Meu Querido Cunhado escrita por Janine Moraes


Capítulo 44
Capítulo 44 - Entregue




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Entrei no banheiro e me lembrei de que o chuveiro de Igor dependia de luz elétrica, ou seja, a água devia estar fria. Totalmente encharcada comecei a criar coragem de entrar no chuveiro. Suspirei fundo, me lembrando do beijo de Igor. Isso aqueceu meu corpo, e senti meu rosto se afoguear. Praticamente queimar.

Tirei a roupa rapidamente e entrei de uma vez no chuveiro gelado. A água fria me fez tremer no começo, mas logo eu tinha me acostumado. E era agradável a água e seu cheiro passando pelo meu corpo. Fiquei mais tempo que o necessário debaixo do chuveiro, mas me permiti não pensar enquanto me ensaboava. Só pensando em como era agradável e relaxando a água quente em meus cabelos e corpo. Desliguei o chuveiro e me envolvi na toalha felpuda - e minúscula - de Igor. Me sequei, sabendo que meus cabelos pingavam. E abri a porta do banheiro. Me assustei. A casa estava iluminada. Por velas. Tinha velas pelos corredores, até o quarto, mesmo de toalha, pé ante pé fui até a sala. Não havia ninguém lá, então imaginei que Igor estivesse ido tomar banho na casa de Pablo, mas antes encheu o apartamento de velas. Como um bom cavalheiro. Voltei pelo corredor, entrando no quarto. Parei na porta, de olhos arregalados e segurei a toalha com firmeza. Igor estava apenas de cueca no quarto, procurando algo na gaveta. O quarto estava iluminado por velas.


Ele pareceu notar minha presença, então se virou. E nos encaramos, eu morrendo de vergonha, mas agraciada pela visão de seu corpo quase desnudo. Enquanto ele me encarava também, a expressão severa. Desviei o olhar, prestando atenção em como eu devi estar aparentando. Apenas de toalha, semimolhada, cabelos pingando. Tremendo de frio por fora, mas interiormente queimando. Igor pigarreou e pegou um shorts na gaveta. Olhei para o teto, sentindo o rosto corar. Quando achei que era suficientemente seguro para olhar, Igor já estava vestido – só de shorts – e me estendeu uma camiseta dele. E saiu do quarto rapidamente. Fechei a porta suavemente quando ele saiu. E respirei fundo. Foco. Meu coração martelava forte e minha boca estava seca.

Nunca estivera numa situação dessas. Com tanta... tensão no ar. Sabia que Igor devia estar se controlando muito, porque afinal ele era um homem. E provavelmente era... estimulante, estar com uma garota sozinha – e diga-se de passagem, praticamente nua - , em um apartamento de uma noite chuvosa. Suspirei, passando sua camiseta pelos braços e vestindo sua cueca samba canção que me serviu de shorts. Enrolei a toalha nos cabelos e respirando fundo, caminhei ate a sala e vi que do forno saía um cheiro de pizza.

– Pizza de forno. – A voz de Igor me assustou e me virei rapidamente para o lado oposto da sala. O olhei, interrogativa. – Roubei do apartamento de Pablo, assim como as velas. Pra você não ficar com fome, nem com medo do escuro.

– Muito sensível da sua parte.

– Minha camiseta ficou bem em você, a propósito.

– Obrigada. – tossi de leve. – Quanto tempo até ficar pronto?

– Uns quarenta minutos.

– Tenho que ir pra casa.

– A chuva vai durar a noite toda. E... Bem... Não fique brava, já liguei pra sua mãe. E você vai dormir aqui, é perigoso você ir embora. E ela concordou comigo.

– Como conseguiu fazer isso tão rápido? – analisei-o, curiosa. – Tomar banho no Pablo, colocar a pizza no forno, ligar pra minha mãe...

– A culpa é sua, que ficou quase uma hora no banho.

– Sua conta de água vai vir cara.

– Eu te faço pagar. – O olhei assustada e ele soltou uma gargalhada. – Desde quando você fica tão desconfortável na minha presença? E ainda mais você?

– Não estou desconfortável.

– Vem aqui. – Ele me puxou pela mão, e se sentou no sofá. – Não quero que fique estranha comigo. E bem... Prometo que vou tentar manter minhas mãos longe de você. Não tenha medo, ok? Não sou um tarado... bem, não tão tarado assim.

Acabei rindo baixo e vi que meu amigo continuava ali. Só que com um bônus a mais. Tardiamente, ou não, o alívio de saber que Igor sabia que me amava me inundou. Mesmo não se lembrando de tudo, ele me amava. E estava sendo gentil comigo.

– Fico feliz que tenha perdido a memória.

– Por quê?

– Assim pude conhecer o Igor com suas manias e história. Sobre como é e age. Acho que... Me apaixonei de novo por você.

– Você diz como se fosse ruim. – Ele começou a brincar com a minha mão, e eu olhei nossos dedos unidos. Como se completavam. Balbuciei:

– E é péssimo. Isso vai acabar comigo.

– Não, não vai. – olhei para ele, e a expressão dele murchou. – Como sabe que vai acabar?

– Simplesmente sei.

– Eu prome...

– Sem promessas. – o interrompi. – Ainda não me machucou, não agora pelo menos...

– Queria me lembrar de uma vez.

– Você vai. Não tenha pressa. Só está perdendo algumas porcarias. – Muitas porcarias, pensei.

– Você parece tão convicta.

– Eu sou.

– Age como se qualquer pessoa fosse te magoar. – Ele levou nossas mãos unidas até o rosto dele, a encostando em sua bochecha.

– E vão.

– Por que tem tanta certeza?

– Históricos desde sempre. Família, amigos, pessoas que me envolvo... Sempre. – Sempre me firo, sempre perdoo. Sempre sou burra.

– Sobre amigos e envolvimentos, entendo. Mas nunca entendi sobre seus pais. Você não fala muito com seu pai, nem com sua mãe, pelo que percebi.

– É... Complicado. Tudo é meio complicado desde que meus pais se separaram. Acho que minha lei de Murphy começou a agir quando eles começaram a brigar e se separaram.


– Porque seus pais se separaram? – fiquei em silêncio e mordi o lábio. O assunto era desagradável, e não me trazia boas lembranças. Ele apertou ainda mais minha mão, quando abaixei a cabeça. – Não precisa me contar... Só, desabafar ajuda.

– É, talvez... Não costumo falar muito disso.

– Então, esquece. Assunto nada a ver e etc. Bem broxante. Me desculpe.

– Certo... Lá vamos nós. – respirei fundo, lembrando daquela história que na maioria das vezes, eu tentava deixar pra lá. – Meu pai começou a trair minha mãe, com uma vadia qualquer. Ela descobriu e eles se separaram.  Basicamente, foi isso. Mas se quiser se aprofundar mais no drama... Cecília nunca o perdoou, era malvada com ele nas visitas e até hoje o intento dela é fazer ele se sentir miserável. Eu senti muita raiva dele no começo, muita mesmo. Mas acabei perdoando. Afinal de contas, ele ainda era meu pai, independente dos erros. Eu briguei com Ceci por causa disso, daí que começamos a brigar além do normal, e minha mãe disse as piores coisas que uma filha pode ouvir. “Que eu a abandonara, que só atrasava a vida dela, que eu era um estorvo. Tão terrível quanto meu pai”. Ela estava magoada na hora, eu sei. Estressada. Eu deveria ter ignorado, mas eu a castiguei. Deixei ela pra trás. – lembrei de como, magoada. Deixei tudo pra trás, absolutamente ferida. – Fui morar com meu pai, a desafiei. Provei que eu realmente a abandonara. Depois de algumas semanas a perdoei, mas não queria voltar pra casa. Gostava daquela praia e de ficar sozinha mais do que qualquer outra coisa.

– Parece difícil.

– Nem tanto. As pessoas maximizam seus problemas, eu prefiro acreditar que existem problemas piores que os meus. Que tudo tem solução.

– Interessante... – Ele apertou minha mão, pensativo. – Tudo tem solução... Hum...

– Fala logo, Igor. Sei que quer dizer alguma coisa. – sorri.

– Você acha que nós temos solução?

Próxima! – puxei minha mão, mas ele a manteve firme. Passando nossas mãos unidas para seu pescoço. Perdi a concentração momentaneamente.

– Ah, qual é. Essa nem foi tão difícil.

– Não penso muito nisso. – Preferi ser sincera.

– Sério?

– O máximo que me permito pensar no futuro é quarenta minutos, que é quando a pizza fica pronta. – sorri de lado. – Sua vez.

– Você já sabe. Pablo deve ter te contado.

– Pais complicados esses nossos...

– Nem me fale.

– Não sente falta dos seus pais?

– Às vezes, bem raramente. Mas aí lembro que tenho tudo que quero bem aqui. – Ele olhou para mim. Com aquele sorriso torto, que implorava para que eu fizesse uma loucura. E eu fiz. Não uma loucura propriamente dita. Tava mais pra um favor. Um favor pra mim e pra ele. O beijei, bem de leve. Apenas os lábios se tocando. Ele aprofundou o beijo as mãos na nunca minha nuca.

Me deixei levar. Tinha parado de pensar, e não me importei com isso; com as consequências. O puxei para perto e ele me puxou para si, fazendo com que eu sentasse em seu colo. As mãos em minha cintura. Era impossível ignorar todo o calor que senti, a exasperação, o... desejo. A realização e satisfação de sentir os lábios de Igor nos meus e beijá-lo dessa forma. Antes que eu pudesse perceber e pensar, estava sendo carregada para o quarto dele. Ele me deitou carinhosamente na cama, atento as minhas expressões. Fixei meus olhos em seu rosto e lhe lancei um meio sorriso. Senti suas mãos grandes na camiseta e vi que ele puxava. Fechei os olhos, sentindo o rosto arder. Vergonha, satisfação, calor... Ele me contemplava, então o puxei para outro beijo. Mais possessivo e descontrolado. Me peguei pensando que nunca colocaria a camiseta, se soubesse que ele a tiraria....



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Notas finais do capítulo

Ui. Ui. Reviews?