Ele dirigiu pela cidade por cerca de meia hora, em um silêncio total e constrangedor. 

Encostei meu cotovelo na beirada do carro e apoiei minha cabeça em minha mão. Adormeci.

Senti seus lábios roçarem nos meus, uma, duas, três vezes. Senti seu hálito quente e suas mãos delicadamente pousadas sobre a minha cintura. Abri os olhos e notei que ele estava de olhos fechados, rocei meus lábios nos dele, Bill abriu os olhos e me encarou. Percebi um sorriso no canto dos seus lábios e não pude deixar de sorrir também, pensando em como ele era lindo.

- Chegamos. Vamos? – Disse ele pegando minha mão.

- Aonde exatamente nós chegamos, Bill? 

- Há há há. Eu disse: é surpresa. Agora espera um pouco aqui de olhos fechados. Já volto.

Fechei os olhos e deixei uma frestinha... Não queria espiar... Apenas averiguar a situação. Tá, eu minto muito mal, mas é que eu sou muito curiosa. 

- Sammy. – Disse ele em tom repreendedor. – Sem espiar.

- Uhn. – Grunhi. – Ok Bill, mas você sabe que eu sou muito curiosa.

- Eu sei, mein liebe. Você não muda nunca. – Nós dois rimos.

Bill saiu do carro e contornou-o, abriu a minha porta e pegou a minha mão para me ajudar a sair do carro e me guiou até um lugar não muito longe. 
Pude sentir a grama abaixo dos meus pés, apesar de estar de All Star.

Bill colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e me beijou. Foi um beijo doce e delicado. Como se eu fosse frágil e pudesse quebrar a qualquer minuto. Nos separamos em busca de ar e pude, finalmente, abrir os olhos. Observei o lugar onde nós estávamos.

- B-Bill... – Falei, chocada. As palavras se embaralhavam na minha garganta e tudo o que eu consegui dizer foi: - É... Lindo!

[BILL]

Já sabia perfeitamente onde a levaria. Foram tantos os bons momentos lá. Ela adorava aquele lugar, a confortava.

- Vamos Sammy? – Olhei para o lado e ela estava dormindo. Meu anjo... Ela era tão delicada.

Olhei para sua boca e me perdi em pensamentos. Me aproximei lenta e cuidadosamente e rocei meus lábios nos seus. Senti seu cheiro, um doce aroma de mel e hortelã. Coloquei minha mão sobre sua cintura e me aproximei de seu rosto novamente. Depois de alguns segundos rocei novamente meus lábios nos dela, tão levemente que eles mal se tocaram.
Ela se mexeu lentamente e parou. Só então percebi que estava de olhos fechados. Os abri e a encarei, ela me olhava com curiosidade, como se estivesse se perguntando o que eu faria a seguir. Sorri.

- Chegamos. Vamos? – Peguei a mão dela.

- Aonde exatamente nós chegamos, Bill? 

- Há há há. – Ri , sarcástico. Acho que isso é resultado de convivência com o Tom. – Eu disse: é surpresa. Agora espere um pouco de olhos fechados. Já volto. 

Ela fechou os olhos e deixou uma frestinha. Para espiar, óbvio.

- Sammy. – A repreendi. – Sem espiar.

- Unh... Ok Bill, mas você sabe que eu sou muito curiosa.

Não... A Sammy, curiosa? Sério? – Pensei comigo mesmo. Essa convivência com o Tom está me fazendo mal... Ou quem sabe eu possa tirar proveito disso e... Bill! Para de pensar nessas coisas pervertidas!

- Eu sei, mein liebe. Você não muda nunca. – Nós dois rimos.

Contornei o carro e abri sua porta, peguei suas mãos para guiá-la até o local, afinal, ela estava de olhos fechados. Espero que esteja pelo menos.
Paramos.

Coloquei uma mecha de seu cabelo para trás e a beijei. Tudo muito calmamente.Ela abriu os olhos e ficou chocada. Eu sabia que ela teria aquela reação, foi assim da primeira vez que a levei ate ali.

-B-Bill... É lindo!

E de fato era.

Nós estávamos em um parque um pouco afastado do centro da cidade e de todo aquele barulho, tudo o que se ouvia era o canto dos pássaros. A grama era verde e fresca, logo mais a frente havia um lago azul, assim como o céu daquela tarde. No centro do parque, onde estávamos, havia uma árvore enorme e muito antiga, suas flores variavam em um tom de azul e roxo e próximo ao seu tronco tinha um banco feito de carvalho. Caminhamos até lá e nos sentamos.

- Eu... Já estive aqui Billy? – Disse Samantha, encostando sua cabeça em meu ombro.

- Milhares de vezes. Foi aqui que eu te pedi em namoro.

Ela pareceu ficar envergonhada pois corou violentamente.

- Bill, o que a gente precisava conversar?

Droga. Eu esperava que pudéssemos adiar aquela conversa mais um pouco mas não ia ter jeito. Resolvi começar.

- Samantha, você tem que prometer que vai me escutar até o final. – Ela assentiu, em silêncio.

Contei a ela como nós nos conhecemos, do dia que a pedi em namoro, o primeiro beijo... Tudo. Ela ouviu em silêncio, sorrindo em algumas partes e assentindo em outras. Mas a parte que mais importava viria a seguir... Aquele dia...

- Sammy... Você se lembra de algo daquele dia? Do dia do acidente? – Ela negou com a cabeça.

- Só lembro do carro me atingindo e alguns pequenos detalhes. Eu lembro que estava saindo para ir ao shopping com minhas amigas.

- Foi isso que ela disse a você ,uhn? Bem pensado.

- Do que você... ? – A interrompi com um beijo. 

Eu precisava sentir o gosto de sua boca mais uma vez, já que aquela poderia ser a última. Nossas línguas se enrolavam em um ritmo frenético, dançando compassadas. Pude sentir sua essência e tinha certeza de que ela podia sentir a minha. Nos separamos.

- Sammy, tem uma... Parte da historia que ainda não te contei. – Ela assentiu mais uma vez como se dissesse: Prossiga. – Naquele dia, o do acidente, – Recomecei. – Você não estava indo ao shopping com suas amigas...