Em Busca de Redenção escrita por Zero_xz


Capítulo 2
Mortes, Caixas e (Ex-) Namoradas




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- Vô?

Pulei da cama e corri pra sala. Não entendi a princípio, mas era bem fácil de perceber: tinham dois buracos de bala na porta. Iguais aos dois buracos no peito do meu avô.

- Vô!?!?

- Stephen...não dá tempo de explicar direito...só pegue aquela caixa na mesa...vai pra casa de seu pai...e corra!

Parece que o esforço pra falar esse final fez ele perder o que ainda tinha de forças. Normalmente, as pessoas sempre ficam tristes quando um parente próximo morre. Mas eu não me abalei: ele sempre me avisou que a qualquer hora, ele podia partir, que hoje em dia, a vida é uma coisa que vale pouco, e que em frações de segundo, você pode perde-la. Mas mesmo assim, não dá tempo de parar pra pensar, tenho que fugir. Peguei a caixa em cima da mesa e saí rápido de casa.

Na verdade, sair escondido da nossa colônia é fácil. Como os fundadores daqui pensaram em se fixar num lugar escondido e propício para "batalhas", acabamos construindo nossas casas nessa região montanhosa, cheia de cruvas e terrenos irregulares. Então foi fácil chegar até a saída sem ser visto.

Lá, estava quase saíndo da nossa região, quando avisto Lacey, minha namorada. Quem sabe ela não pudesse me ajudar de alguma forma. Me aproximei dela e falei:

- Lacey? - Fiquei sem resposta - Lacey!?

- Eu...eu...me perdoa, Steph...

Ela se virou. Ela puxou uma arma. Ela atirou. Por sorte, só passou de raspão pelo meu pescoço. Mas parece que tinha me acertado em cheio.

- Mas o que...

- Eu não vou deixar você fugir!

- Lacey, o que você tem?

- Queto! Já foi difícil ter que fazer isso com seu avô, não me obrigue a fazer isso com você!

- Então...você mesma que atirou...mas porque isso? A gente era sua segunda família, sempre tomamos conta de você, eu prometi sempre te proteger...e é isso que você faz?

- Como você disse, eram minha segunda família. Mas a minha primeira ainda manda, e a ordem foi eliminar os dois.

- E você fala isso assim, como se fosse a coisa mais normal do mundo matar a família do seu namorado?

- ...mas eu... - aquela pose de fria e séria começou a mudar. Ela começou a tremer, uma lágrima escorreu pelo rosto dela - ..não quero...não quero te matar! - a pose acabou, ela largou a arma, me abraçou e começou a chorar desesperadamente - Me desculpa...eu matei o seu avô...mas eu não queria...eu fui obrigada!

- Eu entendo... - na verdade não, mas vai que ela mude de idéia e atira em mim se eu falar isso

- Bom, é melhor você ir logo, senão vão vir atrás de você. - Ela me deu um beijo e disse - Tchau, Steph. Eu espero te ver algum dia denovo. - Me deu a arma, se virou e foi de volta pra vila.

Apesar de ter matado meu avô e te quase ter me matado, aquele simples fato de ter me deixado fugir podia ser o fim pra ela. Amor entre família é algo que existe só até certo ponto, eu tenho certeza que o pai dela enfiaria uma bala na cabeça dela se soubesse que ela descumpriu uma ordem dele. Mas enfim, como eu disse, não existe tempo pra pensar, tenho um longo caminho pela frente. Vou ter que atravessar quase 500 quilômetros pra chegar até a colônia do meu pai. Isso sem comida, água, alguém pra confiar. Pelo menos tenho uma arma, e essa caixa do meu avô (que está trancada por um cadeado bem resistente). Agora é torcer pra chegar inteiro e vivo. Mas se puder ser só um desses, prefiro chegar vivo sem um pedaço de mim.


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