~~ Sasuke Uchiha ~~

Os lábios avermelhados e inchados destacavam-se no rosto pálido do moreno. Passou as mãos pelos cabelos desgrenhados e bufou, levantou-se bruscamente da cama em que estava deitado sem se importar que a mulher que dormia a seu lado acordasse, sentiu uma corrente de ar frio percorrer-lhe o corpo nu e o arrepiar da cabeça aos pés, juntou as roupas espelhadas pelo chão e as pôs apressadamente, precisava sair de lá o mais rápido possível.

Olhou a loira dormindo sobre a cama, o corpo desta estava nu a pele levemente arrepiada pela brisa que entrava momentaneamente pela janela. Reparou no corpo curvilíneo, e que curvas! A pouco se perdera nelas, mais não se entregara totalmente, algo estava muito errado consigo e ele não sabia explicar o que era.

Virou as costas e caminhou em direção a porta para então sair pela mesma sem olhar novamente pra traz, sem vontade de ficar, e até sem mesmo ter fechado a janela que voltava a soprar um vento forte. “dane-se”.

Nada era como antes de perdê-la, até o sexo se tornara mecânico e obrigatório, queria provar a si próprio que não dependia dela pra nada, que não precisava dela, e que nada o faria mudar, por que não a manava, e nunca amou.

Lembrou-se do sorriso acolhedor entre os lábios avermelhados e das caricias que lhe era destinado, sentiu uma pontada atingir-lhe o peito. Precisava achá-la.

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Escutei o carro de Kiba em frente a casa quando eram exatamente vinte horas e dez minutos.

Não fiz questão de me vestir formalmente, afinal, não era um encontro romântico, oficialmente, em um restaurante de gala. Pus um leve vestido preto, simples, com sandálias de salto leves, e uma maquiagem leve, mais particularmente linda.

Meus olhos pousaram-se no grande homem escorado no pilar que segurava o teto da varandinha da casa, o sorriso estampado em seu rosto era enorme, e incrivelmente sexy. Mais abaixo Shiro encostava-se no pilar contrario o do pai, o garotinho mantinha um risinho sapeca no rosto enquanto olhava-me, não pude evitar rir.

- Boa noite senhorita. – Shiro estendeu-me a mão antes que seu pai pudesse se pronunciar.

- Boa noite jovem galã. – Virei-me para Kiba, que nos olhava momentaneamente incrédulo, o garotinho fitou o pai.

- Bobeou, dançou coroa. – O jovenzinho debochou do pai e saiu me puxando pela mão. Ok, confesso que não pude segurar, e acabei caindo na gargalhada, que logo foi embalada pelo Inuzuka mais velho.

- Boa noite moça. – Kiba estendeu-me o braço o qual enlacei com o contrario ao que segurava a mão de Shiro.

- Boa noite. – Enquanto mantinha minha atenção no que Shiro falava assustei-me ao sentir o hálito fresco em meu pescoço, o pai do garotinho sussurrava para que apenas eu pudesse ouvir.

- Você está linda. – Agradeci baixinho e voltei-me ao mais novo, que parecia muito empolgado ao falar que o pai entrou em pânico por não saber o que vestir para sairmos, sorri notando as bochechas rubras de Kiba, teríamos uma longa e divertida noite hoje.

O Jantar fora maravilhoso, meus dois acompanhantes fizeram de minha noite única e extremamente divertida, após comermos saímos para caminhar pelo centro da cidade e tomar sorvete, a noite estava perfeita, linda e na temperatura ideal.

Shiro corria na frente enquanto Kiba e eu ficávamos pra traz conversando, paramos em uma pracinha na qual o mais novo vira seus amiguinhos brincando e se juntara a eles.

- Então Sakura... Gosta de dançar? – O moreno soltara derrepente, enquanto ouvíamos uma musica lenta vinda do restaurante do outro lado da rua.

- Adoro dançar. – Respondi radiante, e adorava mesmo, mas fazia tempos em que não fazia tal coisa, dançar era proibido para Sasuke “Qual é a graça de ficar se remexendo feito um idiota até soar e feder?” essa foi a ultima resposta que ele me dera quando saímos com nossos amigos em comum e todos foram dançar.

- Concede-me esta dança senhora?- Ele estendeu a mão em minha direção, não pude deixar de rir.

- Aqui? No meio da rua, Kiba! – O repreendi.

- E o que que tem? – um sorriso cativante brotou em seus lábios, sorriso o qual me fez agarrar sua mão e colar meu corpo ao dele.

Nossos passos estavam em sincronia nossos olhos vidrados um no outro, mexíamos lentamente ao ritmo da musica, sua respiração mesclava-se a minha, os lábios avermelhados eram chamativos e tinham uma aparência incrivelmente deliciosa.

Decidi parar de encarar seus lábios e de sentir o hálito viciante de canela e antes que perdesse o controle, apoiei minha cabeça em seu tórax. A musica já havia acabado e uma nova tocava no lugar, mas nós não mudamos nosso ritmo, suas mãos estavam entrelaçadas em minha cintura e seu queixo apoiado no topo de minha cabeça.

Ele mudou a posição para que pudesse aproximar-se de meu ouvido.

- Passei esses dias todos contando as horas pra que esse dia chagasse logo. – Sussurrou, arrepiando-me, apenas sorri, continuando em silêncio, ele me trazia uma paz reconfortante.

A Musica havia parado, resolvi olhá-lo, os olhos negros brilhavam de encontro ao meu, hipnotizantes, seu rostos aproximou-se, seus lábios entreabriram-se estávamos prestes a nos beijarmos, eu queria, ele queria, éramos “solteiros”, pessoas livres, por que não tentar?

- Papai. – Shiro puxou com força o homem pra traz, fazendo-o tirar os braços do meu redor. – Eu quero ir no parque, vamos? – o pequeno coçou os olhinhos meio avermelhados e pediu apontando para o parque de diversões ao longe, todo iluminado.

- Claro campeão, mais antes a gente vai dar uma passadinha em casa pra dormir, beleza? Acho que eu to cansado. – Kiba fingiu um bocejo, suas bochechas estavam vermelhas, e as minhas provavelmente também, podia senti-las queimando, minha respiração estava ofegante e minhas pernas meio bambas.

- Seu fracote! Não agüenta nem ficar acordado até tarde. – o menor bateu o pezinho no chão- Vamos lá então!

Eu sorri, Kiba tinha pleno controle sobre o filho, eles eram tão unidos.

O observei  pegar o garoto no colo admirada, apesar do sorriso infantil e da carinha de novinho ele carregava um enorme fardo nas costas, criar o filho sozinho, sem a mãe do mesmo por perto sem surtar, Fico pensando... O que será que houve com a senhora Inuzuka, talvez mais pra frente eu pergunte algo sobre isso a ele, quando nos conhecermos mais e ele se sentir  vontade em me contar.

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Deixamos Shiro em casa, o caminho fora silencioso, pois o garoto dormia em meu colo, fiz questão de confortá-lo em meus braços, a noite estava ficando fria.

Estávamos novamente a sós, e até o momento nenhum de nós havíamos tocado no assunto do quase beijo, o silencio pairava sobre o ambiente, mas não era um silencio tenso, e sim confortante.

Ele estacionou o carro frente a minha casa, já passava da meia noite e as luzes do vizinho estavam todas apagadas, Kiba fez questão de desligar os faróis para não incomodar os moradores, eu sorri.

- Essa noite foi maravilhosa... Obrigada, mesmo. – Pela primeira vez após o ocorrido o olhei completamente nos olhos, sem desviar um segundo se quer.

- Sobre aquilo... – Sorri e o interrompi.

- Somos pessoas livres Kiba, mais se não quiser, não acontecerá de novo.  – Mia do que rápido sua mão foi de encontro a meu queixo segurando-o delicadamente, completamente calmo guiou meu rosto até próximo ao seu. Novamente pude sentir sua respiração contra a minha, o cheiro de canela me inebriando, o hálito quente e viciante, eu quase pude sentir seus lábios nos meus quando desorientada um forte luz foi direcionada a meus olhos, afastei-me imediatamente dele quando ouvi uma batida no vidro, Kiba gemeu frustrado e olhou para quem batia a seu lado.

Havia um policial parado do lado de fora do carro.

- Desculpem-me, mais recebi uma denuncia anônima de que havia um carro estranho para em frente a casa de uma moça nova na cidade, e que havia uma pessoa dentro, disseram que já havia algum tempo que não viam movimento dentro do carro. – O oficial estava completamente constrangido. – Desculpe mesmo Kiba, não tinha como eu saber que era você e a dona da casa.

- Claro, tudo bem, ele já estava de saída mesmo, foi uma longa noite e deve estar cansado. – Eu disse e o Inuzuka olhou-me mais frustrado ainda.

- Eu não... – Parou por um segundo. - Claro, já estava de partida. –Ele bufou, sai do carro com certa urgência, Kiba me acompanhou saindo também.

O guarda olhava curioso para nosso próximo passo.

- Boa noite oficial. – Kiba disse dando ênfase ao “boa noite” para que o homem fosse embora logo, eu ri da porta de casa.

O homem percebendo o incômodo tratou de entrar no carro e partir o mais rápido possível.

O moreno voltou sua atenção para mim, caminhou lentamente como quem não quer nada em minha direção, subiu a pequena escada fazendo um leve ruído, e parando antes do ultimo degrau, seus braços alcançaram os meus e suas mãos enlaçaram-se as minhas, tentaríamos arriscar novamente.

Eu estava da sua altura, mesmo de salto e com ele no degrau de baixo, sorri com o pensamento.

- Você tem um sorriso perfeito sabia? – Uma das mãos que estavam enlaçadas as minhas soltou-se e acariciou meu rosto.

- Você também tem sorriso, lábios... – Arrisquei a dar uma pequena mordidinha nos lábios que tanto me tentou a noite toda, prensei com delicadeza o lábio inferior dele entre meus dentes e puxei levemente, ele ofegou, suas mãos passaram para minhas costas e me apertaram contra o corpo malhado da cor do pecado, seus lábios tocaram os meus em selinho, pedindo passagem para aprofundar o beijo, mais novamente fomos interrompidos, Kuso!

A merda do cachorro da vizinha que provavelmente era a tinha ligado para a policia foi solto e começou a latir e aproximar-se de nós.

- Mais que droga ein! A gente não tem paz por aqui não? – Kiba irritou-se e gritou para que a mulher ao lado escutasse, o rosto dele estava levemente vermelho de irritação, ele passou as mãos pelos cabelos chocolate bufou.  – Onde paramos mesmo? – Eu ri de sua cara irritada.

- Você fica lindo bravo sabia? – Gargalhei.

- HAHA, muito engraçado ein! – As sobrancelhas dele se juntaram e um pequeno bico se formou nos lábios.

- Hoje não é pra gente mesmo neh! – Dei um selinho no biquinho de emburrado dele e continuei rindo. – Boa noite Kiba.

Entrei em casa, fechei a porta e apoiei-me na mesma até escutar a resposta ao longe.

- Boa noite!

Logo os pneus cantaram no asfalto, e eu pude escutá-lo lançar um xingamento ao cachorro que ainda o latia de longe.