Karma. escrita por Alien
Entrei bruscamente na faculdade, caminhando rapidamente para a ala dos dormitórios. Durante o trajeto que fiz da loja até aqui, havia planejado o que deveria fazer com relação à minha segurança. Bem, esta noite eu deixaria o local e me mudaria para uma cidade menor e o mais desconhecida possível.
Abri a porta do meu dormitório e, ao me virar para o centro do quarto, quase não consigo conter um gritinho de susto ao ver Frank sentado na minha cama, observando-me cautelosamente.
Tentei me concentrar em esconder qualquer resquício de culpa aparente no meu rosto.
Sorrindo, disse:
- E aí, Frank. Tudo bem?
Ele não me respondeu. Apenas ficou de pé, analisando a minha expressão.
Droga, eu não sabia mesmo mentir.
Forcei meus pés a se moverem até a minha mesinha de cabeceira e depositei meus pertences ali.
Seria certo esconder tudo isso de Frank? Poxa, ele era o meu melhor amigo naquele local!
De súbito, considerei lhe dizer o máximo que podia, mas desisti. Não iria acabar com o futuro de alguém por causa de uma luta que era só minha.
- Você sabe que é péssima no quesito mentira.
Não fiz qualquer gesto nem expressão perante aquela afirmação. Apenas o observei balançar a cabeça negativamente e, com um sorriso sarcástico no rosto, dizer:
- Você também deve saber que eu estou com você nessa. Quer aceite, ou não. Então por favor, Charlotte, não me obrigue a lhe pegar pelos ombros e chacoalhá-los até que me conte o que está acontecendo de verdade.
Suspirei dramaticamente e me sentei na beirada da cama. Era inevitável que Frank também seria caçado pelos integrantes da seita. Claro, eles iriam buscar os meus pontos fracos e atingi-los brutalmente, até que eu me rendesse por completo.
- Fui ver Melanie. – confessei, enquanto tirava os sapatos e massageava os dedos dos pés.
- Sério? Quero saber de tudo – disse ele, enquanto se acomodava na outra extremidade da cama.
- Tem certeza? – questionei-lhe, desejando imensamente que ele saísse por aquela porta e fosse viver normalmente, esquecendo para sempre aquela confusão que havia se tornado a minha vida.
- Sim. – respondeu, convicto.
- Eles me querem não para vingar o que minha avó fez, mas sim, para que eu me torne um receptáculo.
Observei a mudança de expressão no rosto de Frank. Ele parecia tão apavorado quanto eu.
- Me explica isso direito, Charlotte.
Contei-lhe toda a história, desde o início da minha conversa com Melanie. Ao terminar de lhe pôr a par dos fatos, me sentia exausta e com uma terrível dor de cabeça.
- E o que você pretende fazer agora? – Frank disse, se aproximando de onde eu estava e tocando levemente o meu antebraço.
Encostei minha cabeça no seu ombro e deixei que mais lágrimas umedecessem as minhas bochechas. – Eu vou embora, Frank. – disse entre soluços.
- Eu vou com você.
Virei-me para fitar seu rosto totalmente sereno e repleto de compreensão, sem acreditar no que acabara de ouvir.
- Você não pode abandonar a faculdade!
Frank, inesperadamente, soltou uma gargalhada. – Olha só quem fala! Se eu não posso você também não pode.
Abaixei minha cabeça, reconhecendo a verdade nas palavras dele.
- Pense bem, Frank. É a sua vida. O seu futuro. – Mas eu sabia que de nada adiantaria tentar convencê-lo. Éramos amigos. O que mais poderia esperar que ele fizesse?
- Precisamos procurar uma cidade distante daqui. Venha, na biblioteca dispomos de internet livre daqueles bloqueios chatos de conteúdo. Em seguida, fazemos as malas e partimos ao anoitecer de amanhã.
Sorri, imensamente grata por sua amizade, enquanto o deixava me guiar até a biblioteca.
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