I Hate You Then I Love You (mcfly) escrita por Tatiana Mareto


Capítulo 12
Capítulo 11




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O dia seguinte amanheceu cedo, para mim. Eu acordei sentindo os músculos pesados, doloridos. Estava sozinha, em uma cama. O quarto tinha paredes creme, e poucos móveis. Não era um hotel, apesar disso. Estávamos no estúdio, eu sabia. Eu pouco me lembrava da noite, mas pela escuridão do quarto, eu imaginava que ainda era bem cedo. Sentei-me na cama, esfregando os olhos, sentindo-me um lixo. E meus pés tocaram algo no chão. Enrolado como um embrulho, estava Harry Judd. Ele estava dormindo no chão, totalmente. Não havia um colchão embaixo dele. Não havia nada, além de um cobertor. E o que ele estava enrolado. E um travesseiro.

Meu coração sentiu uma pontada de dor, e irritação. Ele não tinha o direito de me fazer sentir daquela forma. De ser tão bom e superior. Ele não era. Saí do quarto, tentando não fazer barulho, e procurei o quarto onde Júlia estaria dormindo. Eu precisava me organizar. A agenda seria cheia, mas totalmente dentro do estúdio.

Ciúmes.

— Júlia, você tem um minuto? – Danny abordou minha amiga quando ela saía da cozinha com uma enorme xícara de chá. Já passava das cinco da tarde e os rapazes estavam meio cansados do dia no estúdio. Eles só gravaram, e gravaram. Nós tivemos quase nada para fazer. Só observar. O que não era de todo ruim, considerando que eles eram fantásticos cantando.

— Sim, claro... fale Daniel. – Júlia sentou-se.

— Estava pensando, eu conheço pouco de Bruxelas, mas sei de um restaurante muito bom que fica perto daqui.

Júlia arregalou os olhos.

— Isso é um convite? – Ela arriscou.

— Poderíamos arriscar... afinal, precisamos comer. – Ele tentou ser engraçado.

— Está bem. – Júlia não pensou muito. Era só um convite para jantar, afinal. O que teria de mais? – Então vamos... eu acho.

— Combinado. Podemos marcar às oito, dá tempo de tomar um banho.

Júlia esfregou as mãos, nervosa. Era só um convite para jantar, ela repetia para si mesma várias vezes. O que poderia ser de diferente? Afinal, aquele era Daniel Jones... que ela tinha acabado de conhecer... um homem lindo e famoso demais para interessar-se por ela. Olhou-se no espelho algumas outras vezes, tentando imaginar se algo nela havia agradado Danny. Ele era definitivamente lindo demais para interessar-se nela, ou não?

— Brenda, você precisa me salvar. – Júlia cochichou para mim, assim que teve a chance de se aproximar sem que ninguém notasse. Ainda estávamos no meio do estúdio.

— Salvar do que? – Eu conferi que Harry estava devidamente cochilando no sofá.

— Danny me convidou para jantar.

— Uhu! – Diverti-me com a cara dela. Eu sempre me divertia com a desgraça alheia, nunca com a minha própria. – Júlia arrasando corações... Daniel Jones? Que sortuda, ele é...!

— Ah sim... é mesmo, seja lá o que essa pausa significa. Mas estou nervosa, venha comigo.

— Nem pensar. – Fechei as pastas com os arquivos do website. Era hora de ir embora. – Vou de candelabro em encontro de ninguém! Me tire dessa.

— Mas você tem que vir comigo... ou eu não vou. – Júlia pensou em chantagem. Que coisa feia!

— Não seja tola!!! – Eu quase disse aquilo alto demais. – Claro que você vai, e vai mesmo! Eu vou com você se for preciso. Chantagem barata, essa!

Júlia saiu saltitante e eu cocei a cabeça. E pensei que deveria sair com alguém, pois logicamente não ficaria sendo a extra no encontro dela. Ainda mais porque Danny iria me comer no café da manhã, no dia seguinte. Júlia poderia ser novidade para ele, eu não. Mas, com quem eu iria, não sabia ainda. Teria que escolher um parceiro até o jantar. Era uma questão de honra.

Eu corri para o quarto que ocupava e peguei o telefone. Sabia que os rapazes já tinham se recluído para um banho.

— Tom, me deixe falar com Dougie, por favor.

— Dougie, a mulher do Harry quer falar com você.

Meu sangue ferveu e as bolhas estouraram pelos meus poros. Mas eu sabia que Tom sempre agia daquela forma, por mais que eu detestasse. Ele me provocava quase ao limite, sempre tinha sido daquele jeito. Alguns anos não o tiraram de forma.

— Fale Brenda.

— O que vai fazer hoje à noite?

— Dormir... por que?

— Preciso de companhia para jantar. Danny foi convidar minha amiga para jantar, e agora ela me diz que só vai se eu for; e eu não vou sozinha, claro. Como você vai me infernizar bem menos que Tom, estou te convidando para ser torturado comigo.

— Aha, essa é boa! Bem, não sei... vejamos as variantes, isso vai dar confusão.

— Não vai. Vamos, estrear alguma coisa nova que tenha comprado em Londres.

— Ainda assim vai dar confusão.

— Deixe de ser fresco, Poynter. Vamos! Júlia não vai se eu não for. Eu não vou se você não for. E se você não for, eu não for e por isso Júlia não for, Danny vai ficar uma fera.

— Que bagunça!! Está bom. Vou falar com ele.

— Problema resolvido. – Falei para Júlia. – Já tenho par.

— Par? Par como assim?? Quem?

— Um par, oras! Acha mesmo que vou ao seu encontro sozinha? Convidei Dougie Poynter. – Pisquei para ela, e corri para o banho. Dougie era divertido, e eu sabia que seria uma boa companhia.

— Mas por que Dougie? – Júlia questionou, indo atrás de mim.

— Oras, faz diferença? É só para não ficar sozinha; na verdade qualquer um servia.

— Se servia qualquer um, por que não Harry?

— Menos, Júlia... – Olhei para minha amiga com desprezo. – Menos.

No quarto dos rapazes, Dougie invadiu o espaço de Danny e Tom.

— Muito bonito, Daniel Jones!

— Sim, eu sei... também acho. – Danny caiu na risada.

— Estou falando de ter convidado a Júlia para jantar!

— Você a convidou? – Tom arregalou os olhos.

— Sim... é crime agora convidar uma garota para sair? E desde quando sabe disso, Dougie?

— Desde que Brenda acaba de me ligar me intimando para ir com vocês! E ela! Porque Júlia só vai se Brenda for...

— Mulheres... – Danny suspirou. – Já devia esperar algo assim.

— Lá se vai seu jantar romântico. – Dougie caiu na risada.

— Não era romântico... era só um jantar.

Seria só um jantar, mas não um jantar tão somente. Todos já tinham percebido que Danny tinha mais intenções em relação a Júlia do que ele estava mostrando. nada que ele pudesse fazer comigo e Dougie a tiracolo. Mas ele sabia que, no início, era inevitável. Nós quatro nos encontramos e fomos ao restaurante que Danny tinha ouvido ser bom. Assim que saímos, no entanto, Harry foi atrás de Tom.

— Entre. – Tom respondeu, quando ouviu batidas na porta. Ele dormia em um quarto que dividia com Danny, enquanto Harry dividia o seu com Dougie.

— Fletcher, é verdade que elas saíram para jantar? - Ele jogou-se no chão, agarrando-se a algumas almofadas. Tom assistia a um programa bobo de TV, que ele tinha costume de assistir.

— Sim... foram. Por que? Você não estava lá com eles quando Brenda ligou?

— É que pensei que Brenda estava fazendo aquilo para me perturbar... chamar o Dougie para sair.

— Nem tudo é sobre você, menininho.

— Não tem graça. – Harry franziu a cara, visivelmente irritado.

— Devo confessar que não estou preocupado com Brenda se divertindo. Aliás, estou adorando. Não sei se queria que ela fosse se divertir com Júlia e Danny...

— O que tem os dois? – Harry logo pensou que algo errado poderia acontecer.

— O fato de serem “os dois”.

— Ah não! – Harry riu, e Tom aumentou o volume da TV. Ele falava, mas não gostava de comentários sobre seus sentimentos tolos. Exatamente porque eram tolos. – Não me diga que está com ciúmes da Júlia?

— Quem falou em ciúmes? – Tom não entendeu. – Eu simplesmente... ok, está bem. Estou com ciúmes. Eu gostaria de tê-la levado para jantar. Satisfeito?

— Aha, quem diria! Tom Fletcher perdeu a garota para Danny Jones?

— Não perdi nada, Harry. Não havia disputa alguma. Afinal, o que você queria mesmo?

— Nada. – Harry virou-se para a TV e ficou calado por quase cinco minutos. Deveria ser um novo recorde mundial; ele nunca ficava quieto.

— Você também está com ciúmes, não está? – Tom o cutucou.

— Claro que não! Não estou interessado na Júlia.

— Falei de outra pessoa.

— Quem, Dougie?

Tom deu um tapinha na cabeça de Harry, irritado.

— Não, seu asno. Está aí se roendo de ciúmes da Brenda... pensa que sou tolo? Está há minutos assistindo um programa que você nem sabe qual é!

— Não sinto ciúmes dela. Ela é irritante...

— Ela está frágil ultimamente. – Tom resolveu amaciar um pouco o relacionamento entre os dois. – Judd, Brenda está revivendo muita coisa de uma só vez, coisas que ela havia decidido deixar para trás. Ela está um tanto mais insuportável do que de costume. Talvez você deva tentar entender... se isso for possível.

— Isso tem a ver com ela ter estado chorando? Com essa febre que ela teve ontem?

— Pode ter.

— O que você sabe que eu não sei? – Harry ficou de joelhos e encarou Tom.

— Muita coisa, muita mesmo. Mas nem tente saber, só Brenda poderá te contar. Eu jamais revelaria coisas sérias a respeito dela... a não ser que ela pedisse.

— Eu queria conversar com ela.

— Vocês não conversam, brigam. – Tom riu.

— Que seja... mas eu queria. Ela não fala comigo, só rosna.

No restaurante, o ambiente estava propício à diversão. Danny pediu vinho, Júlia estava sorridente, Dougie não falava nada sério e eu só pensava. Eu via o passado me passar em frente aos olhos como se fosse um filme, exatamente como sempre diziam que acontecia com quem o revivia. Tudo aquilo acontecendo... era como um déjà vu. Eu sabia, aquilo tudo era um presságio. Tentei disfarçar que não estava realmente me divertindo, porque não queria estragar a noite de ninguém... mas eu não estava se divertindo.

— Melhor pedir a conta. – Dougie estava gargalhando com alguma coisa que Júlia falou. Nós já tínhamos jantado, e continuar como castiçal o estava incomodando.

— Concordo. Amanhã temos um dia cheio, de novo. – Eu estava pensando em trabalho. Danny chamou o garçom e pediu que encerrasse a conta.

— Obrigado pela companhia. – Ele disse a Júlia, quase sussurrando em seus ouvidos.

— Oras... – Ela se encabulou – Desculpe por trazer a escolta armada.

— Tudo bem, ao menos Dougie nos faz rir.

Depois de pagar a conta, Danny ofereceu o braço para acompanhar Júlia até o carro. Dougie e eu saímos cantarolando alguma coisa. Ninguém tinha exagerado no vinho, estávamos apenas alegres. Eu podia não estar achando aquilo o máximo, mas eu não precisava ser infeliz. Chegamos ao estúdio e Danny foi acompanhar Júlia até o quarto. Dougie subiu, depois de me deixar em meu andar. Nós éramos apenas os acompanhantes... e ele estava cansado.

Caminhei lentamente pelos corredores, querendo deixar que Danny e Júlia se despedissem. Eu já tinha importunado demais as intenções dele, e sentia que sabia quais eram aquelas intenções. Enquanto enrolava para chegar ao meu quarto, senti algo me segurando o braço e subitamente me puxando para o canto.

— Shhhhhhh... – Harry selou meus lábios. Tive um flashback assustador; meus músculos todos travaram ao mesmo tempo. – Sou eu.

— Musgo! Quer me matar do coração? – Protestei, voz baixa. Meu coração batia tão rapidamente que pensei que ele fosse sair pela boca.

— Ainda não tivemos aquela conversa.

— A gente não conversa, briga. – Repeti as palavras de Tom, involuntariamente.

— Mas que raios... que seja para brigar! Então brigue comigo! Mas não continue me ignorando... por que hoje saiu com Dougie?

— Você estava lá, você ouviu. Que conversa de doido!

— Mas antes saíamos juntos... antes nos estapeávamos, mas fazíamos coisas juntos! Você me tratava como um cão, mas estava sempre por perto. – Harry sussurrava, mas queria estar gritando. – Você simplesmente me abandonou e agora só me ignora... venha comigo.

Harry me puxou para si, arrastando-me. Normalmente, eu resistiria. Mas ele estava certo, e eu detestaria admitir isso. Eu o ignorava porque era mais fácil, mais seguro. Segui Harry pelas escadas até chegarmos ao andar de cima. Ele abriu uma porta, e entramos em um lugar escuro. Tentei acender a luz, mas ele segurou-me as duas mãos, com firmeza. Eu nem sabia direito onde estavam.

— Ok, agora vai me deixar de castigo no escuro. – Eu ri. – Vou ficar com medo.

— Não vou te deixar de castigo. Diga-me o que houve para você ter ido embora, diga-me o que te fez deixar de me odiar para me ignorar.

— Nunca te odiei, musgo... eu te desprezava. Como posso não te ignorar depois de tanto tempo? Você também nunca me procurou.

— Eu sempre te procurei. Mas você não queria ser achada.

— Como assim me procurou? – Fiquei curiosa.

— Tem interesse em mim agora... divertido.

— Tudo bem. Não houve nada, simplesmente arrumei um bom emprego no Brasil e voltei para lá. Agora me dê licença, está escuro e preciso voltar para o quarto.

— Não. – Harry não me soltou. Olhou em meus olhos. Ele mal podia me enxergar. – Você não precisa... você não vai.

Antes que eu pudesse usar meu poder de argumentação, para explicar por que motivos eu precisava voltar para o quarto, como se não fosse óbvio; Harry colocou novamente os dedos em meus lábios, fazendo-me silente. Eu podia ouvir a minha respiração. Estava ofegante, ainda. Ficamos em silêncio por alguns instantes, ate que Harry resolveu retirar os dedos. Eu costumava falar demais, mas aquele não era um momento de palavras.

— Mas o que está acontecendo com você musgo? – Eu queria saber.

Harry não respondeu, ele simplesmente me segurou pela cintura e me puxou para si, sem que eu pudesse oferecer qualquer reação. Encostou seu nariz no meu, sentiu minha respiração acelerada. Aproximou seus lábios e me beijou, com força. Claro que pensei novamente em resistir; coloquei as duas mãos nos ombros de Harry para livrar-me daquele homem ao meu redor, mas não consegui. Ele era mais forte; ele passava a mão por meus cabelos, por minhas costas, até que cedi completamente.

Não era muito tarde, mas Harry sabia que ali ele não seria importunado. E se fosse, a razão não lhe era companheira naquela noite. Ele tinha ficado bastante incomodado em ser ignorado, e mais ainda porque eu saí com Dougie e o deixei ali. Segurou-me com as mãos; jogou-me sobre a cama que somente ele sabia onde estava, e escorregou por cima de mim, sem parar de me beijar.

— Musgo, você... – Eu não conseguia calar a boca.

— Será que você poderia ficar quieta um instante? – Ele protestou. – Estou tentando fazer algo aqui...

— Será que você não consegue deixar de ser engraçadinho em hora nenhuma?

— Sim, consigo.

Harry segurou minhas duas mãos as afastou do corpo, prendendo-as acima da minha cabeça, tornando-me totalmente indefesa. Eu não estava mais interessada em resistir. Desisti de pensar e deixei que as três taças de cabernet fizessem o efeito esperado. Que era tirar meus sentidos. Mas não o suficiente para não sentir as mãos dele por baixo da minha blusa. Ou no meu sutiã, abrindo o fecho devagar. Não o suficiente para não sentir seu hálito quente em meu pescoço. Sua boca percorrendo meu corpo, drenando minha razão lentamente.


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