, menos eu. - Eu já não aguentava mais esses anos todos de lamúrias, de ambos os lados. Vou deixar vocês por conta de vocês... espero que pelo menos agora vocês entendam que se amam. Tenho assuntos inacabados para tratar.

Eu e Harry nos entreolhamos, como se Tom tivesse dito um absurdo. Entramos no quarto em direção ao banheiro, enquanto Tom foi atrás de Júlia, que estava meio que escondida. De todos nós. Também com vergonha do que tinha acontecido.


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