A Destruição escrita por Nana


Capítulo 2
Dividida




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Os dois olhavam para Elena perplexos com o que estavam presenciando. A dor dela era visível e quase sólida. Eles nunca tinham visto uma Elena tão vulnerável, fraca e magoada. Ela parecia destruída. Seu choro era perturbador, ecoava pelo quarto como um grito torturante. Damon e Stefan quase podiam ouvir o coração dela quebrar em mil pedaços.

Foi Stefan que quebrou o silêncio. Ele se aproximou dela e colocou a mão em sua cabeça, fazendo um cafuné.

- Elena... – ele mal pôde terminar de falar, ela deu um tapa em sua mão.

- Não encoste em mim! – as lágrimas de seu pequeno rosto não paravam de cair.

Ele se afastou. Teve medo dela e do que fizeram. Talvez ela nunca mais olhasse para ele da mesma forma. Como ele pôde perder o controle assim? Aquela era Elena e ele deveria morrer por ela, não tentar mata-la. Ele colocara tudo a perder, mas, ainda assim, tentou continuar:

- Me perdoe. Eu perdi o controle, mas isso não justifica nada, eu jamais deveria ter te atacado. – ele ainda cambaleava devido às dores no corpo, causada pelos diversos golpes.

Damon estava estático, sem conseguir reagir a nada além de Elena. Ela enxugou o rosto e olhou para Damon e logo em seguida para Stefan. Respirou fundo para juntar suas forças e tentar se levantar para sentar na cama.

Damon apressou-se para ajuda-la. Ela se apoiou em seu braço e quando já estava na cama, ele a beijou na testa, limpou as lágrimas que caiam de seus lindos olhos e sussurrou em seu ouvido: - Eu estou aqui, está tudo bem. – ela não respondeu em palavras, mas segurou sua mão com força e acariciou com o polegar.

Stefan franziu o cenho diante da situação e interrompeu o momento:

- Eu perdi algo? – ele estava sendo irônico, pela primeira vez.

- Sim, você perdeu muita coisa. – rebateu Damon, que ainda carregava raiva e sua voz.

- Damon, não! Deixe que eu falo. – interrompeu Elena e continuou – Se alguém aqui deve explicações, sou eu e eu vou dá-las, mas eu preciso que vocês prometam que não vão se matar ou algo do tipo.

Os dois assentiram com a cabeça e a olharam, deixando-a intimidada, mas estava decidida a finalmente contar a verdade ou, pelo menos, parte dela.

- Foi Damon que me mordeu. Eu pedi a ele.

Stefan se exaltou novamente e ela pôde ver em seus olhos que ele estava prestes a explodir outra vez, então continuou antes que alguém pudesse se mover:

- Podemos conversar em outro lugar? Provavelmente tia Judith já acordou e fizemos barulhos o suficiente. Vocês vão pela janela, em seus carros, e eu vou com o meu. Encontro vocês em sua casa.

Os vampiros se prontificaram a sair pela janela, mas antes, Damon se aproximou dela e acariciou sua bochecha, então se virou e saiu pela janela tão rapidamente quanto entrou. Elena começou a se trocar, quando se olhou no espelho. Não tinha mais apenas uma mordida para esconder, mas também as marcas dos dedos de Stefan.

Penteou os cabelos e escolheu um lenço que combinasse com a roupa, para amarrar no pescoço. O sol brilhava, deixando o dia numa temperatura agradável, não tinha desculpas para usar cachecol.

Desceu e foi até a cozinha, preparando um falso sorriso para enfrentar a tia. Engoliu seus problemas e parecia animada ao falar:

- Bom dia! – deu um beijo em Margaret e um em tia Judith e sentou-se a mesa para tomar o café da manhã.

Elena amava Margaret. Não podia imaginar como seria a vida sem sua irmãzinha e o quanto Margaret teria gostado de ter os pais presentes em sua criação, assim como ela teve.

- Olá, minha querida. Que barulhos estranhos foram estes em seu quarto mais cedo? – indagou a tia.

Ela tinha ouvido. Mas o que será que ouvira? A desculpa veio rapidamente:

- Você não acreditaria se eu te contasse, tia. Um guaxinim quebrou a janela do meu quarto e eu me assustei. Correndo dele, acabei derrubando algumas coisas e até coloca-lo para fora tive um pouco de trabalho. Me desculpe se eu a acordei. – ela contou naturalmente, como se acreditasse nas próprias palavras, enquanto misturava o cereal com leite em sua tigela e dava algumas colheradas.

- Um guaxinim? Por que não me chamou para ajudar? – ela parecia descrente.

- Pois é. Ah, não era grande coisa. Era muito cedo e eu não queria acordar ninguém. – ela sorriu e levou sua tigela até a pia, lavando-a e colocando no escorredor.

- Você parece cansada, filha. Chegou tarde em casa ontem e é muito cedo ainda.

Elena aproveitou a chance para mais uma mentira:

- Não muito tarde. – ela tinha dormido incrivelmente pouco, mas não se sentia cansada, pelo contrário. Sentia-se forte, poderosa. Atribuiu isso ao poder do sangue de Damon. – Deve ser impressão sua, tia, me sinto ótima! Aliás, estou de saída. Tchau!

Deu um outro beijo em Margaret e saiu. Entrou e seu carro e teve medo de virar a chave na ignição, pois sabia que estava indo de encontro à algo que ela vinha fugindo há um bom tempo: a verdade. Colocou as duas mãos no volante, se olhou no espelho do retrovisor e tirou o lenço. O tecido encostado na ferida a incomodava. Perguntou-se por que não estava totalmente cicatrizada, já que o sangue de Damon deveria curá-la. Talvez não tivesse bebido o bastante.

Pensou em como sua vida havia mudado, desde que seus pais morreram, depois quando ela conheceu Stefan e agora quando estava apaixonada por Damon. Sua vida sempre foi cheia de pontos definitivos, ela nunca pôde experimentar o meio termo. As vidas das pessoas que ela amou sempre estavam em perigo e sempre dependia dela salvá-las, sem que elas nem soubessem.  As vezes ela desejava ser apenas uma adolescente como outra qualquer, mas Elena sempre seria condenada a viver entre dois mundos. Nunca fizera essa escolha, ninguém nunca a perguntou se ela queria viver tudo isso, mas ela estava aprendendo a aceitar que, as vezes, a vida não era justa, mas que tudo um dia seria recompensado.

Tentou encontrar forças para continuar, para ter coragem e então lembrou-se de Damon, que esteve em seu quarto naquela manhã conturbada. Eles estavam tão conectados que sentiu que ela precisava dele e foi a seu encontro. O que teria acontecido se ele não tivesse chegado? Damon salvara sua vida, ela jamais conseguiria parar Stefan.

Damon sempre esteve lá pra Elena quando ela precisou, mesmo sem que ela soubesse. Era como um anjo da guarda, um anjo das trevas, que sempre a protegeria e não deixaria que nada de mal lhe acontecesse. Damon era daqueles que pularia na frente dela se ela tomasse um tiro e, mesmo que ele não fosse morrer por isso, significava o mundo para ela.

Quando percebeu, já tinha ligado o carro e estava dirigindo. Inconscientemente Damon a movia.

• • •

Quando Damon estacionou, Stefan estava na garagem, encostado em seu carro. Nem esperou o irmão sair da Ferrari para perguntar:

- O que estava fazendo na casa de Elena hoje cedo? Por que você a mordeu e em que momento vocês estiveram a sós?

Damon bufou:

- Ela pediu para conversarmos apenas quando ela estivesse aqui presente.

- ME RESPONDA, DAMON! – ele estava fora de controle mais uma vez, voou em cima de Damon, que desviou do ataque e foi busca-lo perto da parede, arremessando-o na estante de ferramentas que tinha ali.

Viu Stefan cai e pôde ouvir alguns ossos se quebrando, então, com sua super velocidade chegou ao irmão mais novo antes que ele pudesse levantar e pisou em seu peito, deixando as botas pretas bem engraxadas bem perto de seu rosto:

- Stefan, aprenda que você que você não pode me vencer. Quanto ficar com a sua dieta de coelhos e pombos, eu sempre serei o mais forte. Não venha com seus ataques de moça para cima de mim e, o mais importante, não mexa com Elena novamente. O aviso está dado. – ele deu um pequeno empurrão em Stefan com o pé e se virou, indo para a sala, onde se serviu com o seu bom e velho whisky.

Stefan ficou no chão por um momento sentindo-se humilhado, fraco e desmoralizado. Quando se levantou, foi até a sala onde estava o irmão, que o recebeu com um sorriso sarcástico, como se nada tivesse acontecido.

Ele nunca havia odiando Damon com tanta força. O desprezava com todo seu ser, desejou que ele nunca tivesse trocado sangue com Katherine, para assim, poder tê-lo realmente matado com aquela espada. O observava beber com rancor. Queria arrancar seus olhos com os próprios dedos. Damon passara todos os limites. Ele tinha colocado as mãos em Elena, a coisa mais preciosa para Stefan, e isso não podia ficar assim. Stefan pôde sentir que sua amada tinha criado um laço com seu irmão. Ele a mordeu, a salvou... e isso era só o que ele sabia. O que mais teria acontecido entre eles?

- Stefan, pare de me encarar, por favor, é falta de educação.

- Eu deveria te matar, Damon. – pronunciou de forma sincera.

- Mate. Venha e enfie uma estaca no meu coração, me veja apodrecer aqui no chão da sala e quando Elena chegar, explique a ela o que você fez e veja a reação dela. Tudo que você sente por mim agora, ela sentirá por você se o fizer. – ele provocou o irmão, que o olhava hesitante agora, pensando nas palavras de Damon que, apesar de duras, eram verdades. – Cadê sua coragem agora, Stefan? – continuou provocando, mas Stefan não se moveu. – Foi como eu pensei... – finalizou Damon, com um ar vitorioso.

Naquele momento, Elena parou o carro na frente da casa, foi até a porta e entrou. Sabia que estava aberta, a sua espera. Os dois estavam na sala, em silêncio, e ela desejou que eles estivessem assim desde que chegaram lá, mas algo a dizia que não.

Ela estava imponente, de pé na sala, como se tivesse recuperado toda sua compostura. Não era mais a Elena chorona daquela manhã, mas a menina mulher pela qual os dois se apaixonaram perdidamente.

- Vamos acabar logo com isso, vamos jogar limpo, colocar todas as cartas na mesa. – ela caminhou em direção aos dois e sentou na poltrona que estava entre eles. Stefan sentou-se no sofá ao lado em seguida e Damon continuou onde estava, olhando para ela com olhos enfeitiçados. – Stefan, ontem eu não fui embora para casa, eu fui me encontrar com Damon, nós conversamos e eu ofereci meu sangue a ele. – ela disse rápido, quase atropelando as próprias palavras, mas sabia que se pensasse antes de dizer, não falaria nada.

- Por que você fez isso, Elena? Como pôde me trair dessa forma? – era angustiante ouvir as palavras de Stefan, a mágoa se arrastava no chão como as correntes de um preso. Os olhos dela se encheram de lágrima e seu coração foi preenchido com culpa e desgosto. Ela estava com nojo de si mesma.

Elena abaixou a cabeça e sussurrou:

- Porque eu o amo.


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