I Hate You Then I Love You (mcfly) escrita por Tatiana Mareto


Capítulo 13
Capítulo 12




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Do you ever think of me?

— Tem alguma coisa errada. – Júlia entrou na cozinha, nervosa. Tom estava lá, e ele mal havia se levantado. Ainda estava de shorts, quando ela chegou. E Júlia parecia um furacão. Ela sempre era um furacão de manhã. Danny ainda dormia.

— O que houve?

— Brenda... ela não dormiu no quarto! Ela não está em lugar algum!

— Como assim não dormiu? – Tom sentiu-se apreensivo. – Quero dizer... vocês voltaram do restaurante juntos, não voltaram?

— Sim, voltamos! Danny me deixou na porta do quarto, Brenda ficou enrolando para subir... imagino que queria nos deixar a sós.

— Ah, ficaram a sós? – Tom mudou a conversa rapidamente.

— Não... não assim. Eu voltei para o quarto e estava tão cansada que desmaiei. E agora quando acordei, a cama dela está intacta. E ela não está em lugar nenhum do quarto!

— Já viu com Dougie e Harry?

— Não. Mas... o que ela estaria fazendo lá?

— Você nem queira saber! Vamos lá para cima.

A luz fraca entrou pela janela do quarto onde estava Harry. Ele abriu os olhos relutantemente, sentindo-se dolorido. Tentou espreguiçar-se, mas havia algo sobre ele. Eu. Abriu os olhos direito e entendeu suas limitações motoras.

— Brenda... – Ele chamou meu nome, sussurrando em meus ouvidos. Eu sonhava, e meu sonho não era ruim. Ouvi ser chamada, mas não queria acordar. – Brenda...

— Ahm? – Abri os olhos, relutante, olhando para cima. Harry apareceu de cabeça para baixo em meu campo de visão. – O que você está fazendo no meu sonho, musgo?

— Bom dia. – Ele me beijou na testa. – Péssima notícia, você não está sonhando.

Claro que não. Fosse sonho, seria pesadelo. Assustei-me e pulei da cama. Olhei para Harry meio coberto, cabelos despenteados, olhos amarrotados de sono. Senti um calafrio me percorrer a espinha quando me lembrei de onde estava. Tudo de novo...

— Droga. – Fechei os olhos, imaginando a teoria do caos.

— Volte aqui. – Harry segurou-me pela mão e puxou-me de volta para a cama. – Não seja teimosa e volte para a cama. Ainda são seis horas da manhã.

— Nossa agenda começa às oito! – Resisti. Eu precisava. – Como sempre, irresponsável.

— Sim, bastante. – Harry beijou-me nos lábios, suavemente. – Pode me chamar do que quiser, mas não me deixe falando sozinho. Não me exclua mais.

— Não vou, por enquanto. – Eu me peguei retribuindo o beijo. Eu estava tão ferrada. – Mas preciso ir. Logo, logo Júlia acorda.

Enquanto eu me vestia e escapulia pela mesma porta pela qual entrei, Júlia e Tom chegavam ao quarto dos rapazes, nervosos. Bateram na porta, acordando a todos. Dougie veio atendê-los.

— O que houve?

— Brenda, ela está aqui?

— Não que eu saiba. – Dougie, sonolento, bocejando.

— Onde está Harry? – Tom franziu a sobrancelha. – Onde é seu quarto?

— O da ponta. – Dougie apontou. Tom bateu à porta, várias vezes. Harry apareceu, shorts largos e amarrotados, cara amassada.

— O que foi, Fletcher?

— Onde ela está?

— Ela quem?

— Brenda!

— E eu que sei? – Harry queria rir, mas não podia.

— Ela não dormiu no quarto, onde mais estaria?

— Sei lá... quer me revistar? Nem tenho bolsos.

Tom não se convenceu, e Júlia continuava apreensiva. Eu não poderia ter desaparecido, afinal era manhã. Se todos me conheciam, eu já devia estar histérica em razão dos compromissos. Enquanto o Mcfly acordava, os dois voltaram ao nosso quarto. Ouviram o chuveiro; Tom entrou banheiro adentro. Ele sempre fazia isso quando estava por perto, e eu sempre o repreendia. Mas aquela não era vez de ser repreendido, e sim de repreender.

— Brenda!! – Ele protestou. – Não acredito! Onde estava?

— Aqui. – Menti. Descaradamente. – Quer sair e me deixar tomar banho?

— Não estava não! – Júlia adiantou-se, entrando no banheiro também. – Você não estava nesse quarto, Srta. Brenda.

— Vocês estão completamente doidos. Agora, mais uma vez... poderiam me deixar terminar o banho?

Foram expulsos do banheiro, e ainda inconformados.

— Você acreditou neles?

— Nem uma palavra. – Júlia riu. – O que acha que aconteceu?

— Brenda e Harry de bom humor às seis da manhã é um presságio. E nem sempre de coisa boa!

— Vire essa boca para lá, homem! – Júlia se benzeu, imaginando minhas teorias do caos.

Não se tratava de um dia tão complicado quanto os outros. Era apenas mais um dia de gravações. Era apenas mais um dia de trabalho que um grupo de sucesso e sua produção enfrentariam. Mas eu acreditava fielmente em minha teoria, e no quanto de azar minha energia carregava. Eu continuaria jurando que nunca deveria ter posto os pés novamente na Europa, e que aquela ideia de unir os mercados não lhe parecia mais tão interessante. Era uma grande tolice, então.

— Estou com fome! – Dougie protestou, depois do quarto intervalo do dia. Até eu já estava cansada.

— Coma isso. – Ofereci a ele uma barra de cereais. – É energético...

— Quem precisa repor suas energias é o Harry. – Danny implicou. Harry lhe atirou uma almofada, que acertou Tom.

— Ei, não tenho nada a ver com a confusão de vocês. – Tom devolveu a almofada.

— Danny, o que você acha que aconteceu essa noite? – Dougie perguntou. A ordem passou a ser implicar com Harry, que sempre se irritava com as brincadeiras. – Tom invade o quarto atrás de Brenda, e vai procurar no quarto de quem?

— Harry, claro. – Danny, comendo outra barra de cereais. – Meu voto é que ela passou a noite lá.

— E pulou a janela para não ser vista? – Harry desafiou. – Deixem de ser bobos... vamos voltar para nossa gravação que é melhor.

Eu estava recostada na parede, xícara de café na mão, olhar atento a tudo que falavam. Meus lábios exibiam um sorriso pela metade, um sorriso disfarçado, querendo se esconder. Harry olhou para mim, nossos olhares se encontraram. Fiz uma careta e virei-me para conversar com Júlia. Ele respirou aliviado. Aquela era a Brenda que ele conheceu, e de quem ele sentiu tanta falta. Ter-me ali do lado, tão perto, era uma sensação que ele não sentia há cinco anos. E que acreditou nunca mais sentir.

— Temos nosso casal enxaqueca de volta. – Dougie abraçou Harry, beijando-lhe a face.

— Me deixa, Dougie – Harry tentou manter a pose, mas era verdade. Nós éramos, e sempre seríamos, o casal enxaqueca.

Sete horas da noite, as estrelas já começavam a brilhar. O horizonte estava rosado. O grupo estava ainda no estúdio, depois da última gravação do dia. Já haviam brincado um bocado, e estavam exaustos. A produção também. Júlia cochilava displicentemente no colo de Tom, que havia lhe oferecido um lugar para recostar. Eu tinha olheiras, pela noite não dormida. E o Mcfly se esparramava pelo carpete, juntando forças para decidir se levantariam dali ou se passariam a noite do chão.

O grupo estava no seu quinto CD, e o estilo era bem diferente dos outros. Diferente do que Brenda tinha ouvido antes, em Londres. Maduro, adulto, sensual. Eles tinham que terminar uma das músicas, e trancaram-se na sala de gravações. Precisavam fazer tudo junto, como forma de verificação. Eu fui atrás, querendo ouvi-los ao vivo pela primeira vez. Querendo ver como eles tocavam, cantavam. Eles nem me tinham percebido; nem Júlia.

Eu não sabia que música era aquela, mas os acordes de guitarra me causaram calafrios. Tom estava absurdamente sexy. Era impressionante. Eu nunca o tinha visto ao vivo. Ele sabia o que estava fazendo.

Been all around the world

I never met a girl

That does the things you do

And puts me in the mood

To love you and treat you right

So come here and close your eyes

Lie back, release your mind

and let the world fall down

while I'm by your side

— Eles são bons. - Júlia estava ao meu lado, também admirando. Eu ainda não tinha certeza em qual dos dois, que estavam sob seu olhar, ela estava mais interessada.

— Sim. Eles são. - Meus olhos fizeram contato com todo o grupo. Pararam em Harry, que tinha os olhos fechados. Seus lábios marcando a letra da música como se ele cantasse para ele mesmo. Como que sentindo-se observado, ele me olhou.

I'll be your man through the fire

I'll hold your hand through the flames

I'll be the one you desire

Honey cause I want you to understand

I'll be your man

E cantou o refrão como se cantasse para mim. Eu não podia suportar aquilo. Não era certo. Nada daquilo era certo. Eu não podia permitir que ele fizesse aquilo comigo. Abri a porta da sala e saí, ansiosa, precisando de ar.

— Ainda bem, acabou. – Danny se espreguiçava e se retorcia. Era o final, então. - Mais um dia livre antes de gravarmos de novo, certo chefe?

— Sim, Jones.  -  Disse Júlia.

— Vamos subir? – Dougie não parecia cansado. – Tom, o que tem para curtir na noite de Bruxelas?

— Eu lá sei, Poynter? Provavelmente, muita coisa.

— Vamos curtir o que? – Danny bocejava. – Eu vou dormir!

— Que desanimação. – Harry estava tão suado que suas roupas grudaram no corpo. – Eu vou, seja lá onde for o evento.

— Vamos sim, eu preciso de um drinque. – Assenti. O álcool era meu melhor amigo, desde Londres.

— Nada de drinques. – Harry sussurrou em seu ouvido, fazendo um estalo com a língua. O barulho deixou-me ouvindo um zumbido.

— Fique quieto, musgo! – Empurrei-o. – Vou tomar quantos drinques eu quiser, Dougie me defende se eu precisar. – Corri e escondi-me atrás dele.

— O que fiz para merecer estar no meio de vocês? – Dougie tentava se esquivar da confusão.

— Você sabe que eu te amo. – Harry abraçou Dougie, na intenção de me tomar  o celular, que já estava no ouvido.

— Ai ai... quem mandou vocês despertarem esses dois? – Tom resmungou. – Eles sempre foram assim! Uma hora se matam, outra hora se amam...

— Quem se amou? – Parei imediatamente o que fazia.

— Ninguém. – Harry foi enfático.

— Eu disse no presente. Mas depende do sentido que vocês pretendem dar à palavra. Se quiserem se referir à noite passada...

— Cale-se, Tom. – Harry deu-lhe um tapa na nuca.

— Nunca pensei que falaria isso, mas o musgo está certo... cale-se, Tom.


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