The Last Secret escrita por The Escapist


Capítulo 15
15


Notas iniciais do capítulo

Bem, bem, de volta, agora com os capítulos finais, sem mais delongas; estão separados por uma questão de organização, mas os acontecimentos são bem próximos, espero que esteja do agrado de todos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/136064/chapter/15

Langdon ficou desanimado quando viu as pilhas de documentos no antigo escritório de Margareth; se tivessem dez dias para analisar aquilo tudo ainda seria pouco tempo. Lorde Dashwood deixou a bengala em cima da mesa e pegou uma chave na gaveta; abriu uma porta na estante e tirou uma nova pilha de papel de lá; ainda olhou desconfiado para Scott, definitivamente confiar num Dashwood era uma coisa muito difícil.

— O senhor disse que a lenda era falsa... — disse o garoto.

— Claro que eu disse, nossa missão é guardar o segredo não contá-la para qualquer pessoa que bate na porta à essa hora da noite. — Peddleton estava olhando para os documentos que Sir Edwin segurava, estava ansioso por saber o que eles revelavam; não tivera acesso aquela parte da pesquisa. O velho deixou os documentos na mesa e sentou-se. — Hendricks, por favor, entre em contato com a Scotland Yard, peça que informem a nossa embaixada nos Estados Unidos sobre o sequestro da minha neta. — Langdon e Scott se entreolharam, nervosos, definitivamente nada estava saindo de acordo com o planejado.

— Senhor, não podemos envolver autoridades... — Robert gaguejou.

— Mesmo que você encontre o diamante, professor, não posso permitir que o entregue nas mãos do Dickson.

— Eu temo pela segurança da Mary Kate, aquele Nicholas Dickson é completamente louco.

— Ele tem a minha neta, eu tenho o filho dele. — Sir Edwin apontou para Scott, que deu uma risada sem humor.

— Isso não conta como vantagem, sir. Sinto muito. O senhor pode não acreditar, mas eu não sou como o meu pai, eu só quero ajudar a sua neta, só isso.

— Você tem razão, garoto, eu não acredito mesmo. Faça o que eu mandei, Hendricks. — Hendricks inclinou a cabeça e saiu, mesmo que não concordassem, Langdon e Scott não disseram nada, não conseguiriam impedir o velho de fazer o que quisesse afinal.

Sir Edwin ficou alguns segundos em silêncio, depois apanhou um dos papeis, embora quando começou a falar não estivesse olhando para ele.

— Excalibur, a espada do Rei Arthur, todo mundo já ouviu alguma história a respeito, não é? Nem tudo é verdade, claro, mas nem tudo é mentira, como vocês bem sabem, uma lenda não surge do acaso. — Scott coçou a cabeça, preferia ir direto ao ponto, ao diamante, mas sir Edwin queria explicar toda a lenda. — Acreditava-se que Excalibur tinha poderes sobrenaturais, daí a explicação para o fato de que, enquanto empunhasse a espada, o Rei Arthur não seria derrotado, portanto, poderia garantir a paz no seu reino.

— Então por que ele jogou a espada no mar? — Scott perguntou.

— O reino estava em paz, além disso, o poder de Excalibur não estava na sua lâmina, meu caro; era o diamante cravado no punho, o diamante que, acreditem ou não, foi lapidado pela própria Dama do Lago, alta sacerdotisa de Avalon.

— Avalon? O senhor quer dizer... Avalon? A ilha...

— O Rei queria paz, queria fazer a felicidade de sua esposa, se livrar da espada simbolizou o fim dos conflitos na Bretanha. Mas, com o diamante, o reino, o Rei e todos os seus descendentes continuavam sob a proteção das deusas de Avalon. Enquanto o rei viveu não houve conflitos. A filha de Arthur, a princesa Gwyneth...

— Espera, o Rei Arthur não teve filhos... Não é? Ele não... — Scott até esperou que Langdon o ajudasse, mas acabou desistindo até mesmo de falar, estava tentando encontrar lógica onde não havia qualquer sentido. Sir Edwin olhou para ele com a sobrancelha arqueada, com jeito de quem dizia que não queria ser atrapalhado novamente.

— A princesa Gwyneth, sua herdeira, legítima, recebeu o reino, o diamante, e a missão de protegê-lo. Acontece que o rei teve um filho fora do casamento. — Scott ainda abriu a boca, mas não falou nada. — Gwain reclamou seu direito, um direito que ele não tinha, é claro, um bastardo não poderia ser rei. Foi assim que toda essa guerra começou. Uma disputa por todo reino, pelo poder de governar, mas como sabemos, com o passar do tempo, o reino da Bretanha se desmembrou, a disputa das duas famílias enfraqueceu o poder real. O reino acabou, a disputa continuou, até se resumir a essa briga insana por um diamante perdido. Como vocês já devem ter deduzido, os Dashwood, são descendentes de Gwyneth; Gwain, o bastardo, é o início da escória dos Dickson. — Era difícil entender Lord Dashwood, enquanto contava toda aquela história com tanta propriedade, ele parecia ao mesmo tempo cético em relação a ela. — O que o Dickson pretende, depois de séculos, é uma vingança para o seu ancestral bastardo. Quanto ao diamante, ele foi convenientemente perdido por volta de 1600, segundo a pesquisa da Megg, é difícil precisar uma data exata, claro.

— O que o senhor quer dizer com convenientemente perdido? — Langdon perguntou.

— Alguns estavam cansados de tantas brigas e mortes por causa daquela joia, foi feito um acordo de paz, e o diamante foi escondido. O medalhão é um símbolo desse acordo, e a chave para o cofre onde foi guardado o diamante, ele também deveria ficar oculto. A paz não durou muito, evidentemente, alguém quebrou o acordo e a guerra implícita recomeçou, entretanto, o segredo do esconderijo do diamante continuou oculto. E como nós chegamos aqui? Todos esses documentos são heranças de família, assim como os Dickson devem ter os seus. — Sir Edwin fez uma careta, e continuou. — Foram registros e pesquisas da várias gerações da nossa família, alguns de nós simplesmente foram céticos em relação a essa lenda, história, o que seja, outros, se envolveram tanto, que... Eu fui cético, quando meu pai me mostrou tudo isso... — Sir Edwin fez um gesto abrangendo todos os papeis na mesa. — Eu simplesmente ignorei, não fazia parte da minha personalidade mexer com coisas que aconteceram, se é que aconteceram, em tempos remotos. Meu pai costumava dizer que não devíamos ignorar o nosso passado; para meu completo castigo, minha filha começou a se interessar por história ainda muito nova. Margareth descobriu esses documentos quando tinha apenas doze anos, e não parou mais. Ela se envolveu demais; eu pedi tantas vezes para ela deixar, para ela não se envolver, não continuar com aquela insanidade, não adiantou. Encontrar o diamante se tornou a obsessão da Margareth. A única coisa que ela concordou foi em deixar a Mary fora disso, pelo menos até que encontrasse o que estava procurando. Ela só não teve tempo de terminar a sua busca. — Sir Edwin soltou um longo suspiro, e abriu um novo documento, colocando-o de frente para Langdon; Robert se aproximou mais para ler, Don e Scott não controlaram a curiosidade e se aproximaram também.

— Um verdadeiro mapa do tesouro. — Scott foi o único que conseguiu falar, enquanto observa o documento; Langdon assentiu, calado, era incrível como ainda conseguia se surpreender com cada descoberta. — A Sra. Dashwood fez o trabalho difícil, é claro.

O silêncio no escritório foi quebrado quando o telefone no bolso de Scott começou a tocar; enquanto ouvia Lorde Dashwood contar toda aquela história quase tinha esquecido o pai e o motivo de estar ali, aquele telefonema lembrava-lhe; ele levou o telefone ao ouvido, e a voz irônica de Nicholas soou do outro lado da linha. Depois de ouvir, entregou o telefone a Langdon.

XXX

A chance que Mary Kate esperou não aconteceu; Smith parecia nem sequer piscar os olhos enquanto ficou na sala, e quando ele saiu, Davidson ocupou o posto de vigia. As marcas das suas unhas tinham ficado no rosto dele, a garota não evitou ficar satisfeita por isso. Ao contrário de Smith, tinha certeza que Davidson não pensaria duas vezes antes de amassar a cabeça dela contra uma parede. Era terrível ficar ali, trancada com aquele homem horrível; não tinha mais noção de que horas eram, e a angústia de pensar em Langdon, e até mesmo em Scott, apesar de tudo, ainda pensava nele.

Mary Kate sempre duvidou que fosse capaz de odiar alguém a sério, mas Nicholas Dickson fazia aquele ideia parecer simplesmente possível. Ela se perguntava como um homem podia ser tão cruel. O celular de Davidson tocou, quando ele levou o aparelho ao ouvido não disse nada, apenas escutou; guardou o aparelho no bolso interno do paletó e olhou para Mary Kate com um meio sorriso irônico.

— Hora do passeio, docinho. — Mary Kate recuou dois passos, mesmo que fosse a ideia mais insana que poderia ter, sua vontade era correr e impedir que Davidson tocasse nela; claro que ele foi rápido o bastante para segurá-la pelo braço, enquanto colocava o dedo indicador sobre os lábios, fazendo um gesto de silêncio. — Boa garota.

Ela não andava por conta própria, era arrastada por Davidson; saíram do apartamento e ele esperou que o elevador abrisse, empurrou Mary Kate para dentro, sempre com aquela expressão no rosto. Por que alguém não via o que estava acontecendo? Mary Kate se perguntava, aquele prédio afinal, deveria ser habitado por pessoas, seres humanos; mas o elevador não parou até que chegaram ao térreo, a garagem, como Mary Kate pode perceber logo; no mesmo instante, pelo outro lado, Nicholas vinha entrando, falava ao celular.

— Foi muita imprudência envolver a Scotland Yard nisso, professor. — Mary Kate o ouviu dizer — Quantas pessoas gostam de ser incomodadas no meio da noite pela polícia lhe acusando de sequestro. Não é nada agradável, e isso deixou meu humor muito sensível. — Mary Kate não conseguiu ouvir, mas imaginou que a pessoa estava falando com Nicholas, se perguntava se seria Robert, quando percebeu a expressão presunçosa no rosto de Sir Nicholas virar raiva. — Você não vai ver a sua neta nunca mais, Dashwood.

O coração de Mary Kate deu um salto, o seu avô estava envolvido; na verdade, chamar a Scotland Yard era a cara de Sir Edwin. Nicholas estava a ponto de esmagar o telefone. Ela conhecia muito bem a habilidade do avô com as palavras, só queria saber o que ele estava dizendo; se sentia de alguma forma mais segura por saber que o avô estava sabendo de tudo.

— Veremos. — Nicholas desligou o celular bruscamente e olhou para a garota; ficou encarando Mary Kate por alguns segundos. — No carro. Agora — disse, e ele mesmo entrou.

Mary Kate não esperou que Davidson encostasse nela aquelas mãos asquerosas e entrou também, ficou encolhida no canto, como se pretendesse ficar o mais longe possível de Nicholas. O motorista só estava esperando a ordem para sair.

— Glastonbury. — Mary Kate não pôde evitar virar o rosto e olhar para Nicholas.

Glastonbury? Tinha estado no último festival, a primeira vez que saiu de casa sozinha e até tinha beijado um garoto durante o show do Coldplay. Mas o que iam fazer lá no meio daquela história toda? Isso Nicholas não disse, nem ela se atreveu a perguntar.

XXX

As pesquisas de Margareth Dashwood eram bem claras quanto a localização do esconderijo do tesouro do rei; embora por muitos séculos tenha-se acreditado que ele tinha sido deixado em um lugar especial, a verdade é que tinha retornando ao seu lugar de origem. Avalon. Em todos os seus estudos, Langdon já ouvira muitas teorias sobre a localização da lendária ilha, mas naquele momento era como se nada do que sabia fizesse qualquer sentido.

Para um historiador como ele, era natural conviver com hipóteses improváveis, mas era inevitável se sentir estranho quando hipóteses e realidade se misturam de forma a ser difícil saber o que é real e o que é lenda. A bucólica cidade de Glastonbury, segundo alguns respeitáveis estudiosos, entre eles, Margareth Dashwood, outrora era Avalon. Langdon sabia de pesquisas arqueológicas que atestavam que os campos de Glastonbury há milhares de anos, foram pântanos drenados, ou seja, a cidade já foi uma ilha.

Scott olhava a paisagem rural pelo vidro do carro; seria um dia lindo, poderia estar se divertindo, sempre teve vontade de ir a Glastonbury na época do festival, infelizmente, aquele não era o caso. Ainda estavam a mais de vinte metros de distância quando o viu. Uma imensa formação montanhosa em forma de cone, erguendo-se cerca de cento e cinquenta metros acima da terra. O Tor de Glastonbury, considerado a entrada para um “outro mundo” em muitas lendas celtas, de acordo Margareth era o local exato onde o diamante que o rei Arthur retirou do cabo de sua Excalibur estava guardado. Ali absorvia a proteção dos deuses de Avalon.

Lorde Dashwood permanecia calado. Podia ter a máscara de pessoa dura e pouco sensível, mas estava profundamente angustiado com aquela situação; há pouco mais de uma hora falara ao telefone com Dickson, lhe fizera ameaças, tentou manter-se firme, e teve sucesso nessa tentativa, mas a verdade era que estava preocupado com a neta. Nunca conseguira superar a culpa por perder Margareth, morreria se perdesse Mary Kate. Era irônico que depois de tanto pedir para que ela desistisse daquelas pesquisas, ele estivesse ali, para descobrir o segredo que ela perseguiu durante toda a vida.

O carro começou a subir pelo caminho sinuoso até o topo da montanha. Talvez fosse impressão, mas ao chegar diante do monumento, Langdon pensou sentir algo diferente, talvez pudesse usar a palavra sagrado, mas, como sempre, Langdon questionava se sua fé era forte o bastante para isso. Era ali que os estudos de Margareth paravam, em algum lugar daquele fortaleza estava o diamante. O medalhão era a chave.

— Tor significa portal — disse em voz alta. Scott e sir Edwin estavam olhando para o Tor, certamente fazendo as mesmas ponderações que o professor.

— Será que chave aqui está empregada em sentido literal, quer dizer... — Langdon pegou o medalhão, ficou olhando dele para o Tor. A ideia de que ele seria encaixável em algum lugar que se abriria, sendo então, literalmente uma chave lhe parecia um pouco tosca e óbvia demais.

— Vamos entrar e descobrir — disse Langdon, mas antes que chegassem à entrada, ouviram o som do motor de carro se aproximando. Esperaram apreensivos até o automóvel parar.

Primeiro os dois capangas desceram, depois Nicholas, e finalmente Mary Kate. A garota quis correr imediatamente para abraçar o avô e o pai, sentindo uma grande felicidade por ver os dois novamente, não queria parecer exagerada, mas a ideia de que não voltaria a encontrá-los tinha passado muitas vezes por sua cabeça nas últimas horas. Antes que conseguisse dar um passo, Davidson a segurou impedindo-a de correr. A alegria momentânea parecia ter feito-a esquecer o que estava acontecendo.

Houve um tipo de batalha silenciosa, entre Lorde Dashwood e Lorde Dickson, os dois se encararam, nos olhos uma raiva notável, como se cada um quisesse matar o outro só com o olhar. Então Nicholas voltou a expressão presunçosa.

— Vejo que cumpriram o acordo — disse ele, observando que não havia policiais no local.

— Nós cumprimos nossa parte, e agora você cumpre a sua, deixa a Mary Kate livre. — Nicholas deu um sorriso maquiavélico.

— Não tão fácil assim, professor.

— Você solta a minha neta agora, Dickson, se ainda quiser ver outro dia amanhecer.

— Você não está na melhor condição para me fazer ameaça, Dashwood. — Nicholas fez um gesto para Davidson, que revelou a mão que estava por dentro do paletó, onde segurava uma pistola, e apontou a arma para a cabeça de Mary Kate.

— Você sabe muito bem que não pode matá-la, seu verme imundo. — Sir Edwin deu dois passos na direção da neta, apoiando-se na bengala. Davidson apertou o braço da garota, fazendo Mary Kate grunhir.

— Me entreguem o medalhão. — Langdon não hesitou, estendeu o medalhão para Nicholas. — Muito bem, professor. Vamos entrar. Davidson, se eu não sair em vinte minutos, atire na garota — disse com fria naturalidade.

— Esse não era o trato — Scott falou, colocando-se na frente do pai. — Cumpra a sua palavra, solte a Mary Kate. — Nicholas olhou para o filho com fingida paciência.

— Saia do meu caminho, Scott.

— Você queria que nós encontrássemos o esconderijo, você queria o medalhão, acabou, cumpra a sua palavra.

— A sua parte nisso acabou, filho, você fez um bom trabalho, pode deixar que o papai assume daqui por diante, ok?

— Você não pode fazer isso, você prometeu, droga... — Scott tentou ficar na frente de Nicholas, queria ser ouvido, queria talvez acertar contas com o pai, e mal tomou consciência da mão estalando no seu rosto.

— Eu disse para você ficar fora do meu caminho, Scott. Fiquem de olho no velho — acrescentou para os dois capangas e caminhou para a entrada do Tor. — O senhor vem comigo, professor.

— Não! Robert, não, por favor, não! — Mary Kate gritou, esperneou, tentando se livrar de Davidson. — Ele vai matá-lo, por favor. Não vá, Robert.

Langdon parou e ficou olhando a garota, lágrimas copiosas escorrendo dos olhos de Mary Kate. Ele deu um pequeno sorriso e assentiu, queria dizer a garota que tudo ficaria bem, na sua cabeça, era algo desse tipo que um pai diria. E como não havia escolha, seguiu Nicholas para dentro do Tor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Last Secret" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.