Meu Querido Cunhado escrita por Janine Moraes


Capítulo 45
Capítulo 45 - Minutos




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Acordei na manhã seguinte, com um peso a mais na cama, a fazendo afundar. Gemi baixinho, me espreguiçando e sentindo o lençol leve em meu corpo. Rolei para o lado, ainda presa ao lençol e abri os olhos. A luz do quarto era clara e o fazia ficar meio azulado. Pisquei, tendo um vislumbre da janela, onde caiam finas gotas. A chuva não tinha parado. Eu me lembrava de tudo, revivendo tudo em minha mente, rolei para o outro lado e quase esbarrei em Igor. Ele estava apenas de shorts e tinha uma bandeja na cama. Era completa, cheia de coisas que compramos. Inclusive a pizza de ontem.

– Está um pouco queimada. – Ele sorriu maroto e senti meu rosto corar. Mordi o lábio, e ele se inclinou, me beijando de leve. Apertando meu rosto. Só um encostar de lábios. Isso me confundiu. Quando ele se afastou, o fitei curiosa. Havia algo diferente em Igor. Mais... seriedade. Nos seus olhos havia... conhecimento. Então eu soube. Ele sabia. Pior... Ele lembrava. De tudo. Havia medo em seus olhos.

Mordi o lábio, desviando o olhar dele e apertando mais o lençol de encontro a mim. Conhecimento também me inundou. Assim como lembranças. A mágoa, a raiva, o ressentimento, o ódio, a injustiça. Tudo que tive que aguentar. Meus momentos de babá, de ciúmes. Da infantilidade de Igor. Da minha idiotice. Das últimas semanas. Tudo. E eu me vi dividida. Voltei a olhá-lo e vi praticamente pavor escondido em seus olhos. Me sentei na cama, apertando o lençol e sentindo meu cabelo bagunçado. Ele passou as mãos pelos meus cabelos, colocando algumas mechas atrás da minha orelha. Me espelhando e mordendo o lábio. Ambos com medo. Esperando a minha reação. Mas eu não sabia o que fazer. Peguei a pizza com as mãos tremulas, e mordi de leve.

– Dá pra comer. – disse, a voz sumindo.

– Malu, eu...

– Come comigo. – estendi a pizza, não querendo chorar agora, ou algo assim. Adiando o momento da conversa. De preocupações.  Igor lançou um sorriso meio triste, mas especulativo e começou a comer junto comigo.

Comemos em silêncio, devagar. E estranhei esse meu apetite matinal. Igor não conseguia comer sem me encarar, e comeu muito menos que eu. Quando terminamos, ele saiu levando as bandejas. E eu aproveitei para ir até a lavanderia e pegar minhas roupas, já secas.

Não voltei pro quarto, era um atentado a mais para minha sanidade. Encontrei Igor lavando a louça, ainda de shorts. Que não era bem um shorts. Tava mais pra uma samba canção. Totalmente fora do contexto aquele homem musculoso, lavando a louça. Controlei o impulso de ir até lá e me colar aquelas costas. Mordi o dedo, ansiosa. Ele se virou, notando minha presença, soltou um suspiro alto. E largou o pano na pia.

– Eu preciso de um tempo. – soltei a queima-roupa.

– Está terminando comigo. – Ele afirmou.

– Não houve um namoro.

– Houve amor, é um compromisso. O mais forte que todos.

– Eu sinto muito. – Sentia mesmo, mais do que deveria.

– Não acaba comigo, Malu. Por favor...

– É só um tempo pra pensar. – Senti meus olhos inundarem de lágrimas, mas não chorei. Continuei firme, deixando a razão falar mais alto.

– De quanto tempo você precisa? De quantos minutos? Mais do que minutos sem você não aguento mais. Perdi muito tempo sem você.

– Eu não esqueci, sabia?

– Esqueceu, esqueceu junto comigo. Esqueceu tudo e ficou junto comigo.

– Mas agora eu lembrei. E dói.

– Eu sei, me perdoe por te magoar. Mas não fique mais longe de mim. Eu te amo. Eu sou seu, você é minha... Literalmente. – Ele sorriu, e eu revirei os olhos.

– Eu ligo pra você depois. – Antes que eu pudesse me virar, Igor me abraçou. Me pegando no colo e me sentando no sofá. Me abraçando.

– Não vou deixar você ir embora. – sussurrou no meu ouvido.

– Só porque eu vou, não signifique que eu não vá voltar.

– Você vai ir embora, não vai voltar. Mas vai ficar dentro de mim. Isso não é o suficiente. Nada é o suficiente sem você.

– Todo mundo precisa pensar. E lembrar. E eu preciso lembrar se ainda quero ficar com você. Se isso é o melhor pra mim. É normal querer isso. Você sabe...

Aproveitei o abraço e depois soltei seus dedos de mim, um por um. Virei para ele, olhando em seus olhos e beijei seus lábios rapidamente. Li a mensagem de seus lábios, e controlei um sorriso. “Minutos”. Mas minutos se transformam em anos, quis dizer, mas me calei. Então, me levantei, e fui embora. Fechando a porta suavemente ao sair. Estava meio que em choque. Lembrando tudo novamente. Relendo nossa história por lembranças. Desde o momento que nos conhecemos. Peguei um táxi sem realmente pensar. E em 15 minutos estava em casa novamente. Sentei no sofá da sala e voltei a pensar. Abraçada a uma almofada.

– Já chegou? – olhei para cima e vi minha mãe, me olhando curiosa.

– Óbvio.

– Igor te trouxe?

– Peguei um táxi.

– Aconteceu alguma coisa? – O interesse da minha mãe não estava me ajudando. Eu só queria ficar sozinha. Só comigo mesma. Era tão difícil de notar? Sei que poderia ir pro meu quarto, mas não queria subir e ver minha cama de solteiro e a comparar com a de casal de Igor.

– Não.

– Tem certeza? Sou sua mãe, pode conversar qualquer coisa comigo e...

– Eu sei! Está tudo bem. Só me deixa um pouco sozinha, ta legal? – forcei um sorriso para ela, e ela acariciou meus cabelos.

– Não digo isso. Faz muito tempo que não digo isso, querida. E eu sei que é errado. Mas eu te amo. Te amo muito, filha.

– Eu também te amo, mãe. – a abracei, sentindo algumas lágrimas caindo. Porque cheiro de mãe é tão bom? E tão calmante? Libertador.

Ouvimos a campainha e embaraçadas, levantamos juntas.

– Eu atendo. – Falamos juntas, e rimos. Acabei sendo mais rápida e dando de cara com Igor na minha porta. Estava com o cabelo bagunçado e parecia que tinha andado ou corrido a maratona.

Igor? O que faz aqui?



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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo e a fic chega ao fim, pelo menos nessa fase. Gostaria muito de recomendações, se não for pedir demais. Agradeço.