A Destruição escrita por Nana


Capítulo 1
O reencontro




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Stefan não via a hora de encontrar Elena e contar sobre a festa. Depois de sua partida, ele, Caroline, Bonnie e Matt ficaram um pouco mais para socializar com os demais moradores e depois foram para o Grill jogar sinuca e conversar.

Eram 7 horas da manhã quando Stefan desceu de seu quarto e foi até a cozinha, onde encontrou Damon, que ainda estava com as mesmas roupas da festa e bebendo um copo de whisky.

- Voltou agora? - ele perguntou um pouco descrente se teria uma resposta.

Não importava quantos séculos passassem, ele e Damon nunca se dariam bem, nunca se gostariam de verdade. A verdade é que eles jamais se perdoariam. Não apenas pelo que tinha acontecido à Katherine, mas pelo que ela causou entre eles. Eles haviam cravado uma espada no peito do outro e isso, com certeza, era muito para se perdoar.

Damon deu mais um gole no seu copo e respondeu com indiferença:

- Não tem muito tempo. Já vai sair, irmãozinho?

- Nem vou perguntar onde você estava. Provavelmente estava por ai bebendo sangue de pessoas inocentes para saciar seus desejos incontroláveis. Você me enoja, Damon. - disse Stefan com um tom severo, como se lhe desse uma lição de moral.

Damon apenas sorriu em resposta. As injúrias de Stefan já não o incomodavam mais há muito tempo e ainda assim ele insistia em tentar fazer com que o irmão se sentisse mal por ceder à sua natureza e ser o predador que era. Stefan continuou:

- Respondendo à sua pergunta, estou indo à casa de Elena ver se ela está melhor.

Damon então parecia que tinha levado um choque e estava prestando atenção na conversa pela primeira vez, arregalou os olhos e desejou poder usar a compulsão em outros vampiros, mas isso era impossível, então disfarçou o desespero que o invadiu e retrucou:

- Não acha que é muito cedo para ir à casa de alguém? Mesmo de Elena. Parece que não tem modos, Stefan. Não aprendeu nada com tanto tempo de vida? - mesmo nervoso ele ainda encontrava meios de provocar o irmão.

- Vou acordá-la, fazer café da manhã e levar em sua cama, contar-lhe sobre a festa e passar um dia tranquilo com a minha namorada. Aliás, nem sei por que estou perdendo meu tempo te dizendo tudo isso, são coisas que você jamais entenderia. Você nunca amou ninguém além de si mesmo.

Damon sentiu a raiva borbulhar dentro dele quando Stefan disse aquilo. Ele já amara e morreu por aquele amor e quando perdeu a crença nesse sentimento tolo e vulnerável se apaixonou novamente. Ele amava Elena com todas as forças de seu ser, por mais que Stefan ignorasse isso, ele sabia que Elena fazia de Damon uma pessoa melhor.

Por um momento Damon pensou em dizer ao irmão onde realmente passara a noite. Mas não ganharia nada além das mágoas de Elena o fazendo, então preferiu não responder, enquanto observava Stefan sair da cozinha e pegar as chaves de carro. – Tenha um bom dia você também, irmãozinho. - então ouviu Stefan bater a porta de casa e, segundos depois, o carro da garagem sair.

Jogou o copo de whisky na parede, vendo-o se quebrar em pedaços e sentiu que tinha que fazer algo, pois pressentia que quando Stefan chegasse à casa de Elena, ela estaria despreparada para recebê-lo e isso lhe causaria problemas.

Não tinha nada mais divertido do que imaginar o sofrimento de Stefan e, por ele, isso jamais deveria ser evitado. Mas com as lágrimas de Stefan vinham as de Elena e esse era um preço muito alto a se pagar, então decidiu subir e tomar um banho rápido e depois pensaria no que fazer. Ele enfrentaria Stefan se fosse preciso. Faria qualquer coisa para manter Elena segura. Quando terminou de banhar-se, sentou na cama, com a toalha ainda presa na cintura e as gotas de água pingaram na cama, deixando o lençol levemente molhado. Passou as mãos nos cabelos, jogando-os para trás e pensou por alguns instantes. Levantou-se, vestiu as roupas, pegou a chave da Ferrari e saiu.

• • •

Stefan estava na porta da casa de Elena e pelo silêncio concluiu que todos estavam dormindo. Caminhou até a soleira e pegou uma chave reserva que Elena guardava dentro do vaso de samambaia que estava pendurado do entre a porta e a janela. Colocou a chave na fechadura e a virou silenciosamente.

Entrou e fechou a porta com cuidado, para não fazer nenhum ruído e subiu as escadas para chegar ao quarto da amada. Alcançando o topo da escada, notou no corredor que o quarto de Margaret estava com a porta aberta. Aproximou-se e colocou a cabeça dentro do quarto para espiar. A pequena irmã de Elena estava no berço, enrolada nas próprias cobertas e seu ursinho de pelúcia caído no chão. Stefan foi até a cama e a desenrolou dos panos, cobrindo-a de forma correta, pegou o bichinho e colocou entre seus braços, lhe deu um beijo na testa e saiu, encostando a porta.

O quarto de Elena era na porta da frente do de Margaret. Estava fechado, como sempre. Ele entrou e as cortinas estavam abertas, o que dava ao quarto um clima tranquilo, os raios de sol fazendo pequenos feixes de luz que deixavam Elena parecendo um anjo caído direto do céu em sua cama. Ela tinha uma expressão calma e alegre e mesmo dormindo irradiava uma vibração envolvente, que podia deixar todos que estavam por perto se sentindo bem.

Era como se Elena estivesse com algum tipo de poder. Algo novo dentro dela. Ela sempre irradiara coisas boas e sempre fora forte, mas tinha algo nela que nunca esteve ali. Mas não deveria ser nada além de uma impressão boba e passageira de Stefan.

Sentou-se na cama ao seu lado e lhe acariciou os cabelos, notando que ainda estavam úmidos, o que significava que tinha tomado banho há pouco tempo. Mas por quê? Ela tinha chegado em casa cedo, teve tempo de tomar banho e secá-los antes de dormir. Stefan afastou esses pensamentos quando se deu conta que talvez ela tivesse se sentido mal de madrugada e tomou um banho para melhorar.

Tirou então os cabelos que lhe caiam no rosto, jogando-os para trás e acomodando-os no travesseiro e quando o rosto de sua amada estava livre das madeixas, revelou seu pescoço que Stefan considerava tão tentador, porém com ele, uma mordida também foi revelada.

Stefan levantou-se bruscamente, horrorizado com o que acabara de ver. Culpou-se por não ter acompanhado Elena até em casa e não ter se assegurado que ela estava bem e agora ela tinha sido atacada e ele jamais saberia o quanto ela sofreu ou quem a tinha machucado e tirado dela seu precioso sangue.

Mas... por que ela não o telefonou para dizer que estava com problemas? Como chegou em casa e ainda tomou banho e se deitou sem lhe dizer nada do que tinha acontecido? Por que parecia tão calma quando deveria estar assustada, com medo de ter sua casa destruida por algum vampiro desconhecido? Se fosse algum vampiro desconhecido ou mesmo algum procurando vingança, como ela estava viva agora e usando seu colar de verbena ainda?

Muitas perguntas sem respostas cruzaram a cabeça de Stefan e, pela primeira vez desde que conheceu Elena, ele duvidou dela. Afastou-se da cama e sentou-se na cadeira que ficava de frente para a penteadeira e decidiu esperar que ela acordasse.

Neste momento, Damon havia chegado na casa de Elena há mais ou menos quinze minutos. Tinha deixado sua Ferrari numa esquina ali perto e foi a pé até sua casa, pulando o pequeno muro, entrando pelo jardim e se posicionando em cima do galho de uma das árvores perto da janela de seu quarto. Dali podia ouvir perfeitamente qualquer coisa que acontecesse no quarto e poderia tomar as providencias necessárias de forma rápida e eficaz se preciso fosse.

• • •

Quarenta e cinco minutos depois, Elena despertou dos sonhos, sentou-se na cama e ainda com os olhos fechados se espreguiçou. Quando abriu os olhos, viu Stefan sentado na cadeira, atormentado em seus pensamentos e quase gritou de susto.

Ao ouvir os primeiros movimentos no quarto da garota, Damon deslizou pelo tronco da árvore, para chegar mais perto da janela e ver o que estava acontecendo lá dentro.

- Pelo amor dos Deuses, Stefan, o que está fazendo aqui?? – ela colocou a mão no peito, tentando controlar a respiração que estava ofegante.

- Eu vim para te ver, saber se estava melhor. Então eu sentei ao seu lado e te acariciei e vi algo estranho. – ele não terminou de falar, apenas ergueu a mão e apontou para seu pescoço.

Elena logo entendeu do que ele falava, prontificou-se a cobrir o machucado com a mão e sentiu seu coração acelerar, batendo tão rápido que ela pensava se mais alguém podia ouvi-lo também. Levantou depressa e abriu suas gavetas, procurando um cachecol para cobrir-se. Stefan continuou:

- O que houve? Quem te atacou?

Ela hesitou por um longo momento e respondeu:

- Um bicho. Eu estava caminhando ontem pelos jardins do castelo antes de vir embora e um bicho me mordeu. Mas não foi nada, querido, eu já me mediquei e está tudo bem.

- Elena... esta história pode colar para o prefeito, para a xerife e para todos os moradores dessa cidade. Mas para um vampiro não. Eu sei que alguém te mordeu e sei também, pela mordida, que não foi com a intenção de te matar e eu preciso que você me fale quem te machucou e eu farei picadinho dessa pessoa. – os olhos de Stefan brilhavam, ele estava possuído de raiva e ela ainda não sabia como ele estava parado em seu lugar, mas sentia que ele estava prestes a explodir.

- Stefan... me deixe explicar. – ela se aproximou dele para lhe fazer um carinho, tentando amenizar as coisas, mas teve medo, então parou e recolheu sua mão.

- O QUE ACONTECEU COM VOCÊ, ELENA? – antes que ela pudesse piscar ele estava com as mãos no pescoço dela, prendendo-a na parede e a deixando sem ar.

Elena nunca tinha visto Stefan perder o controle e muito menos sendo agressivo com alguém. Ele a tinha machucado e por um instante ele quis fazer isso. Ela caiu em lágrimas e não conseguia mais pensar. Estava presa. Não só pelas mãos de Stefan, mas presa em suas mentiras que não tinham fim e saiam de sua boca tão naturalmente agora.

Damon, ainda do lado de fora, sentiu que aguentara demais e agora Stefan não era o único que estava nervoso naquele quarto. Ele quebrou as janelas e num movimento perfeito e quase musical, ele estava lá dentro. Olhou para Elena e não disse nada, apenas foi ao encontro do irmão pelas suas costas e o jogou na parede do outro lado do quarto. Em menos de um milésimo de segundo estava ao lado de Stefan novamente e o puxou pela gola da camisa, levantando-o.

– Fique em pé agora, Stefan! Venha e me ataque como você ia atacar Elena! – Damon pronunciava as palavras com ódio, queria matar Stefan ali mesmo, enfiar uma estaca de madeira em seu peito e o deixar apodrecer.

Stefan, para revidar, tentou arremessar Damon do outro lado, mas ele era estupidamente forte e segurou Stefan o mais alto que pôde, jogando-o no chão em seguida. Ao bater no chão, Stefan gemeu de dor. Não podia lutar contra Damon. Ele jamais seria forte como o irmão mais velho e não teria grandes chances em uma briga.

Ainda no chão, Damon, envenenado pela ira, o chutou e continuou as ameaças:

- Se você encostar a mão nela mais uma vez, eu juro por tudo que você quiser, Stefan, você não vai ver mais a cor do dia, eu vou tirar o seu anel, te prender num calabouço e assistir você morrendo de sede até definhar e não conseguir se mover.

Stefan não podia responder. Sentia-se fraco e impotente, teve remorso por Elena, havia perdido a cabeça, mas nunca quis machuca-la de verdade. Cambaleando, apoiou-se no armário e se levantou. Por um momento pensou em atacar Damon, mas sabia que seria inútil e acabaria no chão novamente.

Elena estava a beira do desespero quando correu em direção aos dois, colocando-se entre eles e, contendo o choro, teve força para gritar:

- PAREM POR FAVOR! – as palavras pareciam uma súplica.

Os dois irmãos, ao verem o que estavam fazendo, se afastaram, envergonhados, e Elena ajoelhou no chão entre eles, abaixou a cabeça e voltou a chorar.


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