A Destruição escrita por Nana


Capítulo 3
O primeiro beijo




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- Como isso pode ter acontecido? – Stefan falava como se não estivesse realmente ali, as palavras apenas flutuavam no ar.

Elena não queria falar, desejava sumir dali e não ter que passar por nada daquilo, mas era sua culpa que as coisas estivessem daquela forma agora, então tinha que enfrentar a verdade e seus sentimentos, por mais difícil que isso fosse. Era um daqueles momentos que ela sempre desejou não ter, os momentos que definiriam sua vida e quando tudo estivesse por um fio, caberia a ela fortalecer este fio ou quebra-lo de vez.

- Eu não sei. – ela sussurrou de forma inaudível e os dois apenas escutaram graças a seus poderes vampíricos.

Damon estava voltando a si, mal podia acreditar que Elena tinha mesmo decidido contar a verdade. Sentiu que de alguma forma, deveria ajuda-la, afinal, era como viver um sonho pela primeira vez em tantos séculos, como finalmente descobrir o que era amor verdadeiro e o poder que este sentimento tem sobre as pessoas, a forma como fazemos tudo por uma faísca de amor, por um grão de esperança. Decidiu então quebrar o silêncio.

- Stefan, eu sei que temos nossas diferenças, mas coisas do tipo simplesmente acontecem. Você está deixando Elena em uma situação muito constrangedora. – era como se ele não se importasse com o que estava dizendo. O sarcasmo tomava conta de sua voz e o sorriso irônico sempre estampando o rosto.

Mal terminou de falar e Stefan estava a poucos centímetros de seu rosto, esmagando seus ossos na parede.

- Você não tem direito de falar aqui! – ele estava aos berros.

Então Elena se levantou e foi em direção aos dois, puxando Stefan para trás, sem produzir algum efeito.

- Stefan, solte-o agora! É claro que ele pode falar, ele está tão envolvido nisso quanto eu e você! Parem vocês dois, por favor... – o tom raivoso desaparecera de sua voz e as ultimas palavras saíram de forma desesperadora.

Stefan o soltou lentamente e olhou para trás. As lágrimas corriam por seu rosto, escorrendo em sua camisa, deixando-a com pequenas gotas que penetravam o tecido. A sua expressão traduzia toda decepção e mágoa que ele agora carregava em seu peito e tudo que dentro de si era luz, transformava-se agora em escuridão. A história estava se repetindo e, mais uma vez, havia uma mulher entre ele e Damon e se há tantos séculos ele havia vencido essa batalha, desta vez Damon vencera. Ele ficaria com a mulher no final das contas. Mas dessa vez era diferente, dessa vez ambos sabiam que era real. O amor de Elena era real, os sentimentos foram sinceros e a história construída foi verdadeira. Eles nunca saberiam se com Katherine era real ou apenas compulsão, mas com Elena eles sabiam. Ela realmente tinha tocado o coração deles e agora ele a perdera.

Elena o abraçou sem pensar duas vezes, queria protege-lo e fazer tudo aquilo sumir. Ela podia lê-los como um livro aberto e sabia o que Stefan estava sentindo.

- Oh, Stefan, me perdoe! Você foi sempre tão bom pra mim, eu quebrei o seu coração, eu não planejei nada disso, eu tentei lutar contra, porém tudo fugiu do meu controle, eu não conseguia mais... – ele a pegou pelos braços e a afastou de si, soltando-se de seu abraço.

- Eu não acredito em mais nada que sai de sua boca, Elena. Eu te dei o meu coração e você tinha jurado que o seu era meu também e agora eu venho a descobrir que você está apaixonada pelo meu irmão e eu não posso deixar de pensar que vocês tem escondido um caso há tanto tempo. Todos os olhares, os pequenos toques.

- Não, Stefan, não é nada disso, nós dois nunca tivemos nada, eu te juro por tudo, nada aconteceu entre Damon e eu enquanto eu estive com você, foi só a troca de sangue na ultima noite. – ela tentou explicar, eufórica, esperando que suas palavras amenizassem a situação.

- Só, Elena? Eu nem te reconheço mais... – ele falava com desgosto – Como pôde se apaixonar por um monstro? Você não vê? Damon não pensa em ninguém além dele mesmo, ele mata pelo bel prazer, não se importa com a vida, não tem nada de humano nele, não existe amor, só um ser egoísta que cedo ou tarde vai te machucar.

Ela se soltou dele em um movimento brusco e começou a chorar. Entre os soluços, ela gritava:

- É VOCÊ QUE ESTÁ ME MACHUCANDO, STEFAN. COM SUAS MÃOS, COM SUAS PALAVRAS, COM SUA PRESENÇA. É VOCÊ!

Damon, que até então estava de pé encostado na parede observando a cena como se fosse um filme, não suportava mais deixar que os dois se resolvessem, não podia deixar sua amada daquela forma, precisava fazer algo para acalmá-la. Foi em direção a ela e segurou sua mão, puxando-a para perto de si e, consequentemente, longe de Stefan.

- Chega! Já basta. Elena não está mais em condições de ter essa conversa, Stefan, se afaste! – o tom era autoritário e quase ameaçador. Stefan sabia que o irmão era capaz de tudo para defendê-la.

Stefan desviou os olhos para as mãos de Elena, que agora se entrelaçavam com as de Damon e observou o momento dos dois com desprezo. Ela agora engolia o choro e tentava se recompor, respirando fundo. Damon estava apenas sendo ele mesmo, simplesmente não se importava com o que o irmão sentia.

- Eu já vi e ouvi demais. – Stefan olhou para Elena uma última vez, com os olhos em chamas. – Eu jamais esperava isso de você. – sem esperar uma resposta, ele se virou e em menos de um segundo ela e Damon puderam ouvir a porta da sala bater, então eles estavam a sós.

Damon a soltou e colocou-se de frente a ela, abraçando-a forte.

- Está tudo bem, você não o traiu, não é como se estivéssemos nos vendo regularmente e mantendo um relacionamento escondido. Nós lutamos o máximo que pudemos, certo? Não se esqueça disso. – ele falava em um tom tranquilizador enquanto acariciava seus cabelos dourados com a ponta dos dedos.

- Damon, apesar de tudo eu estou feliz, aliviada. Não acabou bem, mas finalmente acabou. Sem mais segredos, sem mais mentiras. Gosto de poder ser sincera com as pessoas sem medo.

- E agora que chegou ao fim, o que acha de aproveitarmos um pouco? Afinal, agora que o teto já desabou sobre nossas cabeças, merecemos um momento a dois...

Elena não respondeu, então, ele deslizou a mão pela sua cabeça, repousando em sua nuca e com a outra apertando sua cintura, puxou-a para perto de seu corpo. Ela virou a cabeça e a inclinou em direção a ele, então ele acompanhou o movimento de modo que sua boca cruelmente linda fosse ao encontro dos lábios rosados dela. Ao se encostarem, ambos hesitaram como se a felicidade tomasse conta de seus corpos, então Elena deslizou sua língua para a boca dele, massageando seus lábios e então indo de encontro a lingua dele também, que brincou com ela. Ele sorriu e a beijou com urgência, não tinha mais condições de esperar, queria provar tudo que pudesse de Elena, que agora abria os botões de sua camisa um a um.

Damon sentia que como se pudesse explodir de alegria a qualquer momento. Há tempos não se sentia assim. Lembrou-se de sua época de adolescente, de quando conheceu Katherine. Pensou em sua humanidade e como sentia falta de experimentar as borboletas no estômago, a ansiedade de estar junto com quem se amava. Tantos séculos tinham se passado desde que Katherine destruiu tudo aquilo. Ele esteve com muitas mulheres, de todos os tipos e todos os lugares. Passava a vida tentando preencher o vazio que sentia desde o dia em que morreu e já tinha perdido as esperanças de alguma vez ter aqueles sentimentos de volta, nem que fosse por apenas um segundo. Daria a eternidade para se sentir humano outra vez e não apenas um monstro vagando pela Terra.

Então se deu conta que Elena estava ali naquela sala e cada toque de seus lábios era como se ela lhe desse sua vida, como se cada centímetro de seu corpo se fundisse ao dele e Damon mal podia esperar o momento de toma-la por completo e fazê-la verdadeiramente sua, transformá-la em sua Rainha das Sombras.

A esta altura, ela já tinha se esquecido da briga com Stefan e só conseguia pensar nas mãos de Damon correndo por todo seu corpo e suas bocas formando o encaixe perfeito, sendo cada beijo suave, delicioso e eterno. Elena não se importaria se o mundo acabasse naquele instante, pois estava radiantemente feliz.

Ela jogou a camisa, que acabara de desabotoar, no chão e deslizou as mãos pelo corpo de Damon, explorando sua pele macia e conhecendo cada curva de seu tronco, até que se afastou e interrompeu os doces beijos que trocavam.

- Damon, vamos parar por aqui. Eu não estou pronta para... – ela falava com a respiração acelerada e ele colocou o dedo indicador sobre seu lábio, como se pedisse para ela se calar.

- Só há mais uma coisa que eu gostaria de fazer hoje, Elena. – ele se inclinou, segurou o rosto dela com a mão e a beijou. Ela devolveu o beijo ardentemente, então ele desviou a boca e beijou sua bochecha, descendo até seu pescoço, fazendo um caminho de pequenos beijos que a faziam arrepiar e sorrir. Elena colocou sua cabeça para trás, a fim de aproveitar o momento e quando seu pescoço estava a mostra, as veios pulsando perto dos lábios dele, ela sussurrou que o amava.

Damon a segurou e deitou-a no sofá, acomodando sua cabeça em uma das almofadas que tinha ali e se posicionou em cima dela, deixando os dois corpos se encostarem enquanto ainda a beijava e nesse momento suas presas rasgaram sua gengiva, saindo por completo e ele as cravou bem na veia de sua amada, sugando seu sangue que agora escorria até seus seios.

Diferentemente da primeira vez, ela relaxou o corpo e não sentiu dor. Apenas aproveitou a sensação de saciar quem amava, então levantou os braços, passou em volta de seu pescoço e o abraçou. Poucos instantes depois, ele a soltou e a olhou nos olhos, a boca manchada de sangue, que corria até o queixo.

Ela curiosamente levou a mão até seu rosto e com a ponta dos dedos massageou os lábios ensanguentados de Damon e, sem pensar duas vezes, o beijou. Elena já tinha sentido o gosto de sangue na noite anterior, mas agora era diferente. Era como se cada minuto que ela passasse com o vampiro, eles pudessem dividir algo intimamente novo.

Quando interromperam o beijo, a boca dela também estava manchada de sangue e eles passaram longos minutos olhando-se nos olhos intensamente e ela percebeu que as presas dele ameaçaram sair novamente. Ela viu em seus olhos, sentiu em sua respiração: ele a desejava mais a cada milésimo e ela ansiava ser apenas dele, de todas as formas que fossem possíveis.

Damon saiu de cima dela e se levantou. Ainda deitada no sofá, o observou andando pela sala. Ele continuava sem camisa, o que tornava tudo mais interessante, já que ela não se cansava de reparar em todos os centímetros perfeitos daquele ser sobrenatural. Ele foi em direção ao som e colocou uma música. Parecia Jazz, algo suave a aconchegante, com certeza embalava o momento.  Então se aproximou dela novamente e estendeu a mão, como em um convite que ela rapidamente aceitou, então, ajudou ela a se levantar e puxou-a em sua direção, fazendo com que seus corpos se encontrassem em perfeita sincronia.

- Por que estamos dançando? – ela perguntou em um tom carregado de felicidade.

- Acredito que a dança seja uma boa forma de expressar o que sentimos. Quando temos uma boa desculpa para ter a pessoa tão perto do nosso próprio corpo e podemos apenas esperar o tempo passar ouvindo as batidas de seu coração e se você fechar os olhos poderá descobrir o que o outro está sentindo. Apenas feche os olhos, Elena... vamos aproveitar o momento.

Ela encostou a cabeça no peito dele e seguiu seus passos pela sala. Não se importava com o sangue marcando seu corpo, com sua nova ferida, com mais nada. Ela só queria ouvir as batidas do coração de Damon e sabia que jamais ouviria, portanto, as imaginou e isso foi o suficiente para fazê-la sorrir.

Eles finalmente estavam juntos e isso era tudo que importava. Ela encontrara sua felicidade e sabia que, os que a amavam, ficariam felizes por ela também.


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