I Hate You Then I Love You (mcfly) escrita por Tatiana Mareto


Capítulo 15
Capítulo 14




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/136793/chapter/15

— Vejamos... amanhã temos um programa de rádio... e depois temos mais uma sessão de fotos... céus, por que estamos na Bélgica! Eu nem sei falar francês direito! Não podíamos ficar em Londres? Eu me entendo melhor em casa...

Eu falava sozinha, agenda na mão, rodando pelo quarto. Harry assistia a cena assustado e sorridente. Eu era workaholic, mas já estava passando dos limites. Bem, eu sempre passava dos limites. Mal tinha dormido e nem tínhamos compromissos externos naquele dia. Mas eu estava de pé desde as seis e meia, falando ao telefone com agentes e revendo datas. De qualquer forma, aquela era eu, e ele sentiu muita falta de tudo aquilo.

— Brenda, deixe isso. – Harry levantou-se, tomou de minhas mãos a agenda. – Vai dar um curto circuito desse jeito.

— Não me encha, musgo... estou tentando trabalhar aqui.

— Ainda é cedo... e seu trabalho não sou eu?

— Mas que convencido! – Dei uma risada. – Meu trabalho é o Mcfly, e desde quando o grupo se resume a você? E estou já a ver que nada disso vai dar certo... eu disse, seguir você é sempre morrer afogado.

— Não vi você reclamar de nada, nem essa noite nem noite passada.

Eu raramente sentia algo parecido, mas minhas bochechas arderam. Respirei fundo sem saber exatamente se lhe atirava algo ou se concordava. Eu não reclamei porque nada havia para reclamar. Estava tudo perfeito demais, e aquela perfeição não podia ser um bom presságio. Nunca era.

— Vou descer; preciso ver Júlia e comer alguma coisa.

— Duas coisas. Primeiro que Júlia está aqui em cima. E, segundo, se conheço Danny, eles já estão tomando café. Com direito a extras.

— Você é mesmo irritante! – Daquela vez, atirei-lhe uma almofada que estava mais a mão. – Mas é mesmo; eu os vi entrando, não os vi saindo.

— Assim como todos nos viram entrando... ah, todos já sabiam tudo mesmo. Você mente muito mal. – Harry implicou. – Vou ligar para pedir o café.

— Não aguento muito tempo trancada com você, sozinha, em um quarto. – Considerei.

— Nem eu. – Harry se levantou e beijou-me.

Just one more kiss

And I'll be gone

I won't write,

I won't call you

No more girl,

I swear that

I'll be strong

Just one more

Taste of you

And I'll be fine

Girl I mean what

I say today

But tomorrow

I'll know that

I was lying

E eu já estava ficando cansada daquilo. Toda vez que ele me beijava, eu me derretia toda. Como se esquecesse quem ele era. E o que ele representava. Harry fez com que eu me deitasse na cama outra vez, beijando suavemente cada centímetro da minha pele. Que estava ardendo, mas não era febre.

And I guess is

That's addiction

Then I guess

That I'm addicted

And I guess that

I'm your junkie,

Fair enough

(I'm your junkie)

And I guess

If that's addiction

Then I guess that

I'm your junkie

And I guess that

I'm just strung

Out on your love

– Harry Judd! – Batidas na porta. A voz de Dougie ecoou pelo quarto. Harry respirou fundo, perdendo completamente a concentração.

— É Dougie. Vou matá-lo rapidinho e já volto. – Ele disse.

— Não. – Levantei-me, tentando recompor-me. – Não vai nada; já passou da hora de sairmos daqui. Vá atendê-lo.

— Não. – Harry, teimoso. Apertei os lábios, escapei por debaixo dele, vesti o roupão e fui até a porta. Abri uma fresta, e encarei os olhos curiosos – e lindos. – de Dougie Poynter.

— Fala Poynter. – Eu não sabia por que estava sorrindo.

— Ok... eu não queria saber. – Ele riu. – Mas já que está aqui... bem, é que já são umas nove horas e você sempre acorda cedo, então.

— Se não sabia, como sabia que eu estava aqui? – Dei uma risada, ao mesmo tempo constrangida pela situação.

— Tá, eu sabia. – Ele confessou. – Todo mundo sabia, claro; assim como Júlia passou a noite no quarto de Danny e os dois continuam lá. Mas lá eu não bato ou Danny me dá uns cascudos.

— Ah, e eu por acaso não poderia fazer o mesmo? – Harry protestou, da cama.

— Não, a Brenda me defenderia. – Dougie riu.

Júlia voltou a seu quarto um tanto abalada. Ela tinha que estar. Sua cabeça doía, o remédio nada tinha feito efeito. Seus olhos estavam sensíveis à luz e seu organismo não estava respondendo bem ao movimento de seu corpo. Sentia-se mareada. Algumas partes de si estavam dormentes, ela podia jurar. E não podia ser diferente. Ardendo, como se estivesse em uma febre, jogou-se na cama.

Cheguei logo depois, sorridente. Ao ver Júlia, fechei o sorriso e assumi uma postura blasé. Eu estava feliz, mas demonstrar felicidade era perigoso.

— Bom dia. – Eu disse, procurando uma roupa para trocar.

— Ainda é dia... – Júlia demonstrou desânimo.

— Aconteceu algo? Está meio desanimada. Pelo menos, parece. Eu, em seu lugar, estaria ouvindo os sinos tocarem. – Impliquei.

— Você no meu lugar não pode nem comentar. Afinal, duas noites seguidas dormindo no quarto alheio não lhe dá o direito de falar nada.

— Opa! – Eu quis rir, mas precisava ficar brava. Tinha uma imagem a zelar. – Sem violência... está bem, não vou comentar nada.

Júlia afundou-se novamente no travesseiro. Rodei de um lado para o outro, até pular na cama dela.

— O que foi agora? – Júlia disse, sem se mover.

— Ok, eu conto o que quiser se você me contar também.

— Ah santo... invertemos os papéis. – Júlia teve que admitir. – Antes eu te perturbava, agora você vai ficar no meu pé.

— Ele beija bem? – Caí na gargalhada.

— Credo Brenda! Isso lá é pergunta que se faça?

— Vamos! – Cutuquei Júlia, que teve que se desafogar do travesseiro. – Danny Jones é... Danny Jones!! Acho que não conheço ninguém que não tenha uma fantasia secreta com ele.

— Você tem? – Júlia arregalou os olhos.

— Isso não tem nada a ver! – Encabulei-me. – Estamos falando de você! Ele beija bem? Conta! – Insistente.

— Beija. Está bom? Se não beijasse, eu não teria feito isso tantas vezes. – Júlia afundou-se no travesseiro pela terceira vez.

— Sai daí, Júlia! – Puxei a amiga. – Não me mate de curiosidade! Tá bom que você estava de tequila até a alma, mas isso não justifica... vamos lá, conte detalhes! Quero saber, Danny deve ser um gostoso!

— Que empolgação toda é essa, Brenda? Você nunca é assim... Harry está te fazendo bem, eu acho.

— O que o musgo tem a ver com isso?

— Ah ta bom! Você podia negar ontem... mesmo sendo totalmente óbvio. Mas hoje? Brenda, assim como todo mundo me viu entrar no quarto com Danny, todo mundo te viu ir para o quarto com ele. Chega dessa implicância. Assume logo... você estava aos beijos com ele no hospital! Na noite passada você desapareceu e nem dormiu aqui... depois surgiu de bom humor, sorrindo... agora você dança com ele, deixa ele te beijar no meio da boate para todo mundo ver, vai para o quarto dele, passa a noite com ele, e vai me dizer que ele não tem nada a ver com esse sorriso insuportável que está estampado nos seus lábios?

Júlia disse tudo em um fôlego. Arregalei os olhos, e ela estava certa. Eu poderia negar enquanto fosse um segredo. Quando se tornasse público, seria inevitável que todos me questionassem.

— Sorriso? – Passei a mão pelos lábios. – E como você sabe do hospital?

— Viu? Nem mais se dá ao trabalho de negar. – Júlia teve que cair na risada. – Eu admito que Danny é um gostoso, que ele beija bem, que ele tem uma performance fantástica, e não é só no palco; e que é um perfeito cavalheiro. Agora você admite que Harry é lindo, gostoso, fofo, engraçado, te faz sorrir, e deve beijar bem pra caramba, para amaciar essa sua carne de boi velho!

Eu estava impressionada com Júlia. Ela nunca fora tão falante, principalmente sobre um assunto tão delicado. Mas as coisas estavam novamente acontecendo rápido demais.

— Carne de boi velho? – Protestei.

— Sim, dura! Não tem dente que mastigue! Eu sei que você passou por maus bocados, mas você é muito dura, principalmente consigo mesma. Arght, minha cabeça dói, meu corpo dói, estou dormente...

— Não sabia que o Danny tinha o apelido de moedor de carne.

— Não tem graça.

— Está bem. Eu sou mesmo dura. Satisfeita você? Mas entre mim e Harry... não há nada. Houve... e talvez haja de novo, mas é só sexo.

— Sei que é. – Júlia quase engasgou com suas risadas. – Descaradamente é.

— Não entendi.

— Nem precisa.

A Bélgica seria um período interessante. Ficaríamos praticamente trancadas com o Mcfly dentro do estúdio por um período de dez dias, gravando e produzindo. Nós tínhamos a missão impossível de ajudar com a nova imagem, e isso significava vestuário, website, fotos. Não que algo daquilo me fosse complexo, mas era o tempo todo com os rapazes na nossa cola. Eles participavam de tudo, estavam em tudo. Nós estávamos com eles, em tudo.

Aqueles dois primeiros dias levaram a outros tão catastróficos quanto. Todo mundo sabia, que eu e Harry dormimos juntos. Todo mundo sabia, que Danny e Júlia dormiram juntos. Todo mundo tinha certeza que alguma coisa daria errado nisso. Só que ninguém esperava que eu continuasse tão irredutível na minha negação.

Harry não tinha o direito de me tocar, durante o dia todo. Enquanto o Mcfly produzia suas canções, enquanto eu tinha alguns minutos livres para observar, eu quase suspirava ouvindo-os. Quem percebia, recebia uma mentira como resposta. Eu estava babando em Tom. E era só isso que eu admitia. Mas meus olhos não estavam nele. Estavam naqueles olhos azuis que também se perdiam nos meus. E na forma como ele me tinha completamente, quando cantava qualquer coisa.

Mas ele não podia demonstrar nada. Eu o repelia, a qualquer distância. Enquanto todos podiam estar ao meu lado, sentar comigo na frente do website; eu sentava no colo de todos, Harry estava alijado. Júlia tentou me convencer que eu estava errada. Que eu não podia tratá-lo daquela forma. Que eu o perderia. Mas eu não o tinha. O que fosse que eu Harry tivéssemos, eu já tinha perdido há muito tempo.

À noite, tudo mudava. Depois que todos iam para seus quartos dormir, eu entrava na porta isolada de Harry. Ela estava sempre aberta. Esperando por mim. E ele também. Em sua cama, na maioria das vezes usando apenas boxers. E lendo alguma coisa. Cansado, esgotado do dia de gravações. Mas tão disponível para mim. Toda noite, a mesma coisa.

— Eu estou me sentindo usado. - Ele disse, beijando-me o nariz. Era aproximadamente meia noite. Eu tinha acabado de chegar, porque Júlia estava em crise existencial. Aquela coisa dela com Danny, que não andava nem acabava. Eles ainda trocavam olhares. Mas ela passava o dia inteiro em cima do Tom. Eu teria, provavelmente, que agir.

— Você está sendo usado. - Enfiei-me por baixo dos lençóis, sendo recebida por seus braços. - E você está me usando, então ficamos quites.

— O que te faz pensar que estou te usando? - Ele moveu-se por sobre mim, beijando-me com alguma urgência. Eu já sentia sua excitação, e estava rendida. Comportamento inadmissível.

— Para sexo, musgo. Temos química, somos bons na cama.

— Eu não uso você para sexo. - Ele ergueu uma sobrancelha, e me encarou. Frustrei-me quando ele parou de beijar-me. Eu tinha seus lábios em meu pescoço. E aquela sensação fantástica.

— E o que estamos fazendo, agora? - Torci os lábios. Senti que ele retirou o peso de seu corpo. Eu não estava gostando daquilo.

— Eu te amo, Brenda. Eu te amo há tanto tempo que eu já parei de contar. Eu nunca consegui, efetivamente, parar de te amar. Com você, eu faço amor.

Eu não estava esperando por aquilo. Meu coração parou, pulou algumas batidas. Não queria uma declaração de amor. Não de Harry. Não quando as coisas estavam funcionando tão bem. Não quando eu o tinha de forma tão descomplicada. Ele não me deixou vacilar. Sentindo meu humor contraditório, Harry não me deixou perder-me em pensamentos vários. Seus lábios me atacaram novamente. Ele me livrou das roupas, parecia tão fácil! E ele me amou, como ele disse que fazia. Talvez pela primeira vez, desde o meu retorno. Talvez como sempre, eu só ainda não havia percebido. Que ele fazia amor comigo.

Tudo na Bélgica passou rápido demais, e eu não queria estar apaixonada. Eu não estava. Meu caso com Harry já tinha passado; eu estive apaixonada antes. Era impossível apaixonar-me por ele de novo. Eu não podia ter outro sentimento, só o ódio. Bem, eu não podia dizer que o odiava. Ele era um musgo, e só. Mas então, por que aquela declaração de amor estava me incomodando tanto?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!