The Last Secret escrita por The Escapist


Capítulo 2
01


Notas iniciais do capítulo

Hello everybody!Alguém tem alguma ideia do que vai acontecer ao nosso amigo Robert? Bem, descobriremos.



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A garota parada em frente ao prédio da Faculdade de História parecia perdida nos próprios pensamentos. O destino estava sendo muito generoso e ela tinha mesmo que estar ali naquele momento. É verdade que não tinha sido fácil, e ela poderia ter escolhido o caminho mais simples, mas não, sabia que a simplicidade não fazia parte da sua vida. Começou a andar na direção da sala de aula, enquanto repensava mentalmente o que faria. Lágrimas quase inundaram seus olhos quando desejou que a mãe estivesse com ela naquele que seria o dia mais importante da sua vida, mas infelizmente ela tinha morrido três meses atrás. A garota se perguntava se isso também tinha sido obra do destino.

Quando entrou na sala ainda se sentia deslocada. Além de ser caloura na melhor universidade do mundo, era uma estrangeira, ainda não sabia ao certo quanto a vida nos EUA seria diferente daquela que levava em Londres. Sentou numa cadeira, e começou a folhear o livro de Simbologia. Os colegas sentados ao seu lado estavam conversando, pareciam empolgados com a aula que deveria começar em pouco tempo. Sim, ela também estava ansiosa por essa aula.

A turma silenciou no momento em que Robert Langdon entrou na sala. Ele deu uma olhada geral na sala, avaliando todos os rostos que veria durante o semestre letivo; finalmente escreveu seu nome no quadro e se virou para os alunos.

— Bom dia, pessoal, eu sou Langdon, professor Robert, seu professor de Simbologia.

A aula de Langdon foi satisfatória, houve as apresentações de praxe, e então ele começou a falar dos símbolos e sua influência na vida das pessoas. Como esperava, aqueles que ainda não tinham tido nenhum contato com o assunto, demonstraram certo espanto no início, e Langdon sabia que isso mudaria com o decorrer das aulas.

Quando estava saindo, Robert reconheceu uma das alunas que tinha estado na primeira aula naquela manhã sentada num dos bancos no pátio da universidade. Ela estava de cabeça baixa, folheando um livro; usava roupas tipicamente colegiais, saia xadrez, camisa branca e meias três quartos; tinha os cabelos loiros ornados com uma tiara. Robert pensou que ela ainda deveria estar na escola, talvez. Pelo sotaque dela quando falou na aula, ele imaginou que fosse inglesa.

Robert sorriu quando passou pela aluna, mas ela se levantou e o chamou pelo nome.

— Professor Langdon?

— Sim?

— Ahm, eu gostaria de dizer que, ahm, sua aula foi maravilhosa, inacreditável.

— Obrigado.

— Sabe, eu estava mesmo muito ansiosa para conhecer o senhor, posso dizer que esperei a minha vida toda por isso. — Robert sorriu, meio sem graça, não estava tão acostumado a tietagem, muito menos de garotas dessa idade.

A garota o encarava com seus grandes olhos azuis; ela esfregava uma mão na outra, parecia nervosa, Langdon nem poderia imaginar o motivo, mas preferia deixá-la à vontade; deu um aceno educado e antes que pudesse sair, ela o segurou pelo braço.

— Por favor, professor.

— Eu realmente preciso ir, senhorita... — A garota começou a andar ao lado de Langdon e falar, enquanto olhava para as próprias mãos que continuava esfregando uma na outra.

— Eu ouvi falar muito do senhor, a minha vida inteira, cheguei a mandar alguns e-mails, mas, ahm, acredito que o senhor não os tenha lido... — Ela suspirou. — A minha mãe era uma grande admiradora do seu trabalho, professor Langdon.

— Oh, ahm, eu fico lisonjeado.

— Aliás, não preciso dizer que foi por causa do senhor que resolvei estudar aqui em Harvard. — Langdon forçou um sorriso, mas estava incomodado com a maneira como aquela moça estava agindo; definitivamente aquele comportamento não era normal nem mesmo para um aluno cdf.

De repente, e antes que Langdon pudesse escapar, a garota começou a falar da mãe, de como ela era apaixonada pelo trabalho, pela história, arte e simbologia, de como ela sempre lhe falara sobre o trabalho de Langdon, que tinha lhe dado um livro dele no seu aniversário, e o mais importante, que tinha prometido apresentá-la ao famoso professor de Harvard quando fosse o momento apropriado. Robert começou a pensar que a linda garota com jeito colegial à sua frente era algum tipo de maluca e a tal mãe igualmente. Teve vontade de sair dali o mais rápido possível, mas ao olhar para a moça percebeu que ela tinha os profundos olhos azuis cheios de água.

— Ela prometeu isso, Sr. Langdon, mas agora ela está morta — ela continuou e sufocou um soluço.

— Sinto muito — Robert murmurou, sem saber o que fazer.

— Ela morreu duas semanas depois que eu recebi a carta, sabe, da universidade. Nós ficamos muito felizes, e ela disse que o momento tinha chegado, o momento, aquele que ela esperava desde os meus dez anos de idade; nós nem tivemos tempo de conversar muito sobre o assunto... Foi um acidente, de carro, sabe, e ela nunca dirigia em alta velocidade. — Robert abriu a boca para dizer alguma coisa, mas percebeu que não sabia o que dizer àquela menina; de fato, ela parecia ter uma história trágica e ele se sentiu sensibilizado, mas não podia fazer nada.

Involuntariamente, Langdon lembrou das vezes em que tinha arriscado a própria vida empenhando-se em resolver problemas que não eram seus. A moça enxugou as lágrimas e ergueu os olhos para o professor; o brilho vivo daquele olhar pareceu de algum modo familiar a Langdon.

— Desculpe, falar dela ainda é um pouco difícil. — Robert assentiu e ela continuou. — Bom, professor Langdon, o meu nome é Mary Kate Dashwood.

Robert ficou lívido, sentiu reconhecer o nome, mas não lembrou imediatamente de onde; tentou buscar nos arquivos do seu cérebro, duas lembranças de repente pareceram nítidas: uma era de um livro de História Anglo-saxã, que ainda estava guardado na sua estante, a outra, de alguns anos atrás, um seminário que participou em Oxford.

— Vejo que o senhor reconhece o meu nome...

— Oh, sim, acho que sim, a menos que eu esteja enganado, eu conheci a sua mãe. — Langdon falou ao mesmo tempo em que pensava que aquilo era um pouco sem sentido.

— O senhor não está enganado, lembra, eu disse que a minha mãe me falou muito sobre o senhor, professor.

— Não consigo acreditar que a Megg esteja morta, não nos víamos há muito tempo, nunca fiquei sabendo.

— Totalmente compreensível, faz pouco tempo. — Langdon olhou mais uma vez a moça, percebendo o quanto ela era diferente da mãe.

Lembrava de Margareth Dashwood com cabelos castanho escuro e olhos no mesmo tom. A última vez que se viram Robert tinha apenas 32 anos e um porte bem mais atlético. Megg Dashwood era uma mulher extremamente atraente, uma perfeita combinação de beleza, elegância e inteligência. Agora, Robert tinha 50 anos e Megg estava morta. A vida, o maior mistério de todos.

— Eu conheci a sua mãe há...

— 18 anos — Mary Kate interrompeu e Robert assentiu.

— Isso mesmo, foi em 1992, eu estava em...

— Oxford, participando de um seminário sobre simbologia na literatura celta. — Robert voltou a balançar a cabeça um pouco assustado.

— Eu já conhecia um pouco do trabalho da Megg e fiquei honrado em conhece-la pessoalmente.

— E vocês tiveram um relacionamento além do profissional? — Era uma pergunta retórica.

Robert lembrou como o jantar com Megg Dashwood tinha passado de uma conversa sobre lendas arthurianas para uma noite regada a Chardonay no quarto de hotel onde estava hospedado.

— Parece que a sua mãe falou realmente sobre mim — disse tentando não parecer encabulado diante da altivez daqueles olhos que lhe fitavam; os lábios finos de Mary Kate Dashwood inclinaram-se num sorriso.

— Margareth Dashwood era minha mãe, professor Langdon. O senhor é meu pai. — Langdon arregalou os olhos assustado, fitando a garota que mantinha os olhos fixos nos seus, com uma expressão decidida; a mesma sensação de familiaridade invadiu Langdon e ele riu debilmente.

— Desculpe, o que você disse?

— Minha mãe esperava estar aqui hoje para fazer isso não parecer tão estranho, mas, como eu disse, ela não pôde... — Robert balançou a cabeça incrédulo.

— Com todo respeito, Srta. Dashwood, você é maluca? — O rosto de Mary Kate assumiu uma expressão séria.

— Não era o que eu esperava ouvir do meu pai.

— Eu não... Pelo amor de Deus, que brincadeira é essa?

— Brincadeira? O senhor chama de brincadeira a noite que passou com a minha mãe? — Mary falou com a voz embargada e lágrimas ameaçavam romper dos seus olhos.

Robert se sentiu acuado. Por que as mulheres apelavam para as lágrimas? Imaginou o que pareceria se alguém passasse ali, no meio do pátio agora vazio, e o visse ao lado daquela menina quase aos prantos. Mary Kate soluçou contendo o choro.

— Desculpe, eu sei que parece loucura, mas é verdade, o senhor é meu pai, professor Langdon. — A garota falava com tanta certeza e até emoção na voz que Robert não tinha nem forças para discordar, embora achasse realmente que ela era um pouco maluca.

— Isso é impossível... — balbuciou.

Robert não tinha filhos, nunca tinha se casado, era um solteiro convicto e gostava da liberdade proporcionada por isso. Claro que pensara em se casar, pelo menos duas vezes, Vitória, Katherine... Tinha tido relacionamentos intensos, mas acabou optando por continuar solteiro. As mulheres que Langdon conheceu não eram do tipo comum, que se contentavam com um casamento e uma vida feliz ao lado do marido, elas queriam mais, buscavam realizações, era por isso que Robert as admirava.

Da mesma forma que o casamento, a ideia de ter filhos era algo que não fazia parte dos planos do professor; aceitando sua condição de solteiro assumido, ele também não se imaginava como pai. É claro que tinha tido um relacionamento extra profissional com Margareth Dashwood. Embora tivesse acontecido há 18 anos, ele ainda era capaz de lembrar, o jantar delicioso, a longa conversa sobre simbolismo e lendas arthurianas — já naquela época a Simbologia era a grande paixão de Robert —, o excesso de vinho e a tentativa de encenar o Hieros Gamos, tudo tinha sido maravilhoso, mas não passava de uma aventura, e ambos sabiam disso. Uma das poucas aventuras que não colocaram a sua vida em risco, pensava Langdon. Era impossível que ele fosse pai de alguém.

— Eu posso explicar — disse Mary Kate, e o som da sua voz trouxe Robert de volta ao presente. — Eu posso explicar se o senhor me der uma chance.

Metade de Robert Langdon era cética e lhe dizia para ir embora e colocar um ponto final naquilo antes que se tornasse incontrolável, afinal, não havia lógica para o que a garota estava dizendo, simplesmente não havia. A outra metade mandava que ele ouvisse o que ela tinha para dizer, essa era aquela metade curiosa, inquieta, aquela que sentia o coração palpitar diante de alguma descoberta importante, e principalmente aquela parte de Robert Langdon que se recusava a virar as costas para alguém que lhe pedia ajuda.

Robert suspirou. Ainda tinha fôlego para mais uma descoberta inacreditável?


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